“As portas do inferno”
“Pois também eu te digo
que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela;”
Mt 16,18.
I.
INTRODUÇAO.
Ao
declarar que “as portas do inferno”
não prevaleceriam contra a Sua Igreja, nosso Senhor estava nos informando que
os inimigos da Igreja não teriam mais força eu ela. “Portas do inferno” é tradução de “portas do hades” ou “portas
da morte”. A palavra grega hades, traduzida por “inferno”, ocorre dez vezes no NT, e é uma das palavras usadas para
descrever as regiões escuras e sombrias nas profundezas da terra, onde estão os
espíritos separados do corpo.
Em
Gn 3, o Criador colocou inimizade entre a serpente e o descendente da mulher (Gn 3,15), que é Cristo, enfrente
inimigos ferozes.
Nesta
lição, abordarei três desses inimigos que vem como “portas do inferno”, tentando prevalecer contra a Igreja de Jesus
Cristo.
II.
IDEOLOGIAS.
Ideologia
é o conjunto de idéia que orienta as ações sociais de uma pessoa ou grupo. Em
nosso século, a ideologia que prevalece é o pós-modernismo. Esse sistema ideológico deve seu nome às mudanças
ocorridas nas ciências, nas artes e nas sociedades avançadas 1950, quando se
encerra o modernismo. Acompanhe algumas heranças do pós-modernismo e a resposta
bíblica a cada uma.
1.
Secularização.
“Secularização” é sair do religioso para
secular. É o mesmo que dizer que Deus não domina, mas, sim, o mundo. Quando se
faz pesquisa ou censo sobre religiosidade humana, nota-se que está crescendo
muito o numero dos “sem religião”.
Resposta bíblica – Melhor que a secularização é fé
verdadeiramente cristã: Deus é uma pessoa; Jesus Cristo é Deus e a vida eterna
está em Jesus – “Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3,16). Stanley Jones
escreveu: “Há um Deus, e eu preciso
concordar com Ele”.
2.
Consumismo.
Muitas
pessoas são bem pagas para nos convencer de que tudo o que temos não tem tanto
valor se ainda não termos o que elas estão oferecendo. Esse consumismo procura
gerar em nós a compulsão para comprar, mas não nos da os meios de concretizar
esses desejos.
Resposta bíblica – Melhor que o consumismo é o
contentamento e os olhos voltados para os valores do reino de Deus (Mt 6,33; 1Tm 6,6-10).
3.
Pluralismo Religioso.
Uma
frase de Stanley Jones explica tudo: “Religião
é o homem buscando a Deus por isso há muitas religiões; mas o evangelho é Deus
buscando o homem, por isso há um só evangelho”.
Resposta bíblica – Melhor que o pluralismo religioso é a
certeza de que Jesus Cristo é suficiente. Ele é o único Caminho (Jo 14,6; 1Tm 2,5). A Bíblia afirma que
Jesus “pode também salvar perfeitamente
os que por ele se chegam a Deus, porquanto vive sempre para interceder por
eles.” (Hb 7,25).
4.
Privatização.
Compreende-se
por privatização o processo pelo qual a pós-modernidade produziu um abismo
entre a vida pública e privada (particular). A privatização permite que
indivíduos compensem, na vida privada, o que publicamente são proibidos de
fazer.
Resposta Bíblica – Melhor que a privatização é saber que a
Igreja é “propriedade exclusiva de Deus”
(“Mas vós sois a geração eleita, o
sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas
daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.”- 1Pd 2,9);
que Deus não divide Sua glória com ninguém (“Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não
a darei, nem o meu louvor às imagens esculpidas.” – Is 42,8); e que os
olhos do Senhor estão em todo lugar (“Os
olhos do Senhor estão em todo lugar, vigiando os maus e os bons.” Pr 15,3).
5.
Relativismo Moral.
Quem
determina o que é moral ou imoral ou amoral? Eles dizem que a linguagem é
incapaz de comunicar exatamente uma verdade! Linguagem não comunica verdades
absolutas.
Resposta Bíblica – Melhor que o relativismo moral é
conhecer a Verdade Absoluta que é Jesus e a Palavra de Deus. O mundo, por seus
próprios conhecimentos, jamais conhecerá a verdade (“Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria não
conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação os que crêem.” 1Cor
1,21). Os valores de Deus são imutáveis (“Portanto,
o que desde o princípio ouvistes, permaneça em vós. Se em vós permanecer
o que desde o princípio ouvistes, também vós permanecereis no Filho e no Pai.”
(1Jo 2,24).
III.
HERESIAS.
O
apóstolo Paulo escreveu sobre o perigo do “vento
de doutrina” (“para que não mais
sejamos meninos, inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina,
pela fraudulência dos homens, pela astúcia tendente à maquinação do erro.”
– Ef 4,14); Jesus profetizou: “porque
hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e
prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” (Mt
24,24); e Jo advertiu a Igreja cerca dos enganadores (1Jo 2,26; 3,7).
O
que é uma heresia? O sentido básico do termo é “escolha”. Com o passar dos anos tomou o sentido de uma doutrina ou
interpretação teológica que alguém adota, mas é respeitada como falsa. As
heresias deturpam os pontos essenciais, fundamentais ou inegociáveis da fé
cristã.
1.
A Tri-Unidade de Deus – “Eu e o Pai somos um.” – (Jo 10,30).
Há
muitos que não aceitam o fato de Deus ser eternamente subsistente em três pessoas.
Na historia da Igreja sempre houve controvérsias acerca da Trindade. Alguns
achavam que eram três deuses, enquanto outros pensavam que é um Deus que num
momento se apresenta como Pai, noutro como Filho, e, por ultimo como Espírito
Santo. Os primeiros cristãos não queriam perder o seu monoteísmo judaico.
Todavia, o testemunho Bíblico é muito claro: “São, assim, três os que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue;
estes três dão o mesmo testemunho.” (1Jo 5,7-8). Na trindade não há
diferentes níveis de divindade, e sim diferentes funções.
2.
A Bíblia como autoridade final – “Toda Escritura é divinamente inspirada
e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em
justiça;” – (2Tm 3,16).
Alguém
já chamou a Bíblia de “a mãe das heresias”.
Muitas seitas citam a Bíblia, ou criam seu próprio livro “sagrado” a partir das Escrituras. Mas
as heresias surgem quando não aceita a Bíblia como autoridade final. Muitas
religiões até citam a Bíblia, mas a palavra final vem de seus lideres, e não da Palavra de
Deus.
3.
Divindade eterna de Jesus Cristo – “No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava junto de Deus e o Verbo era Deus.” – (Jo 1,1).
Historicamente,
a Igreja passou 400 anos enfrentando as chamadas “controvérsias criptológicas”. Na
verdade, precisavam responder a uma pergunta: “quem é Jesus Cristo?” E muitos criaram varias doutrinas estranhas
á fé bíblica, algumas das quais negavam que Jesus Cristo é Deus. Essa
negociação contradiz totalmente a nossa fé.
4.
Mediação exclusiva de Jesus Cristo – “Porque há um só Deus e há um só
mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem” – (1Tm 2,5).
Quantos
caminhos existem para levar o homem à plena comunhão e paz com Deus? A Bíblia
responde que “há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus
Cristo, homem” (1Tm 2,5). Quantos “santos”
são colocados como mediadores! Mas quando olhamos para a cruz encontramos um só
homem ali pregado; Jesus Cristo.
5.
Morte expiatória e ressurreição corporal
de Jesus Cristo. – “Eu
vos transmiti primeiramente o que eu mesmo havia recebido: que Cristo morreu
por nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado, e ressurgiu ao
terceiro dia, segundo as Escrituras.” – (1Cor 15,3-4).
Infelizmente alguns, através dos
séculos, têm negado a verdadeira causa da morte de Cristo, o que é uma grande
heresia. A cruz é o centro da fé cristã. A mensagem central do verdadeiro
cristianismo é esta: “Cristo morreu por
nossos pecados” (1Cor 15,3). A maior glória do evangelho é que os filhos de
Deus sabem o que fazer com seus pecados: depositam ao pé da cruz. Podem ter a
plena convicção que seus pecados estão perdoados – “Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos
perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade.” (1Jo 1,9).
IV.
APOSTASIAS.
O
apóstata è alguém que abandonou a fé. O termo foi usado na Grécia Antiga para
descrever o soldado que se revoltava contra seu próprio exercito. No AT foi
usado para a rebeldia contra Deus – “Valeu-te
este castigo tua malícia, e tuas infidelidades atraíram sobre ti a punição.
Sabe, portanto, e vê quanto te foi funesto e amargo abandonar o Senhor teu Deus
e não ter tido mais temor algum de mim - oráculo do Senhor JAVÉ dos exércitos.”
(Jr 2,19); “Por que persiste esse povo
de Jerusalém em perpétua loucura? Obstinam-se na má fé, recusando converter-se.”
(Jr 8,5). Por que as pessoas abandonam a fé.
1.
Perseguição – (Mt 24,9-10; Mt 13,20-21).
Lemos
e ouvimos sobre pessoas que sofrem (e ainda sofrem em nossos dias) por amor a
Cristo. Todavia há muitos também que negaram seu Senhor quando enfrentaram
angustias e perseguições. É importante ressaltar que “perseguições” não significam, necessariamente, alguém nos
ameaçando de morte ou espancamento. Calúnias, difamações e mentiras também são
formas de perseguição.
2.
Mundanismo – (2Tm 4,10; Tg 4,4).
Tiago
faz a expressa declaração que “aquele
que quer ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” (Tg 4,4); e João
completa dizendo que: “Se alguém ama o
mundo, não está nele o amor do Pai.” (1Jo 2,15). O recado está bem dado.
3.
Fé superficial – (1Jo 2,19).
Impressionamo-nos
quando ouvimos de alguém que estava na
igreja há tantos anos e, de repente, se desviou. Mas devemos nos lembrar
que Jesus falou do que foi semeado no solo rochoso que “não tem raízes, é inconstante.” (Mt 13,21ª). Estar na igreja há
muitos anos não é sinônimo de uma fé profunda. O escritor aos Hebreus se
surpreendeu com seus leitores quando, devido ao tempo decorrido ainda estavam
se alimentando de leite, quando deveriam se banquetear com alimento sólido (Hb 5,11-14).
4.
Rejeição à boa consciência – (1Tm 1,19-20).
Observemos
bem esta expressão do apóstolo – “rejeitando
a boa consciência”. Esteja certo de que a rejeição da “voz” da consciência. O apelo da Escritura é para que “hoje se ouvirdes a sua voz, não endureçais
os vossos corações” (Hb 3,7-8.15). Ninguém se desvia da verdade “da noite para o dia”. É sempre
resultado de um processo.
5. Prosperidade
– (Dt 32,15; Sl 62,10).
Sabemos
que cristãos se afastam de Deus muito mais em tempos de abundancia do que nos
de escassez. Charles Swindoll afirmou que existem dois períodos difíceis na
vida do cristão: o da adversidade e o da prosperidade; dos dois, disse ele, o
ultimo é o mais difícil. É muito fácil se esquecer de Deus em tempos de
fartura. Perguntem aos israelitas, eles conhecem isto bem de perto (Dt 8,17-20; Jr 2,13).
6.
Vergonha de ser cristão – (2Tm 1,15-16).
O
Senhor Jesus Cristo advertiu: “Porque,
se nesta geração adúltera e pecadora alguém se envergonhar de mim e das minhas
palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória
de seu Pai com os seus santos anjos.” (Mc 8,38). Observe que Jesus fala
dEle e de Suas palavras. Veja que contra-senso uma geração adúltera e pecadora
se envergonhar de Cristo e Suas palavras! Não teria de ser o contrário?
7.
Problemas inter - pessoais – (Mt 5,,21-26; Mt 18,15-20).
Infelizmente, muitos se esquecem que não
podem afirmar que estão em comunhão com Deus quando não estão em comunhão com
seus irmãos. Vários textos bíblicos confirmam esta verdade cristã (Hb 12,14-15; 1Jo 3,15; 4,20); mesmo
assim, eles se enganam acreditando que problemas de relacionamento entre irmãos
nada tem a ver com o desviar-se da verdade. A essência de perdão e
reconciliação entre irmãos quebra a comunhão com o Pai celestial, e isto leva
muitos a se desviarem da verdade.
V.
CONCLUSAO.
As
ideologias, as heresias e as apostasias têm prejudicado a Igreja de Cristo
desde a sua instauração. Mas a palavra do próprio Senhor dessa Igreja e Sua
presença nela – “estou convosco todos os
dias, até o fim do mundo.” (Mt 28,20) – são garantias de que as portas do
inferno jamais prevalecerão contra ela.
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