FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 11 – MISTURANDO AS FAMÍLIAS,
FORTALECENDO A IGREJA.
“O
lugar mais adequado para passar a ‘bandeira da verdade’, de geração a geração,
como em uma corrida de bastões, é o seio da família”.
(Dorothy Flory de
Quijad).
Se
o apóstolo Paulo fosse um padre em nossos dias, com certeza ele daria, no seu
ministério, uma forte ênfase à Pastoral Familiar de sua igreja.
Nos
seus escritos, chamou os crentes de “irmãos” – “...aos santos e fiéis
irmãos em Cristo que estão em Colossos..” (Cl 1,2); “Saudai a cada um
dos santos em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo vos saúdam.” (Fl
4,21). Aqueles que receberam o Evangelho através da sua pregação chamou-os de “filhos
na fé” – “...a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé:..” (1Tm 1,2); “Sim,
rogo-te por meu filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões.” (Fm 10). “Aba”,
que traduzido lembra a expressão carinhosa “papai”, foi usada para
expressar a intimidade que os crentes, filhos de Deus, podem e devem ter com
Ele - “E, porque sois filhos, Deus
enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.”
(Gl 4,6). Chamou Deus de Pai – “Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre
todos, e por todos e em todos.” (Ef 4,6). A Igreja de Cristo é a “família
de Deus” que parte está nos céus e a outra se encontra neste mundo – “...do
qual toda família nos céus e na terra toma o nome..” (Ef 3,15).
Apropriou-se de histórias de famílias do Velho Testamento para emitir profundos
conceitos teológicos (Gl 4,21-31). Referiu-se a Cristo, como Noivo, e a
Igreja como sendo uma virgem pura – “Porque estou zeloso de vós com zelo de
Deus; pois vos desposei com um só Esposo, Cristo, para vos apresentar a ele
como virgem pura.” (2Cor 11,2). Via no casamento uma figura do
relacionamento entre o homem e Deus – “...Chamarei meu povo ao que não era
meu povo; e amada à que não era amada...” (Rm 9,25).
Quando
lemos suas cartas, em quase todas elas, podemos encontrar o apóstolo fazendo
recomendações importantes aos casais, solteiros e viúvos, pais e filhos.
I
– ORIENTAÇÕES A CERCA DO CASAMENTO, DIVORCIO E NOVO CASAMENTO.
As
cartas paulinas, especialmente, principalmente Romanos e 1Corintios, dão-nos
uma excelente base para nossas posições,
enquanto igreja de Cristo no século XXI, acerca do divorcio e do novo
casamento.
Ao discorrer seu
pensamento sobre a lei, Paulo usa a metáfora do casamento para ilustrar suas
idéias. Nessa ilustração que se encontra em Romanos 7,2-3 – “Porque a mulher
casada está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver; mas, se ele
morrer, ela está livre da lei do marido. De sorte que, enquanto viver o marido,
será chamada adúltera, se for de outro homem; mas, se ele morrer, ela está
livre da lei, e assim não será adúltera se for de outro marido.” – o
apostolo deixa claramente para seus leitores suas orientações sobre as
possibilidades de um novo casamento.
Para Paulo, o
casamento é indissolúvel, isto é uma relação que dura a inteira. Diz ele “...a
mulher casada está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver.” (Rm
7,2a). Só no caso da morte do marido (ou cônjuge) a mulher estaria livre da lei
do casamento – “...se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não será
adúltera se for de outro marido.” (Rm 7,3b). Caso isto não acontecesse,
isto é, um casamento com marido vivo, seria considerada adultera – “De sorte
que, enquanto viver o marido, será chamado adúltera, se for de outro homem.”
(Rm 7,3a). Em suma, de acordo com a visão de Paulo, só a morte de um dos
cônjuges poderia romper os laços matrimoniais. Daí a sociedade cristã ter o
termo “até que a morte os separe”. Embora não encontremos esta frase nas
Escrituras Sagradas, a idéia está em Rm 7,3. Em 1Cor 7,39 – “A mulher
está ligada enquanto o marido vive; mas se falecer o marido, fica livre para
casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor.” – Paulo acrescenta
algo de muita importância. No caso de um segundo casamento, após a morte do
cônjuge, essa união deve ser só com uma outra pessoa que seja crente. Uma viúva
ou um viúvo cristão, embora livre para casar-se com um cristão, seria melhor,
para sua felicidade, de acordo com a visão de Paulo, permanecer sem se casar – “Será,
porém, mais feliz se permanecer como está, segundo o meu parecer, e eu penso
que também tenho o Espírito de Deus.” (1Cor 7,40), pois o seu gozo completo
se daria numa dedicação total a Cristo.
Enquanto em Rm
7,2-3, Paulo tratava da lei, usando a metáfora do casamento. Em 1Cor 7,
ele dedica um bom tempo para dar suas valiosas instruções eclesiásticas sobre
temas familiares. Naquela igreja nascente e situada numa cidade muito
contaminada pelo pecado, os cristãos tinham algumas dúvidas em torno de alguns
assuntos.
Para Paulo, o
casamento era uma espécie de cerca de proteção para a imoralidade – “Mas,
por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada mulher
seu próprio marido.” (1Cor 7,2). O apóstolo em nenhum lugar de seus
inscritos condenou a instituição do casamento. Para entender este texto é preciso
compreender que naquela igreja existiam dois grupos: os que defendiam o
celibatarismo e aqueles que advogavam a abstinência sexual, mesmo no contexto
do casamento. Ao procurar a orientar suas ovelhas, dá as seguintes instruções:
·
Procurou deixar claro para os leitores
que as relações sexuais só seriam aprovadas por Deus em contexto no casamento –
“Mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada
mulher seu próprio marido.” (1Cor 7,2).
·
Asseverou que tanto o marido quanto a
mulher tinham direito à satisfação e realização sexual – “O marido pague à
mulher o que lhe é devido, e do mesmo modo a mulher ao marido. A mulher não tem
autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido; e também da mesma sorte
o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher.”
(1Cor 7,3-4).
·
A abstinência sexual, no contexto do
casamento, só em casos especiais para identificarem à oração, mesmo assim por
mútuo consentimento e por pouco tempo para que Satanás não os tente – “Não
vos negueis um ao outro, senão de comum acordo por algum tempo, a fim de vos
aplicardes à oração e depois vos ajuntardes outra vez, para que Satanás não vos
tente pela vossa incontinência.” (1Cor 7,5).
·
A cerca do celibato, Paulo orientou
ser uma opção – “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se
ficarem como eu.” (1Cor 7,8). No caso de impossibilidade de controlar os
impulsos sexuais, seu conselho foi em direção ao casamento – “Mas, se não
podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.” (1Cor
7,9).
·
Para os casai crentes, sua
recomendação está clara. Não deveriam pensar em divorcio – “Todavia, aos
casados, mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido.”
(1Cor 7,10). Caso acontecesse uma separação, teriam apenas duas opções: A
primeira - não deveriam casar-se com outra pessoa. A Segunda - reconciliar-se
com o cônjuge – “...se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou se
reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.” (1Cor 7,11). À
luz deste texto, não é possível, segundo o apóstolo Paulo, um casal cristão
separar-se e casar-se uma segunda vez com uma outra pessoa.
Como resultado da
evangelização, muitos homens e mulheres, já casados, converteram-se
isoladamente. “o que fazer?” – perguntaram eles. Paulo é claro. O
cônjuge crente não deve pedir a separação, pois através de sua nova vida
poderia alcançar seu cônjuge e filhos para Cristo – “Mas aos outros digo eu,
não o Senhor: Se algum irmão tem mulher incrédula, e ela consente em habitar
com ele, não se separe dela. E se alguma mulher tem marido incrédulo, e ele
consente em habitar com ela, não se separe dele. Porque o marido incrédulo é
santificado pela mulher, e a mulher incrédula é santificada pelo marido crente;
de outro modo, os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos.”
(1Cor 7,12-14).
Por outro lado, se
o cônjuge não crente tomasse a iniciativa de separar-se, o cônjuge crente não
deveria opor-se, acima de tudo a paz deveria ser preservada – “Mas, se o
incrédulo se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou a irmã, não está
sujeito à servidão; pois Deus nos chamou em paz.” (1Cor 7,15).
Não podemos saber a
opinião de Paulo sobre a possibilidade de um novo casamento por parte do
cônjuge descrente. Há controvérsias neste assunto. Alguns acreditam, e esta é
nossa opinião, que quando o apostolo usou a expressão “não está a sujeito à
servidão” (1Cor 7,15) permita um novo casamento do cônjuge crente, desde
que fosse “no Senhor” (1Cor 7,39). Outros defendem a tese de que a
expressão não era uma clausula para o novo casamento, mas uma referencia à
liberdade do jugo da incredulidade. Como afirmamos, o tema é controvertido.
II
– UM TEXTO DE DIFICIL INTERPRETAÇÃO.
Trata-se
de 1Cor 7,25-38. Paulo se refere às virgens, duas linhas de pensamentos são defendidas:
·
A primeira acredita que o apóstolo se
estava referindo ao casamento espiritual, onde não havia relações sexuais entre
os envolvidos.
·
Outros defendem a idéia de que Paulo
se estava referindo ao pai que se recusava a dar um casamento sua filha.
III
– EXORTAÇÃO Á SANTIDADE.
A
Igreja primitiva vivia num contexto de completa imoralidade.
O
apóstolo sabia que a imoralidade sexual afetava o relacionamento pessoal com
Deus, mas também tinha sérias implicações na família.
O
mais preocupante é que aqueles comportamentos imorais estavam ingressando na
igreja de Corinto, como,por exemplo a pratica do incesto – “Geralmente se
ouve que há entre vós imoralidade, imoralidade que nem mesmo entre os gentios
se vê, a ponto de haver quem vive com a mulher de seu pai.” (1Cor 5,1).
Suplicou os crentes
a se afastarem da prostituição – “Não sabeis vós que os vossos corpos são
membros de Cristo? Tomarei pois os membros de Cristo, e os farei membros de uma
meretriz? De modo nenhum. Ou não sabeis que o que se une à meretriz, faz-se um
corpo com ela? Porque, como foi dito, os dois serão uma só carne.” (1Cor
6,15-16), da imoralidade sexual – “Fugi da prostituição. Qualquer outro
pecado que o homem comete, é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra
o seu próprio corpo.” (1Cor 6,18), definiu sua posição sobre a prática do
homossexualismo, deixando bem claro para os seguidores de Jesus Cristo que esse
comportamento, longe de ser algo herdado geneticamente ou de ser uma opção
sexual, é uma questão espiritual e é conseqüência do completo afastamento do
homem em relação a Deus – “Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de
seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si; pois
trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes
que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém.” (Rm 1,24-25); alertou
também que a desobediência aos pais e a falta de amor para com a família também
eram resultado desse afastamento – “sendo murmuradores, detratores, aborrecedores
de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males,
desobedientes ao pais; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, sem
misericórdia.” (Rm 1,30-31; ver também 1Tm 1,9; 2Tm 3,2-3). Exortou sobre o
dever dos crentes a não praticarem adultério – “Não adulterarás.” (Rm
13,9a) e mostrou que quando um crente tem uma relação sexual que não seja com
seu cônjuge comete pecado contra Deus e contra o próprio corpo (1Cor
6,13-20) e que pessoas que cometem estes pecados alistados acima não
herdarão o Reino de Deus – “Não sabeis que os injustos não herdarão o reino
de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros,
nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os
bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.”
(1Cor 6,9-10).
IV
– FAMÍLIAS QUERIDAS.
Ao
longo de suas cartas , Paulo menciona ternamente famílias que foram uma benção
em seu ministério. O casal Áquila e Priscila é mencionado com gratidão e reconhecimento
– “Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus.” (Rm
16,3); “Saúda a Priscila e a Áquila e à casa de Onesíforo.” (1Tm 4,19).
Lembrou da família de Onesíforo (1Tm 4,19). Enalteceu o esforço de
Eunice em criar o seu filho Timóteo nos caminhos de Deus, mesmo sem contar com
o apoio do seu esposo – “trazendo à memória a fé não fingida que há em ti, a
qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice e estou certo de
que também habita em ti.” (2Tm 1,5); “...e que desde a infância sabes as
sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela que há em
Cristo Jesus.” (2Tm 3,15), tendo a influencia de sua avó Lóide. Em Romanos
16 e em outros escritos paulinos há nomes de pessoas que foram verdadeiro
refrigério para sua vida ministerial. Muitas dessas pessoas eram casadas,
outras viúvas, outras solteiras e talvez até mesma algumas abandonadas pelos
cônjuges. A mãe de Rufo era considerada uma mãe para o apóstolo – “Saudai a
Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e minha.” (Rm 16,13). Algumas famílias
tinham a própria igreja se reunindo em suas casas, como é o caso de Áquila e
Priscila – “Saudai também a igreja que está na casa deles...” (Rm 16,5)
e Arquipo – “...e à nossa irmã Áfia, e a Arquipo, nosso companheiro de
lutas, e à igreja que está em tua casa.” (Fm 2).
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