“Cobiçais, e não recebeis; sois invejosos e ciumentos, e não conseguis o que desejais; litigais e fazeis guerra. Não obtendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, com o fim de satisfazerdes as vossas paixões.” (Tg 4,2-3).
- INTRODUÇÃO.
Jesus nos presenteia com as pérolas mais valiosas que devemos buscar em ração. Veja os tesouros apresentados na oração modelo.
- O MANDAMENTO ESQUECIDO.
“PAI NOSSO, que estais no céu” (Mt 6,9).
É incrível como apenas uma frase inicial de oração pode conter tanta luz para a vida do cristão! Note.
I. Comunhão com o Pai celestial.
Adão, mesmo antes do pecado, com toda sua intimidade, não ousou chamar a Deus de Pai. Tão pouco Noé, com sua fé secular, homem que andou com o Senhor, um monumento de graça e luz no meio de uma geração pervertida e corrupta. O velho pai da fé, Abraão, amigo de Deus, jamais ousou apresentar-se diante do Altíssimo com toda essa intimidade. Mesmo Davi, o “rei” da comunhão, do louvor e da adoração, se referia ao Senhor como Rocha, altíssimo, Fortaleza, Socorro, Guarda de Israel, Rei... e muito intimamente chegou ao expediente poético de Pastor. Porém é em Jesus que o relacionamento pai/filho entre o Criador Santo e suas criaturas pecadoras é celebrado de modo incrivelmente elevado e próximo: “Pai Celestial”.
“Tratar a Deus como Pai reflete nossa consciência acerca de um Deus pessoal, amoroso e poderoso.” (J. Stott).
II. Comunhão com os outros filhos – irmãos.
Não é “meu pai”, e sim “Pai nosso”. O cristão que não sabe relacionar-se não sabe orar.
a) “E perseveravam na comunhão e nas orações... Todos os que creram estavam juntos... Diariamente perseveravam unânimes” (At 2,42,44,4 6);
b) “... se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus.” (Mt 18,19);
c) “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor. Por causa dos meus irmãos e amigos, direi: Haja paz dentro de ti.” (Sl 122,1.8).
Que maravilha é uma vida de comunhão com o Pai e seus filhos. Ela diminui a distancia entre o pai que está nos céus e os filhos que estão aqui na terra. Todo o universo fica pequeno quando uma família esta reunida em comunhão.
- A SUBMISSÃO.
“Teu nome... Teu reino... Tua vontade...” (Mt 6,9-10).
A existência humana só tem sentido quando se posiciona sob Deus; isso deve ser refletido em nossa conversa com Ele. Primeiro Ele, depois eu. Segundo João Batista: “Convém que Ele cresça e eu diminua”.
Quando a Igreja foi pela primeira vez perseguida e ameaçada (At 4,23-31) reuniu-se para oração, com dois passos firmes.
I. Entronizar o Pai: “Tu, Soberano Senhor” (At 4,24).
II. Priorizar o reino: “Concede aos teus servos que anunciem” (At 4,30-31).
a) “Com intrepidez a Tua palavra”.
b) “Enquanto estendes a mão para fazer curas” Note que os sinais não eram para o bem estar da igreja, mas para acompanhar a pregação dp Evangelho, e foi o que aconteceu (At 4,31). Por isso é tão importante saber que a prioridade de oração é o Pai e seu reino, sem submissão não há oração. “Teu nome, Teu reino e Tua Vontade”
Responda bem rápido: Por que uma criança desmamada ainda deseja os braços da mãe (Sl 131)? É porque ela, mesmo não dependendo mais do alimento vital dos seios maternos, ainda mantém uma relação de submissão e dependência – ou seja: os braços da mãe. É o colo pelo colo. A busca de Deus por causa de Deus.
É isto que deve refletir nossa oração: a consciência clara de que a vida só em sentido quando o Pai (seu nome, reino e vontade) vem em primeiro lugar (Mt 6,33; Sl 37,5). A oração verbaliza essa posição espiritual.
- PEDIDOS NOBRES.
Pão, perdão e livramento (Mt 6,11-13).
Os melhores antídotos contra o egoísmo são a comunhão e a submissão (ao Pai e aos seus filhos). Um cristão ajustado a esses dois trilhos não fala bobagens na presença de Deus (Ecl 5,1-2), não almeja ilusões, não é mesquinho em suas petições. Tiago, sempre tão objetivo, nos diz: “Cobiçais, e não recebeis; sois invejosos e ciumentos, e não conseguis o que desejais; litigais e fazeis guerra. Não obtendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, com o fim de satisfazerdes as vossas paixões.” (Tg 4,2-3). Quem ainda não resolveu se almeja a valorização de seu próprio nome – ou o do Pai; o estabelecimento de seu próprio reino – ou o do Pai, e a realização de sua vontade – ou a do Pai, não deve prosseguir desse ponto para frente na oração. Sugerimos que volte ao inicio, até que este assunto esteja resolvido na alma. Assim, não vale a pena continuar, é melhor mudar de religião. Há outras no “mercado da fé” que se ajustam melhor aos desejos pessoais de seus fieis.
Vejamos três pedidos de ouro:
I. Pão de cada dia.
Deus ensinou essa lição a Israel com o maná do deserto (Ex 16,1-10). Aquele pão era suficiente para um dia – nem mais, nem menos.. Cada dia.
Como nós gostamos de pedir o pão do semestre! Há cristãos que não dormem se não tiverem a segurança financeira para o mês.
Quando Pedro precisou de uma moeda para pagar o imposto, Jesus fez com que ele fisgasse um peixinho, que veio premiado com uma moeda na boca, correspondente ao valor exato do imposto dos dois (Mt 17,24-27).
Que coisas serão acrescentadas aos que buscarem o reino em primeiro lugar (Mt 6,33)? O que comer e o que vestir (Mt 6,25). Uma vida simples. As riquezas não estão incluídas “nestas coisas” (Mt 6,24).
Jesus nos ensina a ser simples quando falarmos em bens materiais na presença do Pai celestial e ponto final. Não decrete, não conquiste, não declare... simplesmente peça o “o pão de cada dia” ao Pai celestial, ele sabe do que você necessita (Mt 6,32).
Alem do “pão de cada dia” devemos pedir.
II. O perdão de cada dia.
A melhor parábola para nos convencer da inevitável necessidade do exercício diário do perdão de Deus e do próximo é a do “credor incompassivo” (Mt 18,23-35), que rogou e recebeu o perdão de uma grande divida, mas não soube “repassar” a misericórdia perdoando uma pequena. Acabou perdendo sua dose de misericórdia. Ele não quis perdoar alguém que lhe devia 400 gramas de prata, mesmo tendo recebido o perdão de uma divida de 350 mil quilos de prata. A diferença é muito grande!
Se você tem “retido” perdão a alguém, pare agora mesmo de orar – não está valendo nada mesmo – e corra a perdoar seu próximo, depois volte e faça sua oferta (Mt 5,23-26; Mc 11,25-26).
III. O livramento de cada dia.
“Não nos deixes..., mas livra-nos do mal”
Você pode evitar ser muito tentado (Sl 1,1-2), mas não conseguirá deixar de ser tentado, porque a cobiça está dentro de cada um de nós (Tg 1,13-15). Portanto esse terceiro pedido de ouro é muito importante.
- CONCLUSÃO.
É tão belo o final dessa oração modelo, especialmente porque Jesus retoma o sentido mais valioso de nossa vida: glorificar a Deus – “pois tu é o reino, o poder e a gloria para sempre”. Reflita nessa sabedoria em sua oração de agora em diante. Ensine isto aos outros. Que assim seja.
Ver a oração do Pai nosso no site
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