O versículo que diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” fala sobre a identidade de Cristo. Esse versículo revela a divindade de Cristo, o Verbo de Deus.
A Bíblia nos apresenta Cristo em diferentes estados. Isso significa que, conforme o testemunho bíblico, encontramos Cristo agindo em diferentes papéis em diferentes tempos. E quando a Bíblia diz que “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”, ela está se referindo ao estado de Cristo antes da encarnação.
A história de Cristo não começou com seu nascimento em Belém. Na verdade, à luz desse versículo entendemos que Cristo, a Segunda Pessoa da Trindade, jamais teve um começo. Ele mesmo é o Verbo que já era “no princípio”.
No princípio era o Verbo
Ao escrever: “No princípio era o verbo”, o apóstolo João se refere à pré-existência da Segunda Pessoa da Trindade. A expressão “no princípio” é paralela ao primeiro versículo da Bíblia: “No principio criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1:1). Essa expressão então se refere ao princípio do espaço-tempo material do universo, ou seja, quando os céus e a terra foram criados.
O versículo bíblico ainda diz que no princípio “era o Verbo”. Ao aplicar o verbo “ser” João aponta diretamente para o fato de que antes de o mundo existir o Verbo já “era”. Ele não teve um começo, mas Ele sempre foi (cf. João 8:58).
Aqui é importante entender que a palavra “verbo” traduz o termo grego logos, que significa “palavra”. É verdade que o grego logos possui um significado muito amplo. Inclusive, o termo logos era usado na filosofia grega para indicar o princípio racional que ordenava todo o universo. Já no neoplatonismo e nas heresias gnósticas dos primeiros séculos, o Logos era um tipo de poder intermediário entre a divindade e o mundo.
Mas obviamente não é com esse sentido que João emprega o grego logos para falar de Cristo. Ao falar do Logos, ou seja, do Verbo de Deus, João tinha em mente a teologia do Antigo Testamento que já representava a Palavra de forma personificada (cf. Salmo 33:6; Provérbios 8:27-30).
Através das palavras nós nos comunicamos; tornamos conhecida a nossa vontade. Isso quer dizer que as palavras revelam o que se passa em nossa mente e coração. É nesse sentido que João fala de Cristo como o Verbo de Deus, ou seja, Aquele que expressa a mente de Deus e O revela aos homens (João 14:9). A Bíblia diz que Cristo é a Palavra final de Deus para a humanidade; Ele é a expressão exata do ser de Deus (Hebreus 1:1-3).
E o Verbo estava com Deus
Após escrever: “No princípio era o Verbo”, indicando assim a pré-existência de Cristo, João acrescenta: “E o Verbo estava com Deus”. Essa declaração expressa a distinção que há dentro da unidade da divindade. No texto grego essa frase transmite o sentido de que o Verbo estava face a face com Deus, indicando uma relação pessoal de estreita intimidade e comunhão.
Então nesse ponto o objetivo do texto bíblico é indicar que o Verbo, isto é, Deus, o Filho, coexistia e usufruía de todo esplendor e glória com Deus, o Pai, por toda a eternidade passada (João 17:15). Portanto, ao escrever que o Verbo estava com Deus, João tratou de enfatizar que o Pai e o Filho não são manifestações sucessivas da mesma Pessoa divina, mas que são Pessoas distintas igualmente eternas e divinas.
E o Verbo era Deus
Mas antes que alguém pudesse tirar alguma conclusão equivocada do significado da declaração de que o Verbo estava com Deus, João acrescentou: “E o Verbo era Deus”. Sim, João estava falando da existência de Pessoas divinas distintas, mas ele não estava ensinando que há diferentes Deuses; ou então que o Filho era menos divino que o Pai.
A expressão: “E o Verbo era Deus” traduz uma frase grega que é construída de forma a enfatizar que o Verbo era da mesma essência da divindade e possuía todos os atributos divinos. Algumas pessoas observam que o grego theos, “Deus”, não é precedido do artigo definido. Então essas pessoas afirmam que o sentido da frase é que o Verbo era “um deus”. Mas é claro que esse tipo de entendimento esta incorreto. Isso porque além de implicar numa ideia de politeísmo jamais aprovada na Bíblia, essa interpretação também não faz uma leitura correta do texto grego.
O substantivo “Deus” não poderia estar precedido do artigo definido porque na sentença grega João colocou o predicado antes do sujeito. O objetivo de João era justamente enfatizar o predicado “Deus”, e assim dar destaque à doutrina da plena divindade de Cristo, o Verbo. Além do mais, frequentemente o grego theos é aplicado no Novo Testamento sem o artigo definido.
Então quem contesta a plena divindade de Cristo com base no fato de que na sentença: “E o Verbo era Deus” o artigo definido é omitido, se apoia numa interpretação incorreta e tendenciosa do texto bíblico; para não dizer numa interpretação desonesta.
No princípio era o Verbo, Ele estava com Deus e Ele era Deus
Portanto, quando João escreve: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”, basicamente ele esta afirmando que Cristo, o Verbo de Deus, já era antes de o mundo existir, e assim foi de eternidade em eternidade desfrutando da mais intima comunhão divina, pois Ele mesmo é da mesma essência da divindade.
A prova disso é que nos versículos seguintes o apóstolo enfatiza ainda mais a divindade de Cristo destacando sua atuação na obra da criação – “todas as coisas foram feitas por intermédio dele” – e a plenitude da essência de Deus que sempre esteve no n’Ele – “a vida estava nele” – que obviamente é a fonte de toda vida que existe na criação, tanto física quanto espiritual (João 1:3,4; cf. Gênesis 1; Salmo 148:5; João 5:26; Atos 17:28-30; Colossenses 1:16,17).
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