FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 13 – RECOMENDAÇÕES FINAIS PARA A FAMÍLIA.
“O
padrão de amor do marido deve ser a cruz de Cristo, no qual o Senhor se
sacrificou até a morte em amor abnegado pela sua noiva”
(John Stott).
Nas
cartas gerais e no Apocalipse, encontramos os autores tocando em assuntos
relativos à família.
I
– VIDA EM FAMÍLIA E CASAMENTO.
O
autor desconhecido da carta aos hebreus se apropria de figuras alusivas à
família para descrever Deus como o pai, desejando o nosso bem, procura
disciplinares os seus filhos (Hb 12,5-11). Só aqui é que o autor da
carta aos hebreus chama Deus de Pai. Se ele usa a ilustração da vida em família
para trazer uma reflexão sobre a disciplina de Deus para com os filhos, podemos
extrair também uma lição para os pais
hoje. Exercer uma paternidade responsável é não abrir mão da disciplina. “Um
bom pai trata seus filhos com gentileza e compreensão, mas há ocasiões que sua
natureza generosa da lugar à correção direta e retribuição penosa” – afirma
o autor Neil Lighfoot em seu comentário da carta aos Hebreus. O Comentário
Bíblico Broadmam afirma: “O desígnio da disciplina, na mente do pai, é a
capacitar seus filhos a se integrarem bem na família, para o beneficio mutuo de
cada membro da família”.
Mais
adiante o autor das cartas aos Hebreus lembra seus leitores sobre o valor do
casamento e de que Deus estará julgando aqueles que promovem a imoralidade e
aqueles que praticam o adultério – “Honrado seja entre todos o matrimônio e
o leito sem mácula; pois aos devassos e adúlteros, Deus os julgará.” (Hb
13,4). A expressão “o casamento deve ser honrado por todos” tem a idéia
de que o casamento em todos os seus aspectos deve ser tido em alta
consideração. Uma outra idéia seria a de que o estado matrimonial deve ser
valorizado por todos, especialmente entre os cristãos. A Expressão “feita sem mácula” é, sem duvida, uma
alusão sobre a pureza, a sinceridade e a santidade que deve dominar as relações
sexuais no casamento. Aqueles que o macularem promovendo a imoralidade sexual
através de suas várias formas e também àqueles advogam a pratica do adultério,
bem como o praticam, serão julgados por Deus. Em outras palavras: aqueles que
praticarem uma sexualidade fora dos parâmetros de Deus estarão sendo julgados
pelo justo Juiz.
II
– FAMÍLIA E FÉ.
Tiago
também procurou lançar luzes sobre a família em seus escritos. Alertou sobre o
dever de estarmos sempre procurando livrar-nos da impureza moral – “Pelo
que, despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo vestígio do mal,
recebei com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar
as vossas almas.” (Tg 1,21) e que uma religião que agrada a Deus passa pela
via do cuidado que devemos ter para com os órfãos e as viúvas – “Pelo que,
despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo vestígio do mal, recebei
com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as
vossas almas.” (Tg 1,27). Uma igreja ou um crente que não da atenção aos
órfãos e as viúvas está sendo incoerente com a fé que professa. Tiago também
ensinou que é errado diferenciar os pecados – “Porque o mesmo que disse: Não
adulterarás, também disse: Não matarás. Ora, se não cometes adultério, mas és
homicida, te hás tornado transgressor da lei.” (Tg 2,11). Muitas vezes,
como igreja, achamos que um tipo de pecado é mais grave do que outros. O pecado
de adultério que afeta tanto a família está no mesmo nível, aos olhos de Deus,
dos outros pecados que podemos cometer.
III
– CONSELHOS PARA AS ESPOSAS E MARIDOS.
O
apostolo Pedro que era casado – “Ora, tendo Jesus entrado na casa de Pedro,
viu a sogra deste de cama.” (Mt 8,14), procurou ministrar às famílias
através de suas cartas. Dedicou especial atenção às esposas e maridos (1Pd
3,1-7). As esposas receberam mais atenção. Para ser mais exato: receberam
instruções seis vezes mais. Sua intenção era, com certeza, dar valiosas
instruções às esposas de maridos não-crentes. Willian Barclay, comentando este
texto afirma: “Pode parecer estranho que Pedro avise às mulheres seis vezes
mais do que os maridos. Isto se deve ao fato que a posição da esposa era muito
mais difícil do que a do marido. Se o marido converter-se ao cristianismo, ele
automaticamente levaria consigo sua esposa à igreja....Mas se a esposa se
convertesse ao cristianismo e seu marido não, ela estaria dando um passo sem
precedente, causando os mais graves problemas”.
O segredo, estão,
para impressionar o seu marido, conforme podemos observar, estava numa vida de
submissão, de honestidade na relação conjugal, de respeito ao marido – “Semelhantemente
vós, mulheres, sede submissas a vossos maridos; para que também, se alguns
deles não obedecem à palavra, sejam ganhos sem palavra pelo procedimento de
suas mulheres, considerando a vossa vida casta, em temor.” (1Pd 3.1-2), uma
vida dominada pelo espírito de mansidão ou docilidade e de plena tranqüilidade
– “Mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível traje de um espírito
manso e tranqüilo, que és, para que permaneçam as coisas.” (1Pd 3,4). Não
orientou as esposas abandonarem seus maridos pagãos, alinhando, assim, as
orientações deixadas por Pedro – “E se alguma mulher tem marido incrédulo, e
ele consente em habitar com ela, não se separe dele.” (1Cor 7,13). Deveriam
ser submissas, isto é: humildes, desejosas em servir a seus maridos. Não
deveria cultivar o mau humor, uma atitude de coração e promotora de constantes
aborrecimentos. O que iria causar impacto à vida espiritual dos maridos era o
comportamento da esposa no cotidiano do lar e não na beleza física. Pedro não
orientou as esposas a não cuidarem do corpo, o que ele enfatizou é que o foco
do cuidado deveria estar no interior, no comportamento, nas atitudes do
dia-a-dia vida conjugal.
Note que Pedro não
colocou um fardo sobre as esposas em relação à posição espiritual de seus
maridos. A decisão de se tornarem cristãos não pesava sobre elas. A tarefa das
esposas estava em tão somente viver uma vida que facilitasse a compreensão do
Evangelho por parte de seus maridos. Charles Swindoll, em seu livro Renove a
sua Esperança, coloca muito bem este assunto quando afirmou: “Esposa, a
sua função é amar seu marido. A função de Deus é mudar a vida Dele”.
Embora só um
versículo tenha sido dedicado aos maridos, nem só por isto menos importantes.
Para eles, o apóstolo Pedro aconselhou que deveriam viver com suas esposas, com
entendimento, honrando-as e cuidando delas com carinho – “Igualmente vós,
maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais
frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não
sejam impedidas as vossas orações.” (1Pd 3,7). Devemos sempre lembrar-nos
de que Pedro escreveu esses conselhos numa época em que a mulher era tratada
como um objeto. Num contexto social machista, Pedro aconselha os maridos
cristãos a viverem com suas respectivas esposas de forma harmoniosa, ouvindo as
suas opiniões, entendendo os seus
sentimentos, atendendo as suas necessidades e valorizando-as sempre.
Pense num casamento onde a esposa respeita o marido, é sábia nas
suas palavras e ações, que cuida de sua aparência, mas cuida muito mais de suas
atitudes para que sejam sempre aprovados por Deus e onde os maridos a amam
procura viver em harmonia, valoriza e atende às necessidades e entende os seus
sentimentos de esposa?
Pedro termina suas
orientações às esposas e maridos conectando à vida espiritual. Quando esposas e
maridos não vivem da forma que Deus deseja,
a vida devocional fica prejudicada – “Igualmente vós, maridos, vivei
com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como
sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as
vossas orações.” (1Pd 3,7).
IV
– CONSIDERAÇÕES FINAIS.
João, nas suas
cartas, embora não toque diretamente no tema família usa termos familiares para
expressar quase um sentimento de pai para com seus leitores. Varias vezes usa a
expressão “filhinhos” (1Jo 1,2-3; 2,12.18.28; 3,7; 5,21) referindo-se
aos leitores e se refere a Deus como Pai (1Jo 1,2-3; 2,15.23-24; 3,1). Escreveu
ao pais e filhos sobre a certeza da vitória em Cristo – “Filhinhos, eu vos
escrevo, porque os vossos pecados são perdoados por amor do seu nome. Pais, eu
vos escrevo, porque conheceis aquele que é desde o princípio. Jovens, eu vos
escrevo, porque vencestes o Maligno. Eu vos escrevi, meninos, porque conheceis
o Pai. Eu vos escrevi, pais, porque conheceis aquele que é desde o princípio.
Eu escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e
já vencestes o Maligno.” (1Jo 2,12-14).
Judas, “servo de
Jesus Cristo, e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai, e guardados
em Jesus Cristo.” (Jd 1), na sua pequena carta, volta a lembrar-nos que a
imoralidade e todos os tipos de relações sexuais antinaturais praticadas pelos
moradores de Sodoma e Gomorra sofreram as conseqüências impostas por Deus – “assim
como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se prostituído
como aqueles anjos, e ido após outra carne, foram postas como exemplo, sofrendo
a pena do fogo eterno.” (Jd 7).
V
– O GRANDE CASAMENTO.
O
Apocalipse também se apropria de relatos históricos de famílias e casamentos
para trazer mensagens importantes. Por exemplo: cita a “mulher Jezabel”
– “Mas tenho contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se diz
profetisa; ela ensina e seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das
coisas sacrificadas a ídolos.” (Ap 2,20) para mostrar grande apostasia
contra Deus, o grande Marido e Senhor. Como sabemos, Jezabel era o nome da
esposa de Acabe, que adorava Baal e procurou, de todas as maneiras matar o
profeta Elias – “E, como se fosse pouco andar nos pecados de Jeroboão, filho
de Nebate, ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios,
e foi e serviu a Baal, e o adorou.” (1Rs 16,31); “Pois sucedeu que,
destruindo Jezabel os profetas do Senhor, Obadias tomou cem profetas e os
escondeu, cinqüenta numa cova e cinqüenta noutra, e os sustentou com pão e
água). Porventura não disseram a meu senhor o que fiz, quando Jezabel matava os
profetas do Senhor, como escondi cem dos profetas do Senhor, cinqüenta numa
cova e cinqüenta noutra, e os sustentei com pão e água.” (Ap 18,4.13).
lembra, derradeiramente, que todos que cometem imoralidade sexual, que tantos
males causam ao casamento e á família, serão punidos com a segunda morte – “Mas,
quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e
aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a
sua parte será no lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte.”
(Ap 2,18); “Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os
homicidas, os idólatras, e todo o que ama e pratica a mentira.” (Ap 22,15).
Mas
a grande mensagem do livro Apocalipse, no que se refere a família, é a
apropriação da figura do casamento para ilustrar a cerca do grande casamento
que haverá entre Cristo, o Noivo, e a sua amada Igreja, a noiva – “Regozijemo-nos,
e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e
já a sua noiva se preparou.” (Ap 19,7); “E veio um dos sete anjos que
tinham as sete taças cheias das sete últimas pragas, e falou comigo, dizendo:
Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro.” (Ap 21,9); “E o
Espírito e a noiva dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha;
e quem quiser, receba de graça a água da vida.” (Ap 22,17).
CONCLUINDO
O Deus que criou o
casamento e a família, como vimos nas páginas da Bíblia, apropriou-se
desta instituição para deixar a
derradeira mensagem de que um dia haverá um outro casamento, não humano e
sujeito, em face da dureza dos corações, ao adultério, infelicidades e
divorcio, mas espiritual e eterno entre Cristo e sua amada noiva, a Igreja. E
então, todos os filhos de Deus – “Mas, a todos quantos o receberam, aos que
crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.” (Jo
1,12) estarão no lar celestial – “Na casa de meu Pai há muitas moradas.”
(Jo 14,2a), como uma só família, e estaremos eternamente louvando o Pai Eterno
– “Por esta razão dobro os meus joelhos perante o Pai, do qual toda família
nos céus e na terra toma o nome.” (Ef 3,14-15) e a Jesus, o Primogênito – “O
qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl
1,15).
Nenhum comentário:
Postar um comentário