quarta-feira, 24 de junho de 2020

Devemos ungir com óleo?


Introdução
Hoje em dia, muitos têm ungido com óleo buscando curar doentes e consagrar objetivos e pessoas ao Senhor. O objetivo deste artigo não é gerar confusão ou críticas, mas buscar agradar ao Espírito Santo obedecendo às verdades das Escrituras. Por favor, não use este texto em seu intelectualismo hipercrítico pecaminoso, mas em amor corrija seu irmão. Também, não é o alvo deste um detalhamento completo sobre o uso do óleo, principalmente no Antigo Testamento, mas questionarmos o uso dele no Novo com o que é feito atualmente.

Transcrevo abaixo parte do estudo do Pr. Eduardo Dantas[1] sobre o mesmo assunto, o qual nos dará uma boa base para prosseguirmos:

1. A ORIGEM DO ÓLEO

Leia (Êx 30.22-33) observamos que Deus estava estabelecendo as primeiras diretrizes para o seu povo que libertara do cativeiro no Egito e que colocara em uma peregrinação em direção à terra prometida. Estava estabelecendo mandamentos para o culto de um modo geral.
Dentre os mandamentos estava o de que fosse preparado um óleo que foi chamado de óleo sagrado da unção. Era um preparado específico que tinha uma fórmula específica ditada pelo próprio Deus a Moisés e não era, de maneira alguma, somente o óleo da oliveira ou azeite. Era, também, uma fórmula que não poderia ser copiada por ninguém sob pena de ser banido do povo de Deus. O óleo da unção tinha objetivo definido e era o de santificar os elementos do culto, de consagrá-los completamente para Deus, de tal maneira que quem tocasse em algum dos objetos consagrados se tornaria Santo (Vers 29). Mas havia uma proibição: o óleo da unção não poderia, de maneira nenhuma, ser aplicado sobre o corpo de alguém e somente os sacerdotes poderiam ser ungidos com o óleo (Vers 32,33).
2. UNÇÃO DE PESSOAS
2.1 Unção de Reis – Os reis eram ungidos como libertadores para o povo de Israel e para governar sobre o povo como seu pastor: “Amanhã a estas horas te enviarei um homem da terra de Benjamim, o qual ungirás por capitão sobre o meu povo de Israel, e ele livrará o meu povo da mão dos filisteus; porque tenho olhado para o meu povo; porque o seu clamor chegou a mim.” (I Samuel 9:16)
2.2 Unção de Sacerdotes – Deus instruiu Moisés a ungir sacerdotes, de modo a consagrá-los e reconhecê-los como pessoas separadas para servir a Deus através do sacerdócio. Os sacerdotes julgavam sobre as diferenças entre as pessoas do povo, faziam expiação, santificavam o povo perante Deus, ouviam confissões de pecados, eram a ligação entre o povo e DEUS.
2.3 Unção de profetas – O ofício profético era estabelecido pelo ato da unção: “O espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; A apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do SENHOR, para que ele seja glorificado.” (Isaías 61:1-3 )
Não há uma descrição clara nas Sagradas Escrituras sobre como, ou qual, seria o ritual para a unção de profetas, mas, este fato está razoavelmente estabelecido através do texto de Isaías acima citado.
Diante desses textos acima, concluímos que Cristo cumpriu essas 3 unções de Profeta, Rei, e Sacerdote. Profeta: ao anunciar as Boas Novas, Rei: como Libertador do povo e Rei do universo, e Sacerdote: em fazer a ligação entre o povo e Deus.
3. TIPOS DE ÓLEO
Existem alguns tipos de óleo usado na bíblia para diversos fins tais como:
3.1 Unguento – Gordura misturada com perfumes especiais que lhe davam características muito desejáveis. Era utilizado para ungir os pés dos hóspedes, simbolizando a alegria pela chegada daquele hóspede, e desejando-lhe boas vindas:
“E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com unguento, e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos, cujo irmão Lázaro estava enfermo.” (João 11:2)
Também como era utilizado no cuidado pessoal com o corpo, pois, é um excelente hidratante:
“Naqueles dias eu, Daniel, estive triste por três semanas. Alimento desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com unguento, até que se cumpriram as três semanas.” (Daniel 10:2-3)
“Lava-te, pois, e unge-te, e veste os teus vestidos, e desce à eira; porém não te dês a conhecer ao homem, até que tenha acabado de comer e beber.” (Rute 3:3)
3.2 Óleos curativos – O óleo tem poderes curativos, permitindo amolecer feridas e purificá-las. O óleo quando misturado a certas ervas, pode proporcionar medicamentos poderosos para vários males. Não é de surpreender que os médicos em Israel tivessem desde tempos antigos conhecimento destas ervas e da forma de utilizá-las no processo curativo de doentes.
“Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo.” (Isaías 1:6)
“E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;” (Lucas 10:34)
3.3 Unguento fúnebre – Este unguento era utilizado na preparação do corpo para o sepultamento, como parte de um processo de embalsamamento:
“Ora, derramando ela este unguento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento.” (Mateus 26:12)
“E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galileia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo. E, voltando elas, prepararam especiarias e unguentos; e no sábado repousaram, conforme o mandamento.” (Lucas 23:55-56)
Os termos no grego para ungir do Novo Testamento
Antes, de prosseguirmos, quero mostrar um distinção feita pelo Novo Testamento com relação ao “ungir” que em muito nos ajudará. Isto é, há dois termos no grego para “ungir”:
– aleipho (218 αλειφω) de 1 (como partícula de união) e base de 3045; TDNT – 1:229,37; v
1) ungir
Sinônimos ver verbete 5805
– chrio (5548 χριω) provavelmente semelhante a 5530 pela idéia de contato; TDNT – 9:493,1322; v
1) ungir
1a) consagrando Jesus para o ofício messiânico e concedendo-lhe os poderes necessários para o seu ministério
1b) revestindo os cristãos com os dons do Espírito Santo
Sinônimos ver verbete 5805
– 5805 – Sinônimos
218 – é a palavra comum e mundana para ungir
5548 – é a palavra sagrada e religiosa para ungir[2]
Há ainda o termo chrisma, mas o mesmo advém do termo chrio:
– chrisma (5545 χρισμα) de 5548; TDNT – 9:493,1322; n n
1) qualquer coisa untada, ungüento, geralmente preparado pelos hebreus com ervas aromáticas e óleo.
Unção era a cerimônia inaugural para os sacerdotes[2]
Ou seja, há um termo comum e mundano (aleipho) para ungir e um termo sagrado e religioso (chrio  e chrisma). Por mundano não entenda pecaminosa, mas corriqueiro e habitual, como fins medicinais, estéticos ou funerário.
O uso do óleo
Dito isto,  consideremos quatro questões sobre o uso do óleo:
1) O Novo Testamento não prescreve unção com óleo na consagração de ministros
Mas somente a imposição de mãos – considerada pelo autor de Hebreus como “rudimentos da doutrina de Cristo” (Hebreus 6:1,2)
“E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.” (Atos 6:5-6)

“E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.” (Atos 13:2-3)

“A ninguém imponhas precipitadamente as mãos [para o ministério], nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro.” (1 Timóteo 5 : 22)

Alguém pode argumentar que isso era feito no Velho Testamento e teremos que concordar. Contudo, estamos na Nova Alianças e as leis sacerdotais não mais vigoram, pois temos um novo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque e não de Arão (Hebreus 7,11). A unção com óleo nos tempos antigos foi realizada como simbologia para nossa esperança (Romanos 15,4) em dois sentidos 


(i) Cristo foi ungido pelo Pai como nosso Rei-Profeta-Sacerdote com o Espírito Santo e com virtude.

Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu [chrio] com óleo de alegria mais do que a teus companheiros. (Hebreus 1:9)

O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu [chrio] para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração (Lucas 4:18)

Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste [chrio], se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; (Atos 4:27)

Como Deus ungiu [chrio] a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele. (Atos 10:38)

Esse é um motivo para grande alegria! Deus ungiu seu  Filho para nos libertar. A unção do Filho está diretamente relacionada a nossa Salvação! Nós temos Aquele que foi ungido diretamente por Deus Pai como Rei, Profeta e Sacerdote.

(ii) Cristo e o Pai, em graça divina, nos tornaram participantes da unção de Cristo nos dando igualmente o Espírito, como também nos tornando reis e sacerdotes diante dele.

Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus, o qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações. (2 Coríntios 1:21,22)
“E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém.” (Apocalipse 1:6)

Não precisamos de nenhuma unção [chrio] de homens, pois já fomos ungidos por Deus. O que nos leva ao próximo ponto.
2) O Novo Testamento não prescreve unção com óleo no Batismo do Espírito Santo
Como vimos anteriormente, a simbologia do óleo e do Espírito do Antigo Testamento foi cumprida em Cristo e em nós quando recebemos o mesmo. Não precisamos ser ungidos com óleo, pois o verdadeiro Óleo, o Espírito, foi derramado sobre nós. 
Vemos nos relatos de batismo com o Espírito Santo somente o uso de imposição de mãos:
“Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.” (Atos 8:17) 

“E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam.” (Atos 19:6) 

Outro texto que pode nos auxiliar neste quesito é 1 João 2:20,27:

E vós tendes a unção [chrisma] do Santo, e sabeis tudo.[…] E a unção [chrisma] que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção [chrisma] vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis. (1 João 2:20,27) 

Este texto mostra que nós, todo e qualquer verdadeiro cristão nascido de novo, tem hoje a unção do Santo, o Espírito, porque já a receberam no passado. Vale lembrar que o termo usado para unção é chrisma (Unção era a cerimônia inaugural para os sacerdotes) que provem de chrio que é o termo sagrado e religioso para ungir.

A consequência desta verdade é que não devemos ungir ninguém para “capacitar para o ministério”, porque todo cristão já tem a unção, que é o Espírito, que o capacita.

3) O Novo Testamento não prescreve unção com óleo com o termo religioso e sagrado para curas físicas

Há no Novo Testamento dois episódios que relacionam doenças, cura, ungir e óleo e ambas usam aleipho, o termo com sentido corriqueiro.

E expulsavam muitos demônios, e ungiam [aleipho] muitos enfermos com óleo, e os curavam. (Marcos 6:13)

Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o [aleipho] com azeite em nome do Senhor; E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. (Tiago 5:14,15)

O termo aparece 8 vezes no novo testamento (Mt 6:17; Mc 6:13; 16:1; Lc 7:38,46; Jo 11:2; 12:13; Tg 6:14). Leia os textos se deseja comprovar o uso corriqueiro.

Isso mostra que a intenção de Marcos e Tiago não era uma unção religiosa ou milagrosa, mas a conotação médica explicada no artigo do Pr. Eduardo Dantas. Contextualizado os versículos para os dias de hoje seria algo como: “eles davam o remédio e oravam com fé e Deus curava o enfermo”. Isto significa que Tiago afirma  que o presbítero não deveria zelar só pela saúde espiritual ou pelas questões espirituais, mas também pela saúde física; e que deveria fazer a “oração de fé”. 

Apesar, do termo “oração de fé” dar outro artigo quero fazer uma breve consideração sobre o assunto. 

a) O que é Fé 

Um dos enganos que as pessoas tem atualmente é não saber o que é fé. Coloca-se fé na fé e não fé em Deus. Fé é confiar em Deus, no Seu poder e na Sua vontade e não em nossa própria capacidade de confiar em Deus. Orar com fé não é orar com poder é orar confiante no poder de Deus. Observe que Tiago fala do profeta Elias, que “era homem sujeito às mesmas paixões que nós”. Ou seja, o enfoque não é nossa capacidade ― estamos sujeitos à paixões e falhas ― mas na capacidade de Deus.

b) Óleos, remédios e Fé

Tendo em mente o que realmente significa fé, o perigo de focar na sua fé, no óleo ou no remédio é grande. Quando você faz isso (colocar mais confiança em como você orou, ou se passou óleo ungido ou não, ou até se tomou remédio ou não do que a confiança em Deus), você está cometendo idolatria.

c) Tenha Fé

Por fim, não quero desestimular a oração pelo enfermos, mas quero encorajar segundo a verdade. Não quero que você pense: “agora, tudo que resta é dar o remédio e só dizer Deus seja feita sua vontade”. Não! Quando alguém estiver doente, medique a pessoa e ore para que Deus que a cure, confiando não no remédio, nem na sua capacidade, mas no Deus de Elias (nosso Deus) que fez parar de chover por 3 anos.

4) O Novo Testamento não prescreve a unção para consagrar objetos

Como bem apontou o Pr. Eduardo Dantas somente os objetos relacionados ao templo eram ungidos e consagrados ao Senhor. Esta unção era tão série que não era usada para ungir nenhum objeto caseiro. Logo, quero apresentar três motivos para você não ungir os objetos em sua casa ou igreja:

1) Como dito anteriormente, não estamos mais sob a lei cerimonial do Velho Testamento. Ela foi abolida no novo sacerdócio de Cristo. Portanto preceitos como ungir o templo não são válidos e praticá-los é negar as realizações de Cristo.

2) Não temos mais templos no molde do Antigo Testamento. Sua igreja local não é um templo. Sua igreja local é um edifício onde os templos de Deus se reúnem. Você é o templo de Deus, habitado por Ele, através do Espírito (1 Cor 6,19). Deus não habita em templos feitos por mãos de homens; (At 17,24).

3) Portanto, se há alguma coisa a ser ungida ou consagrada, esta é você, cristão. E não é você que fará isto. Deus já o fez, como vimos anteriormente, através da unção do Espírito.
Isso significa que você não precisa ungir seu carro. Ele já é de Deus, tanto porque toda terra Lhe pertence, quanto pela fato de  você ser apenas um servo e mordomo daquilo que Deus colocou em suas mãos. Não se iluda achando que você pode consagrar alguns itens para Deus e outros não. Nada é teu e tudo que você tem Ele lhe deu para o objetivo exclusivo de exaltar Glória de Deus (e isto inclui o copo onde você bebe o suco). Seu comprometimento de usar qualquer objeto para a glória de Deus já foi feito quando você se converteu. Renove-o e o viva intensamente. 

Conclusão 

Gostaria de resumir topicamente o que foi falado acima para favorecer a compreensão:

1) Podemos observar nas Escrituras dois usos para o termo ungir: o corriqueiro e o religioso. 

a) Sentido religioso:

– No Velho Testamento, temos a simbologia da unção de reis, sacerdotes e profetas e do templo.

– No Novo Testamento, esta simbologia foi cumprida em Cristo de duas formas:

i) Ele foi ungido nosso Rei-Profeta-Sacerdote com o Espírito e com virtude por Deus Pai.

ii) Nós fomos ungidos por Deus com o Espírito como reis e sacerdotes, capacitando-nos para a vida cristã; e nos tornamos templos de Deus, através de Seu Espírito.

–  Portanto, não devemos tomar o lugar de Deus e ungir ou consagrar a alguém ao ministério ou como simbologia do batismo do Espírito Santo.

– Nem devemos consagrar aquilo que Deus já separou para si mesmo. Tudo quanto é nosso já é dele e igualmente, já nos comprometemos quando nos convertemos a usar tal para glória de Deus.

b) Sentido corriqueiro:

– Nos dois testamentos vemos o óleo sendo usado com intuito medicinal, estético e funerário. 

– É neste sentido que Tiago e Marcos nos recomenda ungir as pessoas, ou seja, cuidar de suas doenças. Atualmente, seria o mesmo que dar algum remédio ao doente.

– Portanto, não devemos ungir o doente esperando que essa unção o cure, mas devemos medicá-lo e orar a Deus pela cura com fé, confiando não em óleos e remédios ou em nossa capacidade, mas na capacidade e no poder de Deus. 

Adendo 1: “Não toqueis nos meu ungidos”

Diante do que foi exposto acima, gostaria que você reconsiderasse os versículos de Salmo 105:15 e 1 Crônicas 16:22 que dizem “Não toqueis os meus ungidos”. Gostaria de fazer três observações

1) Os versículos são verdadeiros. Deus nos alerta contra quem toca em Seus ungidos. Não o despreze porque alguns tem abusado dele.

2) Cristo é O Ungido de Deus. Portanto a primeira aplicação do versículo é: “na verdade o Filho do homem vai, como dele está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído [cuspido, batido, entregue, crucificado]! Bom seria para o tal homem não haver nascido.” (Mc 14,21).

3) Todo cristão (e não só alguns seletos) é ungido de Deus (1Jo 2,20.27), portanto ai daqueles que martirizam, abusam ou zombam de cristãos. Estes iram clamar “até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6,10) e Deus em seu devido tempo certamente responderá.
Sendo assim, não fale mal do seu irmão e também não tema denunciar falsos profetas que usam aqueles versículos para defenderem seu pecado.
[1] Dantas, Eduardo. Estudo Bíblico – Óleo de Unção. Acessado em 21 de Maio de 2011. 
[2] DICIONÁRIO BÍBLICO STRONG. © 2002 Sociedade Bíblica do Brasil.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Pai, Se Possível, Afasta de Mim Este Cálice: O Que Isto Significa?




Na noite de sua traição, Jesus orou ao Pai dizendo: “Meu Pai, se possível, afasta de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mateus 26,39). Diante deste versículo, muitas pessoas ficam em dúvida sobre qual o significado desse cálice do qual Jesus falou em sua oração. Neste estudo bíblico meditaremos sobre o significado dessa oração de Jesus.

Em primeiro lugar, é importante saber que muitas vezes a palavra “cálice” é usada nas Escrituras no sentido figurado. Nesse sentido, “tomar um cálice” significa suportar completamente certa experiência, seja ela favorável ou desfavorável.

Dessa forma, o cálice pode representar, por exemplo, tanto a idéia de salvação e bênção como de juízo e condenação. Por isto freqüentemente nos textos bíblicos o cálice se refere à ira de Deus (cf. Salmo 75,8; Isaías 51,17.22; Jeremias 25,15-16).
Esse cálice da ira de Deus é derramado pela exigência de sua natureza santa e justa frente à corrupção do pecado. O livro do Apocalipse fala claramente sobre o derramamento final e sem misericórdia, do cálice da ira de Deus (Apocalipse 15).
Quando Jesus disse: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice”?
Jesus disse: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice!”, quando estava orando no monte das Oliveiras, num jardim chamado de Getsêmani. Como foi dito, isto ocorreu na noite em que Ele foi traído. Antes, Ele havia acabado de celebrar a última Páscoa com seus discípulos, dado as instruções finais a eles, e instituído a Ceia do Senhor como uma ordenança a ser observada por seus seguidores.

Depois dessas coisas, Ele partiu para o Monte das Oliveiras como de costume. Ali Ele pediu que seus discípulos vigiassem em oração. Ele se afastou um pouco deles com o objetivo de orar. A Bíblia diz que ali Jesus orou ao Pai intensamente.

Naquele momento ele estava experimentando um estado de agonia tão extremo que até o seu suor se transformou em gotas sangue. O escritor de Hebreus também descreve que naquele momento Jesus apresentou um grande clamor com lágrimas ao Pai (Hebreus 5:7). Ali ele estava vivendo os momentos finais antes da prisão que resultaria em sua morte. Foi justamente nesse contexto que Ele clamou: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice!”.

Por que Jesus pediu: “Afasta de mim este cálice”?

Conforme foi visto em relação aos diferentes significados de cálice na Bíblia, o significado que mais se harmoniza ao contexto do pedido de Jesus Cristo ao Pai, é o de que o cálice nesse versículo indica a ira divina. 

Ao dizer: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice!”, Jesus demonstrou estar apavorado com a terrível experiência iminente a qual se submeteria. Diferentemente do que alguns pensam, Ele não estava temendo os sofrimentos físicos da cruz, apesar de que a crucificação era a forma mais dolorosa e cruel de execução da época. Definitivamente Ele não estava com medo de ser açoitado, humilhado, torturado e finalmente morto. 

O que deixava Jesus horrorizado a ponto de pedir: “Pai, se possível, passe de mim este cálice!”, era a expectativa de ter de suportar todo o peso da ira de Deus. Ao carregar o pecado de seu povo sobre si, Aquele que nunca pecou se fez pecado por nós (2 Coríntios 5:21). 

Conseqüentemente, o caráter santo e justo de Deus exige o castigo pela iniqüidade. A Bíblia diz que Deus é tão santo e puro que seus olhos não suportam contemplar o mal (Habacuque 1,13).

Dessa forma, Jesus teria de enfrentar a morte sabendo que estaria completamente abandonado da presença misericordiosa e amorosa do Pai. Todo o cálice da maldição divina por causa do pecado estava prestes a ser derramado sobre Ele na cruz do Calvário. Ali Ele haveria de experimentar todo o horror do inferno para redimir o seu povo.

Na cruz, Ele não gritou: “Meu Deus, está doendo!”; nem mesmo disse: “Meu Deus, eu não quero morrer, me tira daqui!”; mas seu grito foi: Meu Deus, meu Deus! Por que me abandonastes? (Mateus 27,46). Esse grito de angustia revela o extremo amargor do cálice que lhe foi dado a tomar.

Que não seja feita a minha vontade

Jesus não apenas orou pedindo: “Pai, se possível, afaste de mim este cálice!”, mas Ele também acrescentou: “Que não seja feita a minha vontade, mas a tua”. Essa foi uma declaração de completa submissão ao Pai.

Sabemos que na Trindade ontológica não existe qualquer idéia de hierarquia. Pai, Filho e Espírito Santo são igualmente Deus, possuidores dos mesmos atributos e merecedores de igual glória e honra. Mas na economia da salvação o Filho não hesitou em se submeter voluntariamente e totalmente a vontade do Pai.

Aqui é preciso entender que não houve qualquer conflito entre a vontade divina e os desejos de Cristo em sua humanidade. Isto fica claro quando Ele próprio diz: “Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, me salva desta hora? Não; eu vim precisamente com este propósito, para esta hora” (João 12,27).

A frase: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice”, jamais deve ser vista como significando uma declaração de que Jesus queria escapar de sua missão. Ao contrário disso, ela deve ser vista como uma oração que reflete a profundidade, a importância e o valor da obra redentora de Cristo em nosso favor.

Sua morte não foi como qualquer outra morte. Não foi um mero exemplo a ser seguido. Não foi simplesmente um ato heróico como foram as mortes de muitos mártires da História. Sua morte foi expiatória! Ele ocupou o lugar de pecadores, e por eles tomou o cálice da ira de Deus até o fim.


Na noite de sua traição, Jesus orou ao Pai dizendo: “Meu Pai, se possível, afasta de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mateus 26,39). Diante deste versículo, muitas pessoas ficam em dúvida sobre qual o significado desse cálice do qual Jesus falou em sua oração. Neste estudo bíblico meditaremos sobre o significado dessa oração de Jesus.

Em primeiro lugar, é importante saber que muitas vezes a palavra “cálice” é usada nas Escrituras no sentido figurado. Nesse sentido, “tomar um cálice” significa suportar completamente certa experiência, seja ela favorável ou desfavorável.

Dessa forma, o cálice pode representar, por exemplo, tanto a idéia de salvação e bênção como de juízo e condenação. Por isto freqüentemente nos textos bíblicos o cálice se refere à ira de Deus (cf. Salmo 75,8; Isaías 51,17.22; Jeremias 25,15-16).

Esse cálice da ira de Deus é derramado pela exigência de sua natureza santa e justa frente à corrupção do pecado. O livro do Apocalipse fala claramente sobre o derramamento final e sem misericórdia, do cálice da ira de Deus (Apocalipse 15).

Quando Jesus disse: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice”?

Jesus disse: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice!”, quando estava orando no monte das Oliveiras, num jardim chamado de Getsêmani. Como foi dito, isto ocorreu na noite em que Ele foi traído. Antes, Ele havia acabado de celebrar a última Páscoa com seus discípulos, dado as instruções finais a eles, e instituído a Ceia do Senhor como uma ordenança a ser observada por seus seguidores.

Depois dessas coisas, Ele partiu para o Monte das Oliveiras como de costume. Ali Ele pediu que seus discípulos vigiassem em oração. Ele se afastou um pouco deles com o objetivo de orar. A Bíblia diz que ali Jesus orou ao Pai intensamente.

Naquele momento ele estava experimentando um estado de agonia tão extremo que até o seu suor se transformou em gotas sangue. O escritor de Hebreus também descreve que naquele momento Jesus apresentou um grande clamor com lágrimas ao Pai (Hebreus 5:7). Ali ele estava vivendo os momentos finais antes da prisão que resultaria em sua morte. Foi justamente nesse contexto que Ele clamou: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice!”.

Por que Jesus pediu: “Afasta de mim este cálice”?

Conforme foi visto em relação aos diferentes significados de cálice na Bíblia, o significado que mais se harmoniza ao contexto do pedido de Jesus Cristo ao Pai, é o de que o cálice nesse versículo indica a ira divina.

Ao dizer: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice!”, Jesus demonstrou estar apavorado com a terrível experiência iminente a qual se submeteria. Diferentemente do que alguns pensam, Ele não estava temendo os sofrimentos físicos da cruz, apesar de que a crucificação era a forma mais dolorosa e cruel de execução da época. Definitivamente Ele não estava com medo de ser açoitado, humilhado, torturado e finalmente morto.

O que deixava Jesus horrorizado a ponto de pedir: “Pai, se possível, passe de mim este cálice!”, era a expectativa de ter de suportar todo o peso da ira de Deus. Ao carregar o pecado de seu povo sobre si, Aquele que nunca pecou se fez pecado por nós (2 Coríntios 5:21).

Conseqüentemente, o caráter santo e justo de Deus exige o castigo pela iniqüidade. A Bíblia diz que Deus é tão santo e puro que seus olhos não suportam contemplar o mal (Habacuque 1,13).

Dessa forma, Jesus teria de enfrentar a morte sabendo que estaria completamente abandonado da presença misericordiosa e amorosa do Pai. Todo o cálice da maldição divina por causa do pecado estava prestes a ser derramado sobre Ele na cruz do Calvário. Ali Ele haveria de experimentar todo o horror do inferno para redimir o seu povo.

Na cruz, Ele não gritou: “Meu Deus, está doendo!”; nem mesmo disse: “Meu Deus, eu não quero morrer, me tira daqui!”; mas seu grito foi: Meu Deus, meu Deus! Por que me abandonastes? (Mateus 27,46). Esse grito de angustia revela o extremo amargor do cálice que lhe foi dado a tomar.

Que não seja feita a minha vontade 

Jesus não apenas orou pedindo: “Pai, se possível, afaste de mim este cálice!”, mas Ele também acrescentou: “Que não seja feita a minha vontade, mas a tua”. Essa foi uma declaração de completa submissão ao Pai.

Sabemos que na Trindade ontológica não existe qualquer ideia de hierarquia. Pai, Filho e Espírito Santo são igualmente Deus, possuidores dos mesmos atributos e merecedores de igual glória e honra. Mas na economia da salvação o Filho não hesitou em se submeter voluntariamente e totalmente a vontade do Pai.

Aqui é preciso entender que não houve qualquer conflito entre a vontade divina e os desejos de Cristo em sua humanidade. Isto fica claro quando Ele próprio diz: “Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, me salva desta hora? Não; eu vim precisamente com este propósito, para esta hora” (João 12,27).

A frase: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice”, jamais deve ser vista como significando uma declaração de que Jesus queria escapar de sua missão. Ao contrário disso, ela deve ser vista como uma oração que reflete a profundidade, a importância e o valor da obra redentora de Cristo em nosso favor.

Sua morte não foi como qualquer outra morte. Não foi um mero exemplo a ser seguido. Não foi simplesmente um ato heroico como foram as mortes de muitos mártires da História. Sua morte foi expiatória! Ele ocupou o lugar de pecadores, e por eles tomou o cálice da ira de Deus até o fim.