A História de Agar nos faz refletir sobre a justiça e o amor de Deus que, com certeza, não chega nem perto de nosso senso de justiça e amor. Verifico isto através do rumo que Deus conferiu a história da Agar.
Ela viveu com Abraão e Sara provavelmente por uns 25 anos, pois Sara a havia comprado no Egito quando ali viveram – Gn 12,1-10. Foi através desta convivência que Agar, a escrava egípcia der Sara obteve algum conhecimento de Deus; afinal, por muitas vezes ela havia presenciado o poder de Deus na vida de seus senhores. Esse conhecimento foi fundamental para que, através da experiência que essa mãe teve sozinha no deserto, desse ouvidos à voz de Deus e confiasse nele.
Quando Deus prometeu a Abraão que ele teria um filho e seria pai de muitas nações, Agar não estava incluída nesse plano. Como Sara não podia Ter filhos, ficou preocupada que a promessa de Deus não fosse cumprida e resolveu agir sem pedir a benção dele, como se Deus precisasse de uma ajudazinha para realizar os seus planos.
O que aconteceu na vida de Agar foi conseqüência da ação humana de Sara. O desfecho de sua história é conseqüência do amor infinito e da grande justiça de Deus, pois de Israel, o filho de Abraão e Agar, nasceu à nação árabe – Gn 21,17-21.
Mãe por acaso: do orgulho à submissão
Em nossos dias, é muito comum encontrarmos mulheres que se tornaram mães por acaso, sem planejar ou desejar a gravidez. Acreditam que são auto-suficientes e andam em seus próprios caminhos. Sem se preocupar com a vontade de Deus para suas vidas, muitas vezes encontram-se sozinhas com o filho nos braços para criar.
Na condição de escrava, provavelmente Agar não esperava Ter filhos. Ela simplesmente pertencia a alguém e obedecia a ordens; vivia para servir e não para fazer planos de casamento e família. No entanto, quando viu que estava grávida do herdeiro de Abraão, o orgulho tomou conta de si e desprezou sua senhora.
Em provérbios 21.4 encontramos uma advertência - “Olhar altivo e coração orgulhoso, tal lâmpada dos ímpios é pecado”. O orgulho não faz parte das virtudes cristãs das virtudes cristãs. Um coração orgulhoso traz males para si e para os outros.
Como resultado Agar foi afligida por Sara até o ponto em que não agüentou tanta hostilidade e fugiu para o deserto; talvez em direção à sua terra natal. Só, gravida, sem comida, ela sabia que talvez nunca chegasse ao Egito. Seu filho talvez nunca viesse à vida. A despeito da incerteza e dos perigos, ela prossegue, cansada. Todavia, aquele pontinho que se movia pelo deserto do Sinai não escapava à atenção de Deus, e ali eles tiveram um encontro – “Então o anjo do Senhor, achando-a junto a uma fonte no deserto, a fonte que está no caminho de Sur, perguntou-lhe: Agar, serva de Sarai, donde vieste, e para onde vais? Respondeu ela: Da presença de Sarai, minha senhora, vou fugindo. Disse-lhe o anjo do Senhor: Torna-te para tua senhora, e humilha-te debaixo das suas mãos. Disse-lhe mais o anjo do Senhor: Multiplicarei sobremaneira a tua descendência, de modo que não será contada, por numerosa que será. Disse-lhe ainda o anjo do Senhor: Eis que concebeste, e terás um filho, a quem chamarás Ismael; porquanto o Senhor ouviu a tua aflição. (Gn 16,7-11)”.
Fortalecida pela promessa de que daria a luz um menino, quebrantado por aquele encontro e pensando em seu filho que estava para nascer, ela voltou não para reivindicar seus direitos, mas para se humilhar. Deus queria abençoá-la, mas o pecado do orgulho precisava ser quebrado.
Quanta vez Deus nos encontra na solidão de um deserto! E diante da morte, da enfermidade, do medo, da insegurança podemos Ter a certeza de que Deus nos vê. Ele conhece o coração de uma mãe aflita por causa de um filho e a orienta no que deverá fazer.
E é através de uma experiência assim que há quebrantamento de alma e aprendemos que o Senhor esta no controle.
Mãe de fato: o cumprimento da promessa de Deus.
Para Deus, é importante que os filhos nasçam como fruto do casamento entre um homem e uma mulher. No entanto, quando não acontece assim, Ele ainda é capaz de usar de amor, graça e bondade para com os filhos de uma relação ilegítima, pois as crianças não são ilegítimas. Nesta história, isto se mostra de uma maneira muito clara.
Já havia se passado uns 14 anos desde o nascimento de Ismael (que quer dizer “Deus ouve”), o filho de Agar. Durante este tempo, pode ser que alguma esperança houvesse crescido no coração de Agar e seu filho de que este pudesse ser o herdeiro, pois era o filho mais velho.
Triste ilusão. Por mais de uma vez, Deus havia deixado bem claro para todos qual era sua vontade. Deus cumpre seus propósitos e não os nossos.
Vocês mães, tenham muito cuidado com as esperanças que alimentam o coração de seus filhos. Toda e qualquer esperança deve ser baseada na realidade da vida e no conhecimento da vontade de Deus para eles.
Talvez por causa desta falsa esperança, na época em que Isaque foi desmamado e deu-se uma grande festa, Ismael ficou enciumado e desdenhou de seu irmão mais novo. Esta atitude lhe custou caro.
Uma coisa valiosa que podemos aprender aqui é que as conseqüências dos nossos atos sempre acontecem. Muitas vezes os filhos não querem dar ouvidos aos conselhos e precisarão agüentar as conseqüências que virão depois.
Novamente encontramos Sara agindo. Friamente, exige que Abraão mande embora Agar e seu filho Ismael. Para não parecer que era Sara que tomava as providencias, Deus aparece a Abraão e consente com a decisão.
Quanto a Abraão, seu coração apenas limitava-se a ser obediente a Deus. Ele sabia que seus filhos não poderiam viver juntos. Ismael era filho de uma união carnal. Isaque era filho de uma promessa de Deus – “Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei? Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa. O que se entende por alegoria: pois essas mulheres são dois pactos; um do monte Sinai, que dá à luz filhos para a servidão, e que é Agar. Ora, esta Agar é o monte Sinai na Arábia e corresponde à Jerusalém atual, pois é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é nossa mãe” (Gl 4,21-26).
Direito à maternidade:
Consequentemente, Agar se vê novamente no deserto. A água e a comida que Abraão lhe dera haviam terminado juntamente com sua esperança. Talvez tenha se perguntado: onde se encaixaria a promessa de deus? Ismael, enfraquecido, caído, chorando, e ela desesperada. Pensando que este seria o último cuidado que podia Ter pelo filho, colocou-o sob um arbusto e sentou-se distante para não vê-lo morrer. Mas Deus não esquece suas promessas. Mais uma vez a voz do Anjo de Jeová se fez ouvir – “Mas Deus ouviu a voz do menino; e o anjo de Deus, bradando a Agar desde o céu, disse-lhe: Que tens, Agar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde está. Ergue-te, levanta o menino e toma-o pela mão, porque dele farei uma grande nação. E abriu-lhe Deus os olhos, e ela viu um poço; e foi encher de água o odre e deu de beber ao menino” (Gn 21,17-19). Surpresa levantou os olhos e viu um poço de água fresca. Com essa água que Deus tinha providenciado, beberam uma nova vida – “Deus estava com o menino, que cresceu e, morando no deserto, tornou-se flecheiro” (Gn 21,20).
Deus não tomou de Agar o direito de ser mãe. Ela exerceu uma maternidade plena, fez o que julgou melhor para seu filho, quis defender seus direitos e tentou protegê-lo.
A despeito dos seus erros, Deus não a abandonou como pessoa; este é exemplo de que Deus ama a todos. É exemplo de uma mãe que criou seus filhos sozinha, confiando na promessa de Deus. Sua experiência de vida nos ensina que Deus supre todas as necessidades, socorre nos momentos de aflição e dirige a história.
Talvez o testemunho de Abraão e Sara tenha sido uma decepção para Agar, mas foi com eles que ela teve a chance de ouvir Deus de perto.
Fico imaginando o que mais Deus poderia Ter feito, se ela buscasse uma mulher temente a Deus para ser esposa de seu filho – “Ele habitou no deserto de Parã; e sua mãe tomou-lhe uma mulher da terra do Egito” (Gn 21,21).
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