JESUS CRISTO - LIÇÃO 06 – A
IDENTIFICAÇÃO DE JESUS COMO JEOVÁ
“...aguardando
a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e
Salvador Cristo Jesus,” (Tt 2,18).
Depois da evidencia dos
Evangelhos, o testemunho dos apóstolos, o próximo passo é a identificação da
pessoa como Deus. Minha tarefa é mostrar que nada existe acima ou alem dEle, só
Ele é o Senhor, só nEle subsistem todas as coisas – Cl 1,16-18 – como bem dizem as Escrituras – “...de quem
são os patriarcas; e de quem descende o Cristo segundo a carne, o qual é sobre
todas as coisas, Deus bendito eternamente. Amém.” (Rm 9,5).
A convicção cristã toma o ponto de
partida da premissa dupla da cristologia apostólica, a saber, que Cristo como
pessoa era indivisivelmente um, ao mesmo tempo totalmente divino e totalmente
humano, isto é, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Este tem como propósito mostrar
como era possível manter esses dois aspectos juntos. Entretanto, nosso
interesse principal aqui é que avançando um pouco mais na doutrina de Jesus,
defendamos a posição bíblica de que Ele é Deus – “Respondeu-lhe Tomé: Senhor
meu, e Deus meu!” (Jo 20,28). Ver também Tt 2,13 e 2Pe 1,1.
A identificação de Jesus como
Jeová (Senhor) é uma tarefa que exige um especial cuidado. Para tanto vamos
dividir o assunto em sete elucidações principais.
I – O NOME DE DEUS.
Segundo Bruce Milne (Estudando as Doutrinas da Bíblia, pg 133),
quando o Antigo Testamento foi traduzido do hebraico par o grego, o nome
sagrado de Deus (YHWH) Iavé ou Jeová, foi traduzido pela palavra Kyios
(Senhor). Este título sagrado e exaltado foi atribuído diretamente a Jesus.
1 – O nome pessoal de
Deus – Ex 3,1-6.13-14 - e o mais freqüentemente usado nas Escrituras
foi também atribuído diretamente a Jesus
– Rm 10,9; 1Cor 12,3; Fl 2,11.
2 - Em várias
ocasiões os escritores do Novo Testamento aplicaram as passagens referentes a “Iavé”
diretamente a Jesus – At 2,34-36; Rm 8,34; 1Pe 3,22). Compare Joel 2,32 com Romanos 10,13, e Salmo 110,1 com Fl 2,9-11.
3 – Tanto Deus como
Jesus são chamados de “Pastor” do seu povo (Sl 23,1 e Jo 11-14). Esses
nomes apresentam o Senhor que tem preocupação por suas ovelhas.
II – A GLÒRIA DE DEUS.
Com base em varias referencias
tanto do NT quanto do AT, podemos afirmar que a glória de Deus é a manifestação
visível de sua majestade, que Jesus possui como Deus. Confira o que diz o
apóstolo Paulo a Tito – “...aguardando
a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e
Salvador Cristo Jesus.” (Tt 2,13).
A glória de Deus é intransferível,
como afirma o profeta Isaias – “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha
glória, pois, a outrem não a darei, nem o meu louvor às imagens
esculpidas.” (Is 42,8); ver também
Is 48,11. Agora, se a glória de Deus é intransferível e o NT apresenta Jesus
como a manifestação da glória de Deus – “Meus irmãos, não tenhais a fé em
nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas.” (Tg
2,1); ver também 1Cor 2,8; 2Cor 4,4; Hb 1,3; Jo 17,5.
Como já observamos, o Filho de
Deus veio ao mundo para manifestar à glória de Deus aos homens – “E o Verbo
se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua
glória, como a glória do unigênito do Pai.” (Jo 1,14). Ele afirmou que suas
obras e suas palavras eram guiadas por
Deus – “Disse-lhes, pois, Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho
de si mesmo nada pode fazer, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo quanto
ele faz, o Filho o faz igualmente.” (Jo 5,19); sua própria obra
evangelizadora foi uma revelação do coração do pai celestial.
III – A ADORAÇÃO DE DEUS.
“Oferecer adoração (culto) a
qualquer outro ser além do Senhor Deus (Iavé) era inconcebivelmente ofensivo
para o judeu, constituindo o mais fundamental de todos os pecados” – Bruce
Milne – Dt 6,13-15; Ex 20,3-6 – A tradução comum do termo “Shalah”
(hebraico) para “proskyneuia” (grego) “adoração”, “inclinação” é
usada em referência a Cristo – “E outra vez, ao introduzir no mundo o
primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.” (Hb 1,6).
Varia referencias de adoração a
Cristo nas páginas do Novo Testamento comprovam sua divindade:
- Orações são dirigidas diretamente a Cristo – AT
7,59; 9,17; 1Cor 16,23.
- Passagem de adoração no AT são transferidas de
Iavé para Cristo – Is 8,13; Rm9,33; 1Pe 3,15.
- Os evangelistas registraram a atitude de
adoração do povo em relação a Jesus – Mt 2,2.8; Mc 5,6; Jo 9,38.
IV – A CRIAÇÃO DE DEUS.
O fato de “Iavé”
ser Criador de todas as coisas e, portanto, o Senhor de tudo, era incontestável
para a fé do povo do AT – Sl 33.6-9; Is 42,5; 55,10-13 – No entanto mesmo, mesmo sendo evidente que “Iavé”
é o Criador de todas as coisas, o NT confere livremente esta função divina a
Jesus.
Bruce Milne afirma que a
obra criativa de Deus teve quatro aspectos:
·
Deus fez
existir o mundo no principio;
·
Preserva e
sustém todas as coisas;
·
Está dirigindo
o universo criado para o seu final ou alvo;
·
Fará surgir a
nova criação.
Esses quatro aspectos
fazem alusão a Jesus.
O apostolo Paulo exaltou
a pessoa de Cristo como sendo Deus quando disse:
·
“...porque nele foram criadas todas as coisas
nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam
dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para
ele.” (Cl 1,16);
·
“Ele é antes de todas as coisas, e nele
subsistem todas as coisas.” (Cl 1,17);
·
“...fazendo-nos conhecer o mistério da sua
vontade, segundo o seu beneplácito, que nele propôs para a dispensação da
plenitude dos tempos, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as
que estão nos céus como as que estão na terra.” (Ef
1,9-10);
·
“...também ele é a cabeça do corpo, da igreja; é
o princípio, o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a
preeminência, porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude”. (Cl 1,18-19).
V – A SALVAÇÃO DE DEUS.
Uma outra verdade
fundamental e incontestável do AT é de que “Iavé” é um Deus Salvador. “Eu,
eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador.”
(Is 43,11). No livro do profeta Isaías, no Capitulo doze, a Bíblia traz um dos
mais belos cânticos de louvor exalando o Deus Salvador – “Eis que Deus é
a minha salvação; eu confiarei e não temerei porque o Senhor, sim o Senhor é a
minha força e o meu cântico; e se tornou a minha salvação.” (Is 12,2). O NT
atribui essas obras a Jesus.
Vejamos algumas
afirmações que comprovam essa verdade.
·
Ao nascer,
Jesus foi aclamado como Aquele que salvaria o seu povo dos pecados – “ela
dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo dos
seus pecados.” (Mt 1,21);
·
Ele reivindicou
para si o poder de conceder o perdão – Mc
2,7-12;
·
Ele evidenciou
seu poder ao ressuscitar os mortos – Mc 5,35-43; Lc 7,11-17; Jo
11,34-44;
·
Através dEle a
vida eterna é concedida a todos os que crêem nEle – “Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
(Jo 3,16). Ver também Jo 5,24; 14,6 e 1Jo 5,11-12.
VI – O JUIZO DE DEUS.
“A realeza é atributo divino que
Cristo exerce com maestria, pois as Escrituras tanto no AT cômodo NT cantam o
reinado do Messias. A realezas do Messias sempre foi tipificada no reinado de
Davi – “Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo
justo; e, sendo rei, reinará e procederá sabiamente, executando o juízo e a
justiça na terra.” (Jr 23,5). Num governo teocrático, a tarefa de executar
juízo era do rei” – (O ser de Deus – Heber C. de Campos). No AT o juízo
final era prerrogativa de Deus – “Porque
Deus há de trazer a juízo toda obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja
bom, quer seja mau.” (Ecl 12,14). Ver também Dn 7,9-14. Essas funções
divinas, realeza e juízo, são ambas reivindicadas por Jesus e atribuídas livremente
a Ele - “porquanto determinou um dia
em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que para isso
ordenou; e disso tem dado certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.”
(At 17,31). Concordamos que o juízo é uma atribuição divina – “Há um só
legislador e juiz, aquele que pode salvar e destruir; tu, porém, quem és, que
julgas ao próximo?” (Tg 4,12), porem, como Cristo é divino. Ele tem
autoridade para julgar o mundo e seus habitantes.
VII – O TESTEMUNHO DE DEUS.
As duas afirmações a seguir
reivindicam para quem fala autoridade
divina. Vejamo-las: na primeira Deus disse – “Vós sois as minhas
testemunhas, do Senhor, e o meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me
creiais e entendais que eu sou o mesmo; antes de mim Deus nenhum se formou, e
depois de mim nenhum haverá.” (Is 43,10); na segunda Jesus é quem fala – “Mas
recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis
testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samária, e até os
confins da terra.” (At 1,8). Com palavras idênticas às da primeira fala, Jesus esta enviando seus
apóstolos para que testemunhem dEle. Testemunho esse que eles cumpriram à
risca ao saírem pelo mundo dizendo que
viram a Jesus depois de sua ressurreição, testificando assim sua divindade – 1Cor
15,1-8.
Considerando que Jesus Cristo é
plenamente Deus, como já temos visto, é difícil entender o sentido de tais
palavras; a nós, só nos resta obedecê-la – “Vós sois meus amigos, se
fizerdes o que eu vos mando.” (Jo 15,14).
CONCLUINDO
Segundo o escritor Heber Campos,
as afirmações de Jesus Cristo que mais provocaram a ira dos judeus foram
àquelas relacionadas com a sua identidade com Deus. No Evangelho de Jo 5,16-17
– “Por isso os judeus perseguiram a Jesus, porque fazia estas coisas no
sábado. Mas Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho
também.” – e muitas outras referencias nos dão indicações bem claras da divindade de Jesus Cristo.
Vimos
neste capítulo varias coisas que Jesus faz que o tornam igual a Deus, mostrando
claramente a sua divindade; vimos também varias passagem bíblicas que
identificam claramente Jesus Cristo como Deus; vimos ainda como a glória de
Deus é a manifestação de sua majestade na pessoa de Cristo; vimos como os
primeiros discípulos dirigiam o culto deles a Jesus numa atitude de adoração.
Por todas estas evidencias e outras razões destacadas, não pode ficar nenhuma
duvida de que o Pai e o Filho são um – “para que todos sejam um; assim como
tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o
mundo creia que tu me enviaste. E eu lhes dei a glória que a mim me deste, para
que sejam um, como nós somos um.” (Jo 17,21-22).
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