Quem é o devorador hoje em dia?
(1) Sabemos que o devorador citado em Malaquias nada tinha a ver com demônios que agem freando ou destruindo a vida financeira daqueles que não davam o dízimo.
“Por vossa causa, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos” (Malaquias 3:11).
Tratava-se provavelmente de um gafanhoto ou de algum animal que assolava as plantações do povo que desobedecia a Aliança feita com Deus. Já que a quebra da aliança com Deus previa esse tipo de maldição sobre o povo:
“Lançarás muita semente ao campo; porém colherás pouco, porque o gafanhoto a consumirá” (Deuteronômio 28:38).
Observe, por exemplo, como o profeta Ageu profetiza exatamente essa maldição sobre o povo desobediente se continuassem nesses maus caminhos:
“O que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devorador, comeu-o o gafanhoto destruidor” (Joel 1:4).
Portanto, no contexto de Malaquias Deus está falando as bênçãos e maldições da aliança! O devorador nada mais é do que Deus ordenando que a natureza “jogue contra” o povo como forma de juízo contra ele!
Mas e hoje em dia? Quem seria esse devorador?
(2) O texto de Malaquias tem um significado válido para aquele momento da vida do povo de Israel, momento em que eles estavam debaixo da Lei de Moisés, tempo que toda essa lei vigorava de forma completa, antes da Nova Aliança de Cristo!
Hoje não estamos mais no tempo da Lei, mas no da graça de Cristo. Muitas pessoas insistem em usar alguns textos bíblicos específicos para um determinado momento e tentam contextualizar para os dias de hoje.
O grande problema disso é que tem textos que não tem como serem contextualizados e aplicados da mesma forma como eram aplicados à nação de Israel.
Dai surgem diversos desvios absurdos, ao ponto de pregadores até ameaçarem pessoas hoje em dia com o tal “demônio que devora as finanças” de quem porventura não deu o dízimo!
(3) Sendo assim, a resposta é que, nos moldes do texto de Malaquias, não há nenhum devorador hoje. Não há nada na Bíblia que nos aponte para algum tipo de devorador específico que assole as finanças do povo de Deus em caso de desobediência.
Como dissemos, o texto de Malaquias aponta para um devorador que era provavelmente um gafanhoto ou outro animal que assolava as plantações no caso específico do povo de Israel não ser fiel nos dízimos. Essa era uma penalidade prevista na Aliança feita pelo povo de Israel com Deus e não se aplica ao nosso tempo.
Porém, algumas pessoas atribuem, por exemplo, tragédias na vida financeira como uma batida de carro, uma crise, um momento de desemprego e outras, como sendo a ação desse “devorador” (quase sempre um demônio) devido a pessoa não ser fiel nos dízimos. Esse pensamento não tem embasamento bíblico algum.
(4) Se eu pudesse atribuir o status de “devorador” a alguma coisa hoje em dia, eu atribuiria ao pecado, que age através do Diabo, do mundo e da nossa carne.
Essas coisas têm a capacidade de “devorar” nossas vidas em todas as áreas, não apenas na financeira. Assim, um coração duro e dominado pelo pecado, sem Deus, traz muitas dores e perdas à vida de uma pessoa. Não se trata desse devorador de Malaquias, mas da natureza pecaminosa.
Assim, com relação as finanças, a nossa vida pode ser “devorada” pelo egoísmo, pela falta de envolvimento na obra de Deus, pela avareza, pela insensibilidade, pela falta de intimidade com Deus!
(5) E para finalizar, precisamos aprender que todas as leis cerimoniais, após a vinda de Cristo, não são mais observadas pelos crentes. Estamos debaixo de uma nova aliança, a aliança de Cristo. Assim, as maldições da Lei não são aplicáveis àqueles que estão debaixo da graça de Cristo.
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