JESUS CRISTO - LIÇÃO 11 – A CRUZ DE CRISTO.
“Tomaram,
pois, a Jesus; e ele, carregando a sua própria cruz, saiu para o lugar chamado
Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, onde o crucificaram, e com ele
outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.” (Jo 19,17-18).
Aconteceu no ano de 32 d.C. Três homens foram crucificados. Dos
três, dois eram ladrões, e todos sabiam porque foram crucificados – eram
salteadores, assassinos, os piores da sociedade. Mas quem era a terceira
pessoa? Ninguém sabia com certeza. Os sacerdotes tinham pedido a morte daquele
homem. Mas por que? Ele ensinou as multidões e elas afirmam – “Nunca homem
algum falou assim como este homem.” (Jo 7,46). Ele curou muitos leprosos,
ressuscitou o irmão de Marta e Maria, um homem chamado lázaro, e multiplicou
Paes e peixes para alimentar multidões.
No caminho do local do julgamento
ao lugar da crucificação, para as mulheres que choravam, Aquele Homem disse – “Filhas
de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos
filhos.” (Lc 32,28). Como Ele sofreu! Mas não houve nenhuma palavra de
reclamação. Soldados romanos o humilharam, colocaram uma cora de espinho na sua
cabeça e deram-lhe bofetadas – “E os soldados, tecendo uma coroa de
espinhos, puseram-lhe sobre a cabeça, e lhe vestiram um manto de púrpura; e
chegando-se a ele, diziam: Salve, rei dos judeus! e davam-lhe bofetadas.”
(Jo 19,2-3). Como Ele sofreu! Depois... o crucificaram – no chão foi colocado
sobre o madeiro e bateram grandes pregos nas mãos e nos pés dAquele Homem.
Todos que presenciaram a cena ficaram espantados com a reação – “Pai,
perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem. Então repartiram as vestes dele,
deitando sortes sobre elas.” (Lc 23,34). Quem poderia orar assim, se não
uma pessoa divina?
Depois Aquele Homem foi levantado,
e Pilatos escreveu um título que foi colocado no cimo da cruz – “JESUS O
NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.” (Jo 19,19). Assim foi a morte de Jesus Cristo,
o Filho de Deus.
I – O FATO DA CRUZ.
Quando lemos o Novo
Testamento, notamos que há um fato predominante em quase todos os livros.
1 – Nos quatros Evangelhos.
É notável que o
ministério de Cristo é revelado de maneira breve, mas os acontecimentos
relacionados com a ultima semana de Sua vida, culminando com a morte, ocupam
uma quarta parte dos Evangelhos de Mateus e Marcos, uma terça de Lucas e a
metade de João. Quantas vezes nos relatos dos evangelistas há referencias à
morte de Jesus! A cruz era o ponto central.
a) João
Batista – quando João Batista estava andando
com dois dos seus discípulos, de repente, Jesus se aproxima e João exclama – “Eis
o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.”
(Jo 1,9). João podia ter dito – “Eis meu primo” – mas não! Para qualquer
judeu que lembrava do acontecimento histórico da salvação do povo de Israel das
mãos de Faraó, através da morte sacrificial e substitutiva do cordeiro sem
mácula, a afirmação de João era plena de significação.
b) Nicodemos
– a clássica afirmação se acha no fim da
entrevista com aquele homem religioso que precisava ter a experiência do novo
nascimento, quando Jesus explicou o processo da salvação – “E como
Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja
levantado; para que todo aquele que nele
crê tenha a vida eterna.” (Jo 3,14-15).
c) Santa
Ceia – quando Jesus instituiu a cerimônia da
Santa Ceia para ser lembrado para sempre – “fazei isto em memória de
mim.” (1Cor 11,24); ver também (Lc 22,19-20) –
o simbolismo do pão e vinho representava seu corpo quebrado e seu sangue
derramado na cruz. A cruz do Calvário era o motivo da Sua vinda a este mundo – “Pois
também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar
a sua vida em resgate de muitos.” (Mc 10,45).
Por isso, a cruz se tornou o símbolo da Igreja.
2 – Primeira literatura cristã.
As cartas às igrejas e
indivíduos são cheias de referencias à cruz de Cristo. Paulo declarou – “Porque
primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos
pecados, segundo as Escrituras.” (1Cor 15,3).
Os apóstolos pregaram – “nós pregamos a Cristo crucificado, que é
escândalo para os judeus, e loucura para os gregos, mas para os que são
chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de
Deus.” (Cor 1,23-24).
3 – No último livro do N.T.
No Apocalipse notamos a
centralidade da cruz. Quando chegarmos no céu, o grande hino que entoaremos,
junto com milhões e milhões de pessoas será – “Digno é o Cordeiro, que
foi morto, de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e
glória, e louvor.” (Ap 5,12).
“No Calvário se ergueu uma cruz contra o céu, como
emblema de afronta e de dor.mas eu amo essa cruz, foi ali que Jesus deu a vida
por mim, pecador” (Anônimo).
II – A COMPANHIA DA CRUZ.
Cristo não morreu sozinho. Lucas
relata – “Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali o crucificaram, a
ele e também aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.” (Lc
23,33)., e João acrescenta – “...e Jesus no meio.” (Jo 19,18) – no lugar
de destaque.
Mas não é possível! Jesus, um
Homem puro, no meio de malfeitores, assassinos, ladrões...! Que coisa
diabólica! Mas Jesus não protestou, mesmo quando um dos malfeitores blasfemou.
Jesus estava pronto a associar-Se com aqueles homens para salvar pelo menos um
deles. Um foi salvo e o outro perdido – Lc 23,39-43. Este é o grande fato do Evangelho – alguns
aceitam e outros rejeitam.
Mas há outros aspectos nesse
grande mistério:
1 – Cristo não foi obrigado a morrer – foi um ato voluntário – “Ninguém ma tira de
mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade
para retomá-la.” (Jo 10,18).
2 – Cristo não devia ter morrido – Ele vivei
sem pecado – “Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós.”
(2Cor 5,21). Morte é o resultado do pecado. E Ele, que não conheceu o pecado, “Mas
ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das
nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados.” (Is 53,5).
III – O SIGNIFICADO DA CRUZ.
Qual é o significado da morte de Cristo na cruz a dois
mil anos para nós, hoje, no século XXI?
Alguns acham que a morte de Cristo
foi um exemplo de martírio. Outros que foram exemplo de sacrifício próprio. Mas
a razão da morte de Cristo é muito mais do que isso. A agonia no Getsêmani – “Pai,
se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a
tua. E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tornou-se como
grandes gotas de sangue, que caíam sobre o chão.” (Lc 22,42.44) e o grito
de desespero em alta voz dizendo – “Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, Deus
meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27,46) mostram que havia
mais do que sofrimento físico. Naquele momento,
Jesus Cristo estava “levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre
o madeiro, para que mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e
pelas suas feridas fostes sarados.” (1Pe 2,24). Não podemos entender a cruz sem compreender o fato do
pecado. Foi o pecado, seu e meu, que pregou Cristo na cruz é a resposta divina
ao problema do pecado.
CONCLUINDO
O que a principio parece ter sido uma grande injustiça,
violência sem precedentes, se mostra, ao melhor compreendermos toda a história
da Cruz de Cristo, como a solução para o maior problema que o ser humano
enfrentou, enfrenta e enfrentará: a morte, o afastamento eterno da presença de
Deus Pai, o sofrimento sem igual à espera de todos. A Cruz de Cristo, obra
redentora preparada por Deus, declarando da maneira mais desprendida o seu amor
por nós, pecadores, nos choca, ao mesmo tempo em que mostra quanto devemos ser
gratos, à medida que compreendemos a relevância de ato de tão grande vulto em
nosso favor. Esse cuidado misericordioso de Deus deve provocar nossa gratidão,
mas também uma reação de atitude positiva, de fé, de amor a Cristo, de
obediência aos preceitos da Palavra, pois se O amamos devemos guardar Seus
mandamentos – “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.” (Jo
14,15).
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