quinta-feira, 17 de julho de 2014

FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 02 – MANDAMENTOS, LEIS E INSTRUÇÕES PARA A FAMÍLIA.


FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 02 – MANDAMENTOS, LEIS E INSTRUÇÕES PARA A FAMÍLIA.

 

“O primeiro dever para com os filhos é fazê-los felizes. Nenhum outro bem que eles venham a obter pode compensar aquele” (Charles Buxton)

I – PROBLEMAS FAMILIARES E SOBERANIA DE DEUS.

Gênesis 37 relata a venda de José, pelos próprios irmãos, aos ismaelitas – “Ao passarem os negociantes midianitas, tiraram José, alçando-o da cova, e venderam-no por vinte siclos de prata aos ismaelitas, os quais o levaram para o Egito.” (Gn 37,28). Aos nossos olhos, foi uma atitude abominável. E foi mesmo. Podemos dizer também que aos olhos de Deus foi uma atitude reprovável – “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Sl 133.1). Mas Deus na sua soberania, utilizou-se daquela problemática familiar para dirigir o seu povo. O final da história todos conhece. José é levado para o Egito, depois de várias aprovações – (Gn 39-41) e guindo a um importante cargo diante da nação (Gn 41,37-57). Há o encontro com seus irmãos, onde reina o espírito de perdão (Gn 42-45), seu pai Jacó e toda a sua família descem ao Egito (Gn 46; Ex 1,1) e, assim, toda a família é poupada da grande seca e da fome

A mensagem que fica é a de que Deus, na sua imensa sabedoria, pode apropriar-se de uma dificuldade ou de um problema familiar para dirigir a nossa vida e da nossa própria família. Certamente, Ele não aprova muito dos acontecimentos familiares, mas pode apropriar-se de um fato, até mesmo doloroso, para guiar-nos em nossa peregrinação pessoal e familiar neste mundo.

II – UMA FAMÍLIA, UM PLANO, UM LÍDER.

Com a morte de José (Gn 50,22-26), o povo de Israel começa a experimentar período de crescimento – “Depois os filhos de Israel frutificaram e aumentaram muito, multiplicaram-se e tornaram-se sobremaneira fortes, de modo que a terra se encheu deles.” (Ex 1,7), e, com o passar do tempo, Faraó se esqueceu da história de José e começou a perseguir severamente os  descendentes de Jacó – “Entrementes se levantou sobre o Egito um novo rei, que não conhecera a José.” (Ex 1,8). Nesse quadro mais uma vez vemos Deus utilizando-se de uma família para dirigir a história. Essa família era descendente da tribo de Levi. Trata-se da família de Anrão, casado com Joquebede – “Ora, Anrão tomou por mulher a Joquebede, sua tia; e ela lhe deu Arão e Moisés; e os anos da vida de Anrão foram cento e trinta e sete anos.” (Ex 6,20). A história relata como Deus concedeu a Joquebede sabedoria para livrar seu bebê, Moisés, dos sanguinários servos de Faraó (Ex 2,1-10) e posteriormente Deus permite que a própria mãe cuide de seu filho, preparando-o ara uma importante missão.

Diante das dificuldades que enfrentamos hoje para educar e livrar nossos filhos de tantos perigos, a exemplo de Joquebede, devemos pedir sabedoria a Deus em todos os momentos e em todas as circunstancias. Com certeza, o mesmo Deus que orientou Joquebede está disposto e interessado em orientar todos os pais na educação de seus filhos para sejam homens ou mulheres honrados e usados poderosamente por Deus, a Exemplo de Moisés.

III – UMA FESTA PARA A FAMÍLIA.

Depois de 400 anos vivendo no Egito período de bonança e servidão. Deus preparou Moisés para livrar Israel do jugo de Faraó. Êxodo 12 e Deuteronômio 16,1-8 narram a instituição da Páscoa. Enquanto Êxodo da uma conotação mais familiar, Deuteronômio enfatiza mais uma cerimônia. De acordo com Êxodo 12, a Páscoa era uma festa muito centrada na família – “Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Ao décimo dia deste mês tomará cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família.” (Ex 12,3) que servia para lembrar às próprias famílias, e por conseguinte ao povo, o livramento de Deus e servir também como um testemunho a ser passado de geração a geração (Ex 12,24-27).

Deus  ao desejar assim a celebração da Páscoa, estava delegando, em primeiro lugar, á família a responsabilidade de manter a tradição religiosa e a transmissão da fé às gerações futuras.

IV – MANDAMENTOS PARA  A FAMÍLIA.

Para preservar a integridade espiritual e moral do povo, Deus sabia que deveria dar mandamentos e leis. Em Êxodo 20,1-17 estão registrados os dez mandamentos. Todos eles podem ser aplicados à família, mas dois especificamente são voltados diretamente para o contexto familiar. Enquanto o quinto mandamento está destinado aos filhos – “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.” (Ex 20,12), o sétimo – “Não adulterarás.” (Ex 20,14), visa a proteger a família.

“Honra pai e mãe” foi chamado por Dennis Rainey no seu livro Meditações Diárias para casais, como sendo o “mandamento esquecido”. Honrar significa – “dar valor, estimar, respeitar, tornar digno”. Esse mandamento é para todos os filhos independentemente da idade ou do estado civil. Outra nota importante: esse mandamento de vê ser aplicado a todos os pais, a despeito dos seus erros, comportamentos e experiência religiosa. Importante também destacar que se trata do único mandamento com promessa. Deus ao dar este mandamento, desejou valorizar as relações familiares e mostrar aos jovens que devem, durante toda vida, valorizar as pessoas mais idosas.

O sétimo mandamento “não adulteras” (Ex 20,14; Dt 5,18) foi instituído para preservar o casamento, manter a paz no lar e, acima de tudo, a santidade do sexo no matrimonio. Acertadamente, Alan Cole, no seu comentário de Êxodo, afirma: “O fato do homem ter relações sexuais com a esposa de outro homem era considerado um pecado hediondo tanto contra Deus como contra homem” – “O homem que adulterar com a mulher de outro, sim, aquele que adulterar com a mulher do seu próximo, certamente será morto, tanto o adúltero, como a adúltera.” (Lv 20,10); “Se um homem for encontrado deitado com mulher que tenha marido, morrerão ambos, o homem que se tiver deitado com a mulher, e a mulher. Assim exterminarás o mal de Israel.” (Dt 22,22). Quebrar o sétimo mandamento é tal abominável aos olhos de Deus, que Jesus permitiu, até mesmo, divorcio – “Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério; [e o que casar com a repudiada também comete adultério.]” (Mt 19,9). Dois mandamentos que, se forem lembrados na família, teremos lares mais felizes e casamentos duradouros.

V – LEIS DE PROTEÇÃO AO CASAMENTO E À SEXUALIDADE.

Em todo Pentateuco, podemos encontrar textos fazendo menção a algum aspecto da vida familiar e conjugal, mas levítico 18 é, sem duvida, o texto bíblico que fala claramente o que Deus não deseja, no campo da sexualidade, que sejam praticados no meio do seu povo. R. K. Harrison, no seu comentário de Levítico afira: “O casamento como instituição social é considerado em todas as partes da escritura como pedra fundamental de todas as demais estruturas, e, portanto, sua pureza e integridade devem ser protegidas a todo o tempo”. Lembramos que o casamento era tão importante para Deus que um homem recém – casado estava dispensado da guerra e do serviço público a fim de assegurar a felicidade e começar uma nova família – “Quando um homem for recém-casado não sairá à guerra, nem se lhe imporá cargo [público]; por um ano inteiro ficará livre na sua casa, para se regozijar com a sua mulher, que tomou.” (Dt 24,5)

Deus, ao desejar proteger o casamento e à sexualidade do casal e da família, proibiu algumas práticas que eram comuns em outros povos.

“Não ao incesto” (Lv 18,6-18). Deus, ao proibir as relações sexuais com parentes, estava protegendo a saúde comunitária e dos próprios descendentes.

“Não ao adultério” (Lv 18,20). O adultério como já vimos, rompe a unidade do casal e quebra o pacto de uma só carne.

“Não ao homossexualismo” (Lv 18,22). Em nenhum lugar da Bíblia, tanto o Velho como no Novo Testamento, encontramos qualquer menção de aprovação do homossexualismo – “semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro.” (Rm 1,27); ver também ( 1Cor 6,9; 1Tm 1,10).

“Não a bestialidade” (Lv 18,23). A relação sexual com animais é uma aberração que inferioriza o homem a distorcer profundamente o plano de Deus para a sexualidade humana.

VI – O GRANDE SEGREDO.

Uma das lições notáveis que encontramos no Pentateuco, especialmente no livro de Deuteronômio, é a importância do ensino que é dada a família – (Dt 4,9; 6,20-25; 11,19). Esses textos ensinam-nos, claramente, que a tarefa de ensinar a educação da fé é, em primeiro lugar, da família. Esse ensino deve ser informal, nas dentro do lar, no caminhar diário nas idas e vindas, de forma constante, isto é: de noite e de dia usando recursos visuais para fixação do aprendizado – “e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te. Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por frontais entre os teus olhos; e as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” (Dt 67-9). Se pais e mães atentarem para o que diz esse precioso texto,teremos filhos tementes a Deus e dignos aos olhos dos homens.

VII – A QUESTAO DO DIVORCIO.

Em Dt 24,1-4 – “Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, se ela não achar graça aos seus olhos, por haver ele encontrado nela coisa vergonhosa, far-lhe-á uma carta de divórcio e lha dará na mão, e a despedirá de sua casa. Se ela, pois, saindo da casa dele, for e se casar com outro homem, e este também a desprezar e, fazendo-lhe carta de divórcio, lha der na mão, e a despedir de sua casa; ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer; então seu primeiro marido que a despedira, não poderá tornar a tomá-la por mulher, depois que foi contaminada; pois isso é abominação perante o Senhor. Não farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança.”, encontramos a questão controvertida do divorcio. Embora o texto seja sobre o divorcio, o seu teor se preocupa em dar parâmetros para um novo casamento. O termo “coisa vergonhosa” que parece em alguma tradição ou “algo que ele reprova” ou ainda, “coisa feia” é impreciso. Talvez a idéia seja de uma conduta indecorosa ou desapropriada para uma mulher. Neste caso, havia uma possibilidade de o marido dar a “carta de divorcio”. Cremos que a condição “coisa vergonhosa”  tenha sido colocada para evitar divórcios precipitados. Mais adiante, iremos voltar a falar sobre o divorcio e aprofundar a opinião bíblica sobre esse assunto que tanto mal faz para a família.

CONCLUINDO


Muitos outros temas poderiam ser tratados, mas a mensagem que fica é de que, nos primórdios da revelação bíblica, Deus procurou deixar claro o quanto Ele ama, usa, protege, e fortalece a família.

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