“Assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente uns dos outros” (Rm 12,5)
I. INTRODUÇAO.
A bíblia refere-se à Igreja de maneiras bem variadas. Mas, primeiro e principalmente, ela é o corpo de Cristo. A igreja, nesta definição, é o organismo espiritual composto de partes mutuamente interdependentes, as quais são seus membros. A nossa união com Cristo faz com que sejamos membros uns dos outros – “assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente uns dos outros.” (Rm 12,5). È interessante que, mo N.T. , há mais imperativos que se referem ao nosso relacionamento uns com os outros do que aos nossos deveres no mundo ou até ao nosso relacionamento com Deus. Isso implica que meu relacionamento com o Senhor é medido por meus relacionamento com outros cristãos, mais do que qualquer outro fator (“Ora, o seu mandamento é este, que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, como ele nos ordenou.” 1Jo 3,23; “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de Deus; e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, não pode amar a Deus, a quem não viu.” 1Jo 4,7.20).
Portanto, devemos levar a sério o fato de que somos membros uns dos outros. Mas sabermos o que significa isso? O rol de membros de nossas igrejas parece mais uma formalidade do que a realidade desejada por Deus. Biblicamente, membresia significa vida partilhada em conjunto. Outra palavra para descrever a igreja é koinonia, que indica natureza coletiva ou comunitária absolutamente essencial ao seu verdadeiro ser. A igreja não existe, não pode desenvolver-se sem vida de comunidade. A expressão natural da vida de Cristo no salvo leva-o a se reunir (“Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E , perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração.” - At 2,44.46) e a resistir à tentação de deixar de se carregar (“não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” Hb 10,25). Qualquer cristão, pois, que deixa de experimentar a vida intima da comunhão com os irmãos, deixa de experimentar a Igreja como corpo de Cristo.
É quando a igreja está reunida – quer como pequeno grupo numa casa (“Saudai a Prisca e a Áqüila, meus cooperadores em Cristo Jesus , os quais pela minha vida expuseram as suas cabeças; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios. Saudai também a igreja que está na casa deles. Saudai a Epêneto, meu amado, que é as primícias da Ásia para Cristo.” Rm 16,3-5), quer em celebração geral num prédio (“Pedro e João subiam ao templo à hora da oração, a nona.” At 3,1) – que melhor se pode expressar a “vida do Corpo” de modo a cumprir as palavras das escrituras que dizem: “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor.” Ef 4,15-16).
II. O PROPÓSITO DA MEMBRESIA.
O propósito da membresia é que os cristãos animem e ajudem uns aos outros a expressar a vida de Cristo; e que desta maneira demonstrem o amor e a unidade que devem caracterizar o povo de Deus.
Paulo, escrevendo em 1Cor 12, registra cada membro do corpo é necessário aos outros, portanto, à igreja inteira. Deus queria que todas as necessidades do seu povo fossem supridas. Daí, Ele, por meio do Espírito Santo, distribuiu à Seus filhos capacidades e habilidades especiais. As necessidades de cada um são mais bem atendidas num ambiente onde a comunhão esteja bem desenvolvida.
Dois elementos básicos definem o propósito da membresia.
- Mutualidade.
Podemos afirmar que mutualidade é um estilo de vida afinado com os mandamentos do NT a respeito daquilo que os cristãos devem fazer uns aos outros para expressar o seu amor unidade. Essa atitude produz uma igreja sadia, cheia de vigor que naturalmente transbordará num notável impacto sobre o mundo. O resultado é que essa igreja local atinge o alvo principal, glorificar a Deus (“Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” Rm 11,36).
- Exercício dos dons espirituais.
Nessa manifestação básica da vida do corpo, os membros mantêm comunhão por meio da mutualidade e exercem os dons que receberam para servir uns aos outros (“servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” 1Pd 4,10).
Uma das maneiras de nos edificar-mos é por meio da prática dos dons espirituais. Eles tornam-se vitais e práticos quando são despertados, reconhecidos e utilizados dentro da vida de uma comunidade cristã viva (“antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor.” Ef 4,15-16).
Sem a dedicação de uns aos outros e o emprego dos dons não existiria a igreja. Com muita freqüência, infelizmente, é o que ocorre. Cabe a nós criar comunidades de fé onde as pessoas possam compartilhar a vida profundamente uma com as outras.
III. PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DA MEMBRESIA.
Longe de autorizar a idéia de se criar discípulos isolados, sozinhos, assim diz o Senhor Jesus: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.” - Jo 13,34-35.
A mutualidade expressa o amor ordenado por Cristo. Um cristão, que não está exercendo a comunhão, precisa examinar a si mesmo, para verificar se, de fato, ama seus irmãos. O conceito de membros enfatiza algumas características vitais.
1. Os membros valorizam relacionamento.
a) Amam uns aos outros – (Jo 13,34-35; 1Pd 4,8).
b) Sujeitam-se uns aos outros – (Ef 5,21);
c) Suportam uns aos outros – (Cl 3,13);
d) Confessam mutuamente seus pecados uns aos outros – (Tg 5,16ª).
2. Os membros contribuem para desenvolvimento.
a) Edificam uns aos outros – (Rm 14,19);
b) Instruem uns aos outros – (Cl 3,16);
c) Aconselham uns aos outros – (Cl 3,16);
d) Compartilham salmos, hinos e cânticos espirituais – (Ef 5,19).
3. Os membros se ajudam uns aos outros.
a) Servem uns aos outros – (1Pd 4,10);
b) Levam os fardos uns dos outros – (Gl 6,2);
c) São mutuamente hospitaleiros – (1Pd 4,9);
d) São bondosos uns para com os outros – (Cl 3,12);
e) Oram uns pelos outros – (Tg 5,16b);
IV. CONCLUSAO.
Como vimos o alvo de todo cristão é ter uma vida em comunidade. A cada dia, um número maior de cristãos está descobrindo que não pode ser cristão sozinho. Os cristãos não têm forças para viver à altura de sua sublime vocação para o Reino, exceto quando compartilham juntos a vida na comunidade.
Marco Antonio Lana
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