A HISTÓRIA DO POVO DE DEUS - LIÇÃO 13 – A
ELEIÇÃO DE SAUL AO TRONO.
Envelhecido,
Samuel constituiu seus dois filhos, Joel e Abias, juizes sobre
Israel. Porém eles não andam pelos caminhos do pai, antes se inclinaram para
avareza e corrupção, o que os levou ao descrédito popular. Em conseqüência,
estourou um movimento político entre o povo, liderado pelos anciões, que se
dirigiram a Samuel e lhe fizeram um ambicioso pedido em prol da nação (1Sm
8,1-5).
- O POVO PEDE UM REI (1Sm 8,1-5).
Até então,
Israel tivera governo teocrático, governo dirigido por Deus. E isto desde a
outorga da lei Mosaica no Sinai, quando Deus mesmo tornou-se o Senhor soberano
da nação. Através de Moises, dos sacerdotes, dos sacerdotes, dos profetas e dos
juizes, Israel era conduzido no dia a dia sob a orientação da lei acima
mencionada – Ex 19,20-20-26.
Por que
quiseram um Rei? “E disseram-lhe: Estás velho e teus filhos não seguem as
tuas pisadas. Dá-nos um rei que nos governe, como o têm todas as nações”. (1Sm
8,5).
a) Os filhos
de Samuel não estavam andando nos caminhos do pai.
De fato, eles já não correspondiam à confiança e aos
anseios do povo, eram corruptos, e em conseqüência o povo estava sofrendo (vs.
1-5). Em postos de responsabilidade, as vezes tão poucos fazem tantos sofrerem
tanto! Em virtude da desobediência não foram bem aproveitados a fé e os bons
conselhos de um experiente profeta.
b) Samuel já
estava velho.
O Japão,
pais de cultura milenar, tem como principio respeitar, honrar e prestigiar os
seus anciões. Eles são valorizados pela sabedoria calcada na experiência dos
longos dias de vida. Já a cultura ocidental tem mostrado menos consideração aos
idosos, às vezes até carentes de tratamento condigno. Os judeus, embora do
oriente, pensaram em Samuel, com sua idade, à moda ocidental – “e disseram-lhe:
Estás velho” (v 5a).
Foi este
velho Samuel que serviu a nação ainda por longos anos. Regendo, ensinando e
acudindo o povo nos momentos difíceis, ainda ungiu dois reis antes de encerrar
o seu abençoado ministério.
“Na
velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes.” (Sl
92,14).
c) “Queremos
ser como todas as nações que tem um rei” (v.5).
As outras
nações não tiveram o privilegio que Israel sozinho teve,, o de ser governado
diretamente por Deus, que sempre levantou lideres valentes, que souberam
defender a nação com honra, dignidade e muita bravura.
As nações
tinham reis desumanos e terríveis. Quando caiam sobre os inimigos, mutilavam
seus homens,vazavam-lhes seus olhos e os escravizavam sem misericórdia – “Naas,
o amonita, pôs-se em campanha e combateu contra Jabes, em Galaad. Os habitantes
de Jabes disseram-lhe: Façamos aliança, e nós te serviremos. Mas Naas, o
amonita, respondeu-lhes: Só farei aliança convosco com a condição de vos furar
a todos o olho direito, para impor assim um opróbrio a todo o Israel.” (1Sm
11,1-2). Onde estava mesmo a gloria desses povos, que levava Israel a desprezar
seu experimentado Samuel e o governo gracioso de Jeová, para querer se parecer com aqueles
incircuncisos?
- O SENHOR DA UM REI.
O pedido
de um rei tinha cheiro de rebeldia e Samuel não gostou. Era uma ofensa ao
próprio Deus – “Estas palavras: Dá-nos um rei que nos governe, desagradaram
a Samuel, que se pôs em oração diante do Senhor. O Senhor disse-lhe: Ouve a voz
do povo em tudo o que te disseram. Não é a ti que eles rejeitam, mas a mim,
pois já não querem que eu reine sobre eles.” – (1Sm 8,6-7).
a) O rei
ungido em Rama (1 Sm 9,1-25).
Atendendo à vontade permissiva de Deus e à
obstinação do povo, o profeta dispõe-se a ungir o futuro rei. Em circunstâncias
estranhas, Deus pode usar seus servos ara cumprimento de missão especifica.
Com a fuga das jumentas de Quis,Saul e seu moço persistiam em procura-las, escalando
montanhas,planícies e vales, indo pelos lados de Efraim até a cidade do
profeta. Numa reunião preestabelecida,
avisado por Deus, Samuel fala ao coração de Saul o recado de Deus.
b) Escolhido
em Masfa. (1Sm 10,17-24).
Saul foi
ungido em Ramá, mas foi em Masfa que o povo se manifestou a respeito. Com a
presença representativa das doze tribos, fez Samuel a apresentação do rei – “Samuel
disse ao povo: Vedes aquele que o Senhor escolheu? Não há em todo o povo quem
lhe seja semelhante. E todos o aclamaram, dizendo: Viva o rei!” (1Sm
10,24).
c) Proclamado
em Gálgala (1Sm 11,1-15).
Faltava agora apenas uma oportunidade para que se concretizasse o reino de Saul. E logo
apareceu. Naás, rei Amonita, sitiou Jabes-Galaad e com ameaças selvagens exigiu
a rendição incondicional dos galaaditas (v.11). Apertados, os galaaditas
testaram a capacidade do esperado rei. Pediram-lhe urgente socorro.
Numa sabia campanha relâmpago, Saul despertou toda
a nação, formando rapidamente um exercito uno, pronto para a batalha (vs.
3-11). Dividiu o exercito em três companhias e de madrugada caiu sobre o
inimigo e o desbaratou. Houve grande euforia nacional.
Guiados por Samuel, rumaram para Gálgala, e perante
o Senhor proclamaram-no rei definitivamente (vs 12-15).
- A DESPEDIDA DE SAMUEL.
O tempo correu, e Samuel correu com o tempo. Chegou
o fim do seu profícuo ministério. O homem de Deus sente-se tranqüilo, convicto
e honrado. É gostoso o sentimento de dever cumprido.
Ao transferir a Saul as responsabilidades submeteu
todos os seus atos ao longo do ministério de profeta e juiz ao julgamento do
povo perante o Senhor. E o povo testemunhou das mãos limpas e coração puro do
profeta de Deus. “Samuel disse ao povo: É, pois, testemunha o Senhor que
estabeleceu Moisés e Aarão, e tirou os vossos pais do Egito”. (1Sm 12,6).
Nesse momento os caluniadores se calaram – (1Sm 10,26-27;11,12-13).
Aproveitando, Samuel recordou à nação os seus
grosseiros erros até mesmo o de pedir um rei. E Deus confirmou publicamente as
palavras do seu profeta, fazendo chover e trovejar. O povo sentiu e temeu (1Sm
12,8-18).
Samuel, “o velho”, continuava sendo ainda a
segurança espiritual do povo, pois diziam: “E disseram todos a Samuel: Roga
pelos teus servos ao Senhor, teu Deus, para que não morramos, porque a todos
nossos pecados ajuntamos o mal de pedirmos um rei”. (1Sm 12,19). Ele
encerra a sua brilhante despedida aconselhando a nação a ser obediente a Deus,
para que viva em paz. Samuel promete ainda dedicar-lhes, doravante, um
ministério de intercessão e ajuda espiritual junto a Deus – (1Sm 12,19-25).
O desejo de Israel de ter um rei não era novidade, já
estava no coração de Deus muito antes da nação existir – “Tornar-te-ei
extremamente fecundo, farei nascer de ti nações e terás reis por descendentes”.
(Gn 17,6). Sabe-se também que ao longo dos tempos, já fazia parte também do
pensamento e do coração do povo hebreu – “Ó Senhor, sejam esmagados os
vossos adversários! Dos céus troveje o Altíssimo contra eles, o Senhor julgue
os últimos confins da terra! Dará força ao seu rei, e engrandecerá o poder do
seu ungido”. (1Sm 2,10). Mas nos planos de Deus Israel não teria um monarca à moda das nações vizinhas, sim nos padrões divinos (Dt 17,14-20) – um
rei segundo coração de Deus, como se vê
claramente em (1Sm 16,12-14;13,14). Seria não apenas escolhido por Deus, mas um
rei que lhe fosse temente, e governaria o povo tendo a Lei do Senhor como a sua
constituição.
Embora ungido, escolhido e proclamado, Saul foi
fruto de pedido precipitado e pressionado. Não deu certo, e Deus o rejeitou,
trazendo difíceis conseqüências para Israel , que foram realmente terríveis.
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