A
Parábola do Joio e do Trigo não aparece nos outros Evangelhos Sinóticos, embora
alguns estudiosos a considerem uma versão revisada de Marcos. No entanto, essa
afirmação é improvável, uma vez que os detalhes presentes nos dois textos (Mt
13:24-30 e Mc 4:26-38) possuem nuances distintas. Deixando de lado a abordagem
crítica dos textos, mais uma vez Jesus se volta para a vida agrícola, que era
comum naquela época, e utiliza figuras do campo, porém, com significados
diferentes.
Significado da Parábola
do Joio e do Trigo
Na
Parábola do Semeador, a “semente” é a Palavra de Deus (Lc 8:11), mas nesta
parábola do Joio e do Trigo, as sementes representam as pessoas. As sementes do
trigo são os “filhos do Reino”, enquanto as do joio são os “filhos do Maligno”
(Mt 13:38).
Na
primeira parábola, a boa semente é a Palavra do Reino, que regenera a vida do
homem. No entanto, na parábola do Joio e do Trigo, os “filhos do Reino”, com
suas vidas transformadas pela Palavra, são os elementos que fazem diferença.
O
nefasto trabalho de semear o joio é uma atividade do Diabo (Mt 13:39). O joio é
uma figura metafórica de algo maligno, e semeá-lo significa infiltrar coisas
ruins. Essas coisas podem significar erros, heresias e desvios doutrinários que
o Inimigo semeia.
Jesus
declara que o joio representa os “filhos do Maligno” (Mt 13:38). Quem são eles?
São as pessoas más que rejeitam a verdade de Cristo e passam a semear ervas
daninhas (joio) junto com as sementes boas (trigo).
Os
“filhos do Maligno” são os mundanos que estão sob o domínio de Satanás e lhe
obedecem cegamente, fazendo a sua vontade (Jo 8:44; 1 Jo 3:8,10; 5:19). São
agentes do Diabo que promovem a desordem e a mistura do certo com o errado, da
justiça com a injustiça, da luz com as trevas no meio do povo de Deus.
Parábola do joio e do
trigo – reflexão:
Os
“filhos do Reino” precisam estar atentos e vigilantes para impedir a invasão
sorrateira dos “filhos do Maligno”. Eles tentam nos convencer a aceitar o
espírito do mundo no estilo de vida cristã que adotamos, influenciar nossas
decisões espirituais no sentido de buscar soluções meramente humanas e minar
nossa mente cristã para adotarmos uma mentalidade que contraria a Palavra de
Deus. Essa mistura sem distinção entre trevas e luz é perniciosa para o Reino
de Deus.
Explicação – O Campo de
plantio
O
campo de plantio (v. 24) representa uma figura presente na Parábola do Joio e
do Trigo. Assim como na Parábola do Semeador em que a semente representa a
Palavra de Deus, nesta parábola, a semente representa os “filhos do Reino”.
Exegetas
bíblicos oferecem duas interpretações sobre o “campo de plantio”. Vamos abordar
a seguinte questão: que “campo” é esse que produz “trigo e joio” ao mesmo
tempo? O que esse “campo” representa? Alguns mestres entendem que se refere à
“igreja” como um todo, ou seja, a cristandade em geral, que possui essa mistura
de “trigo e joio” em seu meio. De forma mais restrita e mística, alguns
estudiosos veem a Igreja como o “corpo místico de Cristo”.
No
entanto, a interpretação mais apropriada e indiscutível é aquela apresentada
por Jesus quando disse aos discípulos que “o campo é o mundo” (Mt 13:38).
Portanto, o “mundo” é o lugar onde a Igreja foi plantada e, como tal, deve
produzir frutos nesse mundo e, com esses bons frutos, satisfazer a fome das
pessoas.
O campo como o mundo
Jesus
foi claro ao declarar que “o campo é o mundo”. Se a Igreja é a expressão da
semente manifestada no mundo, ela não pode fugir de seu papel de revelar essa
verdade por meio do testemunho pessoal de cada cristão e pela pregação dessa
verdade a todas as pessoas. Cada cristão comprometido com Cristo é uma
expressão dessa semente.
O
mundo precisa ver em nós o poder dessa semente positiva sendo semeada em toda a
terra, em todas as civilizações, etnias, raças e nações. Paulo instruiu
Timóteo, dizendo-lhe que Deus “deseja que todos os homens se salvem e venham ao
conhecimento da verdade” (1 Tm 2:4).
A
Igreja está no mundo para produzir bons frutos (Jo 15:5,8). Ela é constituída
pelos “filhos do Reino” e, como tal, somos como as sementes genuínas de trigo.
No entanto, sabemos que existem sementes que imitam o trigo, mas não são
genuínas.
Portanto,
nossa verdade precisa prevalecer sobre a mentira do joio. Deus é o Senhor desse
“campo de trigo”, e se “o campo é o mundo”, entendemos que Ele é o Senhor do
mundo, o verdadeiro proprietário desse campo (Cl 1:13-17).
Ele
tem o direito de propriedade, apesar de o Diabo ser o “ladrão e salteador” (Jo
10:1) que busca tomar posse da propriedade que pertence exclusivamente a Ele
(Sl 24:1). Esse campo é a esfera da habitação humana. Portanto, é o mundo em
que habitamos, e Deus o amou acima de tudo (Jo 3:16).
Explicação – Dois
semeadores
Os
versículos 24 e 25 em Mateus 13 na parábola do Joio e do trigo, contêm a
seguinte declaração:
“O
Reino dos céus é semelhante a um homem que semeia boa semente em seu campo;
mas, enquanto os homens dormiam, veio o seu inimigo, semeou o joio no meio do
trigo e retirou-se”.
Nessa
passagem, Jesus destaca dois semeadores: “o homem que semeia boa semente em seu
campo“, ou seja, o dono do campo de trigo (versículo 24), e “o inimigo”
(versículo 25) que secretamente entrou naquele campo e semeou o joio. Esses
dois semeadores são distintos em caráter e propósito em relação ao campo de
plantio.
O
primeiro semeador é “o homem”, o proprietário do campo, também identificado
como “o pai de família” (Mateus 13.24,27) e como “o Filho do Homem” (Mateus
13.37). Na parábola anterior, o semeador tem forma dupla: ele pode representar
todo cristão que prega o Evangelho de Cristo e também o próprio Senhor Jesus.
Jesus, o semeador,
semeia em seu próprio campo.
Nos
versículos 24 e 27, encontramos duas expressões com pronomes possessivos, “seu
campo” e “teu campo”, que estabelecem o argumento de que Jesus é o dono desse
campo. O inimigo vem de fora e invade o campo que pertence ao Senhor, para
semear o joio, portanto nada é dele.
No
entanto, em um sentido especial, quando alguém aceita a Cristo como Senhor e
Salvador de sua alma, o Espírito Santo entra em ação, regenerando a pessoa e
transformando-a em “semente de trigo” neste campo.
O Diabo, que semeia o
joio no trigal de Cristo.
O
Diabo, que semeia o joio no trigal de Cristo, é retratado nesta parábola como
um semeador furtivo, que aproveita o momento em que os servos dormem para
invadir o campo de trigo. Ele é um invasor desprovido de qualquer pudor ou
constrangimento diante do terreno do Senhor Jesus.
Por
essa razão, ele aparece de forma direta na Bíblia como “seu inimigo”, ou
indiretamente como “um inimigo”. No entanto, de maneira específica e direta,
ele é identificado como o “Diabo”.
O
Diabo é inimigo de tudo o que se relaciona ao Senhor Jesus, e, portanto, não
tem respeito nem pudor. Ele se infiltra entre “os filhos do Reino”, ou seja, no
trigal, e semeia ervas daninhas com o propósito de prejudicar a colheita final.
Há,
de certa forma, uma trindade do bem e outra do mal que se opõem entre si: o Pai
e o mundo, o Espírito e a carne, Cristo e o Diabo. Na verdade, o Inimigo semeou
em um campo que não lhe pertencia. Embora esse campo pertença ao Senhor Jesus,
“o inimigo” (Diabo) sempre buscará produzir o mal ali.
O
trigo é símbolo de alimento, nutrição e energia para as almas que têm fome
espiritual. No Antigo Testamento, o trigo se usava como oferta no templo,
juntamente com outros alimentos como azeite, vinho, sal e cevada.
O
trigo era essencial, pois representava a provisão de Deus para o povo. Ele é um
símbolo da provisão divina para os seres humanos. Jesus foi o semeador por
excelência, enviado para semear a boa semente em Seu campo.
Servos negligentes –
Significado
No
versículo 25, Jesus afirma que os servos daquele rei foram negligentes em suas
responsabilidades de cuidar e vigiar o campo semeado. O texto diz literalmente:
“mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do
trigo e retirou-se” (Mt 13:25). A Igreja tem o papel de guardiã do campo
plantado neste mundo. Ela não pode dormir nem descuidar.
O
inimigo semeou o joio de forma oculta, que percebeu que os servos daquele rei
agiram com irresponsabilidade e falharam em suas obrigações. Eles deveriam
estar cientes de que o inimigo age furtivamente.
Dois tipos de sementes
(Mateus 13: 24,25)
Neste
campo, são semeadas duas sementes distintas: o trigo e o joio. Segundo o texto
bíblico, foi “o Filho do Homem” quem plantou “a boa semente”, representada pelo
trigo, enquanto “seu inimigo” (o Diabo) semeou o joio no meio do trigo.
O
joio – Significado
O
que é o joio? O joio é um gênero de plantas (lolium) pertencente à família das
gramíneas, também conhecido como zizanion em grego ou cizânia em sua forma
aportuguesada. É uma planta herbácea que se assemelha ao trigo durante o
período de crescimento das folhas, mas revela diferenças durante a floração e a
frutificação.
O
joio (cizânia) é uma espécie de ervilha selvagem, com folhas pinuladas e flores
papilionáceas, que podem ter coloração azul-purpurino ou avermelhada,
facilmente distinguida pela cor durante a maturação em comparação ao trigo.
Quando as plantas (trigo e joio) são jovens, é difícil distingui-las, mas
quando amadurecem, torna-se impossível confundi-las (Mt 13:39,40).
O
texto menciona que enquanto os homens estavam “dormindo”, o inimigo veio e
semeou o joio no meio do trigo. Até que a espiga apareça, não há diferença
perceptível entre o trigo e o joio. Somente quando a espiga surge, é possível
notar a diferença, pois o joio produz grãos pretos (ou vermelhos, e até
azulados), enquanto o trigo produz grãos amarelos.
O
joio é considerado uma “erva daninha” ou “trigo silvestre” que contém uma certa
porcentagem de veneno em seus grãos. A ingestão de grãos de joio misturados ao
trigo pode causar náuseas, vertigens e até convulsões.
É
interessante perceber que o joio surge semelhante ao ramo de trigo quando é
novo, o que ressalta a importância de a Igreja ter zelo pelos novos
convertidos.
Durante
a colheita, é necessário cuidado ao separar o trigo, removendo todos os grãos
falsos. É importante observar que o plantio do joio é feito individualmente,
semeando o joio separadamente. Na visão de Cristo, a colheita e a separação
entre o trigo e o joio são fundamentais (Mt 13:39,40).
O trigo – Significado
O
trigo é uma planta herbácea pertencente à família das gramíneas. Sua origem
remonta à região entre o Mediterrâneo e o Irã, cultivado em regiões de clima
temperado. A palavra “trigo” deriva do termo em latim tritricum aestivum, que
significa “erva de verão”, devido ao fato de ser uma planta cultivada principalmente
em terras quentes. Essa planta apresenta um formato cilíndrico e ereto, com
folhas planas, espigas densas e grãos ovóides, macios e farináceos.
Jesus
chama a atenção de seus discípulos para o cultivo do trigo e a importância de
cuidar dele adequadamente. O trigo, devido às suas características nutricionais
e proteicas, fornece grãos que podem ser transformados em amido para a produção
de pão. Em sua parábola, Jesus utiliza uma metáfora ao se referir ao joio como
“boa semente” e, de forma figurativa, explica aos seus discípulos que essa “boa
semente” representa “os filhos do Reino” (Mt 13:38).
Na
parábola do semeador, a boa semente era a “palavra do Reino” (Mt 13:19), ou
seja, a Palavra de Deus. Nesta parábola do Joio e do Trigo, a “boa semente”
produz o resultado esperado por meio da receptividade, entendimento e
obediência das pessoas que, ao receberem essa “boa semente” em seus corações,
tornam-se “filhos do Reino de Deus”.
Além
disso, o trigo é símbolo de alimento, nutrição e energia para aqueles que têm
fome e sede de justiça, ou seja, fome e sede espiritual (Mt 5:6). Jesus foi e
ainda é “o homem que semeia boa semente em seu próprio campo” (Mt 13:24). Nós,
cristãos, somos os semeadores de nosso tempo, e por isso ainda há sementes no
celeiro de Deus a serem espalhadas pelo mundo. Jesus é o pão vivo do céu que
pode satisfazer a fome espiritual dos famintos (Jo 6:35,48-50).
Explicação - O tempo da
Colheita na parábola do joio e do trigo Mateus 13
A
colheita envolve esperança, paciência e fé por parte daqueles que cultivaram a
terra e semearam. O apóstolo Paulo escreveu que “o lavrador que trabalha deve
ser o primeiro a desfrutar dos frutos” (2 Tm 2:6), e o apóstolo Tiago reforçou
esse conceito de colheita ao afirmar: “Veja como o agricultor espera com
paciência o precioso fruto da terra, até receber as chuvas do outono e da
primavera” (Tg 5:7). Ambas as referências bíblicas indicam que a colheita é o
resultado final de um tempo de espera paciente para desfrutar dos frutos.
Nesta
parábola do joio e do trigo, a mensagem de Jesus tinha um caráter escatológico
de julgamento, pois falava da separação entre os bons e os maus, entre os
justos e os injustos, entre o trigo e o joio, entre “os filhos do Reino” e “os
filhos do Maligno” (v. 38). No entanto, os discípulos de Jesus fizeram duas
perguntas que mereceram respostas objetivas do Mestre.
Duas
perguntas interessantes na parábola do Joio e do Trigo:
A
primeira pergunta está no versículo 27: “Senhor, não semeaste tu no teu campo
boa semente? Por que tem, então, joio?”
Os
discípulos expressaram sua preocupação com o fato de que “o campo” pertencia ao
Senhor e que o semeador era o próprio Senhor, que havia semeado apenas “a boa
semente”. Então, por que o joio apareceu nessa semeadura? Se o joio representa
o mal, devemos admitir que a existência do mal é inevitável. Como entender e
aceitar a presença do mal na igreja? Como compreender sua realidade no mundo?
A
questão do joio e do trigo nesta parábola nos leva a um dos mistérios mais
profundos relacionados ao “bem e ao mal”. Sem entrar na discussão desse tema, a
mensagem da parábola é que o mal é uma realidade que se opõe a Deus. O mal não
é uma pessoa em si, portanto, a ideia de que o Diabo é o próprio mal é falsa. O
Diabo utiliza o mal para se opor a Deus.
No
Novo Testamento, percebe-se um certo dualismo apresentado pelos escritores,
como o reino de Deus e o reino de Satanás, luz e trevas, bem e mal, verdade e
mentira. No entanto, devemos ter cuidado para não personificar o Diabo como o
mal.
Da
mesma forma, “o bem” não é Deus, mas Deus é o criador do bem e do mal, conforme
Isaías 45:7: “Eu formo a luz e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu,
o Senhor, faço todas essas coisas”. No entanto, é necessário interpretar
adequadamente o “mal” ao qual o profeta se refere. Matthew Henry, em seu
Comentário Bíblico, comenta o seguinte:
“Não
há outro Deus além de Jeová. Nada pode ser feito sem Ele ou sem a sua
aprovação. Ele ordena a paz e guia tudo para o bem; cria o mal, não o mal do
pecado, mas o do castigo. Ele é o autor de tudo o que é verdadeiro, santo, bom
e feliz; o mal, o erro e a miséria entraram no mundo por sua permissão, através
da apostasia voluntária de suas criaturas, mas estão restritos e governados por
seus justos propósitos.”
Portanto,
a existência do mal é um fato indiscutível. A questão filosófica e teológica do
“bem e do mal” não cabe neste estudo, mas devemos reconhecer que Jesus ensinou
sobre esse tema, distinguindo “o bom trigo” do “mau joio”. Naquele campo de
plantio, o semeador havia semeado apenas “a boa semente”, mas por que, então,
surgiu a “má semente”?
A
expressão singular “boa semente” tem um sentido coletivo, referindo-se às
sementes retiradas do bornal e lançadas na terra. Devemos conviver com esse
fato. Na igreja, o campo foi semeado com “boa semente”, mas constantemente nos
deparamos com “sementes daninhas” que surgem para envenenar a vida dos crentes.
A hostilidade de Satanás contra a igreja estará sempre presente, portanto,
precisamos estar atentos às suas astutas ciladas.
A
“boa semente” são os filhos do Reino, os crentes sinceros e comprometidos com o
Reino de Deus, que representam o “trigo” semeado. O “joio”, por sua vez,
consiste nos filhos do Maligno, ou seja, todos aqueles que fazem a vontade de
Satanás. Esse “inimigo” introduz e infiltra “seus filhos” no meio da igreja, no
campo de trigo, para envenenar o trigal com heresias e conceitos espirituais
errados.
A
segunda pergunta está no versículo 28: “Queres, pois, que vamos arrancá-lo?”
Quando
sabemos que o joio é uma praga no meio do trigo, tendemos a tomar medidas
drásticas contra essa praga. Jesus mostrou a impaciência dos trabalhadores
daquela seara que queriam arrancar imediatamente todo o joio. Desejavam limpar
o campo daquelas ervas daninhas, mas o “pai de família” chamou a atenção deles
para dois fatos.
Primeiro,
seria inútil tentar arrancar o joio quando ainda estivesse verde, pois nessa
fase inicial de crescimento da plantação, ambos são muito parecidos. Arrancar o
joio significaria correr o risco de arrancar também o trigo. Isso ilustra a
existência do mal do joio no meio do trigal.
Devemos
ter paciência e esperar o tempo adequado para separar o verdadeiro do falso. Às
vezes, na igreja, há cristãos impacientes com aqueles que não correspondem ao
padrão de cristãos autênticos, mas Jesus nos exorta a ter paciência com eles.
Cuidado com processo de
separação do trigo e do joio
A
colheita deve ocorrer no tempo apropriado, quando a separação entre o trigo e o
joio será feita. O proprietário do campo de trigo ensinou aos seus
trabalhadores que não devem arrancar precipitadamente o joio, mas disse:
“Deixem que ambos cresçam juntos até a colheita” (Mt 13:30).
A
Igreja é formada por pessoas humanas e, inevitavelmente, teremos que conviver
com pessoas boas e más, sinceras e falsas, justas e injustas até o momento da
colheita. Não cabe à Igreja tentar eliminar aquelas pessoas que causam
problemas ao seu progresso. Não podemos ter a impaciência de João e Tiago, que
desejavam que fogo descesse do céu para consumir aqueles que rejeitavam a
mensagem de Cristo (Lc 9:51,52).
Devemos
conviver com o mal, por isso podemos compreender a oração sacerdotal de Cristo
por seus discípulos: “… não peço que os tires do mundo, mas que os protejas do
mal” (Jo 17:15). Aprendemos com Cristo que a colheita prematura, antes do tempo
adequado, representa uma ameaça para o trigo. São dois elementos e princípios que
devem se desenvolver em paralelo até a colheita.
Outra
verdade a ser destacada é que os ceifeiros não são os seres humanos, mas os
anjos de Deus (Mt 13:39,41). No presente momento, enquanto a plantação está
crescendo e não alcançou a maturação, ao percebermos a presença do joio, não
devemos agir com precipitação e intolerância.
Infelizmente,
a intolerância e a impaciência em relação aos crentes problemáticos dentro da
igreja têm causado grandes danos morais e espirituais. Muitos cristãos novos
acabam sendo excluídos juntamente com aqueles que apresentam problemas. A
disciplina corretiva é recomendável para purificar o campo, mas a exclusão sem
misericórdia acaba destruindo também o trigo (1 Co 5:4,5).
O tempo próprio da ceifa
– Significado
Na
parábola do Joio e do Trigo, podemos interpretar o versículo 30 de Mateus 13 em
duas partes.
A
primeira parte do versículo 30 de Mateus 13 diz:
A
primeira parte afirma que devemos deixar o joio e o trigo crescerem juntos até
a época da colheita.
Deixai crescer ambos
juntos até à ceifa; -
Mateus 13:30a
Isso
ocorre porque, ao arrancarmos o joio no meio do trigo, corremos o risco de
também danificar o trigo. Portanto, o Senhor aconselha que deixemos ambos
crescerem juntos até o momento da colheita final.
Enquanto
o trigo ainda está jovem e verde, é difícil distinguir a diferença entre ele e
o joio, pois naquela fase eles se assemelham bastante. Somente quando o trigo
amadurecer é que será possível perceber a diferença entre os dois.
Essa
lição do Senhor pode se aplicar na vida pastoral da igreja, onde o joio,
representando elementos prejudiciais, sempre surgirá para perturbar a vida do
trigo, que simboliza os fiéis. Devemos ter paciência e a capacidade de suportar
o falso, o hipócrita e aqueles que fingem ser seguidores de Deus.
Às
vezes, o Senhor permite que o joio esteja presente em nosso campo de trigo para
que aprendamos a conviver de maneira sábia.
A
segunda parte do versículo 30 de Mateus 13 diz:
“…quando
chegar a época da colheita, direi aos ceifeiros: primeiro colham o joio e
amarrem-no em feixes para ser queimado; depois colham o trigo e armazenem-no no
meu celeiro”. - Mateus 13:30b
Na
primeira parte, somos instruídos a conviver com o joio até o momento da
colheita. Na segunda parte, o Mestre indica que a colheita ocorrerá na
“consumação dos séculos”, ou seja, no momento do Juízo Final de Deus.
O que podemos entender
por “fim do mundo”?
Nesse
contexto da parábola, a palavra “mundo” refere-se ao sistema satânico que
prevalece na terra. No entanto, chegará o dia em que esse sistema será desfeito
e terá um fim, dando lugar a um novo tempo, o da plenitude de Deus.
Quando
chegarmos a esse tempo, haverá uma separação entre o trigo e o joio. Mais uma
vez, o Senhor utiliza linguagem figurada e metafórica para descrever o processo
de separação na colheita final. A destruição do joio seguirá um processo
específico: ele será colhido separadamente, amarrado em feixes e finalmente
lançado na “fornalha de fogo” (Mt 13:42).
Embora
a linguagem do juízo seja figurativa, isso não nega a realidade. A “fornalha de
fogo” é uma ilustração do estado final dos ímpios na Geena, conhecida como o
“lago de fogo” (Ap 21:8).
Por
outro lado, a colheita do trigo ocorrerá de maneira especial, pois o Senhor
instrui os ceifeiros a reunir todo o trigo e armazená-lo em Seu celeiro.
Naturalmente, esse processo de separação ocorrerá em dois estágios e tempos
diferentes.
Primeiro,
os ceifeiros colherão e separarão o trigo, que representa os justos e fiéis. Em
seguida, numa segunda fase, no final de tudo, eles separarão o joio,
amarrando-o em feixes e lançando-o no “fogo ardente”, que é o destino final dos
ímpios. Na vinda do Senhor Jesus, todos os salvos, ou seja, o trigo, serão
recolhidos para os celeiros nos céus (1 Ts 4:15-17).
Que lições aprendemos
com a parábola do joio e do trigo?
Aprendemos
com a parábola do Joio e do trigo, que devemos conviver neste tempo presente
com a existência do mal, mas podemos viver com sabedoria, prudência e firmeza
na fé, sem nos deixarmos envolver pelo mal.
Também
aprendemos que o poder milagroso do Senhor pode transformar o joio em trigo,
pois até o tempo da colheita temos a oportunidade de testemunhar esses
milagres.
Devemos
compreender que há tempo para todas as coisas, para semear e para colher, como
está escrito na Bíblia:
“Para
tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do
céu: tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o
que foi plantado”.