“Descobertas recentes da arqueologia indicam que a maior parte das escrituras sagradas não passa de lenda”. Não se assustem! Esta frase estava na capa da revista Super-interessante (Editora Abril, edição 178, julho/2002), cujo título principal era: “A Bíblia – o que é verdade e o que é lenda”. Mas isto só confirma o que James Orr, um ilustre mestre da Bíblia, sabiamente predisse: “a batalha teológica do novo século teria de ser travada à volta da fortaleza do mérito e da autoridade das Sagradas Escrituras”.
Por estas e outras é que um tema sobre a inspiração, a iluminação, a unidade, a autoridade e a atualidade das Escrituras se forma necessária dentro desta, sobre o Espírito Santo.
I. O ESPIRITO SANTO E A INSPIRAÇÃO.
“Para mim sempre foi claro que não podemos ter idéias inspiradas sem palavras inspiradas” – Billy Graham.
1. Inspiração e palavras.
Algumas pessoas afirmam que algumas partes da Bíblia são inspiradas, mas outras partes não são inspiradas. E quem decide que partes são inspiradas e que partes não são? Muitos livros negam o relato bíblico a cerca da ressurreição de Jesus Cristo, mas mesmo assim afirmam que Jesus Cristo é Salvador. Isto é algo muito ilógico! Não faz sentido isto! Como um salvador não ressurreto, um salvador morto pode da a vida eterna a alguém, se não conseguiu dar a vida a si mesmo?
Alguns dizem que a Bíblia é inspirada, mas suas palavras não são. Isto também é algo que não faz sentido. Por exemplo, eu tenho pensamentos para comunicar a vocês. Como é que eu estou comunicando estes meus pensamentos? Resposta: através de palavras, das palavras que estou usando para escrever esta lição. E se comunicou usando uma palavra digo uma coisa, e uso outra palavra, comunico outra coisa totalmente diferente! Outros dizem: “Eu creio que as palavras são inspiradas, mas nem todas as palavras”. Como é que alguém consegue fazer diferença entre uma e outra? Não creio que se consiga tal feito.
Veja estes exemplos de palavras literais dentro das Escrituras.
a) As medidas da Arca de Noé.
“14 Faça para você uma arca de madeira resinosa; divida em compartimentos e calafete com piche, por dentro e por fora. 15 A arca deverá ter as seguintes dimensões: cento e cinqüenta metros de comprimento, vinte e cinco de largura e quinze de altura. 16 No alto da arca faça uma clarabóia de meio metro, como arremate. Faça a entrada da arca pelo lado; e faça a arca em três andares superpostos..” – Gn 6,14-16.
Dão-nos as medidas da Arca, medidas que foram ditadas pelo próprio Deus. Um experimento feito por um grupo de cientistas ele teria virado. Conclusão: Deus não errou nas medidas.
b) O dinheiro na boca do peixe.
“24 Quando chegaram a Cafarnaum, os fiscais do imposto do Templo foram a Pedro, e perguntaram: «O mestre de vocês não paga o imposto do Templo? » 25 Pedro respondeu: «Paga, sim.» Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se, e perguntou: «O que é que você acha, Simão? De quem os reis da terra recebem taxas ou impostos: dos filhos ou dos estrangeiros?» 26 Pedro respondeu: «Dos estrangeiros!» Então Jesus disse: «Isso quer dizer que os filhos não precisam pagar 27 Mas, para não provocar escândalo, vá ao mar, e jogue o anzol. Na boca do primeiro peixe que você pegar, vai encontrar o dinheiro para pagar o imposto. Pegue-o, e pague por mim e por você.»” – Mt 17,24-27.
Este imposto era cobrado, a cada ano, para o templo, e cada pessoa tinha que pagar duas dracmas. Jesus estava certo quanto ao peixe e quanto ao valor que estava na boca do peixe que era suficiente para pagar o imposto dEle e de Pedro.
Certamente a muitos outros exemplos dentro das Escrituras, para não mencionar todos os detalhes que o Senhor Deus deu a Moisés para a construção do tabernáculo. Portanto Deus se preocupa com as “Palavras da Escritura.”.
Observe esta função pedagógica do Espírito Santo.
· "Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão". (Jo 16,13).
· "Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito". (Jo 14,26).
Será que o 2.º Testamento não é o exato resultado de tudo o que o Senhor Jesus Cristo ensinou aos apóstolos? Claro que sim. Porque os escritores do 2.º Testamento só puderam registrar o texto sagrado devido á ação e a obra do Espírito Santo, como vemos nos versículos acima.
2. Inspiração e duas passagens importantes.
O que você entende quando Paulo afirma que "Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça". (2Tm 3,16). Literalmente soprada por Deus. Isto aparece só aqui em toda a Bíblia. Pense comigo: a Bíblia afirma que Deus é luz, é verdade. Então, se alguém que é em Si mesmo verdade sopra palavras, que tipo de palavras serão? Cremos que a resposta foi dada pelo próprio Jesus em - "Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade". (Jo 17,17).
O apóstolo Pedro disse que – "nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação". (2Pd 1,20). O substantivo “elucidação” significa “explicação” e “decisão” (cf. Mc 4,34; At 19,39). A Bíblia Pastoral a traduziu por “interpretação”. O apostolo continua dizendo “porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens santos falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo” (2Pd 1,21). O verbo grego para “movidos” (Bíblia Pastoral – “impelidos”), que foi usado em At 27,15.17 no episódio do naufrágio de Paulo, foi traduzido por “levar” e “deixar à deriva”.
Portanto a Escritura inspirada é uma revelação escrita, assim como os sermões dos profetas eram revelações faladas. Pois a Escritura soprada por Deus consiste de palavras selecionadas por Deus - "E o Senhor entregou-me as duas tábuas de pedra escritas com o dedo de Deus, nas quais estavam gravadas todas as palavras que o Senhor vos tinha dirigido no monte, no meio do fogo, no dia da assembléia". (Dt 9,10).
Sabemos que nenhuma língua atual tem equivalente exata para cada palavra hebraica ou grega, entretanto, a maioria das fieis traduções, com todas as suas variações, não alteram nem distorcem as doutrinas básicas da fé cristã
II. O ESPIRITO SANTO E A ILUMINAÇÃO.
“Se ensinar é função do Espírito Santo, nossa obrigação é ser estudantes sinceros da Palavra” – Gottfried Osei-Mensah.
· Pela sua presença e poder, o Espírito Santo produz no leitor um espírito de submissão espiritual e uma preparação moral, a fim de que as fontes de pensamentos e da vontade dele sejam livres de preconceitos e se conservem em atitude receptiva de modo a atender à mais tenra sugestão do autor divino. O Espírito Santo sincroniza, por assim dizer, o aparelho transmissor e o receptor. Faz com que o leitor possa compreender com clareza o que o escritor tinha em mente quando escreveu o texto.
· A leitura da Escritura em si possibilita a iluminação do Espírito e sua atuação em nós. Enquanto lemos a Palavra, a sua mensagem enche os nossos corações, estando nós conscientes disto ou não. A Palavra, com todo o seu poder misterioso, toca em nossas vidas e nos dá do seu poder.
· Revelar verdades antes escondidas da busca e compreensão humanas, iluminar as mentes das pessoas para que as conheçam e entendam - "É como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Todavia, Deus no-las revelou pelo seu Espírito, porque o Espírito penetra tudo, mesmo as profundezas de Deus". (1Cor 2,9-10) é a obra do Espírito Santo.
Vamos ver se entendemos. O Espírito Santo agiu na vida do autor sagrado para que ele pudesse registrar o texto. Isto é o que chamamos de inspiração. O Espírito Santo age na vida do leitor para que possa entender o texto sagrado. Isto é o que chamamos de iluminação.
Uma dica importante – Antes de ler a Escritura ore como fez o salmista – “Desvenda os meus olhos, para que eu veja as maravilhas da tua lei”. (Sl 119,18).
III. O ESPIRITO SANTO E A UNIDADE BÍBLICA.
“Muitos livros põem informar, mas só a Bíblia pode transformar”.
Já parou para pensar que a Bíblia foi escrita num período de aproximadamente 1600 anos; que o 1.º Testamento foi escrito no Hebraico e o 2.º no grego; contem 74 livros; que teve cerca de 40 autores diferentes e, ainda assim , há uma inegável unidade nesta obra? Diante disso alguém vai dizer: “mas isto só pode ser obra de Deus.” Acertou! É ele mesmo. Somente o Espírito Santo poderia produzir tal feito.
O Senhor Jesus resumiu toda a Escritura desta forma – “Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos. Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo: Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia.” (Lc 24,44-46). Paulo escreveu -"Eu vos transmiti primeiramente o que eu mesmo havia recebido: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado, e ressurgiu ao terceiro dia, segundo as Escrituras." (1Cor 15,3-4). E a Timóteo disse - "E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo ". (2Tm 3,15).
Entenda que a unidade bíblica só existe quando se entende o propósito principal das Escrituras - "Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito". (Jo 1,3).
IV. O ESPIRITO SANTO E A ATUALIDADE DAS ESCRITURAS.
“O que me perturba na Bíblia não são os textos que não entendo, mas são aqueles que entendo claramente” – Mark Twain.
“A palavra de Deus não é antiga, nem moderna ela é eterna” – Martinho Lutero.
Por que a Bíblia é o livro mais vendido em todo mundo? Sugiro três respostas.
1) A Bíblia tem autoridade – dezenas de versículos afirmam que Deus está falando diretamente ao homem. Sua autoridade é comprovada.
a) Pelo testemunho da arqueologia – nos últimos cem anos, nenhuma descoberta arqueológica invalidou de algum modo qualquer simples declaração da Bíblia.
b) Pelo testemunho vidas transformadas – que comprovam a autoridade bíblica.
c) Pelas profecias bíblicas – que também comprovam sua autoridade. Muitas que já se cumpriram dentro do próprio período bíblico e outras que estão claramente se cumprindo na vida da Igreja, em Israel e no mundo.
2) A Bíblia é inerrante – Esta afirmação significa que as Escrituras nos manuscritos originais não afirmam nada que seja contrário aos fatos. Isso não significa que a Bíblia nos comunica todos os fatos que podem ser conhecido, mas afirma que tudo o que diz a cerca de qualquer assunto é verdade.
3) A Bíblia é suficiente – Isso significa que a Bíblia contém todas as palavras que Deus quis dar ao Seu povo em cada estágio da história e que hoje contém todas as palavras que precisamos para a plena paz e comunhão com Deus. A Bíblia não precisa de complemento. Ela basta a si mesma.
CONCLUINDO
Finalmente, o Espírito Santo continua usando a Bíblia para transformar vidas e sustentar a Igreja. Paulo pediu a Timóteo que zelasse da “sã doutrina” que é a doutrina de Cristo - "Quem ensina de outra forma e discorda das salutares palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, bem como da doutrina conforme à piedade," (1Tm 6,3). Porque se a autoridade das Escrituras for solapada, a fé cristã não ficará em pé, e entraremos num imenso mar sem uma única bússola.
Marco Antonio Lana (Teólogo)
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