segunda-feira, 22 de outubro de 2012

DOUTRINA DA IGREJA - LIÇÃO 08 – PALAVRAS QUE DESCREVEM OS MEMBROS DA IGREJA – II




“Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo.” (At 2,47).

                I.      INTRODUÇAO.

Temos visto até aqui, pelos termos utilizados na Bíblia para designar os membros da Igreja do Senhor Jesus, que pertencer a esta comunidade espiritual é um privilegio! Vamos relembrar? Somos propriedade de Cristo, fazemos parte de Sua família, pelo Espírito Santo podemos viver no amor, na fé e na pureza; e, em Jesus, somos verdadeiramente livres do poder da morte e do pecado.

Mas para que o homem possa se apropriar de todos os benefícios que estes títulos trazem, ele precisa reconhecer o seu pecado, ser batizado e entregar sua vida. Aquele que pode fazer o que “as coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.” (1Cor 2,9).

                                                                                                            II.      DISCIPULOS – (Mt 28,18-20; Jo 13,35; Jo 15,8).

O termo discípulo vem de uma palavra no grego usada para alguém que está aprendendo – um aluno. Jesus fez o grande convite: “Vinde a mim... e aprendei de mim...” (Mt 11,28-29). Alguns cristãos acham que a única coisa que precisam fazer é acreditar a Cristo como Salvador – e só! Mas, não é! Depois de ir a Jesus, temos que aprender dEle. Os primeiros cristãos podiam literalmente aprender de Jesus através dos seus ensinos. A responsabilidade nossa é começar o grande processo de aprender as grandes lições que achamos na Palavra do Senhor. O autor da carta aos Hebreus alerta sobre o perigo de parar de aprender: “Sobre isso temos muito que dizer, mas de difícil interpretação, porquanto vos tornastes tardios em ouvir. Porque, desde a infância sabes as sagradas letras, que podem necessitais de que se vos torne a ensinar os princípios elementares dos oráculos de Deus, e vos haveis feito tais que precisais de leite, e não de alimento sólido. Ora, qualquer que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, pois é criança; mas o alimento sólido é para os adultos, os quais têm, pela prática, as faculdades exercitadas para discernir tanto o bem como o mal.” (Hb 5,11-14). Há cristãos que pararam de aprender e, por isso, devem voltar para o jardim da infância! O verdadeiro discípulo é aquele que continua aprendendo.

“... e assim sereis meus discípulos.” (Jo 15,8). Jesus é o modelo que nós, Seus discípulos, devemos, seguir. Após sermos salvos por Cristo, através da habitação do Espírito Santo, podemos ser Seus verdadeiros  seguidores.

Aqueles que produzem muito fruto são autênticos discípulos de Jesus; os que buscam cumprir a mensagem contida em Jo 14,12, a saber, os que crêem no Senhor.

                                                                                                                   III.      SANTOS – (Ef 1,1; 1Cor 1,2; 1Pd 1,15-16).

Todos os cristãos são chamados na Bíblia de santos. A santidade é um dos alvos primordiais de todo cristão, e aqueles que aceitam a mensagem de salvação são, por isso mesmo, denominados santos. Em Cristo, o ser humano vai sendo transformado em seu caráter moral, mediante o fruto do Espírito – “Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade. a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei.” - (Gl 5,22-23) segundo a própria imagem de Cristo. A palavra santo, por si mesma, indica alguém dedicado, separado para Deus. O nome de Deus é santo“... porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo.” (Lc 1,49), e os que confiam em Cristo, o Ungido de Deus, compartilham agora, e também no futuro, de sua perfeita santidade, mediante a regeneração de aspectos de sua natureza – “Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.” (Mt 5,48).
Nas paginas do Novo Testamento a palavra santo é aplicada aos crentes em três sentidos, a saber:

a)       Como membros de uma comunidade visível e local (At 9,32.41; 26,10);
b)       Como membros da comunidade espiritual (1Cor 1,2; Cl 3,2);
c)        Como pessoas individualmente santas (Ef 1,18; Cl 1,12; Ap 13,10).

                                                                                                                         IV.      ELEITOS – (Ef 1,3-6; 1Pd 1,2; 2,9-10).

A palavra usada em Ef 1,4 para eleito é “escolhido”. Em 1Pd 2,9, os membros da igreja são chamados de “...raça eleita...”. As pessoas são escolhidas por Deus para a salvação – “Nós, porém, sentimo-nos na obrigação de incessantemente dar graças a Deus a respeito de vós, irmãos queridos de Deus, porque desde o princípio vos escolheu Deus para vos dar a salvação, pela santificação do Espírito e pela fé na verdade.” – (2 Ts 2,13), e a evidenciada eleição é autenticada pelos frutos – “Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos?” (Mt 7,16); “Com efeito, diante de Deus, nosso Pai, pensamos continuamente nas obras da vossa fé, nos sacrifícios da vossa caridade e na firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, sob o olhar de Deus, nosso Pai. Sabemos, irmãos amados de Deus, que sois eleitos.” (1Ts 1,3-4). Esta prerrogativa outorga os corpo de Cristo uma estabilidade inquestionável; não há o que nos separe do amor de Deus – “Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 8,38-39). A doutrina da eleição nos garante a certeza da salvação. Em 1Pd 2,10 está escrito; “...Vós que outrora não éreis seu povo, mas agora sois povo de Deus; vós que outrora não tínheis alcançado misericórdia (Os 2,25), mas agora alcançastes misericórdia.”

                                                                                                                     V.      SACERDOTES (Ex 19,6; 1Pd 2,9; Ap 15,6).

Em 1Pd 2,5 – “... e quais outras pedras vivas, vós também vos tornais os materiais deste edifício espiritual, um sacerdócio santo, para oferecer vítimas espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo.”, observamos que todos os cristãos são sacerdotes. Mais especificamente “sacerdócio santo”. Cabe o sacerdote o papel de interceder por outrem. A igreja tem o papel de interceder por outrem. A igreja tem o papel de interceder pela conversão daqueles que se acham distantes de Deus, trazendo-os também pela evangelização, isto é, a pregação da Palavra. Sacerdotes são aqueles que pertencem à família real, visto que em Hb 4,14-16 – “Temos, portanto, um grande Sumo Sacerdote que penetrou nos céus, Jesus, Filho de Deus. Conservemos firme a nossa fé. Porque não temos nele um pontífice incapaz de compadecer-se das nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado. Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno.” – Cristo é identificado como Sumo Sacerdote assentado sobre um trono. Cristo pertence à ordem sacerdotal de Melquisedeque – “Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec (Sl 110,4).” (Hb 5.6;7,17) . A idéia de que os sacerdotes cristãos também são reis é baseada em duas passagens bíblicas (“... e vós sereis para mim reino sacerdotal e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel.” Ex 19,6; “...e da parte de Jesus Cristo, testemunha fiel, primogênito dentre os mortos e soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu sangue e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai, glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém.” Ap 1,5-6).  A ultima, por se tratar de um texto profético, alude à eternidade futura, seja como for, o verdadeiro cristão desde agora já “reina em vida” (Rm 5,17).

                                                                                                                             VI.      “OS DOS CAMINHOS” – (At 9,2).

Esta expressão é a mais remota forma de se referir aos cristãos. É usado seis vezes no livro de Atos dos Apóstolos (At 9.2; 19,9.23; 22,4; 24,14.22). O termo “Caminho” era empregado para se referir ao Cristianismo, como a “estrada de Deus”. Curiosamente esta expressão surge em passagens relacionadas a incidentes na vida de Paulo, que não tinha um endereço fixo, mas vivia em viagens e expedições missionárias. Podemos também dizer que os cristãos são aqueles que sempre estão com “o pé na estrada”, andando com Deus e semeando a palavra pelos caminhos. Não devemos esquecer que o próprio Senhor Jesus chamou-se de “... o Caminho” (Jo 14,6).

                                                                                                                                                         VII.      CONCLUSAO.

Aprendemos nestas duas lições dez palavras que descrevem o perfil dos membros da igreja. Nós, cristãos, devemos aplicar o significado de cada uma delas em nossa vida, sabendo que fomos comprados pelo Senhor Jesus, separados por Ele para, juntamente com os outros cristãos espalhados sobre a face da terra, brilhar como Luzeiros deste mundo, no qual somos peregrinos, com a missão de interceder pelos perdidos.

Na próxima lição iremos estudar os ordens da Igreja Católica Apostólica Romana.

Marco Antonio Lana

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