domingo, 25 de junho de 2023

Tanque de Betesda: estudo sobre a cura de um paralítico

O tanque de Betesda foi o lugar onde Jesus curou um homem doente há 38 anos. Muitas pessoas esperavam por um milagre na água do tanque, mas Jesus curou o paralítico apenas com suas palavras! O poder não estava no tanque de Betesda, mas em Deus.

 

"Há em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas, um tanque que, em aramaico, é chamado Betesda, tendo cinco entradas em volta. Ali costumava ficar grande número de pessoas doentes e inválidas: cegos, mancos e paralíticos. Eles esperavam um movimento nas águas.[De vez em quando descia um anjo do Senhor e agitava as águas. O primeiro que entrasse no tanque, depois de agitada as águas, era curado de qualquer doença que tivesse]". - João 5:2-4 


Betesda (Bethesda) significa "casa de Misericórdia". Provavelmente, foi assim denominada devido a busca de inúmeros doentes pela cura (misercórdia) neste lugar. Seria assim, um lugar da graça de Deus, que mostrava favor ao povo dando essa virtude através daquelas águas? Ou um lugar Jesus mostra que Ele próprio era a fonte de cura e misericórdia para todo que cresse nele.

 

Essa piscina provavelmente era usada para nado, mergulhos ou banhos, mas tornou-se famosa pela crença que, ocasionalmente, um anjo agitava as águas. Quando isso acontecia, a primeira pessoa que entrasse na água ficaria curada de qualquer doença que tivesse. Por causa desses milagres, muitos doentes ficavam junto ao tanque, aguardando a oportunidade de serem curadas (João 5:2-4).

 

Como era e onde ficava o tanque de Betesda?

 

Esse tanque de águas possuía cinco pórticos (varandas) em volta, onde os doentes e pessoas em sofrimento ficavam aguardando uma oportunidade para serem curadas. Essa piscina ficava localizada em Jerusalém, num edifício próximo à Porta das ovelhas, também mencionada em Neemias 3:32 e Neemias 12:39. Esse portão ficava a norte do Templo.

 

tanque Betesda

 

Alguns estudiosos consideram que havia duas piscinas nas proximidades do Templo. Um tanque superior (2 Reis 18:17), no lado oriente, e outra mais a oeste. Uma piscina seria o tanque de Betesda, próxima à porta das ovelhas e a outra seria o tanque de Siloé, junto ao jardim (Neemias 3:15). Ambas estariam ligadas a uma fonte de água intermitente, que alimentavam esses reservatórios artificiais.

 

Em outro episódio em que Jesus curou um homem cego de nascença, Ele o mandou se lavar no tanque de Siloé (João 9:7). Em ambos os casos, não foi o poder medicinal das águas que possibilitou a cura, mas o poder da Palavra de Jesus Cristo.

 

O paralítico de Betesda

 

Não se sabe muito acerca desse homem, nem mesmo qual é o seu nome. A Bíblia apenas diz que era um homem enfermo que sofria há 38 anos. Não se sabe também que doença ele tinha, mas geralmente é considerado como paralítico, porque não conseguia se mover sem ajuda e também porque ficava ali deitado num leito. Esse homem não teve muitas oportunidades até ali. Provavelmente, quando a água era agitada, ele não tinha ninguém que o colocasse no tanque e, sozinho nunca conseguia ser o primeiro a entrar.

 

Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou: — Você quer ser curado? O enfermo respondeu: — Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada. Quando tento entrar, outro enfermo chega antes de mim. - João 5:6-7

 

Doente e estagnado

 

Este homem não tinha capacidades físicas para fazer quase nada. Talvez já até tivesse tentado alguma alternativa. Mas agora vivia ali parado e doente. Quem sabe até já tivesse se conformado com essa situação, depois de quase 4 décadas, sem que pudesse ver alguma melhora.

 

Provavelmente, ali paralisado, aquele homem não tivesse ainda ouvido falar sobre Jesus e, por isso, ainda nem cresse nele. Sua mente estava fixada nas inúmeras vezes que fracassara na tentativa de alcançar a cura.

 

Você quer ser curado?

 

Quando Jesus lhe perguntou se queria ser curado, o paralítico explicou sua situação. Era uma vítima paralisada dentro de seus limites, dentro da sua própria vida. Assim, também muitos de nós, podemos estar paralisados emocional, profissional e até espiritualmente. Lamentamos não receber ajuda e até justificamos os nossos sofrimentos por falhas alheias. Mas essa não é a pergunta de Jesus: você quer a cura?

 

Não tenho ninguém...

 

Aquele homem além de paralisado também era solitário. Mesmo que tivesse família ou alguém que o ajudasse com sustento, ou levando e buscando do tanque, provavelmente não poderia contar com a ajuda de alguém 100% do tempo. Ninguém mais deixaria seus afazeres para estar ali à espera do movimento das águas.

 

Fato é que aquele homem arranjou uma triste desculpa para responder à pergunta de Jesus. Ele não estava atento a possibilidade de mudança, mas estava focado na sua solidão e sofrimento. O seu passado estava presente demais, para deixá-lo ir. Muitas pessoas arranjam desculpas para não saírem da sua condição. E acabam por rejeitarem a cura, com medo de se desiludirem novamente.

 

Jesus e a cura inesperada

 

Então Jesus lhe disse: — Levante-se, pegue o seu leito e ande. Imediatamente o homem se viu curado e, pegando o leito, começou a andar. E aquele dia era sábado. - João 5:8-9

 

Jesus Cristo provou ter o poder para restaurar a saúde daquele paralítico. Sem nada fazer para merecer, aquele homem recebeu misericórdia de Deus. Cristo graciosamente transformou aquela vida. O paralítico ficou curado e saiu andando! Não esperava que somente por uma palavra tal milagre pudesse acontecer. Mas assim Deus faz!

 

Incompreensão dos judeus

 

Alguns judeus implicaram com o ex-paralítico, porque ele estava carregando sua maca no sábado. Mas o homem respondeu que Aquele que o tinha curado também mandou que levasse sua cama (João 5:10-13). O paralítico ainda não conhecia o nome de Jesus, que tinha se retirado. Aqueles judeus perderam a oportunidade de louvar e agradecer a Deus pela cura recebida. Alguns também nos nossos dias, preferem a retaliação e críticas, em vez de se alegrarem com vitória dos outros.

 

Não peque mais, para que não lhe aconteça coisa pior

 

Mais tarde, Jesus o encontrou no templo e lhe disse: — Olhe, você foi curado. Não peque mais, para que não lhe aconteça coisa pior. O homem se retirou e disse aos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. E por isso os judeus perseguiam Jesus, porque fazia essas coisas no sábado. Mas Jesus lhes disse: — Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Por isso, os judeus cada vez mais queriam matá-lo, porque além de desrespeitar o sábado, também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. - João 5:14-18

 

O que poderia ser pior que ficar doente, "vegetando" durante 38 anos? Jesus deixou bem claro que há coisa pior, muito mais severa que isso. As consequências de uma vida no pecado são graves e o alerta serve para todos nós. Além das bênçãos materiais e cura física precisamos nos agarrar a cura espiritual. Pois, o destino eterno daqueles que permanecem em pecado, longe da salvação em Jesus Cristo será muito mais terrível.

 

Essa passagem fala-nos de uma cura maravilhosa, mas também revela a paralisia e estagnação dos judeus para fé no Messias. O legalismo e religiosidade deles os impediam de se mover na fé em Jesus Cristo. Em vez de ficarem felizes e maravilhados com os sinais e cumprimento das Escrituras, os judeus procuraram matar Jesus por curar no sábado! Outra mensagem importante ensinada por Jesus neste milagre, foi a sua identificação com o Pai, revelando-se igual a Deus.


Curiosidades sobre o Tanque de Betesda

 

Vários pontos dessa história suscita curiosidade nos leitores da Bíblia, com p.ex., a localização atual de Betesda, ou suposta atuação do anjo nas águas, por que Jesus curou aquele homem e outros. Veja alguma curiosidades relacionadas à Betesda:

 

O que realmente acontecia no tanque de Betesda?

 

Aparentemente, aconteciam curas ocasionais. Por parte dos judeus, havia a crença que um anjo, eventualmente, movimentava as águas. Segundo essa tradição, quando isso acontecia, a água adquiria propriedades curativas e o primeiro a estar na água recebia a cura. Contudo, embora fosse a crença tradicional da época, a Bíblia não afirma que era assim, nem Jesus usou a suposta atuação angelical para curar.

 

Entre outros rumores, havia uma lenda árabe em torno dessa narrativa, mas em vez de anjo, era um dragão vindo do abismo. Quando ele acordava as águas paravam, mas quando dormia, as suas convulsões agitavam as águas e promoviam a cura.

 

Além dessa ainda haviam outras crenças pagãs, como a dos gregos do deus Asclépio (Esculápio para os romanos). Havia cultos e templos dedicados ao deus Asclépio, filho de Apolo na mitologia grega, conhecido como o deus da cura ou da medicina. Sua figura está sempre associada a uma serpente envolta a uma bastão, que é hoje também símbolo da saúde e medicina.

 

Havia mesmo um anjo que agitava a água?

 

É difícil dizer com certeza se aconteciam mesmo milagres por ação de um anjo no tanque. Poderia ser simplesmente uma fonte intermitente, que jorrava e movimentava a água de tempos em tempos, fazendo enfermos sentirem-se curados.

 

Por outro lado, outras interpretações consideram a hipótese de, eventualmente, curas acontecerem ali, pelo propósito soberano de Deus. Poderia então existir um anjo a serviço de Deus, enviado para curar de tempos em tempos naquele lugar? Ou poderia Deus, de alguma outra forma, estender a sua misericórdia sarando alguns? Sim, poderia. Mas, a Bíblia não dá comprovação neste texto, nem em outras passagens que haviam curas efetuadas por anjos, movimentando águas, em nenhuma ocasião.

 

Parece fazer mais sentido, o que alguns estudiosos acreditam: que Jesus, através desse milagre, estava refutando todas as crendices acerca das águas de Betesda. Ao chamar a atenção do doente pa Si, Jesus fez com que ele retirasse seus olhos das águas para depositar fé e esperança na Sua Palavra. Para Cristo, era importante que as pessoas confiassem exclusivamente na misericórdia de Deus.

 

O versículo 4 de João 5 é uma nota explicativa?

 

Outro ponto que levanta muita discussão é acerca de João 5:4. Este versículo aparece na maioria das traduções bíblicas entre chaves, indicando que não consta na maioria dos manuscritos originais mais antigos do Evangelho de João. Provavelmente, algum escriba pode ter adicionado este trecho como uma glosa, uma nota para explicar o porquê tantas pessoas se ajuntavam ali. Essa informação não é central na passagem. Mesmo assim, o trecho não precisa ser desprezado, uma vez que não contradiz nenhuma verdade bíblica, apenas registra um dado que era de conhecimento popular na época. O próprio autor João parece estar ciente da tradição oral, comentada no verso 7 - João 5:7.

 

Descobertas arqueológicas

 

Escavações realizadas em 1888, em Jerusalém, nas ruínas do terreno da igreja de Santa Ana, parecem ter revelado a localização do tanque de Betesda. No local onde muitos peregrinos cristãos falavam de piscinas gêmeas de Betesda, foram descobertas as fundações de uma igreja bizantina, construída pelos Cruzados, sobre o que poderia ter sido os tanques duplos dos tempos de Jesus.

 

Também foi encontrada uma cripta emoldurada imitando os cinco pórticos, onde havia uma abertura no chão para descer até à água, local que foi considerado ser o Tanque de Betesda. Numa das paredes desta ruína ainda havia a representação de um anjo movendo a água, o que parece indicar ser mesmo o local.

 

Além dessas descobertas, também foram encontradas artefatos do período romano, descobertos nas proximidades desses terrenos os quais podem conectar a fama do local com Asclépio, o deus greco-romano da medicina. Esse dado satisfaz o que alguns estudiosos interpretam, sobre a crença comum de cura através de águas medicinais. É possível que já naquele tempo, muitas pessoas buscassem a cura naquelas águas por terem assimilado crendices pagãs.

 

Anjo água tanque betesda

 

De qualquer forma, havia alguma crença que motivava os doentes irem até ao tanque em busca um milagre. Quer fosse verdade ou não, as pessoas acreditavam que podiam ser curadas em Betesda. Mas apesar de serem genuínas na sua busca, Betesda não era a resposta. As águas do tanque não é o foco principal da história...

 

A verdadeira lição e significado da cura em Betesda

 

A história da cura no tanque de Betesda mostra o poder de Jesus. Enquanto muitos esperavam anos por uma rara oportunidade para serem curados, Jesus mostrou que podia oferecer cura a qualquer um, em qualquer tempo!

 

Não havia esperança para o paralítico de Betesda. A sua condição era semelhante a de muitos outros doentes e sofredores com suas enfermidades. Aos olhos humanos sua situação era impossível, mas Jesus chegou e mudou tudo!

 

Cristo também faz isso em nossas vidas: Ele salva do pecado e nos promete vitória sobre o impossível – a morte. Todos estamos condenados à ela, com os dias contados. Mas Jesus concede vida eterna aos que ouvem, creem e obedecem a Sua voz poderosa.

 

Essa narrativa parece dar um quadro universal da condição humana em todos os tempos. Os doentes em Betesda parecem ser um retirado da humanidade: enferma, debilitada, vulnerável, desacreditada e iludida em diversas crenças, buscando à sua maneira a resposta para sua aflição. Mas Jesus, somente Ele têm as Palavras de Salvação (cura, restauração, vida plena) para o homem. Seja qual for a enfermidade: espiritual, física ou emocional, Jesus pode curar imediatamente! Basta crer na Sua Palavra!

 

Outra lição importante foi dada pelo Senhor Jesus ao paralítico de Betesda e que também serve a nós: ficar paralisado é uma coisa terrível, mas o pecado tem consequências muito piores. Quem continua vivendo para o pecado, e não para Deus, terá que enfrentar um castigo eterno. Se voltar para Jesus significa total mudança de vida.

 

Referências:

  • BÍBLIA DE ESTUDO GENEBRA. 2ª ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil: São Paulo: Cultura Cristã, 2009.
  • BÍBLIA DE ESTUDO ALMEIDA. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
  • BÍBLIA DE ESTUDO CONSLHEIRA. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil: São Paulo: Cultura Cristã, 2019.
  • NOVO TESTAMENTO INTERPRETADO VERSÍCULO POR VERSÍCULO. Volume II (Lucas e João). Russel Norman Champlin. 9ª impressão setembro de 1995. São Paulo: Candeia, 1995.
  • MILLER, J. Maxwell, “JERUSALEM Name Setting Ancient Sources Archaeological Evidence History Tradition”. Eerdmans Dictionary of the Bible, p. 697.
  • Bible Hub Commentary. Comentários João 5:2-18. Disponível em: Acessado em > 25/01/2022.

 

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