Quando o véu do Templo se rasgou isso significou que o sacrifício de Cristo abriu o caminho para a presença de Deus. Por causa do pecado, o homem foi separado de Deus. Não havia nada que o homem pudesse fazer para superar essa separação. Nenhum de seus méritos poderia lhe habilitar a se aproximar do Senhor; sua justiça própria jamais seria suficiente para lhe autorizar a entrar pelo véu diante da presença de Deus.
Mas a obra redentora de Cristo com sua morte na cruz proveu a solução definitiva para pôr fim a essa separação. Então a Bíblia diz que no exato momento da morte de Jesus o véu do Templo se rasgou. Mateus escreve: “Eis que o véu do Santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo” (Mateus 27:51). É claro que há um profundo significado nesse evento registrado no texto bíblico.
O que era o véu do Templo?
Quando Deus falou a Moisés acerca de como deveria ser a adoração em Israel, Ele também deu as instruções sobre como deveria ser construído o local onde sua presença haveria de se manifestar de forma especial no meio do povo da aliança. Esse local era o Tabernáculo que servia como um santuário móvel nos tempos de peregrinação.
Mais tarde, o Tabernáculo foi substituído pelo Templo em Jerusalém. O rei Davi tomou Jerusalém e fez dessa cidade sua capital e também o centro da adoração em Israel. Então no reinado de seu filho, o rei Salomão, o Templo em Jerusalém foi construído.
São as passagens que registram os detalhes das construções do Tabernáculo e do Templo que também falam sobre como era o véu que foi rasgado por ocasião da morte de Jesus (Êxodo 26:31-33; 36:35; 2 Coríntios 3:14).
O véu era uma grande cortina feita de tecido azul, púrpura, escarlate e linho fino; de modo que essa combinação estampava figuras de querubins. Os querubins são os anjos guardiões da santidade de Deus.
Os querubins estampados no véu eram mais um indicativo de que, de fato, aquela cortina fechava a passagem para um lugar muito reservado dentro do Tabernáculo ou do Templo. Ele separava o Santo Lugar do Santo dos Santos (ou Lugar Santíssimo).
O Templo edificado por Salomão foi destruído quando Jerusalém foi tomada pelos babilônios liderados pelo rei Nabucodonosor. Mas posteriormente o Templo foi reedificado após o exílio e mais tarde reconstruído e ampliado por Herodes.
Esse último era o Templo citado no Novo Testamento durante o ministério de Jesus. Foi o véu desse Templo que se rasgou no dia da crucificação de Jesus. Acredita-se que o véu do Templo tinha cerca de dezoito metros de altura e aproximadamente doze centímetros de espessura; embora essas medidas não sejam aceitas em unanimidade pelos estudiosos.
O véu se rasgou
A Bíblia é muito clara ao dizer que no momento da morte de Jesus Cristo o véu do Templo se rasgou em duas partes. O rasgo foi feito de cima para baixo. Absolutamente esse foi um evento incomum. O historiador Flávio Josefo destaca em sua obra como era improvável que alguém pudesse rasgar esse véu.
Alguns comentaristas sugerem que o véu do Templo se rasgou por causa do terremoto que ocorreu naquele dia. Mas essa interpretação é muito improvável porque o texto bíblico primeiro informa que o véu do Templo se rasgou e só depois menciona o terremoto.
A possibilidade de o véu do Templo ter se rasgado devido a desgaste natural também não faz qualquer sentido. Então seguramente podemos considerar esse evento um verdadeiro milagre; conforme o texto bíblico explicitamente indica.
O significado do véu do Templo rasgado
O véu do Templo rasgado foi um evento histórico. Mas seu significado simbólico também é evidente à luz do Novo Testamento. Em primeiro lugar, o véu do Templo se rasgou exatamente na hora em que Jesus morreu. Isso aconteceu na hora nona, isto é, às três horas da tarde. Curiosamente esse era o período em que os sacrifícios da tarde eram oferecidos no Templo.
Em segundo lugar, o escritor de Hebreus interpreta o véu do Templo que se rasgou como tendo um significado simbólico muito importante. Primeiro ele enfatiza que o véu do Templo escondia o lugar em que a presença de Deus se revelava mais intensamente (Hebreus 9:3-8). Então, de forma simbólica, o véu do Templo apontava para a impossibilidade de o homem se aproximar do Senhor.
Somente uma vez por ano o sumo sacerdote tinha permissão de ir além do véu e entrar no Santo dos Santos. Mas Cristo, nosso Sumo Sacerdote eterno, entrou de uma vez por todas na presença de Deus no Santo dos Santos celestial em nosso favor (Hebreus 6:19,20).
Então a obra expiatória de Jesus abriu o caminho para Deus. Mediante seus méritos o véu que nos separava de Deus foi rasgado. Nesse sentido, o escritor bíblico ainda usa o véu do Templo que se rasgou como simbolizando a própria morte de Cristo que possibilitou ao redimido acesso ao Santo dos Santos celestial. Por isso ele escreve: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hebreus 10:19,20).
Perceba que o escritor de Hebreus faz um paralelo figurativo entre o véu do Templo que se rasgou e o corpo de Cristo. Assim como o véu do templo foi rasgado liberando o acesso ao Santo dos Santos, o corpo de Cristo também foi rasgado a fim de que seu sangue pudesse abrir caminho para a presença de Deus. Agora os redimidos podem se aproximar de Deus! Por meio do novo e vivo caminho eles podem se achegar com confiança ao trono da graça (Hebreus 4:16).
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