Na Bíblia, encontramos duas leis(mais conhecidas como testamentos). Suas regras são diferentes; portanto, é impossível guardar as duas simultaneamente. Mas isso não faz com que se contradigam, pois o mesmo Deus é o autor de ambas. Porém, foram escritas para épocas diferentes. A lei antiga serviu muito bem para a sua época em particular, a nova serve muito bem agora. Consideramos as duas com seus detalhes.
1- A Lei de Moisés
No Monte Sinai, deus deu a lei ao povo de Israel e ordenou que Moisés a escrevesse. Por essa razão, essa lei se tornou conhecida como ‘a lei de Moisés’ ou ‘a lei mosaica’. O Novo Testamento às vezes se refere como ‘a lei’, enquanto a nova ordem que Cristo instituiu é chamada de ‘a graça’.
Sob a antiga lei, Deus declarou princípios morais. Também instituiu uma ordem civil e religiosa que ajudou o povo a guarda-los e praticá-los. Aquela lei com suas cerimônias religiosas apontavam de forma figurativa para Cristo.
Se alguém não obedecia a lei de Moisés, tinha de morrer.
2- Uma lei provisória.
A lei de Moisés era provisória: foi feita para te fim.
Hb 10,1 – ‘A lei é apenas uma sombra das coisas boas que estavam para vir, e não a imagem real das coisas. É por isso que, mesmo com os sacrifícios que são oferecidos repetidamente ano após ano, a lei não pode tornar perfeitos aqueles que se aproximam para adorar’.
Términos sua obra e encontrou seu fim em Cristo.
Rm 10,4 – ‘Cristo é o fim da lei, para que todos os que têm fé nele possam ser declarados justos diante de Deus’.
Você se lembra da história de Sansão? Ele foi um juiz de Israel durante 20 anos. Naquele período, fez muitas maravilhas a favor de Israel. Mas, no final, vencido pelos filisteus por causa das suas debilidades morais, Sansão trouxe morte a si mesmo. Com sua morte matou mais filisteus do que havia matado durante toda a vida.
Vemos na vida de Sansão uma semelhança com a lei de Moisés, a qual também, por causa de sua debilidade, foi finalizada (Hb 7,18-19 – ‘Assim a regra antiga foi anulada porque era fraca e inútil. Pois a lei não podia aperfeiçoar nada. Mas agora Deus nos deu uma esperança melhor, por meio da qual chegamos perto dele’.). No momento de sua revogação, fez mais boas ações do que em todo o tempo de sua aplicação.
Morrendo aquela lei falível, a lei perfeita de Cristo pôde ser efetuada.
É claro que Deus assim planejou desde o principio. Isso pode ser visto na própria lei de Moisés:
(Dt 18,18-19 – ‘Do meio deles escolherei para eles um profeta que será parecido com você. Darei a esse profeta a minha mensagem, e ele dirá ao povo tudo o que eu ordenar. Eu castigarei quem não obedecer às ordens que esse profeta der em meu nome.’).
Essas palavras do próprio Deus apontam para o dia em que um legislador superior a Moisés entregaria uma lei superior. Desse modo, Moisés, ao escrever a primeira aliança, predisse sua anulação. Com a chegada dos profetas, a atenção voltou-se ainda mais para o futuro. Isaias e Jeremias descreveram com mais detalhes a natureza do reino e da lei que haviam de vir.
Jr 31,31-33 – ‘O SENHOR Deus diz: —Está chegando o tempo em que farei uma nova aliança com o povo de Israel e com o povo de Judá. 32 Essa aliança não será como aquela que eu fiz com os antepassados deles no dia em que os peguei pela mão e os tirei da terra do Egito. Embora eu fosse o Deus deles, eles quebraram a minha aliança. Sou eu, o SENHOR, quem está falando. 33 Quando esse tempo chegar, farei com o povo de Israel esta aliança: eu porei a minha lei na mente deles e no coração deles a escreverei; eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Sou eu, o SENHOR, quem está falando’.
3- A Lei de Cristo
Essa é a lei que Deus põe no coração e escreve na mente (Hb 10,15-16 - E o Espírito Santo também nos dá o seu testemunho sobre isso. Primeiro ele diz: 16 “Quando esse tempo chegar, diz o Senhor, eu farei com o povo de Israel esta aliança: Porei as minhas leis no coração deles e na mente deles as escreverei. ”). Em Ro 8,2, Paulo se refere como ‘a lei do Espirito de vida, em Cristo Jesus’. Em outras partes do Novo Testamento, é citada apenas como ‘a Lei de Cristo’. Essa lei é composta de todos os ensinamentos de Cristo e dos de seus apóstolos, registrados no Novo Testamento. Por meio dela, saímos do cativeiro da lei de Moisés para a liberdade de Cristo. A lei de Moisés declarou a justiça de Deus ao homem pecaminoso; a lei de Cristo traz o poder de viver conforme essa justiça. A lei de Moisés foi instituída com ameaças de morte para os desobedientes, mas Jesus veio para salvar seu povo do pecado, dando vida aos que creem.
A época em que vivemos, depois da instituição da lei de Cristo, é conhecida como a ‘era da graça’. A graça não nos da liberdade para pecar, mas nos dá o poder de viver livres do pecado.
A lei de Cristo é o cumprimento do plano perfeito de Deus, estabelecido desde antes da fundação do mundo para salvar a humanidade. A lei de Moisés foi dada por causa das transgressões, enquanto Deus preparava o mundo para a vinda de Cristo.
4- O plano de Deus.
Deus faz tudo perfeitamente e de forma ordenada. A mudança das alianças não ocorreu por causa de algum erro cometido por Deus que o teria obrigado a mudar, mas foi devida ao cumprimento glorioso da primeira fase principal do seu plano de salvação.
Deus fez o homem perfeito e o colocou no jardim do Éden. O pecado do homem, então, corrompeu a raça humana e o mundo em que ele vivia. Mas Deus tinha um plano pronto para salvá-lo. Entretanto, até que esse plano fosse executado, seria necessário que o homem percebesse a gravidade do seu pecado. Portanto, ‘Assim, a lei ficou tomando conta de nós até que Cristo viesse para podermos ser aceitos por Deus por meio da fé’.(Gl 3,24). Assim como o tutor grego exercia uma supervisão rigorosa sobre a criança, e era responsável por seu bem-estar moral e físico ate que ele atingisse a maturidade, assim as normas estritas da lei de Moisés conduziram as pessoas ao lugar onde a lei de Cristo poderia salvá-las.
5- As diferenças
A bíblia faz uma distinção clara entre a velha lei e a nova. Por exemplo: a lei de Moisés ordenou a pena de morte para certas faltas, e também determinou a guerra contra nações pecadoras. Por outro lado, a lei de Cristo nos instrui a amar nossos inimigos e a fazer o bem aqueles que nos tratam mal. Isso porque a nova aliança tira do povo de Deus as responsabilidades do Estado, coisas que lhe pareciam sob a antiga aliança. Também tira os sacrifícios e as figuras da lei, uma vez que se cumpriram em Cristo. Em vez disso, institui um culto espiritual, conduzido pelo Espirito Santo, de modo que seja ‘em espírito e em verdade’. Ela substitui a lei moral, resumida nos Dez Mandamentos, pela lei superior de Cristo. Alguns não querem reconhecer essa última mudança. No entanto, Jesus afirmou isso repetidas vezes ao dizer no Sermão da Montanha: “ouvistes que foi dito (...) E, porem, vos digo”.
6- A nossa afirmação.
Como o próprio Deus estabeleceu primeiro a velha aliança e depois a nova, não é surpreendente que haja muitas semelhanças entre as duas. Mas podemos afirmar, pela autoridade das escrituras, que a lei de Cristo superou completamente a lei de Moisés, sendo a lei de Cristo agora nossa regra de doutrina e conduta. O escritor da Epistola aos Hebreus escreveu há dois mil anos que Deus, ‘e, quando Deus fala da nova aliança, é porque ele já tornou velha a primeira. E o que está ficando velho e gasto vai desaparecer logo.’ (Hb 8,13). As duas leis são tão diferentes que não podemos manter ambas. É adultério espiritual procurar servir a ambas (ver Rm 7,1-6).
A lei de Moisés serviu bem para sua época. Mas, se mantivermos essa lei agora, rejeitando a lei de Cristo, trazemos sobre nós mesmos a condenação. ‘Vocês que querem que Deus os aceite porque obedecem à lei estão separados de Cristo e não têm a graça de Deus.’ (Gl 5,4).
Nós afirmamos, portanto, que a Bíblia mostra claramente que a única lei válida para hoje é a lei de Cristo, e sobre ela devemos basear toda a nossa fé e também o modo como vivemos.
7- Porque a confusão
A maioria das igrejas hoje não faz uma distinção clara entre o Antigo do Novo Testamento. Como é impossível manter os dois, elas escolhem e aceitam ambos apenas algumas partes de que gostam, e rejeitam o resto. Por exemplo: embora hoje nenhuma igreja cumpra totalmente a lei de Moisés, muitas justificam sua participação na guerra participando passagens e exemplos do Antigo Testamento. Assim rejeitam o claro ensinamento de Cristo e dos apóstolos de que devemos amar nossos inimigos e fazer o bem a eles.
Outro erro comum que perverte a doutrina da graça: muitos chamam o Antigo Testamento de ‘a Lei’, como se fosse a única lei; o Novo Testamento é chamado de ‘a graça’, como se nele não houvesse nada além da graça. Alguns reconhecem que é necessário ter simultaneamente lei e graça, mas substituem a lei de Cristo pela lei de Moisés, invalidando assim a graça. ‘Eu me recuso a rejeitar a graça de Deus. Pois, se é por meio da lei que as pessoas são aceitas por Deus, então a morte de Cristo não adiantou nada!’ Gl 2,21). outros ensinam que, como estamos sob a graça, não precisamos de nenhuma lei. Mas, amigo, embora ja não estejamos sob a lei de Moisés, as ordens de Cristo e de seus apóstolos são para nós como uma lei. São a lei de Cristo.
A graça é o grande dom de Deus para a nossa salvação e o poder do Espírito Santo para vencer nossa natureza pecaminosa. Mas no Novo Testamento encontramos tanto a lei de Cristo como a sua graça. O apóstolo Paulo disse que ele nao estava sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo (Assim também, quando estou entre os não-judeus, vivo fora da Lei de Moisés a fim de ganhar os não-judeus para Cristo. Isso não quer dizer que eu não obedeço à lei de Deus, pois estou, de fato, debaixo da lei de Cristo.1Cor 9,21).
Da mesma forma, muitas igrejas hoje aceitam o divorcio e o novo casamento, instrumentos de música e outras formas sensuais de culto e a participação no governo. Elas fazem tudo isso com base no Antigo Testamento, que Deus declarou estar terminado.
8- Nossa confissão
Como cristão do Novo Testamento, cremos e confessamos que o Novo Testamento consiste em toda a vontade de Deus para nós. Convidamos a voce a confessar com a palavra inspirada de Deus e conosco o seguinte:
‘Assim a regra antiga foi anulada porque era fraca e inútil. Pois a lei não podia aperfeiçoar nada. Mas agora Deus nos deu uma esperança melhor, por meio da qual chegamos perto dele.’ (Hb 7,18-19).
‘Assim, a lei ficou tomando conta de nós até que Cristo viesse para podermos ser aceitos por Deus por meio da fé. Agora que chegou o tempo da fé, não precisamos mais da lei para tomar conta de nós. (Gl 3,24-25).
‘Assim percebemos que a pessoa é aceita por Deus pela fé e não por fazer o que a lei manda.’ (Rm 3,28).
‘Porém agora estamos livres da lei porque já morremos para aquilo que nos mantinha prisioneiros. Por isso somos livres para servir a Deus não da maneira antiga, obedecendo à lei escrita, mas da maneira nova, obedecendo ao Espírito de Deus.’(Rm 7,9)
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