segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O SERMAO DA MONTANHA - LIÇÃO 01 – JESUS, O MESTRE POR EXCELENCIA.


“Mas vós não vos façais chamar rabi, porque um só é o vosso preceptor, e vós sois todos irmãos.” – Mt 23,8.

  1. INTRODUÇAO.

Vamos estudar um dos textos mais belos e conhecidos da Bíblia: o Sermão da Montanha. Ser ele o mais lido, o menos compreendido e o menos praticado de todos os ensinos de Jesus. Ao estudá-lo, precisamos aceitar os seus ensinamentos com o máximo de seriedade, pois ele contém os mais altos padrões, os maiores valores, as prioridades do cristianismo. Encontramos nele tudo aquilo que Jesus desejava que seus discípulos fossem e fizessem, tudo aquilo que devemos ser e fazer.

Entretanto, ao estudarmos o Sermão da Montanha, devemos ir além do seu ensino moral, ético e espiritual. Precisamos ir além do sermão. Precisamos ultrapassar a beleza das suas expressões e ilustrações, o perfeito equilíbrio da sua estrutura, a harmonia dos seus ensinamentos, para chegarmos à pessoa do seu Pegador: o mestre por excelência. O valor e a autoridade desse sermão está no próprio Mestre. Ele é mais importante que o seu próprio ensino.

Jesus proferiu o Sermão da Montanha no inicio do seu ministério público, logo após o seu batismo e tentação. O evangelista Mateus introduz o sermão de uma forma singela: “Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo.” Mt 5,1-2.

  1. A IDENTIDADE DO MESTRE.

Sentado ali diante dos seus discípulos e da multidão, estava um homem ainda jovem: trinta anos de idade – “Quando Jesus começou o seu ministério, tinha cerca de trinta anos...” Lc 3,23. Nascido em Belém da Judéia – “Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá...” Mt 2,1, passou cerca de 30 anos na insignificante cidade de Nazaré, na região da Galileia – “e veio habitar na cidade de Nazaré para que se cumprisse o que foi dito pelos profetas: Será chamado Nazareno.” Mt 2,23, onde exerceu o oficio de carpinteiro – “Não é ele o carpinteiro...” Mc 6,3. Esse homem não esteve, como Paulo, sentado aos pés de Gamaliel; não se tem conhecimento de que tenha ele freqüentado escola ou tinha escrito alguma coisa; não era escriba e nem fariseu. Tudo indicava tratar-se de uma pessoa simples e comum.

Mas esse homem simples, essa pessoa comum, esse homem que nada escreveu, assentou-se e começou a ensinar. Ele ensinava de tal forma que causou o maior impacto nos seus ouvintes – “Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina. Com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas.” M7,28-29. Eles ficaram perplexos diante do conteúdo  apresentado, da qualidade do ensino e da maneira de instruir.

Por que tão grande admiração? Que havia de especial nesse homem?

  1. A PERSONALIDADE DO MESTRE.

I.              Caráter integro.

Jesus caracterizou-se por absoluta inteireza moral. Foi cem por cento aquilo que ensinou. Ensinou aquilo que praticou. Viveu o sermão da montanha. Desafiou seus discípulos a ser luz do mundo – “Vós sois a luz do mundo.” Mt 5,14; ele foi a luz do mundo – “...Eu sou a luz do mundo...”Jô 8,12. Recomendou que seus discípulos orassem pelos inimigos – “Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem.” Mt 5,44; ele orou por aqueles que o perseguiam – “E Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem. Eles dividiram as suas vestes e as sortearam.” Lc 23,34; ensinou seus discípulos a falar a verdade – “Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é não. Tudo o que passa além disto vem do Maligno.” Mt 5,37; ele foi a encarnação da verdade – “Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” Jô 14,6.

Jesus foi um caráter integro. Na sua personalidade havia algo que estava acima de todo caráter humano. Desafiou seus adversários pedindo-lhes que apontassem qualquer pecado na sua vida – “Quem de vós me acusará de pecado? Se vos falo a verdade, por que me não credes?” Jô 8,46. Pilatos declarou não ter encontrado nele mal algum – “Apresentastes-me este homem como agitador do povo, mas, interrogando-o eu diante de vós, não o achei culpado de nenhum dos crimes de que o acusais. Nem tampouco Herodes, pois no-lo devolveu. Portanto, ele nada fez que mereça a morte.” Lc 23,14-15.

Quando falamos do mestre, estamos diante de uma beleza moral e perfeita.

II.            Autoridade absoluta.

Os primeiros ouvintes ficaram impressionados com a autoridade extraordinária com que falou ao mestre. Ensinou sem titubear, sem hesitar, sem justificar. Ensinou com autoridade e não como os escribas ensinavam.

Dispensando a orientação espiritual dos doutores da sua época, teve um ensino original e próprio. Havia, no mestre, alguma coisa superior a todos os traços que apareceram nos mestres.

III.           Obediência perfeita.

Jesus veio ao mundo para obedecer: obediência ao Pai, obediência a lei – “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir.” Mt 5,17.

O objetivo supremo da sua vida foi o de fazer a vontade do Pai. Nunca buscou a sua própria vontade – Jô 4,34; 5,30; Mt 7,21; 26,39.42.
Apropriadamente, Jesus concluiu o Sermão da Montanha apresentando a parábola dos dois construtores e dos dois fundamentos - Mt 7,24-27, considerando que o edifício daquele que obedece é seguro, enquanto o desobediente tem seu edifício destruído pela calamidade.

  1. A PEDAGOGIA DO MESTRE.

Jesus se apresentou, em primeiro lugar, como mestre. Ele mesmo se declarou mestre único – “Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos.” Mt 23,8. Não se distinguiu como orador, como líder, mas como mestre. Segundo Price (autor de a pedagogia de Jesus), no NT há quarenta e cinco referencia a Jesus ensinando, e quando pregava, ele pregava e ensinava. O Sermão da Montanha é um exemplo disso.

Cristo viu no ensino a oportunidade pra formar caracteres, atitudes e idéias no homem e, por isso, ensinou a toda hora e em qualquer lugar.

Externou sua atividade educadora de modo magistral. Teve, mais do que qualquer outro, as qualidades de mestre. Conheceu, mais do que qualquer mestre, os princípios que devem nortear o ensino: conhecimento da matéria, compreensão da natureza humana e método adequado.

I.              Conhecimento da matéria.

Diz uma das leis do ensino: “O professor deve conhecer muito bem o assunto que está sendo ensinado”.

Jesus foi o professor ideal porque tinha uma soma de conhecimentos que o habilitou perfeitamente para a tarefa de mestre. Conhecia o mundo, pois o mundo foi criado por ele; conhecia o homem, pois foi ele que o criou; conhecia toda a verdade, pois ele é a própria verdade – “Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito” – Jô 1,3; “... Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida...” – Jô 14,6.

Ensinou sabendo o que estava ensinado, tendo conhecimento profundo da matéria. O seu conhecimento vinha de dentro e nunca necessitou de confirmações. Nunca errou nos seus ensinos; nunca precisou voltar para corrigir conceitos ensinados errados. A sua doutrina era perfeita. Nunca mudou de opinião, nunca precisou voltar para corrigir conceitos ensinados errados. A sua doutrina era perfeita. Nunca mudou de opinião, nunca precisou se retratar.

O Sermão da Montanha nunca precisou ser corrigido. Nada teve que ser acrescentado ou excluído. O Sermão da Montanha nunca precisou ser atualizado. Ele é sempre atual. O mestre conhecia profundamente as Escrituras – Mt 5,21-48; Lc 24,27 – Ele não somente as conhecia, como as aplicava à sua vida.



II.            Conhecimento da natureza humana.

Outra lei do ensino: “O professor precisa de conhecer seus alunos”.

Jesus conhecia o intimo de seus ouvintes. Ele captava o pensamento das pessoas. Antes que eles fossem revelados, Jesus já dava a resposta satisfatória. Foi mestre na penetração do coração e na compreensão daquilo que se passava no íntimo das pessoas – “Lc 5,22; 6,8; 9,46-47; Jô 2,23-25; 4,29.

Jesus se interessou mais por pessoas do que por coisas. Ele se interessou mais por pessoas que por si mesmo. Amou a todos, se preocupou com seus problemas e buscou uma solução para eles.

III.           Conhecimento dos métodos de ensino.

Ainda, leis de ensino: “O ensino deve partir do conhecido para o desconhecido, do próximo para o remoto, do concreto para o abstrato”. “O professor deve variar seus métodos de aula”.

Jesus, o mestre por excelência, não enunciou nenhum principio pedagógico, nenhuma lei do ensino, nenhuma teoria da educação, mas mostrou um profundo conhecimento metodológico e aplicou-o a maior  eficiência.

Vejamos qual foi o procedimento para ensinar as grandes verdades.

a)    Começou com as coisas simples até chegar às complexas. Utilizou a analogia dos pássaros do céu, dos lírios do campo, da casa construída na rocha e na areia – Mt 6,26-28; 7,24-26.

b)   Partiu do conhecido para o desconhecido. Usou a figura do sal, da luz, da traça, da ferrugem, do ladrão, do argueiro no olho – “Mt 5,13-14; 6,19; 7,3.

c)    Sempre fez uso da pergunta. Para que serve o sal?”; “Qual a recompensa em amar os que vos amam?”; “Pode alguém colher uvas do espinheiro?” – Mt 5,13.46; 7,16.

d)   Contou histórias. Mt 7,24-27. Conversou, discutiu, dramatizou, ilustrou, planejou, aplicou. Suas lições tinham começo meio e fim.

Jesus foi, e continua sendo, o Mestre por excelência.

  1. CONCLUSAO.

Porque dar atenção ao Sermão da Montanha? Por que estudá-lo durante quatro meses? Por que colocar em prática os seus ensinamentos?

A resposta é uma só: pela pessoa do Mestre. Ele sempre teve mensagem, método e vida. Eis a razão para estarmos estudando esse sermão. Eis as razões para colocarmos em prática os seus ensinamentos, que não são conselhos prudentes para épocas passageiras, mas são ordens para serem obedecidas em todo o tempo.

O Sermão da Montanha é um autentico pronunciamento de Jesus. Seu conteúdo é relevante para o mundo moderno e seus padrões foram estabelecidos  para serem cumpridos  pelos cidadãos do reino, aqueles que passaram pelo novo nascimento e azem parte da família de Deus – “Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas...” Ap 2,7.

Pela oração, pelo estudo da Palavra, pela comunhão com o Senhor e com os irmãos, certamente estaremos recebendo a graça e a força que de necessitamos para vivermos, à altura, os ensinamentos de Jesus, o mestre por excelência.

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