domingo, 11 de agosto de 2013

JESUS CRISTO - LIÇÃO 02 – A VIDA NORMAL DE JESUS.




LIÇÃO 02 – A VIDA NORMAL DE JESUS.

“E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens.” (Lc 2,52)

Eis o fato mais surpreendente, extraordinário e maravilhoso em toda a história da humanidade: Jesus Cristo, o Filho de Deus, a segunda Pessoa da Trindade, Se fez um de nós. Ele, que vive desde a eternidade e por meio do qual todas as coisas foram criadas (Jo 1,1-3). Ele, que é eterno, soberano e glorioso de Deus, reinando sobre todo o Universo, na companhia do Pai e do Espírito. Ele que é a fonte da vida, o Criador, decidiu tornar-Se “criatura” a fim de resgatar Sua obra danificada pelo pecado – o ser humano.

Como ser humano, Jesus viveu normalmente como qualquer outro homem (embora sem pecado). É este aspecto da pessoa do Salvador que vamos estudar agora.

I – ENTRANDO NO CURSO DA HISTÓRIA.

O início do NT nos apresenta a genealogia de Jesus, desde Abraão. Sabemos que todas a Escritura é útil. Assim, que ensinamentos podemos extrair desse trecho da Palavra de Deus?

1 – A genealogia de Jesus confirma ser Ele o “Rei Prometido”, uma vez que era “Filho de Davi”.

Aqui Jesus demonstra possuir as qualificações do Messias, tanto no plano espiritual como na descendência humana de Davi.

2 – A genealogia de Jesus constata que Deus sempre cumpre suas promessas.

Jesus é apresentado como descendente (humano) prometido a Abraão – “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.” (Mt 1,1), que viria abençoar todas as famílias da terra – “...e em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.” (Gn 22,18).

3 – A genealogia de Jesus evidencia quão grande é a misericórdia e a compaixão de nosso Senhor Jesus Cristo.

“...sendo rico, por amor de vós se fez pobre.” (2Cor 8,9) e abrindo mão de sua glória foi capaz de se humilhar e habitar entre nós – “...tornando-se semelhante aos homens.” (fl 2,7).

4 – A genealogia de Jesus identifica Cristo conosco.

Ele não apenas se tornou humano, mas também viveu como um de nós. Jesus teve mãe e pai (adotado), tios, primos, avós, e para os evangelhos (protestantes) teve também irmãos e irmãs – “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? e não estão aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se dele.” (Mc 6,3). Na linguagem bíblica, “irmão” é muito usado em lugar de primo, sobrinho, tio, parente. Por ex. em Gn 13,8 Abrão diz a Ló: “somos irmãos” – enquanto que em Gn 11,27-31 consta claramente que Ló era filho de Aran – irmão de Abraão, portanto seu sobrinho.

II – INTERFERINDO NO CURSO DA HISTÓRIA.

O Filho de Deus deixou a glória junto ao Pai e entrou no âmbito humano. Encarnado, realizou a obra  para qual foi destinado, obedientemente.

Tendo Jesus sido concebido de forma miraculosa, como podemos ter certeza de que ele era de fato um verdadeiro ser humano?

  • Primeiro argumento: Jesus nasceu.

Ele não desceu do céu como um homem já feito. Ele foi concebido no ventre de uma mãe humana e nutrido pelo cordão umbilical como qualquer outro ser humano. Sua concepção foi sobrenatural, mas todo o  seu desenvolvimento a partir daí foi natural.

  • Segundo argumento: Jesus teve família.

Ele esteve ligado biologicamente a seus ancestrais e recebeu deles sua herança genética como qualquer pessoa normal. Certamente trazia em seu corpo e em seu semblante os traços e aparências de sua mãe, tios primos e avós.

  • Terceiro argumento: Jesus se desenvolveu.

Lucas, em seu evangelho – “E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens.” (Lc 2,52) dá grande ênfase à humanidade perfeita de Jesus.
    • Jesus foi bebê, foi criança, foi adolescente, foi jovem.... Jesus cresceu porque era humano.
    • Jesus precisou de alimento, água e exercícios para sobreviver e se desenvolver.
    • Sua capacidade física era limitada. Ele sentia fome e fraqueza quando jejuava – “E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome.” (Mt 4,2); sentia sede – “Dá-me de beber.” (Jo 4,7); ficava cansado – “achava-se ali o poço de Jacó. Jesus, pois, cansado da viagem, sentou-se assim junto do poço; era cerca da hora sexta.” (Jo 4,6). Jesus sentia dor, inclusive quando foi espancado, chicoteado, esfolado com espinhos, perfurados com os pregos e com a lança. De tão fragilizado precisou de ser ajudado (por Simão Cirineu) quando carregou sua cruz – “Quando o levaram dali tomaram um certo Simão, Cirineu, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse após Jesus.” (Lc 23,26).

  • Quarto argumento: Jesus morreu.

Seu corpo humano deixou de conter a vida, ao ser submetido a tão cruel tratamento, e parou de funcionar, assim como acontece com o nosso quando morremos. Mesmo depois de morto seu corpo continuou sendo humano, sujeito a decomposição – “contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.” (Jo 19,34).

Até mesmo na ressurreição a sua humanidade foi confirmada. Jesus convidou seus discípulos a verificar a genuinidade de sua humanidade por si mesmo – “Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho.” (Lc 24,39). Também confirmou a sua presença física almoçando com eles – “Então lhe deram um pedaço de peixe assado,” (Lc 24,42).

  • Quinto argumento: Jesus se considerava homem.

Repetidamente fez uso da palavra “homem” em referencia a si mesmo (Mt 8,20; 9,6; Mc 10,45; Lc 7,34). Outros também usaram a palavra “homem” em referencia a Jesus: Paulo (Rm 5,15.17.19; 1Cor 15,21.47-49); João (1Jo 1,1). Neste texto, João afirma que de fato ouviu, viu e tocou em Jesus – “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da vida” (1Jo 1,1).

III – MODIFICANDO O CURSO DA HISTÓRIA.

O apóstolo João escreveu sua primeira epistola a fim de combater um ensino herético (docetismo) que nega a encarnação de Jesus. Ele teria apenas aparência de ser humano, mas não era material. João percebeu logo a verdadeira intenção dessa doutrina anticristã:  negar a humanidade de Jesus era negar a possibilidade da salvação – “Nisto conheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo.” (1Jo 4,2-3).

Ao examinarmos as Escrituras principalmente o NT, encontramos não apenas a confirmação da plena humanidade do Messias, como também os motivos porque tinha que se tornar homem.

  • Primeiro motivo: representar a nossa obediência.

O primeiro representante da humanidade (Adão) foi reprovado no teste da obediência (Gn 2,15-3,7), mas o segundo representante, Jesus Cristo – homem – “Assim também está escrito: O primeiro homem, [Adão], tornou-se alma vivente; o último [Adão], espírito vivificante. O primeiro homem, sendo da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.” (1Cor 15,45.47) mostrou-se aceitável perante Deus vencendo o tentador (Lc 4,1-13). Por isso Paulo disse: “Portanto, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e vida. Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de um muitos serão constituídos justos.” (Rm 5,18-19).

  • Segundo motivo: oferecer sacrifício substitutivo.

Se Jesus não tivesse sido homem não poderia te morrido em nosso lugar e pago a penalidade que nos cabia. O autor de Hebreus nos diz: “Pelo que convinha que em tudo fosse feito semelhante a seus irmãos, para se tornar um sumo sacerdote misericordioso e fiel nas coisas concernentes a Deus, a fim de fazer propiciação pelos pecados do povo.” (Hb 2,17).

  • Terceiro motivo: intermediar entre Deus e o homem.

Estando nós afastados de Deus por causa do pecado, carecíamos de alguém que intercedesse por nós perante Deus e nos reconciliasse com Ele. Precisávamos de alguém como nós, porém perfeito e sem pecado, para atuar como um mediador e um advogado. Só Jesus poderia preencher este requisito – “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem,” (1Tm 2,5).

Jesus pode realmente ter empatia para conosco e interceder por nós, já que ele “sentiu na pele” todas as aprovações pelas quais passamos os nossos sentimentos, frustrações e tentações. Experimentou o que é sofrer, passar fome e frio, ficar exausto e abatido, sentir-se o rejeitado – “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.” (Hb 4,15).

  • Quarto motivo: deixar exemplo e padrão a ser seguido.

João disse: “Aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou.” (1Jo 2,6). Paulo nos diz: “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (1Cor 3,18). Pedro nos faz lembrar do exemplo deixado por Cristo – “Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas.” (1Pe 2,21). Na vida cristã, “corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, fitando os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé.” (Hb 12,1-2).

  • Quinto motivo: ser modelo de ressurreição.

Quando Jesus ressurgiu dentre os mortos, o fez num novo corpo de glória, como ensina Paulo – “...semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual..... corpo espiritual” (1Cor 15,42-49). Jesus tinha que ressuscitar como homem para ser “o primogênito dentre os mortos” (Cl 1,18), o padrão do corpo que teremos mais tarde.

  • Sexto motivo: compadecer-se como sumo sacerdote.

O autor de hebreus lembra-nos de que “naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.” (Hb 2,18; cf. 4,15-16). Se Jesus não tivesse existido na condição de homem, não teria conhecido por experiência o que sofremos em nossas tentações e lutas nesta vida.

CONCLUINDO



Não há como medir tão extraordinário ato de amor que levou nosso Senhor a abdicar da eterna gloria e poder para se tornar um mortal, vivenciando as limitações de um ser menor que ele mesmo criou. E se nos maravilhamos com seu amor, surpreende-nos ainda o fato de que para nos salvar Jesus não apenas se tornou “temporariamente homem”, mas uniu para sempre a sua natureza divina com a natureza humana. Agora e para sempre ele vive, não só como Filho eterno de Deus, a segunda pessoa da Trindade, mas também como Jesus, o homem que nasceu de Maria, o Cristo, o Messias e o Salvador de seu povo. Jesus permanecerá  para sempre plenamente Deus e plenamente homem, e ainda uma só pessoa. E nós, seres regenerados, novas criaturas... nós, os que crermos, viveremos para sempre com Ele – o Deus que se fez homem.

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