VIVENDO NO AMOR DE DEUS - LIÇÃO
16 – VIVENDO A VERDADE EM AMOR
“Mas,
pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é
a cabeça, Cristo.”
(Ef 4,15).
“1.
O ancião à Senhora eleita e a seus filhos, que amo na verdade. Não somente eu,
mas também todos os que conheceram a verdade, 2. por causa da verdade que
permanece em nós e que ficará conosco eternamente. 3. Estejam convosco, na
verdade e no amor: graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Jesus
Cristo, Filho do Pai. 4. Muito me alegrei por ter achado entre teus filhos
alguns que andam na verdade, conforme o mandamento que temos recebido do Pai. 5.
E agora rogo-te, Senhora, não como quem te escreve um novo mandamento, mas sim
o que tivemos desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. 6. Nisto
consiste o amor: que vivamos segundo seus mandamentos. É este o mandamento que
tendes ouvido desde o princípio, e segundo o qual deveis viver. 7. Muitos
sedutores têm saído pelo mundo afora, os quais não proclamam Jesus Cristo que
se encarnou. Quem assim proclama é o sedutor e o Anticristo. 8. Acautelai-vos,
para que não percais o fruto de nosso trabalho, mas antes possais receber plena
recompensa. 9. Todo aquele que caminha sem rumo e não permanece na doutrina de
Cristo, não tem Deus. Quem permanece na doutrina, este possui o Pai e o Filho. 10.
Se alguém vier a vós sem trazer esta doutrina, não o recebais em vossa casa,
nem o saudeis. 11. Porque quem o saúda toma parte em suas obras más. 12. Apesar
de ter mais coisas que vos escrever, não o quis fazer com papel e tinta, mas
espero estar entre vós e conversar de viva voz, para que a vossa alegria seja
perfeita. 13. Saúdam-te os filhos de tua irmã, a escolhida.” (2Jo 1-13).
I.
INTRODUÇÃO.
Conciliar as verdades do evangelho com
a fraternidade cristã é a proposta do autor da segunda epístola. Ele apresenta
o essencial para o andar do cristão numa época em que “Muitos sedutores têm saído pelo mundo afora,” ( v 7), falsificando
o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo com outros ensinos, trazendo doutrinas
estranhas e incoerentes com as já apresentadas pelos apóstolos do Senhor Jesus.
II.
A SAUDAÇÃO – (vs. 1-3).
Quando analisamos os primeiros
versículos da epístola, encontramos algumas informações que nos são úteis para
a compreensão da mesma como um todo. Por exemplo.
1. O
nome do escritor.
De acordo com o costume epistolar grego, o autor começa sua carta se apresentando. Todavia, ele não emprega seu
próprio nome (como nas epístolas paulinas). Ele se apresenta tão somente com o
título “O presbítero” (v1). o mesmo titulo é usado na terceira
carta.
a)
O
termo pode ser uma referência a um título oficial (cf. 1Pd 5,1).
b)
Pode
ser uma maneira carinhosa de se referir ao idoso João.
É evidente que ele era conhecido desse
modo pelos seus leitores. O apóstolo náo tinha dúvida de que eles o
identificariam imediatamente por esse título, que dá testemunho da sua
autoridade reconhecida.
2. O
estilo e vocabulário da epístola.
A epístola tem estilo e vocabulário
semelhantes aos de 1João e aos do evangelho de João. O falso ensino de que fala
2João 7 é semelhante ao de 1João 4,1-3. Pela semelhança de estilo e de assunto, concluímos que as duas cartas foram escritas na mesma ocasião e com referência
aos mesmos problemas.
3. A
identidade dos destinatários
O Manual Bíblico Vida Nova apresenta
duas possibilidades.
a) Uma
amiga pessoal – João
escreveu “à Senhora eleita e a seus
filhos” (V1). Isso pode ser uma referencia a uma amiga pessoal de João. “Alguns
estudiosos apontaram para o uso de senhora nos versículos 1 e 5 e para a
descrição de seus filhos nos versículos 1 e 4 como indícios de que o termo é
aplicado a uma pessoa”. Alguns chegaram a dar à mulher o nome “Kyria” (palavra grega traduzida por
senhora).
b) Uma
igreja local – outra interpretação mais provável é
considerar essa “senhora” e seus “filhos” a personificação de uma igreja
local e de seus membros. A palavra grega equivalente à igreja é de gênero
feminino. Tal gênero é normalmente usado quando se fala da igreja. Uma igreja
também teria mais provavelmente a reputação de andar na verdade do que uma
família em especial – “4. Muito me
alegrei por ter achado entre teus filhos alguns que andam na verdade, conforme
o mandamento que temos recebido do Pai.” (v 4).
4. A
chave do ensino da epístola – (vs
1-3).
A chave do ensino da epístola é a
frase “a verdade”, pela qual João se
refere ao conjunto de toda a verdade revelada. A característica que unia João a
seus leitores era o amor comum pela verdade.
A graça indica a salvação
proporcionada por Deus, e a dádiva de misericórdia de Deus demonstra a profunda
necessidade que os homens têm dela. Paz é uma descrição do caráter da salvação
– “Estejam convosco, na verdade e no
amor: graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, Filho
do Pai.” (v 3).
III.
A VIDA DA COMUNIDADE – (vs 4-11).
O propósito prático da mensagem de
João é mostrado nos vs. 4,11, quando ele se relaciona tanto com a vida interna
da comunidade local (vs 4-6) como
com o perigo doutrinário que ameaça de fora (vs. 7-11). Os dois assuntos estão
intimamente ligados. Podemos defini-los com as seguintes propostas.
1. O
nosso amor aos outros não deve minar a nossa lealdade à verdade.
É bem provável que João tenha se
encontrado com alguns membros da igreja (v 4), e a conduta deles
o impressionara. Mas joão sabia que nem todos os membros estavam vivendo
coerentemente, dai ele dizer: “Muito me
alegrei por ter achado entre teus filhos alguns que andam na verdade”. Por
isso, aquele encontro o levou a fazer um único pedido: amem uns aos outros, mas
fiquem firmes na verdade. Isso nos leva a pensar na relação entre amor e
obediência. Se amamos a Deus, haveremos de obedecê-Lo. Nosso amor por Ele se
expressa na nossa obediência – “Mas,
pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é
a cabeça, Cristo.” (Ef 4,15).
a)
Os
que andam na verdade precisam ser exortados a amarem-se uns aos outros (vs 4-5).
O nosso amor amolece se não for fortalecido na verdade,e a nossa verdade
endurece se não for suavizada pelo amor.
b)
A
comunidade cristã deve ser caracterizada igualmente pelo amor e pela verdade.
Devemos evitar a perigosa tendencia para o extermínio – “Nisto consiste o amor: que vivamos segundo seus mandamentos. É este o
mandamento que tendes ouvido desde o princípio, e segundo o qual deveis viver.”
(v 6).
2. O
nosso amor não deve ser tão cego que ignore as opiniões e a conduta dos outros.
“A
verdade deve tornar discriminativo o nosso amor. João não vê incoerência
nenhuma em acrescentar ao seu pedido para amarrnos uns aos outros – “5. E agora rogo-te,
Senhora, não como quem te escreve um novo mandamento, mas sim o que tivemos
desde o princípio: que nos amemos uns aos outros.”
(v5) uma clara instrução acerca da
recusa de companheirismo aos falsos mestres, que são enganadores e anticristo” – Stott (vs 7-11).
3. O
nosso amor à verdade não nos impede de confrontar aqueles que negam a encarnação
de Jesus.
A heresia desses mestres era que não
confessavam Jesus cristo vindo em carne “os
quais não proclamam Jesus Cristo que se encarnou” (v 7). Aquele que nega a
encarnação não é apenas “um enganador e
um anticristo”, mas o enganador e o anticristo.
IV.
OS PERIGOS NA COMUNIDADE.
João relaciona alguns perigos que tais
atitudes podem causar.
1. A
oposição à encarnação de Cristo – é
uma influência maléfica para a comunidade (v 8).
2. Aquele
que nega Cristo – fica
sem Deus. Não pode ter Deus, isto é, gozar comunhão com Ele (v 9)
3. A
consequência do erro dos enganadores – é muito séria para não ser confrontada. Leva os seus
adeptos a perderem o Pai, bem como o Filho (vs. 9-10).
4. Quem
recebe tais pessoas – torna-se
convivente com elas. “11. Porque quem o
saúda toma parte em suas obras más.” (v 11).
V.
ENCERRAMENTO DA CARTA – (vs 12-13).
João faz algumas revelações
pertinentes para encerrar sua pequena epístola.
1. João
deixa claro que o assunto não termina com epístola – João
tinha muito mais para transmitir aos seus leitores, mas estava aguardando uma
oportunidade para falar-lhe pessoalmente. Preferia falar face a face para não
ser mal interpretado (v 12).
2. João
fala da esperança de vê-los pessoalmente – sempre que conhecemos um irmão ou irmã em um congresso ou
retiro espiritual, manifestamos o desejo de em ocasião oportuna revê-los – “Aliás, confio no Senhor que também eu irei
visitar-vos em breve.” (Fl 2,24).
3. João
pressupõe que eles o receberão bem – Ele
manifestou seu desejo com tanta convicção que não teve nenhuma dúvida de que a recepção seria
calorosa.
4. João
antecipa que o propósito da visita é a comunhão entre eles – o propósito dessa comunhão é “para que a vossa alegria seja perfeita.”
(v 12). A alegria completa é o resultado da comunhão. “O Novo Testamento nada sabe de uma alegria perfeita fora da comunhão
uns com os outros através da comunhão com o Pai e com o Filho” – Stott (1Jo 1,3-4).
5. João
termina dizendo que os membros da igreja de onde ele escreve estão mandando
forte abraço – quando
passa algum tempo fora da comunhão dos irmãos, por motivo de viagem, você sente
saudades?
VI.
CONCLUSÃO.
Para refletir:
1.
Qual
é a relação entre amar a Deus e obedecê-lo?
2.
Como
os irmãos devem tratar aqueles que discordam da igreja em questões
doutrinárias?
3.
O
que significa o termo “anticristo”?
Como sua igreja detecta uma heresia?