sábado, 4 de maio de 2024

Os Inimigos do Cristão

As Escrituras Sagradas destacam que há uma batalha espiritual que envolve o crente durante o tempo da sua trajetória neste mundo. Nessa batalha, o crente se depara com inimigos que não podem ser vistos aos olhos humanos, porém se manifestam por meio de situações ou até mesmo por pessoas na intenção de desviar o crente da fé. Para lidar com esses adversários, é necessário fazer uso das armas espirituais apropriadas, sem as quais não será possível vence-los.

 

O PRIMEIRO INIMIGO DO CRISTÃO: O DIABO

Rodeado de glória, ornamentos de pedras preciosas (Ez 28.13-15) e criado perfeito, Lúcifer experimentou de toda benfeitoria celestial, contudo, em seu íntimo, iniciou-se um sentimento de não aceitação de sua posição atual, o que então o fez decidir subir “ao céu, acima das estrelas de Deus” e exaltar o seu trono (Is 14.13). Lúcifer (nome que traduzido significa “estrela da manhã”) era um querubim ungido e estava no monte santo de Deus (Ez 28.14), porém decidiu, através de sua ambição que de contínuo crescia em seu íntimo, exaltar-se perante Deus sem sucesso. Esse plano se ia formando, ajudado pelo livre-arbítrio de Lúcifer e, pouco a pouco, o seu pensamento transformou-se em vontade, e a vontade em ação. Então, a maior catástrofe de todos os tempos aconteceu: Lúcifer se rebelou contra o próprio Deus!

Após ter sido chamado de ungido e perfeito, Lúcifer agora passa a ser a origem e o motivo de todo o pecado, tornando-se aquilo que de mais perverso possa existir, a fonte de todo o mal. Alguns títulos lhe foram dados pela Bíblia, eis alguns deles:

·         Serpente: Em referência a sua personificação no episódio da queda;

·         Satanás: (hb satan) significa “adversário”;

·         Diabo: (gr diabolos) que significa “acusador, caluniador”. Este termo é usado somente no Novo Testamento;

·         Belzebu: Termo que significa “senhor das moscas”;

·         Dragão: Chamado assim em apocalipse, fazendo alusão à sua astúcia e voracidade;

·         Tentador: Pois incita à pratica pecaminosa no homem.

Desde a sua queda, num remoto e misterioso passado, Lúcifer, em lugar de anjo de luz, tornou-se o anjo das trevas e do mal. Sabemos, entretanto que pode enganosamente transfigurar-se em um anjo de luz (2 Co 11.14). O seu ódio pela humanidade cresce a cada dia. Satanás é um ser inteligente, um ente inteiramente hostil, inimigo declarado de Deus e dos homens. A Bíblia inteira o apresenta resistindo a Deus e perturbando a paz das nações, com guerras, destruição e miséria. Satanás é mencionado 177 vezes na Bíblia Sagrada, de diferentes maneiras.

Destaque

O primeiro inimigo é o próprio Satanás. Ele possui uma natureza perversa e a Bíblia o retrata como a personificação do mal. O apóstolo João anunciou que o mundo está no Maligno (1Jo 5.19), ou seja, submisso ao domínio do Diabo. No entanto, Paulo assegurou que o Pai nos tirou do império da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do Seu amor, em quem temos a redenção pelo Seu sangue, a saber, a remissão dos pecados (Cl1.13,14). O crente em comunhão com Cristo não está mais sob o domínio de Satanás.

O SEGUNDO INIMIGO DO CRISTÃO: A CARNE

“Carne” (gt. sarx) é a natureza pecaminosa com seus desejos corruptos, a qual continua no cristão após a sua conversão, sendo seu inimigo mortal (Tm 8.6-8,13; Gl 5.17,21). Aqueles que praticam as obras da carne não poderão herdar o reino de Deus (Gl 5.21). Por isso, essa natureza carnal pecaminosa precisa ser resistida e mortificada numa guerra espiritual contínua, que o crente trava através do poder do Espírito Santo (Rm 8.4-14)4. Podemos encontrar na Palavra de Deus várias aplicações e sentidos para a palavra carne, de acordo com o contexto no qual está sendo aplicada. Contudo, trabalhando apenas o sentido pelo qual o título do tópico aponta, precisamos ter muito cuidado com o seu sentido referente a natureza pecaminosa existente em cada crente.

O conflito espiritual interiormente no crente envolve a totalidade da sua pessoa. Este conflito resulta ou numa completa submissão às más inclinações da “carne”, o que significa voltar ao domínio do pecado; ou numa plena submissão à vontade do Espírito Santo, continuando o crente sob o senhorio de Cristo. O campo de batalha está no próprio cristão, e o conflito continuará por toda a vida terrena, visto que o crente por fim reinará com Cristo (Rm 7.7-25; 2 Tm 2.12; Ap 12.11).

Todos nós temos maus desejos, e não podemos ignorá-los. Para seguirmos a orientação do Espírito Santo, devemos lidar com eles, de maneira decisiva (crucifica-los, Gl 5.24).

Esses desejos incluem pecados óbvios, como a imoralidade sexual e as atividades demoníacas, mas também incluem pecados menos óbvios, como a hostilidade, a inveja e a ambição egoísta.

Aqueles que ignoram tais pecados ou se recusam a lidar com revelam que não receberam o dom do Espírito, que leva a uma vida transformada.

Somente sustentados por uma vida espiritual forte poderemos vencer os desejos da carne. Nessa peleja vencerá aquele que for mais alimentado, se for o espiritual ele vence, se for a carne ela vence.

Contudo, nós recebemos do Senhor as ferramentas necessárias para essa peleja, e cabe-nos estar munidos delas para avançarmos em nossa caminhada de fé.

O TERCEIRO INIMIGO DO CRISTÃO: O MUNDO

A palavra “mundo” (gr. kosmos) frequentemente se refere ao vasto sistema de vida desta era fomentado por Satanás e existente à parte de Deus. Consiste não somente nos prazeres obviamente malignos, imorais e pecaminosos do mundo, mas também se refere ao espírito de rebelião que age contra Deus, e de resistência ou indiferença a Ele e à sua revelação.

Isso ocorre em todos os empreendimentos humanos que não estão sob o senhorio de Cristo. Finalmente, o “mundo” também inclui todos os sistemas religiosos originados pelo homem, bem como todas as organizações e igrejas mundanas, ou mornas.

Abordando o tema mundo sob uma ótica de combate espiritual, estamos constantemente sendo bombardeados com a sua atuação maligna e opressora, visando fazer-nos cair ou perder o foco do nosso objetivo final. O Diabo tem agido com sutileza e de maneira ardilosa, tentando fazer com que o mundo se torne aprazível para aquele que despreza a Cristo.

Na presente era, Satanás emprega as ideias mundanas de moralidade, das filosofias, psicologia, desejos, governos, cultura, educação, ciência, arte, medicina, música, sistemas econômicos, diversões, comunicação de massa, esporte, agricultura, etc, para opor-se a Deus, ao seu povo, à sua Palavra e aos seus padrões de retidão (Mt 16.26; 1 Co 2.12; 3.19; Tt 2.12; 1 Jo 2.15,16; Tg 4.4; Jo 7.7; 15.18,19; 17.14).

Portanto, somos convocados pela Palavra de Deus a abandonar a concupiscência da carne, dos olhos e a soberba da vida, entendendo que o nosso chamado veio para algo superior e eterno, que coisa alguma nessa terra poderá ser comparado à nossa herança celestial.

A missão do maligno é nos tirar do foco central que o Senhor determinou para que vivêssemos, fazendo com que muitos sejam condenados juntamente com ele no juízo final.

Destaque

Além do Diabo, temos como inimigos a carne e o mundo, os quais o crente também precisa enfrentar ao longo da jornada da vida cristã. Assim como Satanás, a carne e o mundo são inimigos que o cristão vence a partir do conhecimento das Escrituras Sagradas e da submissão a seus ensinamentos. A Bíblia é o manual de fé e prática do cristão, ela norteia a sua conduta, bem como molda a sua maneira de pensar. É por meio dela que o crente encontra a sabedoria necessária para vencer o pecado e não se conformar com este mundo.

Assim sendo, convém aos crentes buscarem o preparo espiritual para lidar com essas forças inimigas. Embora a peleja faça-se penosa, temos a promessa de que o Espírito Santo estará conosco em todos os momentos, para proteger, consolar e instruir (Jo 14.26). Cabe-nos o compromisso de discernir que a nossa luta não é contra as pessoas, mas, sim, contra as forças espirituais do mal que guerreiam nas regiões celestiais (Ef 6.12).

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