FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 04 – FAMÍLIAS NOTÁVEIS.
“Nenhuma
nação e melhor que a vida no lar do seu povo” (Coolidge).
Ainda
prosseguido nosso estudo sobre o lugar da família nos livros históricos,
queremos ressaltar alguns aspectos
positivos que devem servir de inspiração para todos nós.
Antes
de tratarmos o tema proposto, é importante fazer um breve comentário sobre o
valor de algo que aparece muitas vezes nos livros históricos. Refiro-me as
genealogias.
I
– O VALOR E OS TIPOS DE GENEALOGIA.
As
genealógicas são muito encontradas no Velho Testamento. Mas o livro de Esdras,
Neemias e em Crônicas são os que mais
trazem textos genealógicos. Nesses textos encontramos listas de nomes de
antepassados e descendentes de um ou mais indivíduos. Às vezes, trazem só uma
lista simples de nomes (1Cr 1,1), às vezes os nomes aparecem de forma
descendente (Ed 7,1-5). Sua função, às vezes, tinha uma conotação legal,
como é o caso da genealogia registrada por Esdras e Neemias, onde alguns dos
filhos de sacerdotes, ao procurarem seus nomes nos registros não acharam, e por
isso foram excluídos do sacerdócio (Ed 2,61-62; Ne 7,23-38).
As
genealogias mostram quando os hebreus davam valor à tradição e à historia das
famílias. Uma atitude salutar que podemos desenvolver em nossas famílias hoje é
resgatar a nossa história pessoal e de nossa família e passar para as gerações
futuras. Cada geração que deixa tomar esta atitude muito da historia da família
é perdida. Se os seus pais não se preocuparam com esse aspecto, comece hoje a fazer
isto e passe para os seus descendentes esse patrimônio familiar.
II
– FAMILIAS NOTÁVEIS.
Nos
livros históricos existem pessoas e famílias que causaram grande impacto na
histórica bíblica, como, por exemplo, Josué e sua família, Rute e Noemi, Éster
e tantos outros.
Uma
família comprometida com Deus.
A historia pessoal
de Josué é digna de imitação. Sempre temente e obediente a Deus, Josué foi o
escolhido para dar continuidade na condução do povo até à terra prometida. Não
sabemos muito sobre sua família. Sabemos que era neto de Elisama e filho de Num – “de quem foi filho
Elisama, de quem foi filho Num, de quem foi filho Josué.” (1Cr 7,26-27).
Não sabemos o nome da esposa e dos filhos. A Bíblia omite estas informações.
Podemos, por dedução, pensar que Josué era casado e que teve descendente. As Escrituras registram de Josué que quase é
o lema da família cristã – “...eu e a minha casa serviremos ao Senhor.”
(Js 24,15). A omissão da informação sobre a vida familiar Josué não diminui o
impacto desta expressão. Geralmente , pensamos nesta frase e imaginamos Josué
com sua esposa e seus filhos. Uma imagem irreal para aquele tempo. Josué, ao
dizer “...eu e minha casa.” Não
estava só referindo à sua família imediata, caso tivesse, mas todo o seu clã e
sua tribo. Através desta expressão, Josué mostra-nos que somos, enquanto pais,
responsáveis pela liderança espiritual da família. O mundo ao nosso redor pode estar distante dos planos de Deus , pois
não somos responsáveis diretos pelo que acontece lá fora, mas dentro de nossa
família temos que tomar uma posição, e isto, sim, são tarefa de cada pai, mãe e
casal.
Josué morreu com
110 anos – “Morreu, porém, Josué, filho de Num, servo do Senhor, com a idade
de cento e dez anos.” (Jz 2,8), e todo o tempo que ele viveu sua família e
o povo que liderava serviam ao Senhor – “O povo serviu ao Senhor todos os
dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que sobreviveram a Josué e que
tinham visto toda aquela grande obra do Senhor, a qual ele fizera a favor de
Israel.” (Jz 2,7).
Poderíamos terminar
nossa breve reflexão sobre a vida de Josué citando muitos textos, mas gostaria
de deixar para meditação Jz 2,10 – “0 foi também congregada toda aquela
geração a seus pais, e após ela levantou-se outra geração que não conhecia ao
Senhor, nem tampouco a obra que ele fizera a Israel.”
Onde ocorreu a
falha? Sem duvida, na família. A história do povo de Israel ensina-nos que,
quando os pais ensinavam para seus filhos as leis de Deus e os seus milagres,
os filhos e todas as gerações subseqüente eram abençoados por Deus e
prosperavam nos seus caminhos. Quando isto não ocorria, os inimigos e que
prosperavam.
A bandeira da
verdade esta em nossas mãos. A grande pergunta que se coloca é a seguinte:
estamos nós ensinando aos nossos filhos, netos as grandes verdades da Palavra e
Deus?
III
– MULHERES EXTRAORDINARIAS E SUAS HISTÓRIAS NOTÁVEIS.
Ser
mulher nos tempos bíblicos era algo bem difícil. Se hoje, em nossa sociedade,
existem ainda muito preconceitos para com as mulheres, imagine numa sociedade
patriarcal onde o homem era o único que tinha direito a tomar decisões e a
mulher, para que tivesse algum valor, tinha apenas a função de gerar filhos, de
preferência homens! Só percebendo esta realidade histórica é que podemos
compreender, por exemplo, o desespero de Ana (1Sm 1,1-8). Mesmo tendo
atenção de Elcana, seu afetuoso esposo, o desejo ardente do seu coração era ter
um filho homem – “e fez um voto, dizendo: ó Senhor dos exércitos! se deveras
atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva
não te esqueceres, mas lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os
dias da sua vida, e pela sua cabeça não passará navalha.” (1Sm 1,11).
Algumas
mulheres se destacam na história bíblica , cujos relatos estão nos livros
históricos e que fizeram diferença em suas famílias.
Lembramos
de uma família onde as mulheres fizeram história. Tratam-se da família de
Noemi, Rute e Orfa. Estas mulheres conheceram bem de perto o luto. Seus
maridos, Elimeleque, Malon e Qilion, morreram (Rt 1,2-5). Não sabemos as
circunstancias, mas provavelmente de alguma enfermidade em decorrência da fome
– “Nos dias em que os juízes governavam, houve uma fome na terra; pelo que
um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar no país de Moabe, ele, sua mulher,
e seus dois filhos.” (Rt 1,1). Naqueles tempos, a morte do marido
representava um perigo para a família. Passar por privações econômicas e
jurídicas era quase uma norma, principalmente se os filhos eram pequenos – “Ora
uma dentre as mulheres dos filhos dos profetas clamou a Eliseu, dizendo: Meu
marido, teu servo, morreu; e tu sabes que o teu servo temia ao Senhor. Agora
acaba de chegar o credor para levar-me os meus dois filhos para serem
escravos.” (2Rs 4,1). Na morte de um marido, caso essa não tivesse gerado
filhos, um irmão ou um parente próximo desse deveria receber a viúva como
esposa e gerar nela um descendente para o falecido. Era a lei do Levirato (Dt
25,5-9).
Noemi
e Rute ensinam as famílias hoje sobre a confiança que devemos ter em Deus, em
todos os momentos da vida, mesmo quando as circunstancias são as diversas.
Confiar em Deus quando não há privação, doença e luto, pode ser, até certo
ponto, fácil, mas quando a tempestade
chega numa família é que a verdadeira fé é aprovada.
Outra
lição importante para as famílias é saber como os membros dessa família reagem
a uma crise.
O
que faz uma família ser forte?
·
Manter a sua integridade,
esforçando-se para preservar a unidade familiar como uma unidade coesa.
·
Trabalhar para desenvolver e manter relacionamentos
significativos com pessoas de fora da família.
·
Encorajar a autoconfiança através de
estímulo ao desenvolvimento de habilidades e capacidades pessoais.
·
Unir a outras famílias nas mesmas
circunstancias.
·
Desenvolver uma aceitação, uma
confiança e um entendimento compartilhados de suas experiências, normalmente
com a assistência de suas convicções espirituais, fazendo, desta forma, com que
as dificuldades se tornassem compreensíveis e significativas.
Outra
lição que Noemi e Rute transmitem para as famílias hoje é o modelo de
relacionamento sogra e nora. Naquele relacionamento modelo, havia sinceridade –
“disse Noemi às suas noras: Ide, voltai, cada uma para a casa de sua mãe; e
o Senhor use convosco de benevolência, como vós o fizestes com os falecidos e
comigo.” (Rt 1,8), liberdade de cada uma seguir seu caminho – “Noemi,
porém, respondeu: Voltai, minhas filhas; porque ireis comigo? Tenho eu ainda
filhos no meu ventre, para que vos viessem a ser maridos?” (Rt 1,11), amor
– “Ele será restaurador da tua vida,
e consolador da tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz; ela te é
melhor do que sete filhos.” (Rt4,15) e um relacionamento tão saudável que
Rute preenchia o vazio do coração materno de Noemi a ponto de o autor do livro afirma que Rute era melhor
do que sete filhos – “...ela te é melhor do que sete filhos.” (Rt 4,15).
Como
seria saudável se sogras e noras se espelhassem no relacionamento de Noemi e
Rute!
CONCLUINDO
Muitas outras
famílias poderiam ser lembradas, como por exemplo, a família de Elcana, Ana e
Samuel. Poderíamos tratar sobre a família de Obede-Edom, que hospedou durante
três meses, a arca do Senhor, símbolo da presença de Deus – “E ficou a arca
do Senhor três meses na casa de Obede-Edom, o gitita, e o Senhor o abençoou e a
toda a sua casa.” (2Sm 6,11), sobre Jabes, que, apesar das circunstancias
negativas que envolveram, provavelmente, seu nascimento, pois nome significa “dor”,
foi uma benção nas mãos de Deus – “Jabes foi mais ilustre do que seus irmãos
(sua mãe lhe pusera o nome de Jabes, dizendo: Porquanto com dores o dei à
luz).. Jabes invocou o Deus de Israel, dizendo: Oxalá que me abençoes, e
estendam os meus termos; que a tua mão seja comigo e faças que do mal eu não
seja afligido! E Deus lhe concedeu o que lhe pedira.” (1Cr 4,9-10), sobre
Ester que aproveitou teu casamento para abençoar o povo de Deus (Et 7,2-4).