quinta-feira, 31 de julho de 2014

FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 04 – FAMÍLIAS NOTÁVEIS.


FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 04 – FAMÍLIAS NOTÁVEIS.

 

“Nenhuma nação e melhor que a vida no lar do seu povo” (Coolidge).

Ainda prosseguido nosso estudo sobre o lugar da família nos livros históricos, queremos ressaltar alguns aspectos  positivos que devem servir de inspiração para todos nós.

Antes de tratarmos o tema proposto, é importante fazer um breve comentário sobre o valor de algo que aparece muitas vezes nos livros históricos. Refiro-me as genealogias.

I – O VALOR E OS TIPOS DE GENEALOGIA.

As genealógicas são muito encontradas no Velho Testamento. Mas o livro de Esdras, Neemias e em Crônicas  são os que mais trazem textos genealógicos. Nesses textos encontramos listas de nomes de antepassados e descendentes de um ou mais indivíduos. Às vezes, trazem só uma lista simples de nomes (1Cr 1,1), às vezes os nomes aparecem de forma descendente (Ed 7,1-5). Sua função, às vezes, tinha uma conotação legal, como é o caso da genealogia registrada por Esdras e Neemias, onde alguns dos filhos de sacerdotes, ao procurarem seus nomes nos registros não acharam, e por isso foram excluídos do sacerdócio (Ed 2,61-62; Ne 7,23-38).

As genealogias mostram quando os hebreus davam valor à tradição e à historia das famílias. Uma atitude salutar que podemos desenvolver em nossas famílias hoje é resgatar a nossa história pessoal e de nossa família e passar para as gerações futuras. Cada geração que deixa tomar esta atitude muito da historia da família é perdida. Se os seus pais não se preocuparam com esse aspecto, comece hoje a fazer isto e passe para os seus descendentes esse patrimônio familiar.

II – FAMILIAS NOTÁVEIS.

Nos livros históricos existem pessoas e famílias que causaram grande impacto na histórica bíblica, como, por exemplo, Josué e sua família, Rute e Noemi, Éster e tantos outros.

Uma família comprometida com Deus.

A historia pessoal de Josué é digna de imitação. Sempre temente e obediente a Deus, Josué foi o escolhido para dar continuidade na condução do povo até à terra prometida. Não sabemos muito sobre sua família. Sabemos que era neto de Elisama  e filho de Num – “de quem foi filho Elisama, de quem foi filho Num, de quem foi filho Josué.” (1Cr 7,26-27). Não sabemos o nome da esposa e dos filhos. A Bíblia omite estas informações. Podemos, por dedução, pensar que Josué era casado e que teve descendente.  As Escrituras registram de Josué que quase é o lema da família cristã – “...eu e a minha casa serviremos ao Senhor.” (Js 24,15). A omissão da informação sobre a vida familiar Josué não diminui o impacto desta expressão. Geralmente , pensamos nesta frase e imaginamos Josué com sua esposa e seus filhos. Uma imagem irreal para aquele tempo. Josué, ao dizer  “...eu e minha casa.” Não estava só referindo à sua família imediata, caso tivesse, mas todo o seu clã e sua tribo. Através desta expressão, Josué mostra-nos que somos, enquanto pais, responsáveis pela liderança espiritual da família. O mundo ao nosso redor  pode estar distante dos planos de Deus , pois não somos responsáveis diretos pelo que acontece lá fora, mas dentro de nossa família temos que tomar uma posição, e isto, sim, são tarefa de cada pai, mãe e casal.
Josué morreu com 110 anos – “Morreu, porém, Josué, filho de Num, servo do Senhor, com a idade de cento e dez anos.” (Jz 2,8), e todo o tempo que ele viveu sua família e o povo que liderava serviam ao Senhor – “O povo serviu ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que sobreviveram a Josué e que tinham visto toda aquela grande obra do Senhor, a qual ele fizera a favor de Israel.” (Jz 2,7).

Poderíamos terminar nossa breve reflexão sobre a vida de Josué citando muitos textos, mas gostaria de deixar para meditação Jz 2,10 – “0 foi também congregada toda aquela geração a seus pais, e após ela levantou-se outra geração que não conhecia ao Senhor, nem tampouco a obra que ele fizera a Israel.”

Onde ocorreu a falha? Sem duvida, na família. A história do povo de Israel ensina-nos que, quando os pais ensinavam para seus filhos as leis de Deus e os seus milagres, os filhos e todas as gerações subseqüente eram abençoados por Deus e prosperavam nos seus caminhos. Quando isto não ocorria, os inimigos e que prosperavam.

A bandeira da verdade esta em nossas mãos. A grande pergunta que se coloca é a seguinte: estamos nós ensinando aos nossos filhos, netos as grandes verdades da Palavra e Deus?

III – MULHERES EXTRAORDINARIAS E SUAS HISTÓRIAS NOTÁVEIS.

Ser mulher nos tempos bíblicos era algo bem difícil. Se hoje, em nossa sociedade, existem ainda muito preconceitos para com as mulheres, imagine numa sociedade patriarcal onde o homem era o único que tinha direito a tomar decisões e a mulher, para que tivesse algum valor, tinha apenas a função de gerar filhos, de preferência homens! Só percebendo esta realidade histórica é que podemos compreender, por exemplo, o desespero de Ana (1Sm 1,1-8). Mesmo tendo atenção de Elcana, seu afetuoso esposo, o desejo ardente do seu coração era ter um filho homem – “e fez um voto, dizendo: ó Senhor dos exércitos! se deveras atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e pela sua cabeça não passará navalha.” (1Sm 1,11).

Algumas mulheres se destacam na história bíblica , cujos relatos estão nos livros históricos e que fizeram diferença em suas famílias.

Lembramos de uma família onde as mulheres fizeram história. Tratam-se da família de Noemi, Rute e Orfa. Estas mulheres conheceram bem de perto o luto. Seus maridos, Elimeleque, Malon e Qilion, morreram (Rt 1,2-5). Não sabemos as circunstancias, mas provavelmente de alguma enfermidade em decorrência da fome – “Nos dias em que os juízes governavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar no país de Moabe, ele, sua mulher, e seus dois filhos.” (Rt 1,1). Naqueles tempos, a morte do marido representava um perigo para a família. Passar por privações econômicas e jurídicas era quase uma norma, principalmente se os filhos eram pequenos – “Ora uma dentre as mulheres dos filhos dos profetas clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que o teu servo temia ao Senhor. Agora acaba de chegar o credor para levar-me os meus dois filhos para serem escravos.” (2Rs 4,1). Na morte de um marido, caso essa não tivesse gerado filhos, um irmão ou um parente próximo desse deveria receber a viúva como esposa e gerar nela um descendente para o falecido. Era a lei do Levirato (Dt 25,5-9).

Noemi e Rute ensinam as famílias hoje sobre a confiança que devemos ter em Deus, em todos os momentos da vida, mesmo quando as circunstancias são as diversas. Confiar em Deus quando não há privação, doença e luto, pode ser, até certo ponto, fácil, mas quando a tempestade  chega numa família é que a verdadeira fé é aprovada.

Outra lição importante para as famílias é saber como os membros dessa família reagem a uma crise.

O que faz uma família ser forte?
·         Manter a sua integridade, esforçando-se para preservar a unidade familiar como uma unidade coesa.
·         Trabalhar para desenvolver e manter relacionamentos significativos com pessoas de fora da família.
·         Encorajar a autoconfiança através de estímulo ao desenvolvimento de habilidades e capacidades pessoais.
·         Unir a outras famílias nas mesmas circunstancias.
·         Desenvolver uma aceitação, uma confiança e um entendimento compartilhados de suas experiências, normalmente com a assistência de suas convicções espirituais, fazendo, desta forma, com que as dificuldades se tornassem compreensíveis e significativas.

Outra lição que Noemi e Rute transmitem para as famílias hoje é o modelo de relacionamento sogra e nora. Naquele relacionamento modelo, havia sinceridade – “disse Noemi às suas noras: Ide, voltai, cada uma para a casa de sua mãe; e o Senhor use convosco de benevolência, como vós o fizestes com os falecidos e comigo.” (Rt 1,8), liberdade de cada uma seguir seu caminho – “Noemi, porém, respondeu: Voltai, minhas filhas; porque ireis comigo? Tenho eu ainda filhos no meu ventre, para que vos viessem a ser maridos?” (Rt 1,11), amor –  “Ele será restaurador da tua vida, e consolador da tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz; ela te é melhor do que sete filhos.” (Rt4,15) e um relacionamento tão saudável que Rute preenchia o vazio do coração materno de Noemi a ponto de  o autor do livro afirma que Rute era melhor do que sete filhos – “...ela te é melhor do que sete filhos.” (Rt 4,15).

Como seria saudável se sogras e noras se espelhassem no relacionamento de Noemi e Rute!

CONCLUINDO

Muitas outras famílias poderiam ser lembradas, como por exemplo, a família de Elcana, Ana e Samuel. Poderíamos tratar sobre a família de Obede-Edom, que hospedou durante três meses, a arca do Senhor, símbolo da presença de Deus – “E ficou a arca do Senhor três meses na casa de Obede-Edom, o gitita, e o Senhor o abençoou e a toda a sua casa.” (2Sm 6,11), sobre Jabes, que, apesar das circunstancias negativas que envolveram, provavelmente, seu nascimento, pois nome significa “dor”, foi uma benção nas mãos de Deus – “Jabes foi mais ilustre do que seus irmãos (sua mãe lhe pusera o nome de Jabes, dizendo: Porquanto com dores o dei à luz).. Jabes invocou o Deus de Israel, dizendo: Oxalá que me abençoes, e estendam os meus termos; que a tua mão seja comigo e faças que do mal eu não seja afligido! E Deus lhe concedeu o que lhe pedira.” (1Cr 4,9-10), sobre Ester que aproveitou teu casamento para abençoar o povo de Deus (Et 7,2-4).


quarta-feira, 23 de julho de 2014

FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 03 – TRAGÉDIAS NA FAMÍLIA.


FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 03 – TRAGÉDIAS NA FAMÍLIA.

 

“A deterioração da família é um poderoso fator de lembranças para que as pessoas voltem-se para Deus.” (Jorge E. Maldonato)

Vamos ver o que os livros históricos falam sobre a família. Iremos observar que a história do povo de Deus é um somatório de sucessos e fracassos familiares. O berço da historia de uma nação é, sem duvida, a família. Como alguém já afirmou: “Como vai a família vai a nação”.

Certa vez, Bárbara Bush, discursando aos alunos de uma universidade americana, disse: “Nosso sucesso  como sociedade depende não do que acontece na Casa Branca, mas do que acontece em sua casa”.

Iremos verificar que família é lugar, muitas vezes, de tragédia e dissabores.

I – HISTÓRIAS DE TRAGÉDIAS FAMILIARES.

Muitas vezes, associamos a família apenas a imagens alegres e de muita felicidade. É como aquelas propagandas de margarinas que vemos na televisão. O que vemos é famílias alegres logo de manha tomando o café ao redor de uma mesa. Sem duvida é a realidade de muitas famílias, mas também há muita idealização.

Nos livros históricos, encontraremos relatos trágicos envolvendo pessoas da mesma família. Pessoas importantes na histórica bíblica que foram infelizes em suas famílias. Homens que deixaram para nós lindos textos, mas que pecaram enquanto maridos e pais.

No livro de Juizes, encontramos a história de Sansão, que tinha tudo para ter o seu nome associado apenas à sua grande força, mas quando ouvimos falar deste homem logo vem a nossa mente o nome de Dalila. Uma associação negativa graças a um casamento infeliz em que sua esposa tinha um único interesse: descobrir o segredo da sua força (Jz 16).

Ainda no livro de Juizes 19, iremos deparar com um texto que nos causa repulsa. É uma história de adultério, perdão, perversão sexual e uma dose cavalar de violência e abuso sexual. Não é isto que temos visto hoje nos noticiários?

Nos livros de Samuel podemos pontuar algumas tragédias, como por exemplo, a do sacerdote Eli, que não soube educar seus filhos no temor de Deus (1Sm 2,27-36), de reis como Davi, que cobiçou a mulher de Urias, atraiu-a para seu palácio, possuiu-a e planejou a morte de seu marido.tudo certo aos seus próprios olhos, mas não aos olhos de Deus (2Sm 11). Este mesmo rei , apesar de grandes vitórias políticas, teve muitos problemas na própria família. Teve, na sua historia familiar, um caso de incesto entre seus filhos (2Sm 13,1-22). Seu filho Absalão matou seu próprio irmão Amon (2Sm 13,23-36) e promoveu uma rebelião entre os súditos de seu pai (2Sm 15). A reação de Davi a morte de Absalão é digna de causar tristeza ao leitor atento da Bíblia (2Sm 18,9-23). O mesmo Davi, que é conhecido como um homem segundo o coração de Deus, vivenciou a poligamia e tinha tremendas dificuldades de disciplinar os seus filhos – “Quando o rei Davi ouviu todas estas coisas, muito se lhe acendeu a ira.” (2Sm 13,21); “Então Adonias, filho de Hagite, se exaltou e disse: Eu reinarei. E preparou para si carros e cavaleiros, e cinqüenta homens que corressem adiante dele.” (1Rs 1,5). Morreu sem semear no coração de seus filhos a paz e a harmonia. Em 2Rs 2,12-25, Salomão dá ordem de matar seu próprio irmão Adonias. Que triste história familiar.

II – A TRAGÉDIA DA POLIGAMIA.

Salomão, um homem de profunda sabedoria, seguindo a exemplo de seu pai, também foi polígamo. A Bíblia diz que Salomão teve mais de mil mulheres, entre princesas e concubinas (1Rs 11,17)!

Em nenhum lugar da Bíblia podemos encontrar Deus aprovando atitudes poligâmicas de seus servos. Não encontramos palavras de aprovação nas atitudes poligâmicas de Abraão, de Jacó, de Davi e de Salomão. Se não há uma palavra de aprovação,temos que afirmar, também, que não há uma palavra direta condenatória, do tipo “não terás para si mais de uma mulher”. Deus, no relacionamento com o povo de Israel, apenas tolerou a poligamia. Para chegarmos à conclusão de que Deus não aprova a poligamia, é preciso examinar a Bíblia no seu todo, isto é: tanto no Velho como no Novo Testamento.

a)    Uma só mulher e uma só carne.

O primeiro sinal de que o plano de Deus para o casamento é que seja monogâmico está logo no livro de Gênesis quando deu apenas uma mulher para o homem e um homem para a mulher – “Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gn 1,27). A idéia da poligamia (casamento de um homem com varias mulheres) e da poliandria (casamento de uma mulher com vários homens) não estavam presentes na instituição do casamento.

b)    Fonte de ciúmes.

Casamentos poligâmicos geraram ciúmes entre as esposas. Sara e Elcana podem ilustrar  tal afirmação – “Ao que disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está nas tuas mãos; faze-lhe como bem te parecer. E Sarai maltratou-a, e ela fugiu de sua face.” (Gn 16,6); “Ora, a sua rival muito a provocava para irritá-la, porque o Senhor lhe havia cerrado a madre.” (1Sm 1,6).

c)    Dissolução espiritual.

O exemplo claro é do próprio Salomão, que foi fortemente influenciado pelas mulheres a distanciar do plano de Deus para a sua vida – “Pois sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e seu coração já não era perfeito para com o Senhor seu Deus, como fora o de Davi, seu pai; Salomão seguiu a Astarete, deusa dos sidônios, e a Milcom, abominação dos amonitas.” (1Rs 11,4-5); “Não pecou nisso Salomão, rei de Israel? Entre muitas nações não havia rei semelhante a ele, e ele era amado de seu Deus, e Deus o constituiu rei sobre todo o Israel. Contudo mesmo a ele as mulheres estrangeiras o fizeram pecar.” (Ne 13,26).

Os profetas já pregavam o ideal monogâmico para o povo.

Já fechando a revelação do Antigo Testamento, o profeta Malaquias já alertava o povo sobre  a importância da monogamia quando pregou sobre a fidelidade – “E não fez ele somente um, ainda que lhe sobejava espírito? E por que somente um? Não é que buscava descendência piedosa? Portanto guardai-vos em vosso espírito, e que ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade.” (Ml 2,15).

d)    Jesus e Paulo reafirmam o ideal monogâmico para o casamento.

Jesus, ao ensinar sobre o divórcio, reportou o ideal de Deus para o casamento antes  da queda humana, onde –  “Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne”. (Gn 2,24); ver (Mt 19,4-6). Nenhum dos doze discípulos de Jesus foi poligâmico. Paulo por sua vez, frisou sobre a sua importância do líder de se ter uma só mulher – “É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar.” (1Tm 3,2); alertou que “...devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.” (Ef 5,28).

III – TERAGÉDIA NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS.

Nos livros históricos, também encontramos lições interessantes sobre  dinâmica da herança espiritual paterna na vida dos filhos.

Encontramos casos, por exemplo, de bons pais, mas cujos filhos foram homens violentos e sem o temor de Deus.

É o caso de Josafá, rei de Judá, que foi um homem temente a Deus – “E o Senhor era com Josafá, porque andou conforme os primeiros caminhos de Davi, seu pai, e não buscou aos baalins;” (2Cr 17,3), mas cujo filho Jorão fez coisas erradas aos olhos de Deus – “E andou no caminho dos reis de Israel, como faz Acabe, porque tinha a filha de Acabe por mulher; e fazia o que parecia mal aos olhos do senhor.” (2Cr 21,6). Encontramos a historia de Jotão, um rei aprovado por Deus – “Ele fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Uzias, seu pai; todavia não invadiu o templo do Senhor. Mas o povo ainda se corrompia.” (2Cr 27,2), mas que teve um filho ímpio – “mas andou nos caminhos dos reis de Israel, e até fez imagens de fundição para os baalins.” (2Cr 28,2). Veja a história de Ezequias – “E toda a obra que empreendeu no serviço da casa de Deus, e de acordo com a lei e os mandamentos, para buscar a seu Deus, ele a fez de todo o seu coração e foi bem sucedido.” (2Cr 31,21) e seu filho – “E fez o que era mau aos olhos do Senhor, conforme as abominações dos povos que o Senhor lançara fora de diante dos filhos de Israel. Pois tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, tinha derribado; e levantou altares aos baalins, e fez aserotes, e adorou a todo o exército do céu, e o serviu.” (2Cr 33,2-3). Josias foi um bom rei – “Fez o que era reto aos olhos do Senhor, e andou nos caminhos de Davi, seu pai, sem se desviar deles nem para a direita nem para a esquerda.” (2Cr 34,2), mas seu filho Jeocaz “Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, conforme tudo o que seus pais haviam feito.” (2Rs 23,32) fez coisas que desagradaram a Deus.

Ao conhecer estas histórias, chegamos à conclusão de que algumas vezes, por maiores que sejam nossos esforços de influenciar positivamente nossos filhos, Deus deu também a eles o livre – arbítrio, e os pais não são, em ultima instancia, o responsável pelas escolhas espirituais que os filhos fazem no decorrer da vida.

CONCLUINDO
Se Davi foi um homem segundo o coração de Deus e escreveu tantos salmos que até hoje nos inspiram, por que a Bíblia faz questão de relatar também tantas tragédias em sua família? Por que Salomão, um homem tão sábio, cometeu tantos erros em sua vida pessoal? Uma das respostas que podemos dar é a de que Deus permitiu ter esses relatos na sua Palavra para ensinar-nos algumas lições:

·         A primeira é que não existem famílias perfeitas. Todas as famílias têm suas historias tristes para serem contadas.
·         A segunda lição é que apesar de nossas falhas pessoais e familiares, Deus se utiliza nós e de nossas famílias  para seus eternos propósitos.
·         A terceira lição que podemos extrair dessas histórias familiares é que Deus permitiu que estivessem registradas na sua Palavra para alterar-nos como pessoa e famílias de que não estamos imunes aos mesmos pecados que os antigos cometeram.

·         A quarta lição é uma alerta sobre a nossa inserção, como indivíduos e  famílias cristãs, numa cultura que muitas vezes está comprometida com aquilo que Deus reprova, mas que é aceito por toda sociedade. A poligamia era, em nossa visão, uma questão cultural, mas sem o respeito divino. Muitos aspectos que envolvem a sexualidade humana são, hoje, uma questão cultural e já em muitos casos aceitos plenamente pela sociedade e, até, pelas leis do país, mas que ferem profundamente o ideal de Deus para o homem e para a mulher.

SÃO JOAQUIM E SANTA ANA



Joaquim pertencia à tribo da Judeia. Aos vinte anos tomou por esposa Ana, filha de Isachar, de sua tribo, descendente de Davi. Desde o começo de seu matrimônio fizeram voto de que ofereceriam seu primogênito para ser criado no templo santo, mas após vinte anos está criança ainda não havia nascido.
 Joaquim era um homem muito rico, que cumpria suas obrigações no templo com muita generosidade. Porém, chagado o Dia do Senhor, quando todos os filhos de Israel levam duas oferendas ao templo, Joaquim foi impedido de participar por não ter filhos. Não gerar descendência para Israel era considerado fator de desconfiança, como um castigo de Deus por pecados não revelados. Sentindo-se injustiçado e sem dizer à sua mulher, foi para o deserto, e ali montou tenda, onde jejuou  por 40 dias e 40 noites, esperando uma manifestação de Deus.

Enquanto isso, Ana, sua mulher, chorava e lamentava sua viuvez e sua esterilidade. No Dia do Senhor não se sentiu digna de participar das orações. Sentou-se no jardim, debaixo de um louro e ali orou fervorosamente. Em sua aflição comparou-se aos pássaros do céu, às feras, à águia e à própria terra. Todos eram fecundos perante ao Senhor, menos ela. Então um Anjo do Senhor apareceu e disse-lhe: “Ana, o Senhor escutou as tuas preces, conceberás e darás à luz uma filha e falar-se-á de tua primogênita por toda a Terra”. Ao que Ana respondeu: “Por mim Senhor, se dou à luz seja um filho ou uma filha, oferecerei ao Senhor e será seu servo todos os dias de sua vida”.
Também a Joaquim, no deserto, um Anjo do Senhor se revelou anunciando que Ana conceberá uma filha. Joaquim reuniu seu rebanho, separou parte deste para se oferecido a Deus, aos sacerdotes e ao povo, i dirigiu-se à cidade.
Joaquim e Ana encontraram-se na entrada da cidade na Porta Dourada, pois Ana havia sido avisada, pelo Anjo, do retorno do marido. Cheia de alegria ela exclamou:
“Agora sei que o Senhor Deus me encheu de bênçãos, pois era viúva e já não sou mais não tinha filhos e vou conceber em minha entranhas”
E, após nove meses deu à luz uma filha, à qual chamou de Maria.
E tudo aconteceu em graça plena!

A fonte dessas histórias reverenciadas e das famosas obras de arte se encontra no Proto-Evangelho de Tiago. Escrito provavelmente no sec. II dc, supostamente por Tiago, irmão de Jesus, circulou durante séculos entre os cristãos, e acabou, sendo banido pela Igreja Católica, jamais fazendo parte, portanto, do Novo Testamento.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 02 – MANDAMENTOS, LEIS E INSTRUÇÕES PARA A FAMÍLIA.


FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 02 – MANDAMENTOS, LEIS E INSTRUÇÕES PARA A FAMÍLIA.

 

“O primeiro dever para com os filhos é fazê-los felizes. Nenhum outro bem que eles venham a obter pode compensar aquele” (Charles Buxton)

I – PROBLEMAS FAMILIARES E SOBERANIA DE DEUS.

Gênesis 37 relata a venda de José, pelos próprios irmãos, aos ismaelitas – “Ao passarem os negociantes midianitas, tiraram José, alçando-o da cova, e venderam-no por vinte siclos de prata aos ismaelitas, os quais o levaram para o Egito.” (Gn 37,28). Aos nossos olhos, foi uma atitude abominável. E foi mesmo. Podemos dizer também que aos olhos de Deus foi uma atitude reprovável – “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Sl 133.1). Mas Deus na sua soberania, utilizou-se daquela problemática familiar para dirigir o seu povo. O final da história todos conhece. José é levado para o Egito, depois de várias aprovações – (Gn 39-41) e guindo a um importante cargo diante da nação (Gn 41,37-57). Há o encontro com seus irmãos, onde reina o espírito de perdão (Gn 42-45), seu pai Jacó e toda a sua família descem ao Egito (Gn 46; Ex 1,1) e, assim, toda a família é poupada da grande seca e da fome

A mensagem que fica é a de que Deus, na sua imensa sabedoria, pode apropriar-se de uma dificuldade ou de um problema familiar para dirigir a nossa vida e da nossa própria família. Certamente, Ele não aprova muito dos acontecimentos familiares, mas pode apropriar-se de um fato, até mesmo doloroso, para guiar-nos em nossa peregrinação pessoal e familiar neste mundo.

II – UMA FAMÍLIA, UM PLANO, UM LÍDER.

Com a morte de José (Gn 50,22-26), o povo de Israel começa a experimentar período de crescimento – “Depois os filhos de Israel frutificaram e aumentaram muito, multiplicaram-se e tornaram-se sobremaneira fortes, de modo que a terra se encheu deles.” (Ex 1,7), e, com o passar do tempo, Faraó se esqueceu da história de José e começou a perseguir severamente os  descendentes de Jacó – “Entrementes se levantou sobre o Egito um novo rei, que não conhecera a José.” (Ex 1,8). Nesse quadro mais uma vez vemos Deus utilizando-se de uma família para dirigir a história. Essa família era descendente da tribo de Levi. Trata-se da família de Anrão, casado com Joquebede – “Ora, Anrão tomou por mulher a Joquebede, sua tia; e ela lhe deu Arão e Moisés; e os anos da vida de Anrão foram cento e trinta e sete anos.” (Ex 6,20). A história relata como Deus concedeu a Joquebede sabedoria para livrar seu bebê, Moisés, dos sanguinários servos de Faraó (Ex 2,1-10) e posteriormente Deus permite que a própria mãe cuide de seu filho, preparando-o ara uma importante missão.

Diante das dificuldades que enfrentamos hoje para educar e livrar nossos filhos de tantos perigos, a exemplo de Joquebede, devemos pedir sabedoria a Deus em todos os momentos e em todas as circunstancias. Com certeza, o mesmo Deus que orientou Joquebede está disposto e interessado em orientar todos os pais na educação de seus filhos para sejam homens ou mulheres honrados e usados poderosamente por Deus, a Exemplo de Moisés.

III – UMA FESTA PARA A FAMÍLIA.

Depois de 400 anos vivendo no Egito período de bonança e servidão. Deus preparou Moisés para livrar Israel do jugo de Faraó. Êxodo 12 e Deuteronômio 16,1-8 narram a instituição da Páscoa. Enquanto Êxodo da uma conotação mais familiar, Deuteronômio enfatiza mais uma cerimônia. De acordo com Êxodo 12, a Páscoa era uma festa muito centrada na família – “Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Ao décimo dia deste mês tomará cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família.” (Ex 12,3) que servia para lembrar às próprias famílias, e por conseguinte ao povo, o livramento de Deus e servir também como um testemunho a ser passado de geração a geração (Ex 12,24-27).

Deus  ao desejar assim a celebração da Páscoa, estava delegando, em primeiro lugar, á família a responsabilidade de manter a tradição religiosa e a transmissão da fé às gerações futuras.

IV – MANDAMENTOS PARA  A FAMÍLIA.

Para preservar a integridade espiritual e moral do povo, Deus sabia que deveria dar mandamentos e leis. Em Êxodo 20,1-17 estão registrados os dez mandamentos. Todos eles podem ser aplicados à família, mas dois especificamente são voltados diretamente para o contexto familiar. Enquanto o quinto mandamento está destinado aos filhos – “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.” (Ex 20,12), o sétimo – “Não adulterarás.” (Ex 20,14), visa a proteger a família.

“Honra pai e mãe” foi chamado por Dennis Rainey no seu livro Meditações Diárias para casais, como sendo o “mandamento esquecido”. Honrar significa – “dar valor, estimar, respeitar, tornar digno”. Esse mandamento é para todos os filhos independentemente da idade ou do estado civil. Outra nota importante: esse mandamento de vê ser aplicado a todos os pais, a despeito dos seus erros, comportamentos e experiência religiosa. Importante também destacar que se trata do único mandamento com promessa. Deus ao dar este mandamento, desejou valorizar as relações familiares e mostrar aos jovens que devem, durante toda vida, valorizar as pessoas mais idosas.

O sétimo mandamento “não adulteras” (Ex 20,14; Dt 5,18) foi instituído para preservar o casamento, manter a paz no lar e, acima de tudo, a santidade do sexo no matrimonio. Acertadamente, Alan Cole, no seu comentário de Êxodo, afirma: “O fato do homem ter relações sexuais com a esposa de outro homem era considerado um pecado hediondo tanto contra Deus como contra homem” – “O homem que adulterar com a mulher de outro, sim, aquele que adulterar com a mulher do seu próximo, certamente será morto, tanto o adúltero, como a adúltera.” (Lv 20,10); “Se um homem for encontrado deitado com mulher que tenha marido, morrerão ambos, o homem que se tiver deitado com a mulher, e a mulher. Assim exterminarás o mal de Israel.” (Dt 22,22). Quebrar o sétimo mandamento é tal abominável aos olhos de Deus, que Jesus permitiu, até mesmo, divorcio – “Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério; [e o que casar com a repudiada também comete adultério.]” (Mt 19,9). Dois mandamentos que, se forem lembrados na família, teremos lares mais felizes e casamentos duradouros.

V – LEIS DE PROTEÇÃO AO CASAMENTO E À SEXUALIDADE.

Em todo Pentateuco, podemos encontrar textos fazendo menção a algum aspecto da vida familiar e conjugal, mas levítico 18 é, sem duvida, o texto bíblico que fala claramente o que Deus não deseja, no campo da sexualidade, que sejam praticados no meio do seu povo. R. K. Harrison, no seu comentário de Levítico afira: “O casamento como instituição social é considerado em todas as partes da escritura como pedra fundamental de todas as demais estruturas, e, portanto, sua pureza e integridade devem ser protegidas a todo o tempo”. Lembramos que o casamento era tão importante para Deus que um homem recém – casado estava dispensado da guerra e do serviço público a fim de assegurar a felicidade e começar uma nova família – “Quando um homem for recém-casado não sairá à guerra, nem se lhe imporá cargo [público]; por um ano inteiro ficará livre na sua casa, para se regozijar com a sua mulher, que tomou.” (Dt 24,5)

Deus, ao desejar proteger o casamento e à sexualidade do casal e da família, proibiu algumas práticas que eram comuns em outros povos.

“Não ao incesto” (Lv 18,6-18). Deus, ao proibir as relações sexuais com parentes, estava protegendo a saúde comunitária e dos próprios descendentes.

“Não ao adultério” (Lv 18,20). O adultério como já vimos, rompe a unidade do casal e quebra o pacto de uma só carne.

“Não ao homossexualismo” (Lv 18,22). Em nenhum lugar da Bíblia, tanto o Velho como no Novo Testamento, encontramos qualquer menção de aprovação do homossexualismo – “semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro.” (Rm 1,27); ver também ( 1Cor 6,9; 1Tm 1,10).

“Não a bestialidade” (Lv 18,23). A relação sexual com animais é uma aberração que inferioriza o homem a distorcer profundamente o plano de Deus para a sexualidade humana.

VI – O GRANDE SEGREDO.

Uma das lições notáveis que encontramos no Pentateuco, especialmente no livro de Deuteronômio, é a importância do ensino que é dada a família – (Dt 4,9; 6,20-25; 11,19). Esses textos ensinam-nos, claramente, que a tarefa de ensinar a educação da fé é, em primeiro lugar, da família. Esse ensino deve ser informal, nas dentro do lar, no caminhar diário nas idas e vindas, de forma constante, isto é: de noite e de dia usando recursos visuais para fixação do aprendizado – “e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te. Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por frontais entre os teus olhos; e as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” (Dt 67-9). Se pais e mães atentarem para o que diz esse precioso texto,teremos filhos tementes a Deus e dignos aos olhos dos homens.

VII – A QUESTAO DO DIVORCIO.

Em Dt 24,1-4 – “Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, se ela não achar graça aos seus olhos, por haver ele encontrado nela coisa vergonhosa, far-lhe-á uma carta de divórcio e lha dará na mão, e a despedirá de sua casa. Se ela, pois, saindo da casa dele, for e se casar com outro homem, e este também a desprezar e, fazendo-lhe carta de divórcio, lha der na mão, e a despedir de sua casa; ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer; então seu primeiro marido que a despedira, não poderá tornar a tomá-la por mulher, depois que foi contaminada; pois isso é abominação perante o Senhor. Não farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança.”, encontramos a questão controvertida do divorcio. Embora o texto seja sobre o divorcio, o seu teor se preocupa em dar parâmetros para um novo casamento. O termo “coisa vergonhosa” que parece em alguma tradição ou “algo que ele reprova” ou ainda, “coisa feia” é impreciso. Talvez a idéia seja de uma conduta indecorosa ou desapropriada para uma mulher. Neste caso, havia uma possibilidade de o marido dar a “carta de divorcio”. Cremos que a condição “coisa vergonhosa”  tenha sido colocada para evitar divórcios precipitados. Mais adiante, iremos voltar a falar sobre o divorcio e aprofundar a opinião bíblica sobre esse assunto que tanto mal faz para a família.

CONCLUINDO


Muitos outros temas poderiam ser tratados, mas a mensagem que fica é de que, nos primórdios da revelação bíblica, Deus procurou deixar claro o quanto Ele ama, usa, protege, e fortalece a família.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 01 – OS PRIMÓRDIOS DA FAMÍLIA.



FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 01 – OS PRIMÓRDIOS DA FAMÍLIA.

“Desde o princípio do projeto humano, a família é a que aparece na base” (Edésio Sanches Cetina).


Se desejarmos entender a família do ponto de vista cristão, precisamos analisar toda a sua trajetória ao longo dos relatos bíblicos.

Em cada parte das narrativas bíblicas podemos verificar dando orientações, instituindo leis e permitindo que homens inspirados pelo Espírito Santo registrassem nas paginas sagradas as faltas e os pecados de pessoas que afetaram profundamente sua família.

I – NASCE A FAMÍLIA.

Antes da queda humana, Deus havia instituído apenas a família, o trabalho e a guarda do sábado (Gn 1,26-28; 2,2-3). A família, à luz dos textos citados, tem origem no próprio Deus. O casamento e a família não estão vinculados na história (o Estado e a lei) ou à redenção, mas a criação. De acordo com Gênesis, antes da queda, tanto o homem quanto à mulher tinham privilégios e responsabilidades iguais. Ambos foram criados por Deus, “à sua imagem e semelhança” (Gn 1,26). Com isto o homem, homem e mulher participavam dos atributos divinos, ou seja: sabedoria, retidão e santidade. Ambos receberam a ordem de cuidar, dominar a terra, homem e mulher ocupavam um lugar de honra no jardim do Éden. Antes da queda, o primeiro casal vivia no em perfeita harmonia. O mesmo não acontece após a desobediência (Gn 3).
Após o ato de desobediência, marido e mulher começaram ter uma nova visão, distorcida é claro, da sexualidade – “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.” (Gn 3,7) – se afastaram da comunhão divina – “E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim.” (Gn 3,8); o primeiro conflito, a troca de acusações, foi instaurado na relação conjugal – “Ao que respondeu o homem: A mulher que me deste por companheira deu-me a árvore, e eu comi.” (Gn 3,12). O homem deixa de ser o companheiro que a escolheu e recebeu, conforme projeto de Deus e transforma-se num ser acusador, incapaz de assumir responsabilidade e manejar sua autonomia.  É importante  perceber que até a queda, isto é, quando viviam num estado de pureza espiritual, os relatos bíblicos se referem a “homem e mulher”, e nunca a Adão e Eva. A mulher era chamada pelo termo “Ishah” que quer dizer “companheira, varoa, auxiliadora”. Só após a queda, já com o coração com a marca do pecado, é que o homem dá o nome de Eva à sua mulher. Antes conhecida como “Ishah” (auxiliadora, varoa, companheira) agora é chamada de “Eva” (mãe de todos os viventes) – “Chamou Adão à sua mulher Eva, porque era a mãe de todos os viventes.” (Gn 3,20). A utilidade suplanta a idoneidade. A mulher passa a ser um meio para atingir um fim. A sexualidade é reduzida ao sexo. O sujeito passa a ser objeto, e, isto, permeia toda a história. Podemos encontrar aqui as raízes profundas e históricas do machismo. A queda afetou as bases do casamento e da família.
O que se segue, após a queda, é o pecado contaminando a relação conjugal e à própria família. Sua influencia é ampla e nociva, conforme os relatos bíblicos. O livro de Gênesis cataloga o fratricídio (assassino de irmão ou irmã) – “Falou Caim com o seu irmão Abel. E, estando eles no campo, Caim se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou.” (Gn 4,8); poligamia – “Lameque tomou para si duas mulheres: o nome duma era Ada, e o nome da outra Zila.” (Gn 4,19); pensamentos e palavras sexuais perversas – “E Cão, pai de Canaã, viu a nudez de seu pai, e o contou a seus dois irmãos que estavam fora.” (Gn 9,22); adultério – “Assim Sarai, mulher de Abrão, tomou a Agar a egípcia, sua serva, e a deu por mulher a Abrão seu marido, depois de Abrão ter habitado dez anos na terra de Canaã. E ele conheceu a Agar, e ela concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos.” (Gn 16,3-4); homossexualismo – “Mas antes que se deitassem, cercaram a casa os homens da cidade, isto é, os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados; e, chamando a Ló, perguntaram-lhe: Onde estão os homens que entraram”. esta noite em tua casa? Traze-os cá fora a nós, para que os conheçamos. Então Ló saiu-lhes à porta, fechando-a atrás de si, e disse: Meus irmãos, rogo-vos que não procedais tão perversamente.” (Gn 16,4-7); formicação e estupro – “Diná, filha de Léia, que esta tivera de Jacó, saiu para ver as filhas da terra. Viu-a Siquém, filho de Hamor o heveu, príncipe da terra; e, tomando-a, deitou-se com ela e humilhou-a.” (Gn 34,1-2); prostituição – “Passados quase três meses, disseram a Judá: Tamar, tua nora, se prostituiu e eis que está grávida da sua prostituição. Então disse Judá: Tirai-a para fora, e seja ela queimada.”  (Gn 38,24); sedução (Gn 39,7-12) e incesto (Gn 38,13-18). Cada um destes pecados apresenta ataques diretos contra a santidade e a harmonia do matrimonio e das família.

II – MISERICÓRDIA PARA COM A FAMÍLIA.

Após a queda espiritual da humanidade, a partir da desobediência do primeiro casal, o que se vê é a propagação da violência – “A terra, porém, estava corrompida diante de Deus, e cheia de violência.” (Gn 6,11). Ao anunciar a destruição do mundo, através do dilúvio, Deus orienta Noé na construção de uma arca – “Farás na arca uma janela e lhe darás um côvado de altura; e a porta da arca porá no seu lado; fá-la-ás com andares, baixo, segundo e terceiro.” (Gn 6,16) e demonstra o seu amor e o seu cuidado para com a família – “Mas contigo estabelecerei o meu pacto; entrarás na arca, tu e contigo teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos.” (Gn 6,18). Deus poderia perfeitamente permitir que somente Noé e sua mulher entrassem na arca e após o dilúvio gerar outros filhos. Mas o que vemos é o cuidado de Deus para com a família ampliada de Noé. Seus filhos e suas noras também foram protegidos por Deus da destruição – “Depois disse o Senhor a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque tenho visto que és justo diante de mim nesta geração.” (Gn 7,1).

Antes de nos aprofundarmos um pouco sobre as características das famílias patriarcais, podemos afirmar que o mesmo cuidado que Deus demonstrou com a família ampliada de Noé também demonstrou para com a família de Ló. Ao receber a visita de dois anjos e estes anunciaram a destruição de Sodoma e Gomorra, recomendaram que não só ele, Ló, deixasse aquele lugar, mas também sua família e os futuros genros (Gn 19,12-16).

III – AS FAMÍLIAS DOS PATRIARCAS.

No Pentateuco, após o dilúvio encontramos os descendentes de Noé se multiplicando. Após as narrativas bíblicas de várias genealogias, vemos Deus uma outra família, a fim de cumprir os seus propósitos – a família de Abrão, o primeiro patriarca.

A partir de Gênesis 12, encontramos o relato da história das famílias patriarcais, isto é: as famílias de Abraão, Isaque e Jacó.

Resumidamente, podemos afirmar que em todas essas famílias existam pontos em comum, que se destacam:

  • Amplitude:

Nelas estão inseridos não apenas o casal: quando o patriarca não era polígamo (neste caso só não há registro de poligamia na vida de Isaque); e filhos mas também os servos, escravos e parentes colaterais. As famílias estavam unidas a outras famílias, formando assim, um clã, que, por sua vez, formava as tribos, podemos perceber esta verdade, em face do grande número de pessoas ligadas a Abrão e Ló, causando, assim, dificuldades no cultivo da terra – “E também Ló, que ia com Abrão, tinha rebanhos, gado e tendas. Ora, a terra não podia sustentá-los, para eles habitarem juntos; porque os seus bens eram muitos; de modo que não podiam habitar juntos. Pelo que houve contenda entre os pastores do gado de Abrão, e os pastores do gado de Ló. E nesse tempo os cananeus e os perizeus habitavam na terra.” (Gn 13,5-7) e também no relato onde Deus orientou Abraão a circuncidar todos que faziam parte do seu grupo familiar – “À idade de oito dias, todo varão dentre vós será circuncidado, por todas as vossas gerações, tanto o nascido em casa como o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua linhagem. Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; assim estará o meu pacto na vossa carne como pacto perpétuo. Mas o incircunciso, que não se circuncidar na carne do prepúcio, essa alma será extirpada do seu povo; violou o meu pacto.” (Gn 17,12-14).

  • Patriarcado:

As famílias adotavam o sistema de patriarcado, isto é: o pai tinha autoridade sobre os filhos, mesmo depois do casamento, e suas noras – “Ora, Abraão era já velho e de idade avançada; e em tudo o Senhor o havia abençoado. E disse Abraão ao seu servo, o mais antigo da casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía: Põe a tua mão debaixo da minha coxa, para que eu te faça jurar pelo Senhor, Deus do céu e da terra, que não tomarás para meu filho mulher dentre as filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito; mas que irás à minha terra e à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Isaque.” (Gn 24,1-4). No regime patriarcal, o governo da tribo era vontade individual do patriarca, que residia, a principio, no progenitor da tribo, passando dele para o primogênito ou para o mais velho da linha genealógica. O termo clássico para exemplificar a importância e a soberania do pai está na expressão bíblica “casa paterna”.

  • Unidade de trabalho:

A família, conforme percebe-se nos patriarcas, tem uma conotação de unidade de trabalho. Os filhos e os parentes cuidavam dos bens da família, reservando o patriarca a função administrativa. As famílias dos patriarcas, alem de serem numerosas, possuíam muitos bens como resultado do trabalho familiar e da provisão de Deus – “Isaque semeou naquela terra, e no mesmo ano colheu o cêntuplo; e o Senhor o abençoou. E engrandeceu-se o homem; e foi-se enriquecendo até que se tornou mui poderoso; e tinha possessões de rebanhos e de gado, e muita gente de serviço; de modo que os filisteus o invejavam.” (Gn 26,12-14).

  • Devoção religiosa:

Nos relatos que descrevem a vida dos patriarcas, é forte a presença da religiosidade. Com a chamada de Abraão, podemos encontrar a presença do monoteísmo religioso nas famílias dos patriarcas. Esta característica esta presente nas famílias de Abraão, Isaque e Jacó. Varias vezes percebe-se os patriarcas construindo através de adoração (Gn 12,8; 13,18; 22,1-16; 28,18-19). Através das construções dos altares, encontramos a função sacerdotal perante a família, função esta que cabia ao patriarca.

CONCLUINDO.


Com a morte do ultimo patriarca, Jacó, a família nos relatos bíblicos continuou tendo toda a importância aos olhos de Deus. Na Ida para o Egito e posterior escravidão , as tribos foram repartidas.

quinta-feira, 3 de julho de 2014




FAMÍLIA, IDEIA DE DEUS - LIÇÃO 13 - MEUS FILHOS, MEUS DISCÍPULOS.


Uma das características mais interessantes da águia é o seu cuidado com os filhotes. Cremos que precisamos aprender com a águia muitas coisas que estão sendo esquecidas nesta geração. Existem alguns princípios básicos na criação dos filhos que os pais não podem esquecer. Estes princípios são balizas seguras na caminhada, marcos que não podem ser removidos, sinais que não podem ser destruídos nem apagados. Hoje, mais do que qualquer outra geração há uma orquestração do inferno para destruir a família. Há uma conspiração contra esta primeira instituição divina. O encardido e seus perversos agentes tem derramado sobre a família toda a sua fúria. A sociedade moderna não aceita mais os absolutos éticos. Ela vive sem freios, com as rédeas soltas, sem linhas divisórias entre o certo e o errado. O que predomina não é a verdade, mas a satisfação imediata dos desejos pervertidos. Essa sociedade hedonista, amante do prazer, a cada dia está-se desfibrando moralmente. A fidelidade conjugal, para muitas pessoas, é um costume arcaico sem nenhuma procedência nesta era chamada pós-moderna e pós-cristã. A virgindade e a castidade da juventude parecem coisas vergonhosas. A rebeldia dos filhos contra os pais e a forma irrefletida e até irresponsável como muitos pais vivem são  uma realidade desastrosa e lamentável em nossos dias.
Certamente devemos olhar para a águia e aprender com ela como devemos cuidar da família.

1. A ÁGUIA NÃO PÕE O NINHO DOS SEUS FILHOS PERTO DOS PREDADORES.

“Ou se remonta a águia ao teu mandado, e põe no alto o seu ninho? Mora nas penhas e ali tem a sua pousada, no cume das penhas, no lugar seguro” (Jó 39.27-28).

A águia não coloca o ninho dos seus filhos na beira do caminho. A águia não expõe seus filhos às bestas-feras e aos predadores. Ela não os deixa em lugares vulneráveis. Pelo contrário, ela só faz o seu ninho no alto dos rochedos, no cume dos penhascos. Ela é zelosa em colocar o ninho de seus filhos nas alturas, em total segurança.
O que lição tremenda para nós! Na sociedade competitiva em que vivemos hoje, procuramos preparar-nos para muita coisa. Fazemos cursos e mais cursos. Passamos por diversos treinamentos, freqüentamos seminários, temos livros e ouvimos muitas palestras. Todavia, são poucos os que se preparam convenientemente para o casamento. São poucos os que se preparam para terem filhos. A maioria dos país está desqualificada para educá-los adequadamente.
Se vivermos em lugares baixos, no meio dos predadores, como vamos construir o ninho dos nossos filhos em lugares altos?! Se nós, pais, não sabemos o que são as alturas da intimidade com Deus, como podemos conduzir nossos filhos para lá?! Se vivermos com os nossos pés sujos de lama, como vamos construir o ninho dos nossos filhos no alto dos rochedos?!
É triste constatar que muitos pais vivem misturados com predadores e constróem o ninho de seus filhos em lugares de perigo. Quantas crianças hoje são bombardeadas diariamente pela “mídia” por idéias pervertidas que minam os valores mais elementares da sã doutrina e desbarrancam os princípios básicos da conduta ilibada! Quantos jovens são arrastados pelas correntezas do vício e feitos escravos dos predadores, tombando nas valas fértidas de uma vida desregrada e subumana! Quantos adolescentes capitulam ao apelo do sexo e se entregam ã volúpia, oferecendo seu corpo no altar da promiscuidade, sofrendo depois derrotas fragorosas, colhendo os frutos amargos de uma consciência culpada e de uma vida destruída, porque seus pais construíram ninhos perto dos predadores.
 Estamos assistindo, horrorizados, à sodomização da sociedade moderna. Os valores de Deus são pisados. Os princípios bíblicos de uma vida pura são tripudiados. Aqueles que tentam resistir a esta avalanche são escarnecidos. Dirijo-me a você, pai ou mãe: - Onde está o ninho do seu filho? Onde estão os seus filhos? Por onde eles andam? O que eles estão fazendo? Com quem eles andam? A que horas eles chegam em casa? Quem são os amigos de seus filhos?  Quem são os conselheiros de seus filhos?

2. A ÁGUIA VOEJA SOBRE OS FILHOS.

“Como a águia desperta o seu ninho, adeja sobre os seus filhos e, estendendo as suas asas, toma-os, e os leva sobre as suas asas” (Dt 32.11).

Quando os filhotes da águia já estão grandes, na hora de sair do ninho, a águia, então, começa a voejar sobre o ninho, mostrando-lhes dias coisa:

2.1. Hora de sair.
Está na hora de sair do ninho. A águia não exerce um papel super protetor em relação aos filhos. Ela não mantém os filhos para sempre debaixo das suas asas. Ela não cria nos filhos uma super dependência. Chega um momento em que os filhos precisam Ter as suas próprias experiências e precisam sair do ninho para exercitarem e ganharem maturidade. Não deve ser diferente nossa atitude como pais. Causa um grave prejuízo para os filhos a atitude de alguns pais que os vivem cercando de todo o cuidado, como se eles fossem eternas crianças indefesas, despreparadas e imaturas. Estes pais demonstram aos seus filhos um amor doentio, possessivo, controlador, mantendo-os sempre no ninho, debaixo de suas asas. Os pais devem criar os filhos preparando-os para a vida, e não fazendo deles eternos dependentes, pois assim estes filhos se tornarão pessoas inseguras e incapazes de assumir responsabilidades na vida.

2.2. Como voar.
Ensina aos filhos como voar. A águia não apenas diz aos filhos que está na hora de sair do ninho, mas mostra-lhes como devem sair. Ela fica voando em círculo sobre o ninho, mostrando-lhes como se voa. Ela, com este gesto dá exemplo para seus filhotes.
Isto também precisamos aprender com a águia. Muitos pais ensinam seus filhos, dizem-lhes até coisas bonitas, mas não lhes dão exemplo. Ensinam uma coisa e fazem outra. Ensinam os filhos a ir à igreja, mas não vão. Ensinam os filhos a falar a verdade, mas os filhos os flagram falando mentiras. Ensinam os filhos a ser honestos, mas vivem enrolados no meio das falcatruas. Os pais precisam compreender que não há ensino verdadeiro sem exemplo. O mundo precisa de pais que estejam dispostos a ser modelos positivos, porque modelos nós sempre somos. Nós sempre vamos esculpir nos filhos as  marcas da nossa vida. Os olhos deles estão cravados em nós. Eles nos observam. O que eles estão vendo em nós?

3. A ÁGUIA TIRA A MACIEZ DO NINHO E SÓ DEIXA OS ESPINHOS.

Quando a águia percebe que é hora de seus filhotes voarem e ainda assim eles continuam acomodados no ninho, a despeito de seu exemplo, ela decide remover do ninho toda a cobertura macia e deixa apenas os espinhos e os gravetos pontiagudos. Ela gera um desconforto para os filhos. Ela não deixa de amá-los por isso, mas prefere vê-los incomodados a ficarem acomodados no ninho. O conforto do ninho agora significa estagnação, imaturidade, inoperancia e atrofiamento. A águia não hesita em aplicar esta lição aos filhos, ainda que seja uma lição dolorosa. Ela só não admite ver os filhos deitados em “berço esplendido”, quando o mundo lá fora os espera para uma ação dinâmica e urgente.
  Muitos pais cercam seus filhos com tanto cuidado que não se preparam para enfrentar a vida. Acham que seus filhos não devem trabalhar nem assumir responsabilidades porque são ainda muito tenros. Dão tudo de “mão beijada” para os filhos. Muitos pais estragam os filhos com esta atitude, em nome do amor. A Bíblia fala de grandes homens como Isaque, Eli, Davi, Josafá, que falharam dolorosamente na criação de seus filhos, porque não tiveram pulso para discipliná-los nem os prepararam para enfrentar as lutas da vida; antes os cercaram com uma redoma hiperprotetora e os mantiveram quentinhos na estufa do ninho, quando deveriam Ter removido a peruagem macia e deixado que os espinhos bradassem aos ouvidos de seus filhos que era hora de sair do comodismo.
Vejo nesta lição uma aplicação muito séria também para a Igreja. Alias, se existe um povo que gosta de ficar no ninho é o povo cristão. Realmente o ninho é gostoso, quentinho, seguro. Ficamos todos juntinhos. É maravilhoso! Mas chega um momento em que é preciso sair!
Prestem atenção à Igreja hoje: 90% de suas atividades são dentro do ninho. Os metros quadrados mais evangelizados do mundo são as Igrejas. Vivemos a fobia de sair das quatro paredes. Quase toda nossa dinâmica é intramuros. Muitos cristãos já foram a Igreja mais de mil vezes, mas nunca atravessaram a rua para falar de Jesus ao vizinho. Muitos de nós gastamos o assento dos bancos, enquanto as testemunhas de Jeová desgastam a sola de seus sapatos. Noventa e cinco por centos dos cristãos não sabem o que é levar uma alma a Jesus. São igrejeiros. São amantes do ninho.

4. A ÁGUIA TIRA OS FILHOS DO NINHO.

É estonteante constatar que, mesmo afligidos com espinhos e alfinetados por farpas pontiagudas, os filhotes da águia ainda teimam em continuar no ninho.
O que a águia faz com o filho que resiste aos seus métodos mais suaves? Ela simplesmente pega o filho com suas garras possantes, suspende-os no ar r das alturas o solta sem pára-quedas. O filhote noviço ainda não sabe bater suas asas articuladamente e, por  isso, cai desamparado numa sensação de que vai-se esborrachar não chão. Quando o filhote cheio de medo chega ao fim de suas esperanças, a águia dá um vôo rasante, estende suas asas debaixo do filhote e leva-o novamente para as alturas. E outra vez o solta no espaço aberto. Novamente, ele cai batendo as  asas atabalhoadamente sem conseguir aprumar-se. A águia estende suas asas e o toma em segurança; leva-o de volta às alturas e laça-os no espaço outra vez. Isto ela repete muitas vezes até o filhote aprender a voar sozinho. Este gesto ensina-nos algumas lições práticas:

4.1. Não Desistir.

Não podemos desistir dos nossos filhos. Muitos pais já estão cansados e desanimados com seus filhos.

4.2. Sem Amargura.

Não podemos ser amargos com os nossos filhos. Talvez os espinhos que você colocou no ninho de seus filhos tenham sangrado não a eles, mas ao seu coração. Você está machucado, ferido e magoado. Suas forças se esvaíram. Seus recursos se esgotaram. Só lhe restam decepção e amargura. Cuidado, não sejam amargos com seus filhos.

4.3. Manter o Perdão.

Não podemos reter o perdão aos nossos filhos. Há pais que sofreram tanto com seus filhos que são derrotados pelo rancor. Há pais que já desistiram de amar seus filhos e buscá-los com os braços abertos da reconciliação e com o beijo do perdão.
Devemos olhar para a parábola do filho pródigo e imitar o exemplo daquele pai que perdoa e restaura seu filho a dignidade que ele tinha antes.
Absalão, quando estava em Jerusalém sem poder ver a face do seu pai, disse: “Para que vim de Gesur? Melhor me fora estar ainda lá. Agora, pois, veja eu a face do rei; e, se há em mim alguma culpa, que me mate” (2 Sm. 14.32).  
Perdoe seus filhos, ouça-os, ame-os, restaure-os.

4.4. Filhos Disciplinados

Precisamos disciplinares os nossos filhos. A águia não ensina seus filhos teoricamente. Ela investe tempo e trabalho nos filhos. Ela os treina. Ela os discípula.

“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele” (Pv 22.6).