(1) Analisando a Bíblia vemos que existe sim menção de que Deus tem ciúmes; observe o texto de Ezequiel 8.3: “Estendeu ela dali uma semelhança de mão e me tomou pelos cachos da cabeça; o Espírito me levantou entre a terra e o céu e me levou a Jerusalém em visões de Deus, até à entrada da porta do pátio de dentro, que olha para o norte, onde estava colocada a imagem dos ciúmes, que provoca o ciúme de Deus.”.
Nessa ocasião o Espírito mostra ao profeta Ezequiel a idolatria em que o povo de Deus estava vivendo, distantes dos caminhos Dele. Até mesmo dentro do templo haviam imagens e idolatria.
Os líderes e o povo aceitavam isso como normal. Essa situação toda provocava esse ciúme em Deus.
(2) Porém, precisamos avaliar corretamente a forma ou o tipo desse “ciúme” que Deus tem. Estamos acostumados com a definição do que é o ciúme humano, que é definido pelo dicionário Priberam online como:
1.Receio ou despeito de certos afetos alheios não serem exclusivamente para nós
2. Inveja.
3. Receio.
Nesse sentido o ciúme humano é algo doentio, que desequilibra mental e espiritualmente o ser humano e, muitas vezes, o leva a atitudes descabidas baseado nesse sentimento egoísta.
Esse tipo de ciúme é chamado na Bíblia de obra da carne e não deve estar na vida do crente: “Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, …” (Gálatas 5:19-20 )
(3) Já esse ciúme atribuído a Deus em alguns versos da Bíblia, é algo bem diferente do ciúme humano pecaminoso, é algo como o “lado bom do ciúme”.
É o que chamamos de antropomorfismo, que é uma linguagem figurada para falar de Deus como se ele tivesse forma, membros, órgãos e sentimentos humanos.
Exemplos: face (Êxodo 33.20), boca (Miqueias 4.4), olhos (Jó 34.21), ouvidos (Salmos 17.6), braço (Isaías 52.10), mão (1 Pedro 5.6), arrependimento (Gênesis 6.6).
Poderíamos compreender melhor esse significado usando também o sinônimo “zelo”. Deus é zeloso pelo Seu povo e também pela Sua própria glória. Um dos dez mandamentos dados por Deus fala sobre isso:
“Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Êxodo 20:5).
(4) De nenhuma forma Deus demonstra nas Escrituras Sagradas um ciúme desequilibrado e que possa ser comparável ao ciúme humano.
Ele é o Criador de todas as coisas, o Soberano, por isso, Seu zelo (ciúme) exige que Suas criaturas andem de acordo com Sua vontade.
Esse zelo de Deus é uma proteção aos Seus filhos amados, que Ele não deseja que se percam e andem em caminhos contrários à Sua palavra.
Não vemos na Bíblia menção de Deus tendo ciúmes por qualquer coisa sem sentido. A menção desse ciúme de Deus sempre está no contexto de quando o povo abandona o Senhor e segue outros deuses, causando justa indignação do Senhor.
Deus é claro quanto a isso: “Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura.” (Isaías 42:8). Esse é o ciúme de Deus mencionado na Bíblia.
(5) Vemos também registrado na Bíblia, por exemplo, em Ezequiel 16:42 o ciúme de Deus como sinônimo da aplicação da sua ira contra os pecadores contumazes:
“Desse modo, satisfarei em ti o meu furor, os meus ciúmes se apartarão de ti, aquietar-me-ei e jamais me indignarei”.
(6) Assim, fica claro que não existe qualquer relação entre o ciúme atribuído a Deus, totalmente legítimo, e o ciúme que vemos presente no ser humano, descontrolado, que a Bíblia chama de obra da carne.
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