sábado, 20 de setembro de 2014

FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 11 – MISTURANDO AS FAMÍLIAS, FORTALECENDO A IGREJA.


FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 11 – MISTURANDO AS FAMÍLIAS, FORTALECENDO A IGREJA.

 

“O lugar mais adequado para passar a ‘bandeira da verdade’, de geração a geração, como em uma corrida de bastões, é o seio da família”. (Dorothy Flory de Quijad).

Se o apóstolo Paulo fosse um padre em nossos dias, com certeza ele daria, no seu ministério, uma forte ênfase à Pastoral Familiar de sua igreja.

Nos seus escritos, chamou os crentes de “irmãos” – “...aos santos e fiéis irmãos em Cristo que estão em Colossos..” (Cl 1,2); “Saudai a cada um dos santos em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo vos saúdam.” (Fl 4,21). Aqueles que receberam o Evangelho através da sua pregação chamou-os de “filhos na f锓...a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé:..” (1Tm 1,2); “Sim, rogo-te por meu filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões.” (Fm 10). “Aba”, que traduzido lembra a expressão carinhosa “papai”, foi usada para expressar a intimidade que os crentes, filhos de Deus, podem e devem ter com Ele -  “E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.” (Gl 4,6). Chamou Deus de Pai – “Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos.” (Ef 4,6). A Igreja de Cristo é a “família de Deus” que parte está nos céus e a outra se encontra neste mundo – “...do qual toda família nos céus e na terra toma o nome..” (Ef 3,15). Apropriou-se de histórias de famílias do Velho Testamento para emitir profundos conceitos teológicos (Gl 4,21-31). Referiu-se a Cristo, como Noivo, e a Igreja como sendo uma virgem pura – “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; pois vos desposei com um só Esposo, Cristo, para vos apresentar a ele como virgem pura.” (2Cor 11,2). Via no casamento uma figura do relacionamento entre o homem e Deus – “...Chamarei meu povo ao que não era meu povo; e amada à que não era amada...” (Rm 9,25).

Quando lemos suas cartas, em quase todas elas, podemos encontrar o apóstolo fazendo recomendações importantes aos casais, solteiros e viúvos, pais e filhos.

I – ORIENTAÇÕES A CERCA DO CASAMENTO, DIVORCIO E NOVO CASAMENTO.

As cartas paulinas, especialmente, principalmente Romanos e 1Corintios, dão-nos uma excelente base para nossas posições,  enquanto igreja de Cristo no século XXI, acerca do divorcio e do novo casamento.

Ao discorrer seu pensamento sobre a lei, Paulo usa a metáfora do casamento para ilustrar suas idéias. Nessa ilustração que se encontra em Romanos 7,2-3 – “Porque a mulher casada está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver; mas, se ele morrer, ela está livre da lei do marido. De sorte que, enquanto viver o marido, será chamada adúltera, se for de outro homem; mas, se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não será adúltera se for de outro marido.” – o apostolo deixa claramente para seus leitores suas orientações sobre as possibilidades de um novo casamento.

Para Paulo, o casamento é indissolúvel, isto é uma relação que dura a inteira. Diz ele “...a mulher casada está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver.” (Rm 7,2a). Só no caso da morte do marido (ou cônjuge) a mulher estaria livre da lei do casamento – “...se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não será adúltera se for de outro marido.” (Rm 7,3b). Caso isto não acontecesse, isto é, um casamento com marido vivo, seria considerada adultera – “De sorte que, enquanto viver o marido, será chamado adúltera, se for de outro homem.” (Rm 7,3a). Em suma, de acordo com a visão de Paulo, só a morte de um dos cônjuges poderia romper os laços matrimoniais. Daí a sociedade cristã ter o termo “até que a morte os separe”. Embora não encontremos esta frase nas Escrituras Sagradas, a idéia está em Rm 7,3. Em 1Cor 7,39 – “A mulher está ligada enquanto o marido vive; mas se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor.” – Paulo acrescenta algo de muita importância. No caso de um segundo casamento, após a morte do cônjuge, essa união deve ser só com uma outra pessoa que seja crente. Uma viúva ou um viúvo cristão, embora livre para casar-se com um cristão, seria melhor, para sua felicidade, de acordo com a visão de Paulo, permanecer sem se casar – “Será, porém, mais feliz se permanecer como está, segundo o meu parecer, e eu penso que também tenho o Espírito de Deus.” (1Cor 7,40), pois o seu gozo completo se daria numa dedicação total a Cristo.

Enquanto em Rm 7,2-3, Paulo tratava da lei, usando a metáfora do casamento. Em 1Cor 7, ele dedica um bom tempo para dar suas valiosas instruções eclesiásticas sobre temas familiares. Naquela igreja nascente e situada numa cidade muito contaminada pelo pecado, os cristãos tinham algumas dúvidas em torno de alguns assuntos.

Para Paulo, o casamento era uma espécie de cerca de proteção para a imoralidade – “Mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido.” (1Cor 7,2). O apóstolo em nenhum lugar de seus inscritos condenou a instituição do casamento. Para entender este texto é preciso compreender que naquela igreja existiam dois grupos: os que defendiam o celibatarismo e aqueles que advogavam a abstinência sexual, mesmo no contexto do casamento. Ao procurar a orientar suas ovelhas, dá as seguintes instruções:
·         Procurou deixar claro para os leitores que as relações sexuais só seriam aprovadas por Deus em contexto no casamento – “Mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido.” (1Cor 7,2).
·         Asseverou que tanto o marido quanto a mulher tinham direito à satisfação e realização sexual – “O marido pague à mulher o que lhe é devido, e do mesmo modo a mulher ao marido. A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido; e também da mesma sorte o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher.” (1Cor 7,3-4).
·         A abstinência sexual, no contexto do casamento, só em casos especiais para identificarem à oração, mesmo assim por mútuo consentimento e por pouco tempo para que Satanás não os tente – “Não vos negueis um ao outro, senão de comum acordo por algum tempo, a fim de vos aplicardes à oração e depois vos ajuntardes outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.” (1Cor 7,5).
·         A cerca do celibato, Paulo orientou ser uma opção – “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.” (1Cor 7,8). No caso de impossibilidade de controlar os impulsos sexuais, seu conselho foi em direção ao casamento – “Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.” (1Cor 7,9).
·         Para os casai crentes, sua recomendação está clara. Não deveriam pensar em divorcio – “Todavia, aos casados, mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido.” (1Cor 7,10). Caso acontecesse uma separação, teriam apenas duas opções: A primeira - não deveriam casar-se com outra pessoa. A Segunda - reconciliar-se com o cônjuge – “...se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.” (1Cor 7,11). À luz deste texto, não é possível, segundo o apóstolo Paulo, um casal cristão separar-se e casar-se uma segunda vez com uma outra pessoa.

Como resultado da evangelização, muitos homens e mulheres, já casados, converteram-se isoladamente. “o que fazer?” – perguntaram eles. Paulo é claro. O cônjuge crente não deve pedir a separação, pois através de sua nova vida poderia alcançar seu cônjuge e filhos para Cristo – “Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher incrédula, e ela consente em habitar com ele, não se separe dela. E se alguma mulher tem marido incrédulo, e ele consente em habitar com ela, não se separe dele. Porque o marido incrédulo é santificado pela mulher, e a mulher incrédula é santificada pelo marido crente; de outro modo, os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos.” (1Cor 7,12-14).

Por outro lado, se o cônjuge não crente tomasse a iniciativa de separar-se, o cônjuge crente não deveria opor-se, acima de tudo a paz deveria ser preservada – “Mas, se o incrédulo se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou a irmã, não está sujeito à servidão; pois Deus nos chamou em paz.” (1Cor 7,15).

Não podemos saber a opinião de Paulo sobre a possibilidade de um novo casamento por parte do cônjuge descrente. Há controvérsias neste assunto. Alguns acreditam, e esta é nossa opinião, que quando o apostolo usou a expressão “não está a sujeito à servidão” (1Cor 7,15) permita um novo casamento do cônjuge crente, desde que fosse “no Senhor” (1Cor 7,39). Outros defendem a tese de que a expressão não era uma clausula para o novo casamento, mas uma referencia à liberdade do jugo da incredulidade. Como afirmamos, o tema é controvertido.

II – UM TEXTO DE DIFICIL INTERPRETAÇÃO.

Trata-se de 1Cor 7,25-38. Paulo se refere às virgens, duas linhas  de pensamentos são defendidas:
·         A primeira acredita que o apóstolo se estava referindo ao casamento espiritual, onde não havia relações sexuais entre os envolvidos.
·         Outros defendem a idéia de que Paulo se estava referindo ao pai que se recusava a dar um casamento sua filha.

III – EXORTAÇÃO Á SANTIDADE.

A Igreja primitiva vivia num contexto de completa imoralidade.

O apóstolo sabia que a imoralidade sexual afetava o relacionamento pessoal com Deus, mas também tinha sérias implicações na família.

O mais preocupante é que aqueles comportamentos imorais estavam ingressando na igreja de Corinto, como,por exemplo a pratica do incesto – “Geralmente se ouve que há entre vós imoralidade, imoralidade que nem mesmo entre os gentios se vê, a ponto de haver quem vive com a mulher de seu pai.” (1Cor 5,1).

Suplicou os crentes a se afastarem da prostituição – “Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei pois os membros de Cristo, e os farei membros de uma meretriz? De modo nenhum. Ou não sabeis que o que se une à meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque, como foi dito, os dois serão uma só carne.” (1Cor 6,15-16), da imoralidade sexual – “Fugi da prostituição. Qualquer outro pecado que o homem comete, é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.” (1Cor 6,18), definiu sua posição sobre a prática do homossexualismo, deixando bem claro para os seguidores de Jesus Cristo que esse comportamento, longe de ser algo herdado geneticamente ou de ser uma opção sexual, é uma questão espiritual e é conseqüência do completo afastamento do homem em relação a Deus – “Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si; pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém.” (Rm 1,24-25); alertou também que a desobediência aos pais e a falta de amor para com a família também eram resultado desse afastamento – “sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pais; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, sem misericórdia.” (Rm 1,30-31; ver também 1Tm 1,9; 2Tm 3,2-3). Exortou sobre o dever dos crentes a não praticarem adultério – “Não adulterarás.” (Rm 13,9a) e mostrou que quando um crente tem uma relação sexual que não seja com seu cônjuge comete pecado contra Deus e contra o próprio corpo (1Cor 6,13-20) e que pessoas que cometem estes pecados alistados acima não herdarão o Reino de Deus – “Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.” (1Cor 6,9-10).

IV – FAMÍLIAS QUERIDAS.


Ao longo de suas cartas , Paulo menciona ternamente famílias que foram uma benção em seu ministério. O casal Áquila e Priscila é mencionado com gratidão e reconhecimento – “Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus.” (Rm 16,3); “Saúda a Priscila e a Áquila e à casa de Onesíforo.” (1Tm 4,19). Lembrou da família de Onesíforo (1Tm 4,19). Enalteceu o esforço de Eunice em criar o seu filho Timóteo nos caminhos de Deus, mesmo sem contar com o apoio do seu esposo – “trazendo à memória a fé não fingida que há em ti, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice e estou certo de que também habita em ti.” (2Tm 1,5); “...e que desde a infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela que há em Cristo Jesus.” (2Tm 3,15), tendo a influencia de sua avó Lóide. Em Romanos 16 e em outros escritos paulinos há nomes de pessoas que foram verdadeiro refrigério para sua vida ministerial. Muitas dessas pessoas eram casadas, outras viúvas, outras solteiras e talvez até mesma algumas abandonadas pelos cônjuges. A mãe de Rufo era considerada uma mãe para o apóstolo – “Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e minha.” (Rm 16,13). Algumas famílias tinham a própria igreja se reunindo em suas casas, como é o caso de Áquila e Priscila – “Saudai também a igreja que está na casa deles...” (Rm 16,5) e Arquipo – “...e à nossa irmã Áfia, e a Arquipo, nosso companheiro de lutas, e à igreja que está em tua casa.” (Fm 2).

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