Simão Pedro, Petrus (pedra de arremesso)
O Primado
de Pedro
Introdução
Uma das grandes razões de divergência entre católicos e
protestantes diz respeito à legitimidade para a interpretação das Sagradas
Escrituras. Para os seguidores da reforma, qualquer pessoa poderia ler e
entender corretamente a bíblia, sem o auxílio de ninguém senão do Espírito
Santo, que guiaria cada um infalivelmente na busca do verdadeiro significado da
palavra divina. É o chamado livre exame da Bíblia, proposto pelo ex-frade
Lutero.
Para os católicos, o legítimo intérprete das Escrituras (e também
da Tradição) é o papa, sucessor direto de São Pedro, pois Cristo confiou a ele
esse ministério. Ao Papa, portanto, devem os católicos obediência em matéria de
fé e moral, em função do poder divino a ele conferido.
Os protestantes, apesar de discutir as passagens discordantes da
bíblia de forma crítica, acabam tendo que reconhecer que cada um, em conexão
direta com Deus, tem a sua interpretação, a sua "verdade",
originando-se, dessa forma, o fenômeno da multiplicação das seitas que se
constata a partir do século XVI, e que não cessou até hoje.
Cada seita seria uma manifestação de Deus; não importa se defende
teses contrárias às das demais, desde que mantenha a "fé" em Cristo.
Essa "fé" na verdade se traduziria por um "sentir Cristo"; portanto,
trata-se de um ato da vontade e não da inteligência.
A doutrina católica, ao contrário, reconhece que a fé é a adesão
da inteligência às verdades reveladas por Deus. Sendo verdades, elas não podem
variar nem segundo a pessoa que as interpreta, nem segundo a época, pois a
verdade é imutável.
Cabe ao papa guiar os fiéis nos ensinamentos de Cristo confiados à
Igreja em depósito, o qual não pode ser alterado até a consumação dos séculos.
Importa, pois saber qual das duas visões corresponde à vontade divina,
pois aí teremos resolvido o problema da interpretação da Bíblia Sagrada, que é
motivo de divergência entre católicos e protestantes. Examinemos, pois, em
primeiro lugar, as Escrituras.
Os protestantes afirmam que, para defender a posição católica, só
existiria uma passagem do Evangelho de São Mateus (“Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Disse-lhe
Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que
to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és
Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela; dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares,
pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado
nos céus.” 16, 16-19), a qual não possui paralelo com os dois outros
Evangelhos que descrevem a mesma cena, de interpretação duvidosa.
Pedro seria como os demais apóstolos, diferindo apenas no caráter
agressivo, o que faria com que liderasse os demais, seguindo e obedecendo a
Cristo. Entretanto, Nosso Senhor não teria conferido qualquer primado a Pedro
entre os Apóstolos.
O que o Evangelho mostra, entretanto, é que Pedro ocupava um lugar
de destaque no colégio Apostólico, e que Cristo fez a ele a promessa da
primazia entre os apóstolos, para que, uma vez confirmado, confirmasse os seus
irmãos (“mas eu roguei por ti, para que
a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos.”Lc
22,32). Utilizaremos na maior parte da demonstração dessa verdade o esquema do
livro Igreja, Reforma e Civilização, do Pe. Leonel Franca, Ed. Agir, 6a edição.
Podemos constatar a proeminência de São Pedro entre os Apóstolos,
em primeiro lugar, pela quantidade de vezes que ele é nomeado nos Evangelhos:
vários já fizeram notar que os evangelistas fazem referência a Pedro 171 vezes
(114 nos evangelhos e 57 nos Atos dos Apóstolos), enquanto que do apóstolo
amado, São João, fazem 46 citações.
É o que se poderia chamar de prova estatística, pois mostra como
os Evangelistas consideravam a figura do príncipe dos apóstolos, destacada
desde cedo pela autoridade de Cristo.
Veremos mais adiante que São Pedro não é apenas nomeado maior
número de vezes, mas principalmente em citações que denotam importância, e que
o critério numérico simplesmente serve para reforçar este.
Para impugnar esse argumento, alguns fazem notar que São Paulo é
nomeado 160 vezes nos Atos dos Apóstolos, onde Pedro aparece 57 vezes, e que,
portanto, por esse critério, São Paulo teria mais direito ao título de papa.
Entretanto, o que importa demonstrar, com isso, é que houve um que
foi destacado entre os doze apóstolos, designado por Cristo para guiar os
demais.
Essa questão diz respeito aos primeiros seguidores de Cristo, e
quando o Apóstolo das Gentes se converteu, ela já estava decidida. Só Nosso
Senhor poderia nomear um seu representante com tal poder e autoridade.
Outro destaque exclusivo de Pedro é que Cristo, ao chamá-lo a uma
nova e superior vocação, lhe atribui curiosamente um novo nome, que carrega o
significado poderoso de, ao mesmo tempo, chefe e fundamento da nova sociedade
que terá por missão espalhar os ensinamentos do Mestre pelos quatro cantos do
mundo. "Este (André) encontrou
primeiro seu irmão Simão, e disse-lhe: Encontramos o Messias. E levou-o a
Jesus. E Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu
serás chamado Cefas, que quer dizer Pedro (Pedra)" (S. João I, 41-
42)
Analisemos em primeiro lugar a mudança do nome: quantas vezes, em
toda a Escritura, Deus muda o nome de alguém? Se são poucas às vezes,
conclui-se que esse ato é solene, dada a sua excepcionalidade, que faz concluir
a gravidade daquilo que o motivou.
Ora, em toda a Sagrada Escritura Deus muda apenas três vezes o
nome de homens, sempre para destacar a dignidade de uma vocação superior: primeiro
muda o nome de Abrão para Abraão, tornando-o o patriarca fiel a Deus e
recompensado com a Antiga Aliança e a promessa de uma descendência pujante (“não mais serás chamado Abrão, mas Abraão
será o teu nome; pois por pai de muitas nações te hei posto; far-te-ei
frutificar sobremaneira, e de ti farei nações, e reis sairão de ti; estabelecerei
o meu pacto contigo e com a tua descendência depois de ti em suas gerações,
como pacto perpétuo, para te ser por Deus a ti e à tua descendência depois de
ti. Dar-te-ei a ti e à tua descendência depois de ti a terra de tuas
peregrinações, toda a terra de Canaã, em perpétua possessão; e serei o seu Deus”.
Gênesis, 17, 5-8). O segundo eleito é Jacó, a quem Deus nomeia Israel (“28 Então disse: Não te chamarás mais Jacó,
mas Israel; porque tens lutado com Deus e com os homens e tens prevalecido” Gn
32,28; Gn 35,10), renovando as promessas feitas ao avô em relação ao povo
judeu. (“E o levou a Jesus. Jesus,
fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas
(que quer dizer Pedro)” Jo 1,42) quando Jesus entrega a chave do céu para
Pedro (Mt 16,19). A mais nenhum Deus concede esse privilégio, nem a Reis nem a
Profetas, que foram tantos e com tal Santidade! No Antigo Testamento, Deus sela
a Aliança com seu povo escolhendo e mudando o nome dos Patriarcas, mostrando de
forma inequívoca que unge - separa - seus eleitos.
Nosso Senhor então, na plenitude dos tempos, quando a humanidade
se encontra preparada para a grande obra da Redenção, vai novamente distinguir
aqueles com quem firmará a Nova e Eterna Aliança, mudando o nome do seu
Patriarca, que deverá apascentar seus cordeiros e ovelhas pelos séculos,
prometendo-lhe Sua assistência infalível. E muda seu nome não para um qualquer,
mas para Pedro (Cefas, que em aramaico - língua falada por Nosso Senhor - quer
dizer Rocha), mostrando que sua Igreja não seria fundada sobre areia.
Esse é um fato muitas vezes esquecido, ou relegado a um plano
inferior, porém tem uma importância enorme, pois demonstra que Pedro deveria
ter entre os Apóstolos uma distinção de honra, incompatível com uma ideia de
igualdade entre os doze. Notemos que nem São Paulo mereceu tal honra.
Outro aspecto interessante da distinção de Pedro diz respeito a
sua barca, que desde muito cedo foi interpretada pelos Santos Padres como
símbolo da Igreja, unicamente na qual podem se salvar os homens.
Cristo, na sua pregação evangélica, prefere invariavelmente a
barca de Pedro. Na verdade, não se nomeia expressamente outra barca de que
Cristo tenha se servido.
É na barca de Pedro que ocorre a pesca milagrosa, de uma
simbologia extremamente significativa (“Entrando
ele num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da
terra; e, sentando-se, ensinava do barco as multidões. Quando acabou de falar,
disse a Simão: Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca. Ao que
disse Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos; mas, sobre tua
palavra, lançarei as redes. Feito isto, apanharam uma grande quantidade de
peixes, de modo que as redes se rompiam”. Lc, 5,3-6). Outra pesca milagrosa
irá ocorrer após a ressurreição, no lago de Tiberíades, de novo na barca de
Pedro (“Disse-lhes Simão Pedro: Vou
pescar. Responderam-lhe: Nós também vamos contigo. Saíram e entraram no barco;
e naquela noite nada apanharam. Mas ao romper da manhã, Jesus se apresentou na
praia; todavia os discípulos não sabiam que era ele. Disse-lhes, pois, Jesus:
Filhos, não tendes nada que comer? Responderam-lhe: Não. Disse-lhes ele: Lançai
a rede à direita do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam
puxar por causa da grande quantidade de peixes. Então aquele discípulo a quem
Jesus amava disse a Pedro: Senhor. Quando, pois, Simão Pedro ouviu que era o
Senhor, cingiu-se com a túnica, porque estava despido, e lançou-se ao mar; mas
os outros discípulos vieram no barquinho, puxando a rede com os peixes, porque
não estavam distantes da terra senão cerca de duzentos côvados. Ora, ao
saltarem em terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima delas, e pão. Disse-lhes
Jesus: Trazei alguns dos peixes que agora apanhastes. Entrou Simão Pedro no
barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes
peixes; e, apesar de serem tantos, não se rompeu a rede”. Jo, 21, 3 – 11).
A barca de Pedro é chamada de "a barca", por antonomásia, em outras
passagens (Mt 8, 23 e 14, 22; Mc, 4, 36 e 6, 45), em oposição às "outras
barcas" (Mc 4, 36).
Tiremos a conclusão obrigatória: fora da Barca de Pedro não se
acha Cristo.
Dois fatos aparentemente corriqueiros da vida de Cristo se juntam
às evidências até aqui acumuladas, e dizem respeito à proximidade do mestre a
Pedro. Primeiro, observa-se pelos Evangelhos que, quando Cristo se demora em
Cafarnaum, é na casa de Pedro que se hospeda. "Ao sair da Sinagoga, Jesus e os que o seguiam se dirigiram à
casa de Pedro e André..." (Mc I,29; Mt 8, 14; Lc 4, 38), e que
mais tarde, à porta da casa (de Pedro) Jesus fazia milagres. São Marcos, em
outras ocasiões, sem mencionar outra casa, diz simplesmente que o Mestre se
dirigiu "à casa" e "para casa" (Marcos 2,1; 3,20 e 9,32).
É curiosa a diferença nas narrações de São Marcos e São Mateus
desse mesmo episódio: este usando artigo - na casa; aquele sem o usar - em
casa.
O sentido da primeira expressão é o mesmo que tem, para os
franceses, o chez moi, ou seja, em minha casa. Seria um fato estranho
São Marcos falar de sua casa, se não soubéssemos ter sido o evangelista
discípulo de Pedro. Ao repetir o que ouviu do Apóstolo, ele utiliza a expressão
de quem falava da própria casa. São Mateus fala da casa não com sentido próprio,
pois falava da casa de outrem. Curioso ainda é que quando os evangelistas falam
da casa de Cristo, se referindo à de Nazaré, usam ambos o artigo, evidenciando
o detalhe sutil e extremamente probatório da passagem.
Portanto, o Evangelho de S. Marcos demonstra que, em Cafarnaum,
Cristo se hospedava na casa de Pedro.
O segundo fato, que está estreitamente ligado ao primeiro, é que
Cristo manda pagar o tributo do templo por si e por Pedro, quando os coletores
de impostos vão a casa deste cobrar pelo Mestre “... vosso mestre não paga a didracma? Ele (Pedro) respondeu-lhes:
sim. E depois que entrou em casa , Jesus o preveniu, dizendo: Que te parece
Simão? De quem recebem os reis da terra o tributo ou o censo? De seus filhos ou
de estranhos? E Ele (Pedro) respondeu: dos estranhos. Disse-lhe Jesus: logo são
isentos os filhos. Todavia, para que os não escandalizemos, vai ao mar e lança
o anzol, e o primeiro peixe que subir toma-o, e, abrindo-lhe a boca, acharás
dentro um estater: tira-o e dá-lho por mim e por ti." (Mt 17,24-27).
Esse é um sinal tão distintivo da preferência de Nosso Senhor pelo
apóstolo, que os demais, logo que Pedro se afasta, cercam o mestre para saber
quem seria o maior no reino dos céus (Mt 18,1).
Sobre esse texto, São Clemente de Alexandria exclamava: "Bem
aventurado Pedro, o escolhido, o preferido, o primeiro dos discípulos, único
pelo qual Cristo pagou tributo." (Qui dives Salvetur, 21, Migne,
Patrologia serie Grega, IX, 625. - citado pelo Padre Leonel Franca).
Todas as vezes que os evangelistas nomeavam os doze apóstolos, o
faziam invariavelmente começando por Pedro e terminando por Judas, com os
demais ocupando lugares diferentes (S. Mateus, 10,2-4, S. Marcos 3,16-19, S.
Lucas 6,14-16, Atos 1,13).
Se não é difícil imaginar o porquê do último lugar ao traidor,
também não o é o primeiro para Pedro. São Mateus é explícito: "Primeiro, Simão que se chama Pedro”.
(S. Mateus 10,2-4).
Primeiro em quê? Em idade, em chamado para a vocação? Nem um, nem
outro.
Se fosse correta a primeira hipótese, a ordem dos demais seria
sempre a mesma, e se o fosse a segunda, André e outro discípulo seriam os primeiros
nas listas (S. João 1,35-42).
Em ocasiões excepcionais da vida de Cristo, três apóstolos sempre
O acompanhavam: Pedro e outros dois. Na ressurreição da filha de Jairo, na
manifestação de sua onipotência, na agonia do jardim das oliveiras, no mistério
de suas dores, eles estiveram presentes (Marcos, 5,37; 9,1; 14,33 e outros
paralelos).
Às vezes, todo o Colégio Apostólico segue a Pedro numa expressão
coletiva: "Pedro e os que o acompanhavam" (Marcos 1,36).
Lemos também no evangelho de S. João que é Pedro quem responde por
todos na questão da explicação de Cristo sobre a necessidade de se comer sua
carne e beber o seu sangue (portanto, da presença real de Cristo na hóstia),
ocasião em que alguns discípulos abandonaram o Mestre.
Depois que Pedro se pronuncia, ninguém mais abandona Cristo.
Um dos motivos da grande resistência à primazia de Pedro é o fato
dele não ter exercido nenhum poder entre os Apóstolos mesmo após as palavras de
Cristo que lhe teriam dado esse poder.
O que não entendem os inimigos do papado é que Cristo fez uma
promessa a Pedro, e não uma nomeação imediata. Não faria sentido Cristo
designar Pedro para que guiasse as almas enquanto Ele estivesse no mundo.
Se os Apóstolos e Discípulos se questionavam quem seria o
primeiro, ou o maior no reino, era porque poucos entendiam do que Nosso Senhor
ensinava por serem almas toscas, e não porque haveria dúvida acerca da
primazia. Essa questão já estava definida.
Para que se compreenda, vejamos o seguinte fato: que verdade
estaria mais clara para os discípulos de Cristo, do que o caráter
transcendental do seu reino? Nosso Senhor continuamente lhes dizia que seu reino
não era deste mundo; no entanto, pouco antes da Ascensão aos Céus, um discípulo
pergunta se Cristo iria restituir o reino de Israel naquele momento (Atos 1,7)!
A mãe de Tiago e João pede um lugar de destaque no reino para os
filhos (S. Mateus 20,24); quando os discípulos disputavam para ver quem era o
maior, Cristo os repreendeu dizendo que "Entre os gentios, os reis
exercem dominação sobre os súditos. Entre vós, não há de ser assim; antes, o
que é maior entre vós faça-se como o menor, e o que manda como o que serve”. (S.
Lucas 22,25-27).
Com isso Cristo ensina uma nova forma de exercer a autoridade,
mais perfeita, e não pretende combater a primazia daquele que manda, pois
aplica a regra de humildade a si mesmo; em outra passagem (S. João 13,3), o
mesmo Cristo se diz Mestre e Senhor; aquele, pois, que é mestre, sirva para dar
o exemplo e praticar a humildade, e não para deixar de ser mestre.
Se todos esses episódios nos servem para reconstituir o quadro da
predileção por Pedro, a passagem da grande promessa é o momento solene da
confirmação dessa vocação singular. Cristo dirige-se a Pedro, após sua
maravilhosa profissão de fé ("Que dizem os homens de mim (...) que dizeis
vós?" "Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo"!), e confirma sua
promessa: "Bem aventurado és Simão Barjona, porque não foi a carne e o
sangue que a ti revelou, mas sim meu Pai que está nos céus, e eu digo que tu és
Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja e as portas do inferno não
prevalecerão sobre ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo o que
ligares na terra será ligado também nos céus"(S.Mateus 16,16-19)
Nunca houve texto mais deturpado, mais recortado e refeito, na
busca desesperada de alterar-lhe o sentido, que se apresenta simples. Para os
protestantes, Cristo estaria falando de duas pedras. A primeira pedra ("tu
és pedra") não é pedra; no máximo, é uma pedra menor, diferente da segunda
("sobre esta pedra"). A primeira é Pedro, o segunda, Cristo, ou a
confissão de Pedro, conforme o examinador.
Porém, o texto se dirige todo a Pedro - "tu
és Pedro..."; "eu te darei as chaves...";
"tudo que (tu) ligares..." - em resposta à sua
confissão, como um prêmio pela sua defesa pública da fé. O texto não traz
qualquer interrupção lógica, para passar a se referir a Nosso Senhor. Se assim
fosse, a frase ficaria sem sentido: "tu és Pedro, mas não edificarei a
minha Igreja sobre ti, senão sobre mim; as chaves do céu, porém te darei”.
Ora, é impossível admitir que a Sabedoria Divina tenha se
expressado de forma tão confusa, ainda mais se nos lembrarmos da mudança do
nome de Pedro. Lembremos ainda que Cristo falava em aramaico, língua em que
Pedro e pedra significam, ambos, Cefas. Não resta qualquer espaço para dúvidas.
Mas, dirão ainda os protestantes: em várias passagens se diz que
Cristo é a pedra, o fundamento! Não há dúvida. Mas só Cristo é pedra? Vejamos o
que Nosso Senhor diz: "eu sou a luz do mundo" (S. João 8,12) e
depois: "Vós sois a luz do mundo", dirigindo-se aos apóstolos
(Mateus 5,14).
Duas luzes? Sim. Há, portanto, luz e luz, pedra e pedra. Uma luz
fonte, outra luz reflexo; uma pedra fundamento invisível causa e fim dos
homens, outra pedra fundamento visível, rocha de sustentação da Igreja
indefectível e guia infalível dos homens.
Mas não é necessário prolongar a explicação de algo tão evidente,
que mesmo alguns protestantes mais honestos já reconheceram. Reproduzimos
apenas uma citação feita pelo padre Franca - P. F. Jalaguier, em seu L'Eglise,
Paris 1899, p. 219: "Nous nous plaçons encore ici sur le terrain qui
leur est le plus favorable (aos católicos) parce qui'll est à nos yeux
le seul vrai; et nous admettons que ce passage renferme une promesse spéciale
fait à Saint Pierre" ["Nós nos colocamos ainda aqui num terreno
que lhe é mais favorável (aos católicos) porque ele é, a nossos olhos, o único
verdadeiro; e nós admitimos que essa passagem contém uma promessa especial
feita a Pedro"]
As chaves do reino dos
céus
A doação das chaves indica o poder conferido a alguém de abrir ou
cerrar o acesso da casa, da cidade, do reino, sendo costume entre os orientais
o suspender as chaves aos ombros em sinal de autoridade.
Não há dúvida de que Cristo confere a Pedro um poder singular, que
sempre foi entendido na Igreja como poder infalível (o que ligar na terra, será
ligado no céu) e condicionado à vontade divina (o papa não força Deus a ligar
ou desligar, mas só pode ligar ou desligar o que Deus quer no céu), e que foi
ratificado no Concílio Vaticano I, no século XIX, com a solene
proclamação do dogma da Infalibilidade Papal.
Os protestantes freqüentemente atacam esse dogma por desvirtuarem
estas duas verdades - o ligar e desligar condicionado, e a ratificação (e não
invenção) do dogma;
Na verdade, Cristo não poderia ter agido de outra forma, se
quisesse que sua Igreja triunfasse durante os séculos, senão conferindo ao
pastor universal, Seu representante na Terra, um poder infalível.
Se esse poder fosse falível, como esperar que não perecesse?
É exatamente o que ocorre com as seitas derivadas do movimento
reformador de Lutero, surgindo e desaparecendo aos borbotões.
O "Pasce oves
mea"
Como se isso tudo não bastasse, temos ainda o trecho soleníssimo
em que Cristo confia o seu rebanho a Pedro, dando-lhe, portanto seu poder de
jurisdição sobre os cristãos.
A Pedro, e a ninguém mais, é confiado o pastoreio das ovelhas e
dos cordeiros, a que nosso Senhor pede três vezes a confirmação de Pedro, e
três vezes o confirma: "Disse
Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?
Respondeu-lhe Pedro: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe (Jesus):
Apascenta os meus cordeiros. Disse-lhe outra vez: Simão, filho de João, tu me
amas? Ele disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe (Jesus):
Apascenta os meus cordeiros. Disse-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João,
amas-me? Ficou triste Pedro, porque pela terceira vez, disse-lhe: Senhor, tu
sabes tudo; tu sabes que te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta as minhas ovelhas”.
(S. João 21,15-17)
Ora, Cristo não possuía nem cordeiros nem ovelhas. O que Ele
confia a Pedro é seu rebanho de almas, constituindo-o seu pastor.
Aqui novamente temos Pastor e pastor, pois Nosso Senhor é o bom
pastor. Alguns tentam reduzir esse episódio a uma mera reconciliação do
Apóstolo com Cristo, após a tríplice negação de Pedro na casa de Anás e Caifás,
antes da crucificação de Cristo. Porém, esquecem-se que após a Ressurreição, é
a Pedro que Cristo aparece primeiro (São Lucas 24,34), mostrando que a traição
não fizera Pedro perder sua primazia: Cristo continua considerando Pedro o
primeiro.
Cristo, sem dúvida, fez Pedro compreender o horror do pecado e o
perigo de não se fugir da ocasião de pecado. O Evangelho nos conta que Pedro
chorou amargamente. De fato, que dor não deve ter experimentado o Apóstolo, ao
cair num pecado justamente contrário à virtude que mais vemos presente nele: a
defesa pública da verdade, o desafiar o respeito humano. Aliás, essa virtude
ele que irá praticar em grau heroico a partir de então, dando sua vida pela
expansão da Igreja.
Unicamente em relação a Pedro, portanto, vemos a significativa
mudança do nome, a sempre testemunhada primazia entre os Apóstolos, o pagamento
do tributo, o uso exclusivo de sua casa em Cafarnaum e de sua barca, a promessa
solene de ser fundamento da Igreja, a entrega das chaves do reino dos céus, a
nomeação para o pastoreio dos fiéis.
E há aqueles ainda que não vêem diferenças entre os doze
apóstolos!
Para esses, resta a esperança da promessa de Cristo, de que
poderia das pedras fazer filhos de Abraão. Para isso, porém, terão que
aceitar que Cristo, de um filho de Abraão, fez Pedra.
Os evangélicos falam que na
Bíblia não existe a palavra Papa, é criação do homem. Mas existem igrejas no qual não vou citar nomes mas
nomeiam suas mulheres como Pastoras. Mostra-me na Bíblia onde está escrito “Pastora”. Pastora é criação do homem.
São Pedro, após a ascensão de Cristo, assumirá seu dever de pastor
universal, conduzindo a Igreja nascente. Após sua morte, será substituído, no
decorrer dos séculos, pelos seus legítimos sucessores, os papas, até a
consumação dos tempos, sob a assistência infalível de Cristo.
André
Filho de Jonas e irmão de Pedro, também um pescador. Antes de conhecer o Mestre, era discípulo de João Batista. Após a dispersão dos Apóstolos, evangelizou na Ásia Menor, na Capadócia e possivelmente na Rússia, onde é venerado. Dizem que pereceu em uma cruz em formato de X, mais tarde conhecida como Cruz de Santo André.
Filho de Jonas e irmão de Pedro, também um pescador. Antes de conhecer o Mestre, era discípulo de João Batista. Após a dispersão dos Apóstolos, evangelizou na Ásia Menor, na Capadócia e possivelmente na Rússia, onde é venerado. Dizem que pereceu em uma cruz em formato de X, mais tarde conhecida como Cruz de Santo André.
De acordo com os "Atos de André e
Bartolomeu" (os dois Apóstolos estão tradicionalmente ligados e devem ter
viajado muito juntos), eles pregaram em Epiro, Trácia, Galácia, Bitnia, Cítia,
Danúbio e Acaía, países do Oriente Médio ou Europa Oriental. Outra tradição
indica atividades na Grécia com Felipe. É certo que André tenha pregado também
em Èfeso e Ásia Menor onde por revelação convenceu João a escrever o documento
no qual os Quatro Evangelhos estão baseados. André fundou sucessões apostólicas
em todas estas áreas. Seus ensinamentos e doutrina eram similares aos de João,
Bartolomeu e Tomé. Foi ousado e um disseminador do Evangelho do Amor.
Simão Zelot
Natural da Galiléia tinha o sobrenome Cananeu
(Zelot). Da mesma forma que Felipe, Simão parece ter ido primeiro ao Egito.
Como a tradição sinóptica diz que Jesus enviou seus discípulos aos pares,
talvez eles tenham realmente viajado juntos. Simão, no entanto, parece ter
voltado através da África do Norte, Espanha e Bretanha (segundo uma determinada
tradição). Ele deve ter voltado por terra à Ásia Menor e de lá se juntado à
outros Apóstolos orientais na Pérsia. Deste ponto pode ter viajado com Judas
pela Mesopotâmia e Síria, encontrando o martírio na Pérsia. É difícil validar
as tradições sobre os Apóstolos na Europa Ocidental e na Bretanha. Depois da
era de Constantino, cada igreja local quis estabelecer sua própria validade
proclamando um Apóstolo como seu padroeiro, sendo que as relíquias destes
Apóstolos estão espalhadas e reverenciadas desde o Atlântico até à Índia. O
apóstolo Paulo manifestou sua intenção de ir à Espanha em uma das Epistolas
canônicas e não podemos duvidar que a Europa Ocidental tenha sido visitada
pelos Apóstolos, pois houveram sinagogas judaicas na Espanha. A Bretanha,
contudo, provavelmente tenha sido evangelizada pela segunda ou terceira geração
de sucessores dos Apóstolos (Igreja Celta).
Com Felipe e Marcos, discípulos de Pedro,
Simão provavelmente ajudaram a estabelecer os ensinamentos de Jesus no Egito.
Sua pregação era bem parecida com a dos outros quatro Apóstolos que foram para
o Oriente, ascética e judaica, como aquelas preservadas na Epistola canônica de
Judas.
João, Boanerges.
Era irmão de Tiago o Maior, filho de Zebedeu
e Salomé, seu sobrenome Boanerges. Era pescador, natural de Jerusalém, e
discípulo de João Batista antes de o ser de Jesus. Foi companheiro inseparável
de Pedro. Nos primeiros tempos da Igreja, coube-lhe impor as mãos aos recém
convertidos em Samaria. Evangelizou os Samaritanos.
Esteve em Jerusalém no ano 37 e depois por ocasião do Concílio dos Apóstolos, que se realizou em Antioquia. Diz a tradição que morreu quase centenário, possivelmente em Éfeso, de morte natural. Exilado em Patmos, durante a perseguição de Domiciano (93-98), ali compôs o Apocalipse (Revelação), onde narra as suas visões e descreve mistérios, predizendo as tribulações da Igreja e o seu triunfo final. Além do seu Evangelho (o 4º) e do Apocalipse (que é o derradeiro livro da Bíblia), escreveu três Epístolas.
Esteve em Jerusalém no ano 37 e depois por ocasião do Concílio dos Apóstolos, que se realizou em Antioquia. Diz a tradição que morreu quase centenário, possivelmente em Éfeso, de morte natural. Exilado em Patmos, durante a perseguição de Domiciano (93-98), ali compôs o Apocalipse (Revelação), onde narra as suas visões e descreve mistérios, predizendo as tribulações da Igreja e o seu triunfo final. Além do seu Evangelho (o 4º) e do Apocalipse (que é o derradeiro livro da Bíblia), escreveu três Epístolas.
Jesus, ao morrer, confiou-lhe a mãe, da qual
cuidou até morrer, durante o reinado de Trajano. O quarto Evangelho difere dos
demais, chamados sinóticos, porque relatam os mesmos fatos com algumas
variantes. João começa dissertando sobre a origem divina de Jesus, a quem
cognomina "Logos", "o Verbo", "a Palavra" de
Deus. Jesus é idêntico a Deus. É Ele a manifestação personificada de Deus, o filho
de Deus feito homem. Por isso existiu desde toda eternidade, e finalmente,
tomando a natureza humana, se fez carne, e habitou entre nós.
Os ensinamentos de João são preservados no
seu Evangelho e nas três epístolas, embora possam ter sido escritas por um
discípulo. O Apocalipse é realmente atribuído ao próprio João, mas foi
claramente escrito por uma diferente pessoa ou escola daquela do Evangelho e
das Epístolas. De acordo com Clemente de Alexandria, João ordenou bispos em
Éfesos e outras províncias da Ásia Menor. Ireneus afirma que os Bispos
Polycarpo e Papias foram seus discípulos. Os primeiros fragmentos dos escritos
Joanitas foram encontrados em papiros no Egito datando de princípios do segundo
século, e muitas escolas acreditam que ele tenha visitado estas áreas.
Bartolomeu (Natanael)
Conhecido também como Natanael, natural de
Caná da Galiléia. Bartolomeu teria sido apresentado à Jesus por Felipe, que
talvez fosse seu irmão. Assim como Tomé era um viajante e a tradição o localiza
em áreas como Índia, Armênia, Irã, Síria e por algum tempo na Grécia, com
Felipe (Phrygia). As sucessões da Armênia podem derivar dele e de vários outros
Apóstolos. A tradição diz que Bartolomeu trazia consigo o perdido Evangelho
Herético de Matias (ou Mateus) escrito em hebraico. As poucas anotações que
restaram da era sub-apostólica e patrística indicam que este evangelho judeu
era bastante diferente dos evangelhos gregos gentis (Mateus, Marcos, Lucas e
João), assim como eram os tão chamados evangelhos judaico-cristãos heréticos
dos Nazarenos, Ebionitas e Hebreus, dos quais só restaram fragmentos. Diferentemente
dos evangelhos gentis, estas tradições consideravam o Espírito Santo como a Mãe
de Cristo e não adoravam Jesus como uma divindade, mas como um irmão mais velho
e líder da comunidade dos santos de Deus (cf. Lewis Keizer: "Nova Luz
sobre os ensinamentos de Jesus: Um guia para idiomas aramáicos, pesquisas
recentes e a mensagem original de Jesus Cristo"). Muitas tradições de
Bartolomeu são preservadas em obras como "O Evangelho de Bartolomeu",
"Pregação de São Bartolomeu no Oásis" e a "Pregação de André e
Bartolomeu".
Mateus (Levi)
O primeiro dos quatro evangelistas, Mateus,
que tinha o apelido de Levi, natural de Cafarnaum, era coletor de impostos. Por
causa desta profissão ele era bastante antipático aos judeus, os quais o
zombavam de sujo e falso. Chamado por Jesus, de forma serena, Mateus o
acompanhou em suas peregrinações, presenciou seus milagres e ouviu seus
ensinamentos, que mais tarde compendiou em seu Evangelho, primitivamente
redigido em aramaico. Este evangelho não existe mais, mas pode ter sido a base
do evangelho grego, mais tarde associado a seu nome. Destinou-se aos
judeu-cristãos, objetivando demonstrar-lhes que era Jesus o Messias prometido
de Israel. Diz a tradição que ele, após a morte de Jesus, pregou na Palestina e
em seguida na Etiópia, onde ressuscitou a filha do rei. Esteve também na Arábia
e na Pérsia, veio a morrer martirizado na Etiópia.
Seus escritos não devem ser confundidos com
as Traduções e outras obras associadas ao Apóstolo Matias, embora seu evangelho
hebraico tenha sido chamado de Evangelho de Matias - uma questão confusa para o
leitor de língua Portuguesa. Alguns estudiosos acreditam que os fragmentos
existentes do "Evangelho Segundo os Hebreus", seja uma versão do
evangelho hebraico ou aramaico original de Mateus.
O Bispo Papias, discípulo do Apóstolo João, que viveu no final do primeiro século, é citado por Eusebius afirmando que Mateus compôs em aramaico os "Oráculos do Senhor", então traduzidos para o grego "por cada homem que fosse capaz". Este é um importante testemunho, já que Papias passou grande parte de seu ministério coletando as primeiras memórias orais dos Apóstolos e seus discípulos. Clemente de Alexandria diz que ele não morreu violentamente, mas o Talmud afirma que ele foi condenado a morte pelo Sanhedrin judaico. Apesar da confusão entre as tradições de Mateus e Matias, parece que foi realmente Mateus quem se associou a André, sendo que existe um apócrifo intitulado "Atos de André e Mateus".
O Bispo Papias, discípulo do Apóstolo João, que viveu no final do primeiro século, é citado por Eusebius afirmando que Mateus compôs em aramaico os "Oráculos do Senhor", então traduzidos para o grego "por cada homem que fosse capaz". Este é um importante testemunho, já que Papias passou grande parte de seu ministério coletando as primeiras memórias orais dos Apóstolos e seus discípulos. Clemente de Alexandria diz que ele não morreu violentamente, mas o Talmud afirma que ele foi condenado a morte pelo Sanhedrin judaico. Apesar da confusão entre as tradições de Mateus e Matias, parece que foi realmente Mateus quem se associou a André, sendo que existe um apócrifo intitulado "Atos de André e Mateus".
Judas (Tadeu)
Descendente da linhagem real de Davi, irmão
de Tiago o Menor, e primo de Jesus. Natural da Galiléia. A tradição diz ter
evangelizado na Mesopotâmia, Palestina, Síria e a Arábia. É localizado na
Armênia nos anos de 43 a 66, onde se juntou a quatro outros Apóstolos do
Oriente. Há três Judas no Novo Testamento e de acordo com alguns estudiosos, o
escritor da "Epistola de Judas", que se denominava "irmão do
Senhor" é uma outra pessoa. Isto é questionável porque não está claro se a
designação "irmão" era familiar ou fraternal (como Tomé o Justo
considerava).
Esta é uma base muito pobre para se descobrir
a verdade histórica. Fica claro que o Apóstolo Judas era ativo principalmente
na Armênia, Síria e Norte da Pérsia, sendo o primeiro a manifestar apoio ao rei
estrangeiro (Algar de Edessa). Judas aparentemente viajou acompanhado de Simão
o Zelot, quinto Apóstolo a ir ao Oriente, onde foi martirizado.
Obs. Em algumas Bíblias cita que Judas Tadeu
era filho de Tiago,o menor, filho de Alfeu conforme Lc 6,16 e At 1,13 – “16 Judas, filho de [Tiago]; e Judas
Iscariotes, que veio a ser o traidor.”; “13 E, entrando, subiram ao cenáculo, onde permaneciam Pedro e João,
[Tiago] e André, Felipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; [Tiago], filho de Alfeu,
Simão o Zelote, e Judas, filho de [Tiago].” Ambas passagens foi tirada da Bíblia tradução João Almeida. Na bíblia Ave Maria cita Judas como irmão do Tiago.
Tomé
Chamado de Dídimo, natural da Galiléia. Tomé
foi um, dos mais influentes e produtivos dentre os vários discípulos que foram
para o Oriente, incluindo Bartolomeu, André, Simão e Judas. Os ensinamentos
destes homens ficaram perdidos para as Igrejas do Ocidente, mas continuam
atuais para as tradições ortodoxas e orientais. Ao contrário de Pedro e Felipe,
estes Apóstolos não eram casados. O ascetismo (prática da ascese), era um
importante ponto de contato espiritual entre eles e seus ouvintes orientais,
que já idealizavam o ascetismo como uma medida de maestria divina, devido a nativa
ideologia religiosa do Brahmanismo e do Zoroastrianismo. Como seus ensinamentos
foram "lembrados" e registrados, o ascetismo foi enfatizado e se
tornou o ponto central. Por esta razão, a Igreja Ocidental minimizou a
importância do Apóstolo que, como Jesus, não se casou, ao ponto de categorizar sua
tradições como "heréticas".
Mas muitas lendas e tradições destes grandes
santos foram preservadas em evangelhos apócrifos e romances dos três primeiros
séculos, o que permite a recuperação de seus ensinamentos. Tomé, em particular,
foi muito estimado e há evidências de que tenha viajado não só à Pérsia, mas
até mesmo à Índia, provavelmente acompanhado por Bartolomeu e Judas, trazendo
talvez um Evangelho Hebraico original de Matias à Índia. Tomé era uma pessoa
profundamente mística, assim como João e Felipe. Ao separar, mais tarde, a
doutrina gnóstica do Evangelho de Tomé e examinando cuidadosamente outras
tradições como os "Atos de Tomé" e "Tomé o Ascético",
comparando-as ao misticismo de Paulo, João e Felipe, é possível reconstituir um
esboço de seus ensinamentos. Estes, claro, apontam de volta aos ensinamentos
originais de Jesus. Tomé criou linhas apostólicas de sucessão em todos os
lugares por onde passou no Oriente, indo de sinagoga em sinagoga. Isto inclui
Síria, Armênia, toda a região da Caldéia (Pérsia), e Índia. Os Cristãos de Tomé
de Malabar ainda sobrevivem.
Tiago (Maior)
Nascido em Betsaida, este apóstolo do Senhor era filho de
Zebedeu e de Salomé e irmão do apóstolo João, o Evangelista.
Pescador juntamente com seu irmão João, foi chamado por Jesus a
ser discípulo d'Ele. Aceitou o chamado do Mestre e, deixando tudo, seguiu os
passos do Senhor.
Dentre os doze apóstolos, São Tiago foi um grande amigo de Nosso
Senhor fazendo parte daquele grupo mais íntimo de Jesus (formado por Pedro,
Tiago e João) testemunhando, assim, milagres e acontecimentos como a cura da sogra
de Pedro, a Transfiguração de Jesus, entre outros.
Procurou viver com fidelidade o seu discipulado. No entanto, foi
somente após a vinda do Espírito Santo em Pentecostes que São Tiago
correspondeu concretamente aos desígnios de Deus. No livro dos Atos dos
Apóstolos, vemos o belo testemunho de São Tiago, o primeiro dentre os doze
apóstolos a derramar o próprio sangue pela causa do Evangelho:
"Por aquele tempo, o rei Herodes tomou medidas visando
maltratar alguns membros da Igreja. Mandou matar à espada Tiago, irmão de
João" (At 12,1-2).
Segundo uma tradição, antes de ser martirizado, São Tiago
abraçou um carcereiro desejando-lhe "a Paz de Cristo". Este gesto
converteu o carcereiro que, assumindo a fé em Jesus, foi martirizado juntamente
com o apóstolo.
Existe ainda outra tradição sobre os lugares em que São Tiago
passou, levando a Boa Nova do Reino. Dentre estes lugares, a Espanha onde, a
partir do Século IX, teve início a devoção a São Tiago de Compostela.
Felipe
Natural de Betsaida perdeu o pai exatamente
na ocasião em que conheceu o Mestre, não deve ser confundido com Felipe o Servo
(Diácono). Felipe viajou ao Egito, Etiópia (África) e ao Norte, rumo à Grécia
onde viveu em Hierápolis com suas quatro filhas, que eram profetizas. Duas
delas permaneceram virgens e muito conhecidas por suas previsões. Felipe, que
era um judeu helenístico, era antes de mais nada um evangelista para as
sinagogas judaicas de língua grega da Phrygia e dos arredores da Grécia e
Macedônia.
O Evangelho de Felipe preserva um belo
misticismo baseado na santidade do casamento. As igrejas de Felipe desenvolviam
sete sacramentos cuja mais alta iniciação era o Mistério da Câmara Nupcial, na
qual a imagem ou Yetzer de Deus, que habitava no coração do discípulo, era
reunido ao Anjo ou alma ressuscitada. Mais uma vez o misticismo de Felipe está
intimamente relacionado ao de Paulo, João e Tomé, mas em seu caso (e no de
João) não há ênfase na abstinência sexual ou abstenção do casamento. Felipe
evangelizou grande parte da Ásia Menor e da Galatia. Acredita-se que foi por
causa da migração da Galatia para Gaul (França), que a tradição surgiu em Gaul.
Felipe ordenou vários bispos entre os Gregos, embora a história destas
episcopacias seja obscura. O apócrifo "Atos de Felipe", valoriza a virgindade,
mas não contradiz os pontos essenciais do Evangelho. Na Antigüidade, virgindade
e casamento podiam ser paradigmas do hieros gamos ou casamento sagrado.
Tiago (Menor)
Tiago,
filho de Alfeu, é identificado nos Evangelhos como "irmão do Senhor",
termo usado para designar parentesco de primos. Governou a Igreja de Jerusalém
e foi chamado de "o Menor" para não ser confundido com São Tiago, o
Maior, que era irmão de São João.
Os
Evangelhos só falam dele nas listas dos apóstolos. Porém, esta falta de
informação foi compensada pelas fartas referências à sua ação e personalidade,
contida nos Atos dos Apóstolos e na Carta de São Paulo aos Gálatas, que nos
permite saber que Tiago era com São Pedro a principal figura da Igreja. São
Paulo chega a citar seu nome em primeiro lugar, dizendo: " Tiago, Pedro e
João, considerados colunas da Igreja" (Gl 2,9). Foi com ele, que Paulo,
depois de convertido, se encontrou em Jerusalém.
Dizem
as Escrituras que Tiago sempre teve atenção e carinho especiais de Jesus
Cristo. Além de considerá-lo um homem de grande elevação espiritual, ainda era
seu parente próximo. Tiago foi testemunha da Ressurreição de Jesus; (I Cor
15,7). Antes de subir aos céus, Jesus, numa aparição, deu a ele o dom da
ciência como recompensa por sua bondade e santidade.
No
concílio de Jerusalém, onde se discutiu o problema da circuncisão e da lei
mosaica a serem impostas ou não aos convertidos do paganismo, Tiago teve um
papel importante quando deu sua opinião, aceita por todos (At 15). Ele também
escreveu uma Epístola.
Devemos
a Tiago, os práticos, sensíveis e prudentes ensinamentos. Como esta
advertência, sempre muito atual: " Se alguém pensa ser religioso, mas não
freia sua língua e engana seu coração então é vã sua religião. A religião pura
e sem mácula, aos olhos de Deus, nosso Pai, é esta: Visitar os órfãos e as
viúvas em suas aflições e conservar-se puro da corrupção deste mundo" (Tg
1, 26-27).
Sobre
a morte de Tiago, o Menor, que foi o primeiro apóstolo a dar a vida em nome de
Jesus, possuímos informações de antiga data. Entre as mais prováveis estão as
do historiador hebreu José Flávio, segundo o qual, o apóstolo teria sido
apedrejado e pisoteado no ano 61 ou 62, pelo sumo pontífice Anás II, que se
aproveitou da morte do íntegro Papa Festo para eliminar o bispo de Jerusalém.
São
Tiago, o Menor, sempre foi considerado um homem de grande pureza, total
dedicação e abnegação, vivendo desde o nascimento consagrado a Deus. Sua vida
foi santa e de muita austeridade. Converteu muitos judeus à fé cristã, antes de
receber a coroa do martírio. Suas relíquias foram colocadas na igreja dos
santos Apóstolos, em Roma
Judas (Iscariotes)
Nasceu em Queriote, seu sobrenome Iscariotes,
suicidou-se do feito (Judas a Cristo traiu).
"Ora, chegada a manhã, todos os
principais sacerdotes e os anciãos do povo entraram em conselho contra Jesus,
para o matarem, e, maniatando-o, levaram-no e o entregaram a Pilatos, o
governador.
Então Judas, aquele que o traíra, vendo que
Jesus fora condenado, devolveu, compungido, as trinta moedas de prata aos
anciãos, dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Responderam eles: Que nos
importa? Seja isto lá contigo.
E tendo ele atirado para dentro do santuário as moedas de prata, retirou-se, e foi enforcar-se.
E tendo ele atirado para dentro do santuário as moedas de prata, retirou-se, e foi enforcar-se.
Os principais sacerdotes, pois, tomaram as
moedas de prata, e disseram: Não é lícito metê-las no cofre das ofertas, porque
é preço de sangue.
E, tendo deliberado em conselho, compraram
com elas o campo do oleiro, para servir de cemitério para os estrangeiros.
Por isso tem sido chamado aquele campo, até o
dia de hoje, Campo de Sangue.
Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, a quem certos filhos de Israel avaliaram, e deram-nas pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor." - conf: S.Mateus 27:1-10
Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, a quem certos filhos de Israel avaliaram, e deram-nas pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor." - conf: S.Mateus 27:1-10
Marco Antonio Lana (Teólogo)