quinta-feira, 21 de agosto de 2014

FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 07 – CELEBRANDO A SEXUALIDADE NO CASAMENTO.


FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 07 – CELEBRANDO A SEXUALIDADE NO CASAMENTO.

 

“Limitar a sexualidade à função biológica da reprodução, considerando essa função mais importante que a relação entre os cônjuges, é esvaziá-la de seu sentido pessoal é colocar o casal humano no mesmo nível dos animais” (C. René Padilla).

A sociedade em que vivemos respira sexo. Conforme dados divulgados, os sites mais visitados na internet são aqueles que apresentam cenas de sexos. Por mais que as leis procurem coibir, as revistas pornográficas estão em todas as bancas. Os jornais, mesmo aqueles mais tradicionais, apresentam ofertas nos classificados de sexo fácil, sem compromisso. É raro não encontrar um filme que não trate o tema de uma imprópria e inadequada para os padrões cristãos.

Sem duvida, este é o lado distorcido do sexo, o lado contaminado pelo pecado.

Quando lemos a Bíblia, especialmente os livros poéticos, encontramos o ideal de Deus para a sexualidade humana.

Provérbios, Eclesiastes e, de uma forma especial, o livro de Cantares (Cântico dos Cânticos, conforme algumas Bíblias) de Salomão apresentam a sexualidade humana de forma bela, santa e pura.

I – EXPEREINCIA COMPARTILHADA.

No capitulo anterior, vimos que o ideal de Deus para o homem ser feliz em sua sexualidade é vivenciá-lo no contexto do casamento (Pr 5,15-20). Em Eclesiastes, mais uma vez Salomão – “Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.” (Ecl 1,1) – recomenda aos mais jovens que uma sexualidade fora dos padrões de Deus não proporciona, de maneira alguma, felicidade verdadeira – “Ajuntei também para mim prata e ouro, e tesouros dos reis e das províncias; provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens, concubinas em grande número.” (Ecl 2,8). Devemos lembrar-nos de que Salomão tinha autoridade para fazer tal tipo de recomendação, pois a história bíblica registra que chegou a ter 700 esposas e 300 concubinas (1Rs 11,1-4). Após experimentar todo tipo de luxuria e devassidão sexual, pode afirmar que tudo era vaidade e desejo vão, não tendo nenhuma espécie de proveito para o ser humano – “Então olhei eu para todas as obras que as minhas mãos haviam feito, como também para o trabalho que eu aplicara em fazê-las; e eis que tudo era vaidade e desejo vão, e proveito nenhum havia debaixo do sol.” (Ecl 2,11). Em contrapartida, Salomão encomenda que para experimentar a felicidade o homem que deseja agradar a Deus deve, dentre outras coisas, valorizar o casamento e desfrutar a vida com a mulher que ama – “Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vida vã; porque este é o teu quinhão nesta vida, e do teu trabalho, que tu fazes debaixo do sol.” (Ecl 9,9).

II – CELEBRANDO A BELEZA DO AMOR CONJUGAL


Cantares de Salomão – “O cântico dos cânticos, que é de Salomão.” (Ct 1,1) celebra a beleza da sexualidade conjugal. Cantares ou Cântico dos Cânticos já causou muitas controvérsias na história do cristianismo. Theodoro de Mopsuéstia, por exemplo, foi condenado pelo Concilio de Constantinopla por insistir na tese de que esse livro tinha sido escrito para celebrar o amor humano. Bernardo de Clairvaux defendia a idéia de que Cantares era apenas uma alegoria do amor de Deus para com o povo de Israel. Na Espanha, um professor, Frei Luiz de Leon, foi expulso de sua cátedra e ficou preso por 04 anos por traduzires Cantares para o Espanhol.
Sem dúvida, é um livro que fala de amor, também, ser lido com a perspectiva do amor de Deus para com seu povo Israel, pode também ser lido do ponto de vista do amor de Cristo, o Noivo para com a Igreja, a Noiva, mas um fato precisa ficar bem claro para os leitores da Bíblia. É um livro que descreve o amor entre o homem e uma mulher, do amor que deve existir no casamento. Cantares celebra o amor romântico que deve existir entre um homem e uma mulher que se unem pelos laços conjugais. Não se trata de um manual de sexo, como muito que são vendidos por ai, mas apresenta de forma poética, santa, bela e pura para o amor Eros na vida de um casal, sem a influencia de uma sexualidade manchada pelo pecado.

Ao ler cantares os casais e futuros cônjuges, com certeza, serão instituídos a vivenciarem toda a beleza, felicidade e realização que Deus deseja que maridos e esposas, tenham no contexto do casamento.

O livro de Cantares apresenta alguns princípios para que os casais sejam felizes nessa área:

1 – DEDICAÇAO DE TEMPO.

Para que os casais experimentem alegria nessa área da vida, é preciso, como recomenda Cantares, dedicar tempo um ao outro – “Dize-me, ó tu, a quem ama a minha alma: Onde apascenta o teu rebanho, onde o fazes deitar pelo meio-dia; pois, por que razão seria eu como a que anda errante pelos rebanhos de teus companheiros? Se não o sabes, ó tu, a mais formosa entre as mulheres, vai seguindo as pisadas das ovelhas, e apascenta os teus cabritos junto às tendas dos pastores.” (Ct 1,7-8). O texto descreve o desejo ardente de a jovem encontrar-se com seu amado. Não podia esperar até tarde. Desejava saber onde ele se encontrava para ir estar com ele. Muitos estão frustrados na relação conjugal porque não dedicam tempo ao amor romântico. A Sulamita ensina aqueles que desejam viver em um casamento de sucesso é preciso desejar ardentemente estar com o outro. É na dedicação de tempo que o casamento é fortalecido e cria-se a intimidade tão importante para o casal.

2 – ELOGIO.

Quando lemos Cantares algumas comparações podem soar como sendo bem estranhas para nós que vivemos numa cidade grande ou numa sociedade ocidental, como, por exemplo – “A uma égua dos carros de Faraó eu te comparo, ó amada minha.”(Ct 1,9), ou – “O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho do veado.” (Ct 2,9a), ou – “Os teus seios são como dois filhos gêmeos da gazela.” (Ct 4,5; 7,3).

Temos sempre que lembrar de dois princípios fundamentais. A maioria das comparações é de fundo emocional e são figuras enaltecedoras para aquela época. A maneira mais adequada, para aquela época, de elogiar a mulher que amava era recorrer a essas figuras que lhe causavam admiração. Com isto, Cantares lembra que fazer elogio ao cônjuge faz bem para a relação e enriquece a sexualidade conjugal.

3 – ROMANTISMO.

Romantismo é essencial para um casal ser feliz no casamento. Cantares está repleto de frases românticas, como por exemplo – “Que é o teu amado mais do que outro amado, ó tu, a mais formosa entre as mulheres? Que é o teu amado mais do que outro amado, para que assim nos conjures?” (Ct 5,9). A grande reclamação das mulheres é que os homens são românticos até a data do casamento. Depois sofrem de amnésia de palavras e atos românticos. A mulher carece de palavras e de atos românticos por parte do esposo. Para tanto, os maridos devem aprender a ser românticos para que mantenham a chama do amor.

4 – CUIDADO.

A expressão – “Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas; pois as nossas vinhas estão em flor.” (Ct 2,15) deseja ensinar aos casais que para manterem o casamento viçoso é preciso estar sempre eliminando aquelas pequenas coisas que prejudicam a relação. São aquelas pequenas ervas daninhas que tiram a força do casamento, e, com o tempo podem matar de vez o amor conjugal.

5 – TOQUES.

Varias vezes Cantares descreve os toques físicos  como ingrediente importante para a relação conjugal. Beijos, caricias e abraços faziam parte do relacionamento – “Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o seu amor do que o vinho. A sua mão esquerda estaria debaixo da minha cabeça, e a sua direita me abraçaria.” (Ct 1,2; 8,3). Daí a importância do contato físico que deve haver num casamento. Andar de mãos dadas, abraços e beijos são importantes para um casamento feliz.

6 – COMPROMISSO PÚBLICO E PRIVACIDADE.

No relacionamento conjugal, é preciso haver um equilíbrio entre o compromisso público e a privacidade. Ct 8,1-3 – “Ah! quem me dera que foras como meu irmão, que mamou os seios de minha mãe! Quando eu te encontrasse lá fora, eu te beijaria; e não me desprezariam! Eu te levaria e te introduziria na casa de minha mãe, e tu me instruirias; eu te daria a beber vinho aromático, o mosto das minhas romãs. A sua mão esquerda estaria debaixo da minha cabeça, e a sua direita me abraçaria.” – trata a importância destes dois itens. O amor puro entre o casal era conhecido publicamente, daí a expressão – “Quando eu te encontrasse lá fora, eu te beijaria; e não me desprezariam!” (v1), mas a troca de caricias era algo que se dava a intimidade conjugal e por isso aparece a expressão – “Eu te levaria e te introduziria na casa de minha mãe, e tu me instruirias.” (v 2a). Um casal que teme a Deus deve aprender estas duas  verdades. Deve demonstrar para a sociedade que existe amor genuíno, amor aprovado por Deus, mas deve resguardar parta a intimidade da vida a dois as demonstrações mais intimas desse amor. Isto se chama pudor.

CONCLUINDO


Ao escrever esse capitulo, uma música de Rita Lee tem sido muito tocada pelas rádios. A letra de Arnaldo Jabour diz em um determinado trecho que o amor é cristão e sexo é pagão. Das inúmeras tolices que Rita Lee interpreta ao cantar a música “amor e sexo”, essa é uma delas. Amor e sexo, vividos no contexto de uma relação conjugal aprovada pelos princípios bíblicos, ambos são divinos, belos, puros, santos e proporcionam prazer tanto para o homem como à mulher – “As muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-lo. Se alguém oferecesse todos os bens de sua casa pelo amor, seria de todo desprezado.” (Ct 8,7).


Não há nenhum pecado neste tipo de relação. Por ser tão puro, belo, santo e prazeroso, devemos estudar mais ainda os livros poéticos e aplica-los à vida conjugal e ensinar os casais  e futuros casais  que não será preciso fugir dos parâmetros traçados por Deus para experimentar prazer nessa área tão importante na vida humana

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