A história de Léia é uma história triste. Um casamento que começou com uma mentira, com um marido que não a amava, acabou por levá-la a uma vida amargurada. Léia foi infeliz no casamento.
Jacó teve sua noite de núpcias com Léia pensando que a mulher que quem estava com ela era Raquel, a quem havia amado desde a primeira vez que a vira. Pela manhã, ao acordar e ver que fora enganado, Jacó foi reclamar com o sogro e recebeu a desculpa de que a irmã mais nova não poderia se casar antes da mais velha, Jacó havia sido, literalmente, passado para trás. Mesmo assim, ele não desiste e por mais 7 anos trabalharia de graça para se casar também com Raquel. Assim se inicia a história desta família, com duas esposas e duas concubinas. Com traição, inveja, desamor e desrespeito entre seus membros, que marcaria a vida de todos para sempre.
Léia nunca foi amada por seu marido. No entanto, como o projeto de Deus sempre foi o casamento monogâmico – “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea. Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne” – Gn 2,18,24. Deus abençoou Léia para que tivesse muitos filhos, enquanto que sua irmã, Raquel, permanecia estéril – “Viu, pois, o Senhor que Léia era desprezada e tornou-lhe fecunda a madre; Raquel, porém, era estéril. E Léia concebeu e deu à luz um filho, a quem chamou Rúben; pois disse: Porque o Senhor atendeu à minha aflição; agora me amará meu marido” - Gn 29,31-32.
Assim como toda mulher que almeja Ter o amor do seu marido, Léia também e, na tentativa de conquistar um pouco de amor e consideração, cometeu erros, mas também acertos.
Amor em trocas de filhos
Apesar de Léia Ter começado a vida de casada já dividindo o marido com a irmã, apesar de seus sonhos e ilusões a respeito do amor terem se desvanecido Deus estava sendo bom e justo para com ela. Deus viu o sofrimento dela e, numa época em que a mulher era honrada porque tinha filhos, ela teve muitos.
Um após o outro, seus filhos nasciam. Ao nascer o primeiro, Rúben, esperou que seu marido a amasse. Ao nascer o segundo, Simeão, esperou que deixasse de ser desprezada. Ao nascer o terceiro, Levi, esperou que seu marido fosse morar definitivamente com ela – “E Léia concebeu e deu à luz um filho, a quem chamou Rúben; pois disse: Porque o Senhor atendeu à minha aflição; agora me amará meu marido. Concebeu outra vez, e deu à luz um filho; e disse: Porquanto o Senhor ouviu que eu era desprezada, deu-me também este. E lhe chamou Simeão. Concebeu ainda outra vez e deu à luz um filho e disse: Agora esta vez se unirá meu marido a mim, porque três filhos lhe têm dado. Portanto lhe chamou Levi” – Gn 29,32-34.
Esperanças, esperanças vãs! Nenhuma mulher consegue prender o marido ou conquistar seu amor por causa de filhos. Léia pensou que isso pudesse acontecer e infelizmente, muitas mulheres pensam assim também. E muitas crianças têm vindo ao mundo com a missão de prender seu pai à sua mãe. Isto não é justo, pois uma criança não carregar um peso destes. O resultado disto pode ser desastroso, se a criança se considerar culpada por não Ter conseguido atingir o objetivo de sua mãe ou de seu pai.
O homem não fica com uma mulher porque ela teve um filho seu e, quando fica, é pelo filho e não pela mulher, o que o fará infeliz do mesmo jeito.
Quando um casamento está ruim, não será nascimento de um filho que mudará esta realidade. O casal deve enfrentar seus problemas e resolvê-los, deve investir no relacionamento para que ele melhore e os filhos nasçam como fruto de um amor genuíno e saudável.
Obstinação pelo amor
Desde o início, Léia deveria saber que seu futuro estava determinado – um casamento sem amor.
Um casamento que começou errado, não por culpa dela, mas começou errado, com mentira e traição. Casamentos que começam errados, com algumas exceções, estão fadados a terminar errados. Infelizmente. Mas não precisava ser assim. Se Jacó se esforçasse por gostar um pouco dela, se Léia se sentisse um pouquinho amada, as coisas poderiam ser melhores. Mas não aconteceu assim. Jacó amava Raquel e pronto, era esta a realidade da vida de Léia.
No entanto, ela estava obstinada a Ter amor. E lutou por isto. Deu sua serva Zilpa para também Ter filhos e aumentar sua prole – “Também Léia, vendo que cessara de ter filhos, tomou a Zilpa, sua serva, e a deu a Jacó por mulher” – Gn 30,9; vendeu a Raquel as mandrágoras que seu filho, Rúben, lhe havia trazido, para que Jacó se deitasse com ela – “Ora, saiu Rúben nos dias da ceifa do trigo e achou mandrágoras no campo, e as trouxe a Léia, sua mãe. Então disse Raquel a Léia: Dá-me, peço, das mandrágoras de teu filho. Ao que lhe respondeu Léia: É já pouco que me hajas tirado meu marido? Queres tirar também as mandrágoras de meu filho? Prosseguiu Raquel: Por isso ele se deitará contigo esta noite pelas mandrágoras de teu filho. Quando, pois, Jacó veio à tarde do campo, saiu-lhe Léia ao encontro e disse: Hás de estar comigo, porque certamente te aluguei pelas mandrágoras de meu filho. E com ela deitou-se Jacó aquela noite” – Gn 30,14-16; disputou Jacó co Raquel, como assim pudesse conquistar o amor desse homem, como se não pudesse haver outra alternativa para sua vida.
Como será que os filhos de Léia a viam?
Nossos filhos devem ver em nós alegria de viver, esperança por dias melhores e não frustração, tristeza, reclamação. É com os pais que os filhos aprendem, em grande parte, a maneira e determinação com que irão enfrentar a vida.
Se Léia pudesse Ter se resignado e aprendido a viver para criar seus filhos, dedicar-se a eles, amá-los, talvez conseguisse Ter uma vida mais feliz.
O poder do louvor
Finalmente, depois de lhe nascer o quarto filho, esta mãe resolveu mudar o rumo dos sentimentos de seu coração e louvou ao Senhor. Deu à criança o nome de Judá, que significa “louvado” e, a partir disto, todos os outros filhos que lhe nasceram, inclusive de Zilpa, sua serva, receberam nomes de regozijo – “E Zilpa, serva de Léia, deu à luz um filho a Jacó. Então disse Léia: Afortunada! e chamou-lhe Gade. Depois Zilpa, serva de Léia, deu à luz um segundo filho a Jacó. Então disse Léia: Feliz sou eu! porque as filhas me chamarão feliz; e chamou-lhe Aser. E disse: Deus me deu um excelente dote; agora morará comigo meu marido, porque lhe tenho dado seis filhos. E chamou-lhe Zebulom. Depois. disto deu à luz uma filha, e chamou-lhe Diná. Também lembrou-se Deus de Raquel, ouviu-a e a tornou fecunda. De modo que ela concebeu e deu à luz um filho, e disse: Tirou-me Deus o opróbrio. E chamou-lhe José, dizendo: Acrescente-me o Senhor ainda outro filho. – Gn 30,11-13 e 20-24. Mesmo quando lhe nasceu Zebulom e ela voltou a Ter esperança de que seu marido fosse morar com ela por lhe dado tantos filhos. Léia glorificou ao Senhor – “Deus me deu um excelente dote; agora morará comigo meu marido, porque lhe tenho dado seis filhos. E chamou-lhe Zebulom” – Gn 30,20.
Isto é bastante interessante por que foi justamente de Léia e do filho do louvor – Judá que veio a descendência através da qual nasceria Jesus, a maior benção da humanidade.
Reconhecendo o poder de Deus em sua vida
Depois de tantas decepções e cultivo de falsas esperanças, ela passou a reconhecer que só podia esperar em Deus e confiar no Senhor de sua vida. Só mesmo o poder de Deus para fazer com que pudesse ser mãe tantas vezes.
Foi através dos 7 filhos que teve que Léia reconheceu que Deus se importava com sua vida e que desde o início olhava para ela. Deus compensou a tristeza de Léia com a alegria de ter filhos!
Cada criança que nasce é um milagre divino. É o poder de Deus se manifestando através da vida e do corpo de uma mulher. O Salmo 127,3b diz: “e o fruto do ventre o seu galardão”. Deus nos abençoou dando-nos filhos.
Deus se importa conosco. Ele dirige nossa história de nossa família. Não vivemos sem rumo, sem cuidado. Deus abençoa a nossa vida e a de nossos filhos, por amor a Ele, porque sempre teve e sempre terá um propósito para aqueles que temem.
Não amada, porem honrada.
Por que Jacó nunca foi capaz de amar Léia?
Porque ela tinha olhos tenros e não era tão bonita quanto Raquel – “Léia tinha os olhos enfermos, enquanto que Raquel era formosa de porte e de semblante” – Gn 29,17?
Porque amava tanto Raquel que em seu coração não havia espaço nem para demostrar algum afeto por Léia?
Porque cultivou mágoas em seu coração por Ter sido enganado por seu sogro, Labão?
Se foi por este último motivo, teria ele esquecido que havia enganado a seu pai Isaque e seu irmão Esaú alguns anos antes?
Não sei, nem nunca saberei. O casamento é para se concretizar no amor e o amor, no casamento. Essa é a vontade de Deus. Entretanto, as evidencias são de que o casamento de Jacó e Léia não foi marcado pelo amor, por uma vida de sonhos e planos a dois, mas sem dúvida, um casamento de cuja união carnal nasceram 6 filhos dos 12 que formaram as tribos de Israel.
Perto de sua morte, Jacó reuniu os filhos que havia tido com Léia e revelou a eles que a havia sepultado nos túmulos da família ao lado de seus pais e que ele, Jacó deveria ser sepultado ali também – “Depois lhes deu ordem, dizendo-lhes: Eu estou para ser congregado ao meu povo; sepultai-me com meus pais, na cova que está no campo de Efrom, o heteu, na cova que está no campo de Macpela, que está em frente de Manre, na terra de Canaã, cova esta que Abraão comprou de Efrom, o heteu, juntamente com o respectivo campo, como propriedade de sepultura. Ali sepultaram a Abraão e a Sara, sua mulher; ali sepultaram a Isaque e a Rebeca, sua mulher; e ali eu sepultei a Léia.” – Gn 49,29-31.
Como primeira esposa, era este o direito dela. Tristemente constato que foi somente na sepultura que ela recebeu o que sempre havia de direito seu – o corpo do marido.
Puxa , muito bom esse texto , realmente a história dela foi triste, mas teve muitos filhos, já eu não tenho filho do ventre , mas tenho uma do coração e me alegro, mas queria muito ter um do ventre.
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