quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

DOUTRINA DOS ANJOS - 01 – ANJOS – A Onda Teológica Do Momento.


Por volta da metade da década de 90 irrompeu uma onda doutrinária a respeito dos anjos. Desde então tem sido produzidas várias obras sobre o assunto nos meios religiosos não-cristãos. Muitas destas obras se ocupam em mostrar que a doutrina dos anjos é uma herança das religiões orientais e são carregadas de misticismo. A mídia, especialmente a televisão, encarregou-se de espalhar os conceitos errôneos sobre os anjos, explorando a credulidade de pessoas espiritualmente fracas e supersticiosas. Em consequência, os cristãos correm o risco de serem influenciador por esses “ventos doutrina” que, não raro, sopram sobre os arraiais cristãos.

Pensando em nos livrarmos destas influências, vamos estudar sobre os anjos.

I.            ANGEOLOGIA – UMA DOUTRINA ESQUECIDA.


Angeologia é o estudo referente aos anjos. É uma palavra vinda do encontro de outras duas palavras – angelos e logia, palavras gregas que significam anjo e estudo, respectivamente. É um assunto de pouco interesse entre os cristãos de modo geral.

Algumas razões por que os estudiosos da Bíblia e da Teologia tem dado pouca atenção a este assunto:

Þ    As sutilezas escolásticas.

O Escolasticismo foi uma forma de pensar dos filósofos e teólogos, que vieram a ser chamados de escolásticos, no período da Idade Média (período histórico entre o começo do século V e meado do século XV). Muitos assuntos eram tratados com profundidades mas às vezes eles desciam a considerações banais. Foi assim que trataram a doutrina dos anjos, levantando questões sem nenhuma relevância para a sua compreensão, como, por exemplo:

1)    Quantos anjos poderiam permanecer na ponta de uma agulha?
2)    Um anjo poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo?
3)    Os anjos da guarda vigiam as crianças desde o nascimento? Ou já desde o embrião?

Essas sutilezas dos escolásticos terminaram por desinteressar os teólogos a refletirem sobre angeologia, ou provocaram neles o receio de serem considerados escolásticos se viessem a abordar o assunto.

Þ    O Cristocentrismo.

Embora ser Cristocêntrico ser uma exigência para o cristão e para o Cristianismo, porque devemos dar preeminência a Cristo e anunciar uma mensagem eminentemente Cristocêrica – "mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos;" (1Cor 1,23), corremos o risco de, procedendo assim, pôr de lado outras doutrinas. A doutrina dos anjos é uma questão de revelação de Deus, desde o Gênesis ao Apocalipse - "E expulsou-o; e colocou ao oriente do jardim do Éden querubins armados de uma espada flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida". (Gn 3,24); "Fui eu, João, que vi e ouvi estas coisas. Depois de as ter ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que as mostrava". (Ap 22,8), e não podemos ser ignorantes sobre qualquer aspecto da Revelação. Se a angeologia é uma doutrina bíblica, é importante que a estudemos.

Þ    As mistificações.

Hoje se apregoa, por toda a parte, a aparição de anjos que fazem milagres, que movem pessoas de um lugar para outro... Anjos são vistos nos cantos superiores das naves dos templos, pousados nos lustres... Estas mistificações causam repulsa e levam a considerar o assunto dos anjos uma questão de crendice popular ou de superstição, que não merece uma reflexão séria. Esta é, provavelmente, mais uma razão por que a doutrina dos anjos é esquecida.

Entretanto ao invés de esquece-la, apenas  deveríamos nos livrar do misticismo em torno doa anjos. Foi isto que Paulo  condenou quando escreveu aos crentes de Colossos, que, influenciados por práticas pagãs, corriam também o risco de prestarem adoração a anjos, e não a Deus - "Ninguém vos roube a seu bel-prazer a palma da corrida, sob pretexto de humildade e culto dos anjos. Desencaminham-se estas pessoas em suas próprias visões e, cheias do vão orgulho de seu espírito materialista," (Cl 2,18).


II.          OBJEÇÃO À DOUTRINA DOS ANJOS.

Em qualquer tempo da historia a doutrina dos anjos tem encontrado oponentes e contestadores.

Þ    A doutrina dos saduceus.

Os saduceus compunham uma seita judaica, que floresceu na Palestina desde os fins do século II aC até os fins do século I dC. Duas doutrinas em que os saduceus diferençavam dos estudiosos de sua época eram: a negação da ressurreição dos mortos - "Naquele mesmo dia, os saduceus, que negavam a ressurreição, interrogaram-no:" (Mt 22,23) e a inexistência dos anjos - "(Pois os saduceus afirmam não haver ressurreição, nem anjos, nem espíritos, mas os fariseus admitem uma e outra coisa.)" (At 23,8). Estes dois erros doutrinários dos saduceus foram condenados pelos ensinos de Jesus que reafirma a doutrina da ressurreição e a existência dos anjos com um mesmo argumento e existência dos anjos com um mesmo argumento - "Na ressurreição, os homens não terão mulheres nem as mulheres, maridos; mas serão como os anjos de Deus no céu". (Mt 22,30).

Þ    O racionalismo.

Do ponto de vista dos racionalistas, a existência dos anjos é uma aberração, pois foge dos princípios da razão e da ciência. Consequentemente, eles veem a crença na existência dos anjos como uma forma de politeísmo primitivo, que teve sua evolução no judaísmo.

Este pensamento racionalista não é coerente, pois a doutrina judaica é essencialmente monoteísta. Os anjos não são deuses - "Por outro lado, a respeito dos anjos, diz: Ele faz dos seus anjos sopros de vento e dos seus ministros chamas de fogo (Sl 103,4)," (Hb 1,7). Os anjos bons nunca se manifestam como um deus, mas como mensageiros de Deus, incumbidos de uma tarefa especifica; e os anjos maus são seres espirituais rebelados contra Deus, ainda a Ele sujeitos (Jó 1,6-12; 2,1-6). Rejeita-se também essa opinião racionalista, porque ela exclui a interferência divina na história e na vida dos homens que diversas vezes, foi feita através da ação dos anjos.
                                            



Þ    O materialismo.

Os materialistas negam a existência de um mundo espiritual; por isso também negam a existência  dos anjos.  Só aceitam a realidade do mundo material, rejeitando tudo o que vá além da matéria. Contrariam a vontade de Deus, porque “só se preocupam com as causas terrenas”, e estão condenados à perdição (Fp 3,17-4,1).

Þ    O espiritismo.

A doutrina espírita sobre os anjos se encaixa devidamente no conjunto da sua estrutura doutrinária, cuja linha mestra é a reencarnação. O espiritismo ensina que os anjos são almas dos mortos que, depois de várias etapas de reencarnação, alcançaram um grau máximo de perfeição. Assim, negam a existência distinta dos seres angelicais. Para eles , tanto os anjos bons como os maus ou demônios inexistem. Estes últimos dizem, são almas desencarnadas.

CONCLUINDO


Rejeitamos a doutrina da reencarnação, refutando-a contextos Bíblicos como - "Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo," (Hb 9,27). Ninguém há que, tendo passado desta vida para outra, volta, mesmo que seja para um bom propósito, e muito menos para habitar em outro corpo (Lc 16,27-31).

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