Marco Antonio Lana (Teólogo - Biblista)
(1) O texto onde encontramos essa narrativa é Josué 10:12: “Então, Josué falou ao SENHOR, no dia em que o SENHOR entregou os amorreus nas mãos dos filhos de Israel; e disse na presença dos israelitas: Sol, detém-te em Gibeão, e tu, lua, no vale de Aijalom”.
A primeira coisa a se observar nesse texto é o que ele está descrevendo. Nesse ponto temos duas interpretações que são levantadas para o que significa “Sol, detém-te em Gibeão, e tu, lua, no vale de Aijalom”:
O Sol realmente parou no céu e houve um dia com mais horas:
a) Alguns pensam que Deus prolongou o dia para que Josué terminasse a batalha. Isso implicaria em aumentar o número de horas de um dia, o que teria causado muitos impactos de forma global.
Inclusive, pensam alguns, que esse acontecimento gerou o que chamamos de ano bissexto… Será? Não sabemos!
Os que pensam que essa seria a interpretação correta argumentam que para Deus não existem impossíveis e que o verso de Josué 10:13 indicaria claramente isso:
“E o sol se deteve, e a lua parou até que o povo se vingou de seus inimigos. Não está isto escrito no Livro dos Justos? O sol, pois, se deteve no meio do céu e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro.”
O Sol e a Lua seguiram seu curso normal, o que houve foi alívio do brilho do sol:
b) Outros pensam que o que Josué buscou foi sombra, ou seja, que Deus de alguma forma os protegesse do brilho forte do sol e assim, com uma temperatura mais amena, eles teriam mais energia para a batalha.
Isso poderia ter sido feito com uma nuvem, por exemplo, à semelhança da nuvem que protegeu o povo de Israel do sol forte na caminhada no deserto.
Esses afirmam que a palavra traduzida para o português “deteve” (em 10:13), no hebraico é “Ìamad”, que significa algo como “fique quieto, silencioso ou parado“; e então “descanse”. Seria então Deus dando alívio da ação costumeira do sol a eles.
(2) Dito isto, considerando que a primeira explicação fosse a correta e tivéssemos nesse texto a descrição de Deus “parando” o sol e estendendo a luz do dia por mais horas, devemos compreender que a narrativa não tem o objetivo de trabalhar a parte científica dos movimentos dos astros.
Até porque nessa época ainda não se entendia dessas questões plenamente. O objetivo da narrativa é descrever o fato ocorrido da perspectiva de quem o estava observando.
Nesse sentido, considerando essa primeira hipótese do sol e da lua terem “parado” no céu, isso seria exatamente o que uma pessoa estaria vendo aqui da terra. Quando olhamos o sol, a impressão que temos é que ele se movimenta no céu.
(3) A narrativa feita dessa forma, então, não é um erro, até porque expressões como essa são comuns e são usadas até mesmo em nossos tempos modernos:
Quando dizemos, por exemplo, que “o sol vai se pôs” também estamos dizendo algo com base na perspectiva da observação e não científica, pois, o correto a se dizer é que a terra está em seu movimento de rotação e a luz do sol vai deixando de incidir naquele local em que estamos.
Assim, a Bíblia não está errada, mas correta em sua descrição, que foi feita da perspectiva da observação do autor!
Nenhum comentário:
Postar um comentário