“aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu.”
(1Jo 2,6).
I.
INTRODUÇÃO.
Uma das histórias contadas pelo
Senhor Jesus que todos conhecemos muito bem é a “parabola
do joio” (Mt 13,24-30). Descobrimos nessa parábola que não é tarefa fácil
separar o cristão verdadeiro do falso. São tão parecido qua há risco de alguém
tentar separá-los e se enganar, de modo que apenas no tempo de Deus, mediante a
apresentação dos furtus, é que o julgamento acontecerá.
A grande questão está no fato de
que as caracteristicas do cristão verdadeiro não são externas, mas trata-se de
uma atitude de coração, de uma mudança de mente, da maneira como se relaciona
com o Senhor Jesus. O verdadeiro cristão procura ser semelhante a Jesus. O
texto da lição de hoje nos ajuda a examinar exatamente essa dimensão do caráter
cristão que se manifesta no relacionamento do cristão com Jesus.
II.
CRISTÃOS
SABEM QUE É JESUS.
“Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas, se alguém
pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. (1Jo 2,1).
O conhecimento de Jesus tm
múltiplas faces e implicações. Ele é muito mais do que aquilo que se pode
revelar em apenas um verso da Bíblia. Da mesma forma como uma dona de casa tem
muitas vasilhas e muitos temperos e, no momento de preparar um prato delicioso,
não usa todas as vasilhas nem todos os
temperos, mas apenas aqueles de que precisa para produzir o sabor que deseja, assim
também o cristão conhece Jesus e é abençoado pela qualidade necessária a cada
momento da sua vida. Ele é o “socorro
bem presente” (Sl 46) na hora da angústia, a força na fraqueza, a companhia
na solidão, a paz em tempo de guerra. Ele é o Advogado junto ao Pai no momento
do nosso pecado.
Enquanto fomos separados de Deus
por causa de nosso pecado, Ele é aquele que está junto ao Pai. Enquanto somos
injustos, Ele é “o justo”. Não
apenas justo, más Ele é também justo “para
nos perdoar” – “Se reconhecemos os
nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para
nos purificar de toda iniqüidade.” (1Jo 1,9), é aquele que justifica, pois “nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo Jesus” (Rm 8,1). Ainda que nos reconheçamos pecadores, somos
exortados a que não pequemos. Isso significa que, mesmo sendo pecador, o
cristão não vive na prática deliberada do pecado, porque o seu desejo é viver
na luz e agradar Aquele que o chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.
Ainda assim, quem “pensa esar em pé veja
que não caía” (1Cor 10,12). Continuamos com a possibilidade de pecar.
A pessoa que não chegou ao
conhecimento da verdade não tem solução para o problemado pecado. Ela ignora
que está pecando ou continua no pecado, fazendo do ato pecaminoso uma prática
natural da vida, ou luta contra o pecado com armas inúteis – recursos
inadequados como boas obras, rezas, esforço pessoal ou qualquer outro. O
cristão sabe que Jesus é o Advogado – aquele que é “chamado para o lado”, nosso intercessor junto a Deus (Jo 14,16.25; 15,6; 16,7). Como lembra o
Dr. Shedd, “a intercessão de Cristo é a
aplicação continua de Sua morte para nossa salvação”. O cristão sabe quem é
Jesus.
III.
CRISTÃO
CONFIAM NAQUILO QUE CRISTO FEZ.
“Ele é a expiação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas
também pelos de todo o mundo.” (1Jo 2,2).
O justo, Jesus Cristo, é também a
propciação pelos nossos pecados. Foi o sangue de Jesus, vertido pelos nossos
pecados, que tornou possível a propciação.
1.
Suficiente
para o meu pecado.
O termo propiciação é bastante
ligado à ideia de propiciar, ou tornar possivel. No caso bíblico, propiciatório
é o lugar onde os pecados eram expiados ou removidos. Em Rm 3,25, somos
informados que “Deus propôs, no seu sangue (de Jesus), como propiciação, mediante a
fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerancia, deixado
impunes os pecados anteriormente cometidos”.
Deve-se observar novamente a
intima ligação entre a justiça (Jesus é
o justo – 1Jo 2,2) e a propiciação. Através da morte de Cristo, Deus remove
os pecados do Seu povo, não apenas simbolicamente como no ritual de levítico
16, mas em fato e realidade, limpando a
consciencia do homem e eliminando sua culpabilidade perante Deus.
O cristão honra a Deus não
apenas no ato de buscar o Seu perdão, mas também na disposição consequente e
continuada de perceber-se perdoado. Ainda que o inimigo use inúmeros artifícios
para fazer-nos lembrar de nossa história passa (inclusive maldições ou
traumas), sabemos muito bem que, da mesma forma como o bode emissário (de Lv
16) era enviado para levar o pecado do povo para o deserto, tambem o Senhor
levou sobre Si as nossas transgressões (Is 53,4) e lançou nossos pecados “no fundo do mar”. Sabemos que o
sacrifício de Cristo é suficiente para remover toda a culpa, de modo radical e
completo.
2.
Suficiente
para o pecado do mundo todo.
O lembrete incluido no verso 2 é
maravilhoso – “Ele é a expiação pelos
nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.”.
O fato insistentemente lembrado na Bíblia e pelo cristianismo em todos os
tempos é que Deus amou ao mundo – “Com
efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que
todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3,16), e que
foi por isso que Ele deu o Seu Filho para morrer na cruz. Nós, os cristãos em
Cristo Jesus, precisamos ser relembrados constantemente de que o amor de nosso
Senhor é maior do que nosso ego – que Ele ama tambem ama o descrente, aquele
que mora perto de nós e aquele que está mais distante – “todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo
3,16).
O outro lado dessa verdade é que
podemos e devemos proclamar essa mensagem para cada pessoa do mundo. Tendo
confiança no que Ele fez, somos desafiados a um envolvimento absoluto com a
obra de evangelização e de missões. Essa é a razão porque somos “cristãos” (católicos ou evangelicos):
fomos alcançados pelo evangelho e pregamos o evangelhos – as Boas Novas de
salvação de que Cristo morreu e ressuscitou, e de que Nele há salvação para todo
pecador – do mundo todo.
IV.
CRISTÃOS
FAZEM O QUE CRISTO MANDA.
“3. Eis como sabemos que o conhecemos: se guardamos os seus
mandamentos. 4. Aquele que diz conhecê-lo e não guarda os seus mandamentos é
mentiroso e a verdade não está nele. 5. Aquele, porém, que guarda a sua
palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos
se estamos nele: 6. aquele que afirma permanecer nele deve também viver como
ele viveu.” (1Jo 2,3-6).
O padrão de vida santa não é um
preço pago para comprar a salvação, e
nem mesmo um complemento para isso (já que Jesus é suficiente, e nada está
faltando em Sua obra propiciatória). Do outro lado, essa vida santa é um resultado
obrigatório da natureza da obra de Cristo n a vida do cristão. Guardar os
mandamentos de Cristo é o sinal evidente que acompanha todo o cristão
verdadeiro – é o fruto que se espera como resultado da semente do evangelho que
nasceu em nosso coração.
Aquele que se diz cristão e vive
em pecado é semelhante a um produto de marca falsificada que traz a etiqueta,
imita o original, mas não tem a qualidade e a durabilidade dele. Além de
enganar o comprador, esse produto depõe contra o controle de qualidade da marca
falsificada. Essas pessoas, joio no meio do trigo, estão inevitavelmente no
mesmo campo de ação dos criostãos verdadeiros, são perfeitas imitações, mas
vivem de forma pecaminosa. Paulo lembrava aos judeus que, devido à maneira
desregrada como viviam mesmo na condição de “povo de Deus”, eles acabavam fazendo com que o nome de Deus fosse “blasfemado entre os gentios” – “Porque assim fala a Escritura: Por vossa
causa o nome de Deus é blasfemado entre os pagãos (Is 52,5 - B.A.M).” (Rm
2,24). Infelizmente, ainda nos dias atuais, a vida indigna de muito nós acaba
por desonrar o nome do nosso Senhor (e havemos de prestar contas por Deus por
isso?).
O outro lado da verdade também é
proclamado nesse texto: quando o crente obedece aos mandamentos de Cristo, ele
demonstra da forma exuberante aos feitos de Deus em sua vida. Na linguagem
bíblica, o amor de Deus é aperfeiçoado nele. Esse cristão é “o
bom perfume de Cristo”, “embaixador de Deus”, como se Deus falasse
por intermédio dele. A evidencia mais clara que o mundo pode ver como
demonstração do poder do evangelho é a maneira santa e justa como você e eu
vivemos. Nós somos as cartas vivas para o mundo! Cristão que é cristão de
verdade permanece em Cristo. Cristo está junto ao pai (1Jo 2,1), e o cristão tem de andar como Ele andou (1Jo 2,6). Daí o texto bíblico
dizer que a mensagem que ouvimos e
anunciamos é para que mantenhamos comunhão com o Seu povo, e”a nossa comunhão é com o Pai e com o
Filho, Jesus Crsito” (1Jo 1,3). Enquanto nossos pecados nos separam de
Deus, o fato de estarmos em Cristo nos aproxima de Deus, “derrubando a parede da inimizade” e permitindo uma vida de
comunhão com Deus (cf. Cl 1,21-23).
V.
CONCLUSÃO.
O cristão verdadeiro tem inúmeras
razões para se alegrar. Não é sem motivo que ele louva e exalta o Senhor
constantemente. Só aquele que sabe quem Cristo é, que conhece Suas obras e
aprendeu a viver em obediencia à Sua santa palavra pode entender a dimensão
extarordinária do evangelho de Cristo Jesus.
Temos sido frequentemente
ensinados a separar uma nota falsa (dinheiro) de uma verdadeira. Como cristão,
não nos compete julgar os outros cristãos, mas somos ensinados a examinarmos a
nós próprio – “31. Se nos examinássemos
a nós mesmos, não seríamos julgados. 32. Mas, sendo julgados pelo Senhor, ele
nos castiga para não sermos condenados com o mundo.” (1Cor 11,31-32). O
texto de Gl 5,16-26 é uma excelente referencia para nos ajudar no exercício de
nos exarminarmos pelos nossos atos e nossa maneira de viver.
A advertencia final é sempre a
mesma:
“Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito.”
(Gl 5,25);
“aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu.” (1Jo
2,6).
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