A família é realidade que abarca toda a vida do ser humano desde a sua
concepção até a morte, passando por diversas fases da existência e da história
humana. Por isso não é tão fácil definir o que vem a ser Pastoral Familiar. Na
infância e adolescência, na saúde ou na doença, como ser que louva o Senhor e
como pessoa destinada a viver na comunidade eclesial, o homem, membro de uma
determinada família, é atendido por diferentes serviços pastorais da Igreja.
A Pastoral Familiar não se restringe apenas:
- A
cuidar dos casais e das famílias canonicamente constituídas, mas visa
atingir todo e qualquer núcleo familiar.
- A
melhorar o relacionamento conjugal (marido e mulher) e familiar (pais e
filhos), mas precisa levar a família a tomar consciência de sua
responsabilidade social e eclesial.
- Cuidar
de famílias bem constituídas, mas leva em consideração todas as formações
familiares que vivem situações delicadas no contexto sócio – político – econômico
- cultural.
- A
uma postura moralizante que denuncia o pecado e o mal presentes nas
constituições dos casais e em seu comportamento ético, mas visa anunciar o
bem e a necessidade da família, mormente a doutrina da Boa Nova, que lhe é
peculiar.
- A
tornar o casal e a família mais piedosos (orações, prática religiosa) nem
a ajustar arestas, arredondar ângulos no interior da pequena célula, mas
deseja fazer com que a família seja agente da sua própria transformação, e
venha a transformar o ambiente em que vive à luz de forte mística
evangélica alicerçada no sacramento do matrimônio e da Igreja doméstica.
“A
Pastoral Familiar insere-se admiravelmente na pastoral de toda Igreja: é
evangelizadora, profética e libertadora”.
Anuncia
o Evangelho do amor conjugal e familiar, como experiência pascal vivida na
Eucaristia. Denuncia as falácias e corruptelas que embargam e ensombram o
Evangelho do amor e familiar. “Procura caminhos para que os casais e as
famílias possam progredir na sua vocação ao amor em sua missão de formar
pessoas, educar na fé, contribuir para o desenvolvimento” (n. 591-594).
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As Conclusões de Santo Domingo (1992) lembram algumas de suas
características:
- Trata-se
de uma prioridade da Igreja diocesana (n. 222);
- Prioridade
básica, porque fronteira da Nova Evangelização;
- Prioridade
sentida, acolhida e desenvolvida por toda comunidade diocesana;
- Prioridade
atuante, isto é, inserida numa pastoral orgânica;
- Prioridade
real, acompanhada pelo bispo, pelos sacerdotes e por toda igreja (cf.
Santo Domingo, n.64)
Podemos, talvez, propor uma definição de Pastoral Familiar desta
maneira:
É uma
ação que se realiza na Igreja, com a Igreja e pela Igreja, de forma
organizada, planejada e revisada, empreendida por agentes específicos e com
metodologia própria, tendo como objetivo a evangelização da família,
oferecendo elementos necessários para sua formação, orientações para a
vivência conjugal e familiar, levando a todos a Boa Nova do sacramento do
matrimônio, capacitando a pequena célula a ser transformadora da sociedade e
missionária no ceio da Igreja (cf. Pastoral Familiar no Brasil. Objetivos,
organização, agentes. Estudos da CNBB, n. 65, PAULUS, São Paulo,
1994, 4ªed., n. 16)
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Explicitemos alguns elementos desta descrição/definição da Pastoral
Familiar:
- Trata-se
de ação que conhecem objetivos, e não ativismo sem rumo;
- Ação
de toda a Igreja, e não apenas de segmentos isolados, tendo os movimentos
e serviços familiares trabalhando em colaboração com os planos da pastoral
da diocese e da paróquia;
- Essa
ação é organizada, planejada e revisada, sem o que A PASTORAL FAMILIAR não
poderá dar passos adiante;
- Seus
agentes básicos são casais e famílias com forte senso de pertença à
comunidade da Igreja;
- Seus
métodos serão específicos no sentido de atingir homem e mulher, o casal,
os filhos, nas diferentes etapas de sua história;
- Tudo
visando à evangelização da família, que se torna, então, agente de
transformação da Igreja e da sociedade.
A Pastoral Familiar se caracteriza por ser:
- Um
serviço ao homem, à mulher e os seus filhos;
- Um
serviço eclesial, porque completa à Igreja indicar o sentido último do
casamento e da família à luz do Evangelho e do ensinamento do Magistério;
- Um
serviço que pretende subsidiar outras instituições que velam pela
integridade da família;
- Um
serviço que coordena todas as atividades necessárias para a vitalização e
fortalecimento da família;
- Um
serviço missionário porque se dirige a todas as constituições
familiares mesmo as que vivem situações irregulares;
- Um
serviço social, porque trabalha em estreita colaboração com a pastoral
social (criança, mulher, menores, moradia, migrante e outras).
ETAPAS OU CAMPOS DE AÇÃO DA PASTORAL FAMILIAR
Podemos dividir a Pastoral Familiar em pré e pós - matrimonial.
Necessariamente uma de suas divisões será a dos casos que se convencionou
chamar de “difíceis”, ou seja, situações familiares irregulares.
Encontramos ainda os “tempos fortes” da Pastoral Familiar,
ligados a eventos extraordinários que podem ser programados.
PASTORAL
PRÉ – MATRIMONIAL
- Catequese de Primeira Eucaristia: Normalmente muitas crianças são
levadas ás paróquias para que sejam preparadas para a Primeira Eucaristia.
Esse serviço é desempenhado pela Pastoral Catequética. Um casal da
Pastoral Familiar, no entanto, poderia se encarregar de fazer exposições
nos encontros das crianças (talvez 2 ou 3 vezes em cada semestre). Seriam
discutidas questões como família, casamento, sacramento do matrimônio e
outros temas.
- Tempo de preparação para Crisma: Os encontros de preparação para a
Crisma normalmente reagrupam adolescentes entre 14 e 16 anos. Importante
que, nesse momento, sejam feitas exposições e dinâmicas em torno de temas
como sexualidade humana e cristã, amor, casamento, condições para a
escolha da vida conjugal e familiar. Para que este serviço funcione, seja
designado um casal da Pastoral Familiar que trabalhe em colaboração com a
Pastoral da Crisma.
- Grupamentos de jovens: O jovens têm sua organização de pastoral
própria. Uma Pastoral Familiar sólida e um sério Conselho Pastoral
Paroquial cuidarão que nestes agrupamentos, haja formação para o casamento
e educação para a vida familiar, explicação para que haja sabedoria e
prudência na escolha do companheiro ou companheira. Um casal da Pastoral
Familiar assumirá essa tarefa em colaboração com a coordenação da Pastoral
da Juventude
- Atendimentos às escolas: Tanto nas escolas dirigidas por religiosos
quanto nos estabelecimento públicos será necessário fazer um trabalho de
esclarecimento a respeito dos valores familiares, e do sentido do
casamento, da sexualidade humana e cristã. Procurar-se-á também levar aos
adolescentes e jovens critérios para discernimento crítico da realidade,
mormente diante dos conteúdos veiculados pelos meios de comunicação
social. Um casal da pastoral familiar trabalhará em colaboração com a
direção da escola e com o setor de ensino religioso.
- Encontro ou tardes de reflexão para namorados firmes: Um casal da
Pastoral Familiar poderá montar uma equipe que organizará encontros com
namorados firmes e, eventualmente, noivos, nesses encontros de dia inteiro
ou de uma tarde já serão bordados temas de preparação imediata para o
casamento: o tema do amor conjugal, sacramentos em geral e sacramento do
matrimônio, quando alguém pode tomar a decisão para o casamento, projeto
de vida a dois e outros.
- Catequese matrimonial para o tempo de noivado.
- Curso/encontro de noivos.
- Animação da liturgia do Sacramento do Matrimonio.
Obs.:
- Casamento:
ternura e desafio,
- Diretrizes
e conteúdo para curso ou encontros de noivos,
- Setor
Família/CNBB,
- Vozes,
Petrópolis, RJ
- Noivado
e casamento, PAULUS, São Paulo, 1993
- Vamos
nos casar - Vozes
PASTORAL PÓS –
MATRIMONIAL
- Batismo.
- Grupos familiares.
- Trabalho com viúvos e idosos.
- Encontro de casal
- CASOS ESPECIAIS
- Mães ou pais solteiros.
- Família de migrantes (quando toda família
migra ou apenas o chefe de família).
- Família vivendo em extrema miséria numa
comunidade (cuidados imediatos e trabalho de reversão do grave quadro de
injustiça social).
- Família em que o pai se ausenta longo tempo do
lar
- Especial atenção voltada para mulheres que
pretendem abortar.
- Uniões livres.
- Pessoas que se separam e não contraem novas
núpcias.
- Casais que se separam e constroem nova união
OBS.: este setor da Pastoral familiar necessita de pessoas e casais
criteriosos para que tudo seja feito com grande misericórdia e, ao mesmo tempo,
com fidelidade à doutrina e ao ensinamento do Magistério. Importante trabalhar
com a Pastoral Social. Livro a ser usado: Quando o sol desaparece... Pastoral
para os que separam Coleção nossa Família, Vozes, Petrópolis, 1993
TEMPOS FORTES DA PASTORAL FAMILIAR
- Campanha da fraternidade.
- Natal em Família.
- Visita às Famílias.
- Semana nacional da Família.
- Visitas filantrópicas
- Esporte e lazer.
COMO
ORGANIZAR A PASTORAL FAMILIAR?
- Reunir número razoável de
casais e agentes e estudar a situação do atendimento da família na
paróquia.
- Com esse grupo, estudar,
algumas reuniões, o texto: Pastoral Familiar no Brasil, Estudos
da CNBB, n. 65, PAULUS, São Paulo, 1994, (4ª edição).
- Nesta reunião
poderão e deverão estar presentes também professores, médicos,
líderes da juventude, responsáveis pela catequese. Preparação para a
crisma e outros serviços pastorais, bem como atendentes sociais,
psicólogos.
- Constitua-se uma equipe
provisória de Pastoral Familiar.
FUNÇÃO DE COORDENAÇÃO:
- Um casal coordenador;
- Um casal vice – coordenador;
- Um coordenador espiritual;
- Um serviço de secretária;
- Um serviço de tesouraria;
- Um casal coordenando a Pastoral Familiar pré – matrimonial;
- Um casal coordenando a Pastoral Familiar pós – matrimonial;
- Setor de casos especiais;
- Setor dos tempos fortes:
AGENTES DA PASTORAL FAMILIAR
- Toda a comunidade cristã é responsável pela Pastoral Familiar, de modo especial as próprias famílias cristãs.
- O bispo, na diocese, e o pároco, no seu território, são os principais dinamizadores e coordenadores da Pastoral Familiar.
- Casais e famílias cristãs evangelizam outros casais e outras famílias, necessário que sejam organizados cursos, dias de estudo, divulgação de publicações sobre a problemática conjugal e familiar. Os cursos de casais serão promovidos tanto em nível diocesano quanto paroquial.
- Pessoas isoladas darão sua colaboração também: viúvos, pessoas separadas não recasadas, jovens com maturidade, participantes de outras pastorais.
- Certamente a Pastoral Familiar contará de modo muito especial com membros dos movimentos, serviços e institutos de espiritualidade conjugal e familiar. Tais organismos têm suas atividades não totalmente em dependência da paróquia e seguem as diretrizes próprias de seus carismas. Serão, no entanto, pessoas que poderão e deverão dar a sua valiosa contribuição num espírito de serviço. Pensamos aqui em alguns setores de modo particular; preparação de agentes, dinamização nas paróquias de cursos ou encontros de noivos, atendimento de casos difíceis, instalação de serviços SOS família, cursos sobre planejamento familiar, educação para a sexualidade, formação de espírito crítico.
- Religiosos e religiosas darão também sua contribuição e são agentes da Pastoral Familiar. Com seu carisma próprio exercerão atividades importantíssimas no campo do atendimento de adolescentes e das famílias mais abandonadas da comunidade. Em muitos lugares, religiosas ocupam funções de coordenação nas equipes paroquiais ou diocesanas.
- Leigos especializados, tais como médicos, psicólogos, atendentes sociais, sociólogos, advogados e comunicadores sociais serão agentes de primeira linha da Pastoral Familiar.
- Chamamos atenção para alguns agentes da Pastoral da Igreja que poderão trabalhar em conjunto com a Pastoral Familiar num trabalho conjunto integrado:
- Catequistas: já que atendem a família é necessário que sejam orientados no sentido de dinamizar os cuidados pela família nos encontros com as crianças, adolescentes e jovens, e nas reuniões com os pais;
- Agente da Pastoral da Criança: através dos monitores devem também provocar reuniões em que se discute a problemática familiar;
- Agente da Pastoral do Menor: no sentido de que as crianças sejam reintegradas em suas próprias famílias ou se procurem famílias de adoção;
- Jovens e Agentes da Pastoral dos Jovens: há estreitos laços entre a Pastoral Familiar, normalmente a pré – matrimonial, e as preocupações da Pastoral da Juventude;
- Coordenadores de comunidades e líderes ou responsáveis por comunidades eclesiais de base: lá deveria haver também o cuidado pela Pastoral Familiar.
POR QUE É IMPORTANTE A PASTORAL FAMILIAR?
- É um dos mais preciosos bens da humanidade;
- É fundamental para o presente e futuro da sociedade;
- É a primeira célula das virtudes sociais;
- É, para os católicos, Igreja domestica que tem como fundamento o sacramento do Matrimônio, tão desconhecido, tão pouco valorizado, recebido mesmo sem a devida preparação;
- É forjadora de caracteres sólidos e cria espaço para a formação cristã das novas gerações
- Nem sempre goza de condições mínimas de dignidade no tocante à moradia, saúde, educação;
- Não está educando seu filho para a fé;
- É minada pela cultura moderna: sexualidade desvinculada do amor, mentalidade individualista e descartável, sem compromisso, fragilizada por muitas separações;
- É o lugar por onde passa o futuro da humanidade;
- Precisa tomar consciência de que a família evangelizam famílias;
- Será sólida à medida que houver preparação adequada para o casamento;
- E o casamento está nos desígnios amorosos do Senhor;
- A família é um bem da Igreja e do mundo.
PARA DINAMIZAR A PASTORAL FAMILIAR
- Pastoral Familiar no Brasil
- Casamento: ternura e desafio
- Vamos nos casar...
- Coleção “Nossa Família”
- Projeto de vida a dois.
- O tempo da adolescência.
- E eles se deram as mãos...
- Casamento e família no Documento de Santo Domingo.
- Família, a mais bela comunidade de amor.
- Como vai a família? Crônica do cotidiano.
- Quando o sol desaparece... Pastoral para os que se separam.
- Quando o assunto é a família. A perene atualidade do tema da família
- A festa do amor. Reflexões sobre o ritual do sacramento do matrimônio
- Falando de espiritualidade conjugal
- Creio na família.
- Texto base da Campanha da Fraternidade/94
Essa matéria foi publicada por mim no Jornal o Boa Nova do ano 2002 nos
meses de julho a setembro.
Por - Marco Antônio Lana
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