“Confessai os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serdes curados. A oração do justo tem grande eficácia.” Tg 5,16.
- INTRODUÇÃO.
Tiago caminha para o fechamento de sua carta. Ele escreve a conclusão abordando mais de um assunto, como era o costume na literatura grega. Dentro do mesmo tema: juramento e oração – podemos considerar a questão da proibição do juramento – Tg 5,12; a questão da saúde dos membros da Igreja – Tg 5,13-16; e o exemplo de Elias, um homem de oração – Tg 5,17-18.
O versículo 12 trata de um assunto que aparece independente dos demais versículos, tanto do trecho anterior como do posterior a ele. O conteúdo desse versículo se identifica mais com o texto que trata do mau uso da língua – Tg 3,1-12. Há relação também com a origem das contendas e maledicência – Tg 4,1-12 – porem, vamos incluí-lo nas exortações tratadas nesta lição.
- O JURAMENTO PROIBIDO – Tg 5,12.
“Antes de mais nada, meus irmãos, abstende-vos de jurar. Não jureis nem pelo céu nem pela terra, nem empregueis qualquer outra fórmula de juramento. Que vosso sim, seja sim; que vosso não, seja não. Assim não caireis ao golpe do julgamento.” – Tg 5,12.
Tiago começa com um costumeiro e enfático “meus irmãos” ou “meus amados irmãos”, expressões usadas em sua epistola nada menos que dez vezes – Tg 1,2; 2,1.5.14; 3,1.10.12; 5,12.19 – isto sem contar as muitas vezes que ele usa j “irmãos”. Não há duvida de que ele está se dirigindo a uma comunidade de irmãos, a Igreja do Senhor Jesus – Mt 16,18. Por isso, ele se sente à vontade para tratar de temas polêmicos.
a) O juramento no Antigo Testamento.
O juramento quanto licito, parece fazer parte apenas do Antigo Testamento. Estava quase sempre relacionado ao culto religioso da Antiga Aliança e era proferido em ocasiões especificas e com toda solenidade.
O Antigo testamento é claro quando mostra que não era apropriado jurar em nome do Senhor – Ex 2 0,7; Lv 19,12. Jeremias aborda o falso juramento – Jr 5,2. Havendo juramento, este deveria ser cumprido fielmente – 2Cr 6,22-23.
b) O juramento no Novo Testamento.
No novo testamento, parece ficar claro que os cristãos não deveriam fazer juramentos. Entre os mais comuns nos dias de Tiago estavam os juramentos “pelo céu” ou “pela terra”. Ele é enfático ao afirmar: “não jureis” Tg 5,12.
Jesus foi categórico ao proibir todo e qualquer juramento. Ele empregou palavras fortes ao dizer: “de modo algum jureis nem pelo céu... nem pela terra” – Mt 5,34.36. Tiago acrescenta a estas palavras de Jesus: “nem por qualquer outro voto”.
Porque o juramento tende a invocar o nome de algo ou alguém superior a si mesmo para dar crédito ao que se está falando.
Porque já havia no AT certa dificuldade na pratica de juramentos – Jr 5,2; 7,9; Os 4,2; Zc 5,3-4; Ml 3,5.
Porque a palavra deve ser confiável, não necessitando de nenhum juramento para respaldá-la.
Porque o preço de um juramento pode ser muito alto – Mc 6,23-25.
- A ORAÇAO COMO UM ATO DE FÉ – Tg 5,13-16.
“Alguém entre vós está triste? Reze! Está alegre? Cante. Está alguém enfermo? Chame os sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá. Se ele cometeu pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serdes curados. A oração do justo tem grande eficácia.” Tg 5,13-16.
O segundo tópico desta porção da carta de Tiago diz respeito à saúde dos membros da Igreja – saúde espiritual e física – Devemos orar pela saúde espiritual da Igreja, ao mesmo tempo em que oramos pelos nossos enfermos. Vamos tratar da saúde da Igreja respondendo às perguntas de Tiago, considerando três níveis de exortações e necessidades de oração.
a) Está alguém entre vós sofrendo? – Tg 5,13ª.
O sofrimento a que Tiago se refere são as aflições ou infortúnios da vida; são as perseguições e as provações pelas quais passamos e que provam a nossa fé. Assim aconteceu com os profetas – Tg 5,10; Jó 3,11; 2Cor 11,23-28; 2Tm 2,3.9-10 – A exortação é que devemos suportar esse tipo de sofrimento com paciência.
Primeiro nível de oração: orem por aqueles que estão sofrendo privações por causa de sua fé no Senhor Jesus.
b) Está alguém alegre? – Tg 5,13b.
Mesmo que os sofrimentos, provocações, privações e infortúnios insistam em nos atormentar, enquanto estamos neste corpo – 2 Cor 4,7-10 – a alegria deve ser uma marca constante no cristão – Fp 4,4. Tiago lembra da importância do uso da língua também nos momentos de alegria. Está alguém alegre? Cante louvores. A oração é um meio de louvarmos ao Senhor, como é muito evidente nos salmos – Sl 63,3; 71,8 – A oração deve fazer parte da língua da missa ou do culto como um ato de devoção - Esd 7,27. O NT ordena aos cristãos que estejam cheios de louvor ao nosso Deus, tanto no lar, quanto no trabalho, bem como na Igreja – 1Cor 14,15; Ef 5,19; Cl 3,16. A exortação é que o louvor cantado está intimamente relacionado com a oração.
Segundo nível de oração: orem louvando ao senhor por ao grande demonstração de amor e salvação.
c) Está alguém entre vós doente? – Tg 5,14-16.
A terceira circunstância na qual a oração deve aparecer é mencionada agora de modo especifico. Nesse caso, trata-se mais de uma cura física que Tiago liga à cura espiritual – Tg 5,15. Para a oração em favor dos enfermos, Tiago faz algumas recomendações:
a) Que os presbíteros da Igreja sejam chamados;
b) Que o doente seja ungido com óleo;
c) Que a oração seja feita em nome do Senhor, e com fé – Tg 5,14-15.
Temos vários exemplos bíblicos de homens que reconheceram o valor da oração, tanto para interceder pelos outros como para orar em favor deles mesmo: Abraão por seu sobrinho Ló – Gn 18, 22-33; Moisés pelo povo no deserto quando pelejava contra Amaleque – Ex 17,8-16; Daniel orou a Deus, mesmo sendo proibido pelo rei Darío; Neemias clamou ao Senhor por sucesso diante de Artaxerxes, e por proteção ante os inimigos – Dn 6,10; Ne 1,10-11; Davi por ele mesmo – Sl 38,3-10.18; e tantos outros.
Jesus sempre reservava um tempo na sua agenda cheia para fica a sós com Deus – Lc 6,12. No seu ministério terreno ele curou a muitos – Mt 9,35-36. A exortação é que devemos nos lembrar de que a principal preocupação de Tiago nestes versículos é cm a oração.
Terceiro nível de oração: orem sempre em nome do Senhor, crendo que a oração da fé pode curar; e se houver pecados ocultos, confessem-nos e serão perdoados.
- O EXEMPLO DE UM HOMEM DE ORAÇAO – Tg 5,17-18.
Para comprovar seus argumentos quanto a eficácia e o poder da oração, Tiago cita o profeta Elias como exemplo de homem justo, cujas orações tiveram grandes efeitos na nação de Israel nos dias do re Acabe – 1Rs 17,1-19,21.
Para Tiago, Elias era um homem semelhante a nós. Ele era tão humano quanto nós somos: sujeito aos mesmos sentimentos, ou seja, às mesmas paixões. O que levou Tiago a usá-lo como exemplo na oração? Algumas qualidades se destacam na vida desse homem de oração:
a) Era um homem ousado e determinado – 1 Rs 17,1.13; 18,8.19;
b) Era um homem fervoroso na oração – 1 Rs 18,36-38;
c) Era um homem temente e obediente a Deus – 1 Rs 19,9-18.
Em 1 Rs 17,21-22.24, Elias nos ensina que a oração se tornara um exercício diário para manter uma vida de transparência diante de Deus, o contrario do que se vê em nossos dias. Vivemos em uma época em que a oração se tornou um exercício obrigatório de cerimônias vazias e de palavras sem sentidos.
Por tudo isto podemos afirmar que Elias era um homem comum nas mãos de um Deus fora do comum. A oração só terá eficácia se feita segundo a perfeita vontade de Deus – 1 Jô 5,14. Não somente devemos orar segundo a vontade de Deus, como também devemos estar dentro de sua plena – Cl 1,9. Foi assim que Elias viveu. É assim que devemos viver.
- CONCLUSÃO.
Que nunca esqueçamos que estamos apenas de passagem por aqui e que a volta de Cristo se dará qualquer momento. Quanto mais nos esquecemos de Sua volta, mais nos agarramos às coisas do mundo; quanto mais agarramos as coisas do mundo mais nos afastamos dos valores e padrões estabelecidos por Deus em sua Palavra.
Devemos nos examinar constantemente para ver se estamos obedecendo a Deus e aos seus mandamentos. Enquanto o Senhor não vem buscar sua Igreja, que vivamos uma vida digna de inteira confiança e integridade; que lembremos sempre da importância de uma vida diária de oração e que demonstremos amor por aqueles que estão fracos na fé ou caídos.
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