sábado, 26 de outubro de 2013

JESUS CRISTO - LIÇÃO 14 – ILUSTRAÇÕES DA OBRA DE CRISTO NO ANTIGO TESTAMENTO.



JESUS CRISTO - LIÇÃO 14 – ILUSTRAÇÕES DA OBRA DE CRISTO NO ANTIGO TESTAMENTO.


“Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gn 3,15).

Não foram poucas às vezes em que eu ouvi alguém dizer algo mais ou menos assim – “Prefiro ler o Novo Testamento ao Antigo, porque o Novo Testamento só fala do amor de Deus, enquanto o Antigo somente fala da justiça de Deus..” Apesar da fraqueza  e “boa intenção” dessas pessoas, penso que infelismente elas não tem tido oportunidade de conhecer melhor as Escrituras Sagradas.  A Bíblia nos revela que tanto o amor como a justiça de Deus andam de mãos dadas, revelando  a graça e a misericórdia de Deus. No plano eterno e perfeito de Deus, não existe demonstração do Seu amor sem a execução da sua justiça, tampouco execução da sua justiça sem a demonstração do seu amor. Se pudermos pensar que o amor  e a justiça de Deus estão presentes em toda a Bíblia, podemos concluir que de alguma maneira, a obra de Jesus Cristo também está presente em toda a Bíblia!

I – PACTO – A ALIANÇA DE DEUS COM SEU POVO.

O Antigo Testamento apresenta diferentes aspectos ou alianças  firmadas entre Deus e seu povo. Na maioria das vezes, são incondicionais, ou seja, somente dependem da fidelidade de Deus para serem concretizadas. As condicionais dependem da obediência e fidelidade humanas para que a intervenção divina se manifeste. Estas alianças revelam o propósito  de Deus: ser glorificado por um povo, com o qual mantém relacionamento exclusivo.  Através delas. Deus revela amor e executa justiça prefigurando a obra de Cristo, desde o Éden – “esta te ferirá a cabeça”.

As mais importantes alianças firmadas por Deus com seu povo são: Adâmica (Gn 3,15); Noética (Gn 9,11); Abraâmica (Gn 12,1-3;1517-21); Sinaitica (Ex 19,5-6); Palestiniana (Dt 28-30); Davídica (2Sm 7,15-16; 1Cr 17,11-14) e Nova Aliança (Jr 31,31-34). Vamos destacar as três mais importantes:

1 – A Aliança Abraâmica – Gn 12,1-3; 15,17-21

É a base para o relacionamento entre Deus e um povo exclusivamente seu. Esta aliança é incondicional, no sentido que Israel é o povo eleito e criado para servir como canal da benção de Deus aos povos do mundo, e bem como termos – chave “descendência” e “terra”. Alguns aspectos distintos estão contidos nela:
·         Promessas individuais: Abraão seria pai de uma grande nação (Israel).
·         Promessas nacionais: Israel seria grande e possuiria a terra de Canaã.
·         Bênçãos espirituais: todas as famílias da terra seriam abençoadas em Israel.

Somente em Jesus Cristo ela é cumprida integralmente.

2 – A Aliança Davídica – 2Sm 7,15-16; 1Cr 17,11-14

Tem como termos – chave “trono” , “casa” e “reino”, por isso está ligada firmemente à Aliança Abraâmica.firmada nesta aliança incondicional, a linhagem de Davi trouxe ao mundo o Salvador dos judeus e gentios. Muito embora a nação de Israel tenha rejeitado seu Rei, “a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.” (Jo 1,12).




3 – A Nova Aliança – Jr 31,31-34

Esta também é incondicional, pois aponta para o relacionamento pessoal entre Deus e seu povo, o qual não será afetado pelo poder do pecado. Pelo contrário, todos desfrutarão de uma real e profunda comunhão com Ele.

II – PROVISÃO – SISTEMA SACRIFICIAL.

Uma segunda maneira de o Antigo Testamento ilustrar a obra de Jesus Cristo  é através da provisão do sistema sacrificial. Deus disse a serpente: “tu lhe ferirás o calcanhar”, como um sinal de sacrifício na provisão divina para o mal do pecado. O sistema sacrificial foi instituído como instrumento da justiça e do amor de Deus. Da justiça porque o pecado exigia punição com a vida – “Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que faz expiação, em virtude da vida.” (Lv 17,11) e de amor porque os animais sacrificados substituíam o pecado no altar – “Se alguém pecar, fazendo qualquer de todas as coisas que o Senhor ordenou que não se fizessem, ainda que não o soubesse, contudo será ele culpado, e levará a sua iniqüidade; e como oferta pela culpa trará ao sacerdote um carneiro sem defeito, do rebanho, conforme a tua avaliação; e o sacerdote fará por ele expiação do erro que involuntariamente houver cometido sem o saber; e ele será perdoado.” (Lv 5,17-18). O principio da expiação sempre exigiu a morte, assim escreveu o autor de Hebreus – “...sem derramamento de sangue não há remissão.” (Hb 9,22). Assim, o sacrifício revela no Antigo testamento como a provisão de Deus para demonstrar seu amor e executar a sua misericórdia. Alguns exemplos  são peculiares para ilustrar a obra de Cristo.

1 – Adão e Eva.

A desobediência de Adão e Eva quebrou o relacionamento deles com Deus, originado a separação da criatura do seu Criador, após a queda, lê-se em Gênesis que eles – “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.” (Gn 3,7). Porém, Deus providenciou-lhe outra cobertura que indicava a gravidade da desobediência – “E o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu.” (Gn 3,21). Assim, a morte de algum animal inocente foi necessária para expiar o pecado, e Deus demonstrou seu amor e executou a sua justiça.

2 – Abel.

O segundo registro de sacrifício na Bíblia é a oferta de Abel. Contrastando com a atitude do irmão, o sacrifício realizado por Abel revelou a obediência à instrução divina quando o valor dos sacrifícios de sangue na expiação do pecado. Caim, tal qual seus pais, resolveu oferecer outro meio de expiação, porem foi rejeitado por Deus – “Ao cabo de dias trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. Ora, atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta, mas para Caim e para a sua oferta não atentou. Pelo que irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.” (Gn 4,3-5). Por isso Abel obteve bom testemunho de ser justo – “Pela fé peregrinou na terra da promessa, como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa.” (Hb 11,9).

Lewis Chafer diz que a doutrina do sangue sacrificial “não é de origem humana e o seu cumprimento na morte de Cristo é certamente o plano e o propósito de Deus.”

3 – Abraão.

A disposição de Abraão em ofertar seu único filho, Isaque, ilustra e tipifica o Pai que oferece seu único filho amado –Gn 22,1-19. Em Abraão, vê-se o exercício da justiça contra o pecado – o sacrifício, e em Isaque, o sacrifício voluntário e obediente até a morte – “e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.” (Fl 2,8). A prova de fé estava ligada ao princípio da morte substitutiva, pois Deus não permitiu o sacrifício humano, porém providenciou um cordeiro para substituir Isaque.

4 – Páscoa.

A instituição da Páscoa em Israel não apenas assegurou a redenção dos israelitas do jugo egípcio como assegurou a segurança de todos os primogênitos da nação – Ex 12,1-36. Elementos singulares  estavam presentes no sacrifício daquela noite em que o Senhor feriu a terra do Egito – cordeiro pascoal substituto (ou cabrito), sangue aspergido, morte de primogênitos, juízo contra ímpios, substituição e redenção dos eleitos. “Dificilmente se pode duvidar que Cristo seja antítipo a tudo isso” (L. Chafer).

5 – Ofertas em Levítico.

O sistema de ofertas sacrificais dos Hebreus não tinha outro propósito senão providenciar, através do derramamento de sangue substituto, os meios e condições para o homem relacionar-se com Deus, em aproximação e santificação. Por exemplo:

  • Ofertas queimadas (Lv 1,1-17) e pacíficas (Lv 3,1-17) promoviam adoração a Deus.
  • Ofertas pelo pecado (Lv 4-5) e pelas culpas promoviam restauração co Deus.
  • Oferta de aves (Lv 14,1-32) promoviam purificação de pecado.

III – PREGAÇÃO – A MENSAGEM DOS PROFETAS.

 

Uma ultima forma de ilustração da obra de Cristo são as mensagens dos profetas, os quais lutaram contra o sistema sacrificial hipócrita. A mensagem deles condenava a falsidade religiosa e a fé puramente religiosa. As ofertas, sacrifícios e rituais agradáveis a Deus deveriam ser observados em obediência. Muito antes da forma, Deus  exigia a aplicação interior de quem ofertava ou sacrificava.

Observemos as condenações proféticas sobre os sacrifícios hipócritas.

·         Presença da maldade e da prática da injustiça – Is 1,10-20.
·         Ausência de obediência à voz de Deus – Jr 7,21-28.
·         Presença de pecado e ausência de arrependimento – Os 14,1-4.
·         Presença da idolatria e senhorio estranho. – Am 5,21-24.
·         Ausência de justiça, misericórdia e humanidade – Mq 6,6-8.

Os profetas não apenas exigiam a observação dos rituais, mas que os mesmos fossem praticadas de acordo com a lei de Deus. A história de Israel mostra que as ofertas nem sempre foram vistas pelos ofertantes como um canal de santidade, ainda que a lei prescrevesse isso. O papel dos profetas portanto,  era apontar o erro, chamando a atenção do povo para a ilustração de algo perfeito e superior que estava por vir.

O famoso parágrafo do “Servo Sofredor”, do profeta Isaias, apresenta-se como um dos mais impactantes apelos proféticos sobre o sacrifício perfeito.

·         Sacrifício voluntário – Is 53,2.4.
·         Sacrifício expiatório – Is 53,10.
·         Sacrifício substitutivo – Is 53,4-6.11-12.
·         Sacrifício eficiente – Is 53,11-12.

CONCLUINDO

O apóstolo Paulo escreveu aos Colossenses que os cerimoniais judaicos não passava de sombras das coisas que haviam de vir em Cristo  - “que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo.” (Cl 2,17) e o autor das cartas aos Hebreus afirmou – “Porque a lei, tendo a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, não pode nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem de ano em ano, aperfeiçoar os que se chegam a Deus. É nessa vontade dele que temos sido santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre. Pois com uma só oferta tem aperfeiçoado para sempre os que estão sendo santificados.” (Hb 10,1.10.14).


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