Deus, sem a sua misericórdia, desejou perdoar os homens pecadores, sem açoitar o pecado. Para isto, dirigiu contra seu próprio ser, na pessoa de seu filho, o peso total da justiça ira qual eles mereciam
I. O CONCEITO BÍBLICO DE SUBSTITUIÇÃO – Rm 9,1-5.
Þ A definição da palavra “substituição”.
A noção de substituição é que uma pessoa toma o lugar da outra, especialmente a fim de levar sua dor e livrá-la dela.
Þ Dois exemplos de altruísmo na Bíblia.
· Moisés – estava disposto a ter seu nome apagado do livro de Deus se tão somente esse gesto Israel fosse perdoado - "Rogo-vos que lhes perdoeis agora esse pecado! Senão, apagai-me do livro que escrevestes." (Ex 32,32).
· Paulo – duas vezes expressou este principio:
- Em Rm 9,1-5, onde desejaria ser separado de Cristo por amor dos israelitas;
- Em Fm 18-19, onde prometia pagara Filemom as dividas de Onésimo.
Þ Um exemplo secular.
Da mesma forma, em nosso século, não podemos deixar de nos comover com o heroísmo de Maximilian Kolbe, um franciscano polonês, no campo de concentração nazista de Auschwitz. Quando vários prisioneiros foram selecionados para a execução, e um deles gritou que era casado e tinha filhos, “Kolbe deu um passo à frente e perguntou se podia toma o lugar do condenado. As autoridades aceitaram a sua oferta, e ele foi abandonado numa cela subterrânea para morrer de fome”.
Þ O conceito bíblico.
"Aliás, conforme a lei, o sangue é utilizado, para quase todas as purificações, e sem efusão de sangue não há perdão". (Hb 9,22). Portanto não pode haver perdão sem o sangue. Somente o precioso sangue de Cristo tinha valor suficiente - "o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo" (1Pd 1,19).
Quando Cristo morreu na cruz, ele, por amor, nos substituiu da única maneira que poderia satisfazer a Deus.
II. A RELAÇÃO ENTRE PÁSCOA E “LEVAR O PECADO” – Êx 12,3.12-14; Is 53,1-12.
Ambos são conceitos que nos ajudam a compreender melhor a auto-substituição de Deus.
Þ A história da Páscoa – Êx, 11-13.
A páscoa foi uma mensagem absolutamente clara aos israelitas; e igualmente a nós que vemos o cumprimento da Páscoa no sacrifício de Cristo.
· Deus passou como Juiz – “através do Egito” a fim de julgar os egípcios e como Redentor “passando por cima” das casas dos israelitas a fim de protege-los. É o mesmo Deus, que intermédio de Cristo, nos salva de si mesmo - "Naquela noite, passarei através do Egito, e ferirei os primogênitos no Egito, tanto os dos homens como os dos animais, e exercerei minha justiça contra todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor". (Ex 12,12).
· A salvação foi por intermédio da substituição – Os únicos primogênitos poupados foram aqueles em cujas famílias um cordeiro tinha morrido em seu lugar - "Dizei a toda a assembléia de Israel: no décimo dia deste mês cada um de vós tome um cordeiro por família, um cordeiro por casa". (Ex 12,3).
· O sangue do cordeiro – depois de derramado, devia ser aspergido. Devis haver uma apropriação individual da provisão divina - "O sangue sobre as casas em que habitais vos servirá de sinal (de proteção): vendo o sangue, passarei adiante, e não sereis atingidos pelo flagelo destruidor, quando eu ferir o Egito". (Ex 12,13).
· Cada família salva era, pois, comprada por Deus – A vida toda deles agora pertencia a ele, e estava, também livres para ir ao Sinai celebrar - "Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o com uma festa em honra do Senhor: fareis isso de geração em geração, pois é uma instituição perpétua". (Ex 12,14).
Para que pudéssemos adorar a Deus, o mesmo se deu através de Jesus, o Cordeiro pascal - "No dia seguinte, João viu Jesus que vinha a ele e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo". (Jo 1,29), que morreu em nosso lugar, derramando seu próprio sangue para nos fazer livres para adorar
.
Þ A noção de “Levar o Pecado”.
No Segundo Testamento temos a respeito de Cristo que ele mesmo carregou - "Carregou os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro para que, mortos aos nossos pecados, vivamos para a justiça. Por fim, por suas chagas fomos curados (Is 53,5)". (1Pd 2,24), e de igual forma que foi “oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos” (Hb 9,28). Mas o que significa “Levar o Pecado”?
“Levar o pecado” não significa que Deus se tornou simpatizante dos pecadores, mas sim que ele sofreu a penalidade deles. A expressão “levar o pecado” aparece com freqüência nos livros de Levítico e de Números e refere-se àquele que peca, quebrando as leis de Deus, que “levará a sal iniqüidade”, isto é, será tido como responsável ou sofrerá pelos seus pecados.
Þ O cerimonial da expiação pode explicar melhor – Lv 16.
· 1.º Passo – O sumo sacerdote devia tomar "dois bodes destinados ao sacrifício pelo pecado e um carneiro para o holocausto". (Lv 16,5).
· 2.º Passo – “E, pondo as mãos sobre a cabeça do bode vivo, confessarão sobre ele todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, sim, todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á para o deserto, pela mão de um homem designado para isso.” (Lv 16,21).
· 3.º Passo - "O bode levará, pois, sobre si, todas as iniqüidades deles para uma terra selvagem. Quando o bode tiver sido mandado para o deserto," (Lv 16,22).
O autor aos Hebreus não hesita em ver Jesus tanto como “misericordioso e fiel sumo sacerdote” - "e por isso convinha que ele se tornasse em tudo semelhante aos seus irmãos, para ser um pontífice compassivo e fiel no serviço de Deus, capaz de expiar os pecados do povo". (Hb 2,17) – quanto como as duas vitimas, o bode sacrificado, cujo sangue era levado para o Santo dos Santos – Hb 9,7.12 – e o bode expiatório que tirava os pecados do povo - "assim Cristo se ofereceu uma só vez para tomar sobre si os pecados da multidão, e aparecerá uma segunda vez, não porém em razão do pecado, mas para trazer a salvação àqueles que o esperam". (Hb 9,28),
Muitas vezes vemos em Jesus a plenitude de Deus - "Porque aprouve a Deus fazer habitar nele toda a plenitude" (Cl 1,19). Sua morte ma cruz satisfez a todos e seu papel substituiu a todos também.
III. QUEM É O SUBSTITUTO – Rm 5,6; 1Tm 2,5.
Quem tomou o nosso lugar levou o nosso pecado, tornou-se maldição por nós, sofreu a nossa penalidade, morreu a nossa morte? É certo que "Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós". (Rm 5,8).
Essa seria a resposta simples, superficial. Mas quem dói esse Cristo? Como devemos pensar a respeito dele?
Þ Foi ele apenas um homem? Se assim for, como poderia um ser humano substituir a outros seres humanos?
Þ Foi ele apenas Deus, com a aparência de homem? Se assim for, como poderia ele representar a humanidade? Alem disso, como o poderia ter morrido?
Devemos pensar em Cristo não como apenas homem, nem como apenas Deus, mas antes, como único Deus-homem, que por causa de sua pessoa foi singularmente qualificado para fazer mediação entre Deus e o homem. Desta forma, fica-nos clara a mensagem do texto de - "Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem" (1 Tm 2,5).
IV. DEUS EM CRISTO – 2Cor 5,17-19.
O substituto que tomou o nosso lugar e morreu nossa morte na cruz, não foi Homem somente, nem Deus somente. Deus, em Cristo, foi verdadeiramente e completamente Deus e homem. Por causa disso, foi qualificado para representar tanto a Deus quanto ao homem e mediar entre eles.
A evidencia do Segundo Testamento acerca do que acabamos de dizer é clara. Ao examiná-la, parece lógico que inicie com o anuncio do nascimento do Messias. Os nomes que ele recebeu foram Jesus – salvador divino ou “Deus Salva” – e Emanuel – “Deus Conosco” – pois no seu nascimento o próprio Deus tinha vindo resgatar o seu povo, salvá-lo dos seus pecados – Mt 1,21-23.
Essa convicção de que o Pai e o Filho não podem ser separados, especialmente quando falamos sobre expiação, tem em Paulo grande confirmação. Por exemplo, “tudo provém de Deus” – referindo-se à obra da nova criatura (2Cor 5,17-18) – que “nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo” e “estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2Co 5,18-19). Portanto, Deus e Cristo estavam juntos e ativos na obra da reconciliação.
CONCLUINDO
A doutrina da substituição afirma não apenas o fato (Deus substitui-nos por Cristo), mas também a sua necessidade (não havia outro meio pelo qual o santo amor de Deus pudesse ser satisfeito e os seres humanos rebeldes pudessem ser salvos). Portanto, enquanto permanecermos perante a cruz, teremos uma visão clara tanto de Deus, quanto de nós mesmos.
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