“eu vos declaro que todo
aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de matrimônio falso, e desposa
uma outra, comete adultério. E aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete
também adultério.”
(Mt 19,9).
“3. Os fariseus vieram
perguntar-lhe para pô-lo à prova: É permitido a um homem rejeitar sua mulher
por um motivo qualquer? 4. Respondeu-lhes Jesus: Não lestes que o Criador, no
começo, fez o homem e a mulher e disse: 5. Por isso, o homem deixará seu pai e
sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne? 6. Assim, já
não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu. 7.
Disseram-lhe eles: Por que, então, Moisés ordenou dar um documento de divórcio
à mulher, ao rejeitá-la? 8. Jesus respondeu-lhes: É por causa da dureza de
vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres; mas no começo
não foi assim. 9. Ora, eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher,
exceto no caso de matrimônio falso, e desposa uma outra, comete adultério. E
aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete também adultério. 10. Seus
discípulos disseram-lhe: Se tal é a condição do homem a respeito da mulher, é
melhor não se casar! 11. Respondeu ele: Nem todos são capazes de compreender o
sentido desta palavra, mas somente aqueles a quem foi dado. 12. Porque há
eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas
mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do
Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda.” (Mt 19,3-12).
I. INTRODUÇÃO.
Por
ser algo traumático, o divórcio é sempre um assunto difícil ser tratado.
Existem pessoas que não o aceitam em nenhuma condição. Há pessoas que, sob
determinadas circunstancias são favoráveis, e há até os que buscam base na
Sagrada Escrituras para admiti-lo em qualquer situação. Qual a posição da
Bíblia? É o que estudaremos nesta lição.
II.
O DIVÓRCIO NO ANTIGO TESTAMENTO.
1.
A lei de Moisés e o divorcio.
O
capítulo 24 do livro de Deuteronômio trata a respeito do divorcio. Como a
pratica havia se tornado comum em Israel, o propósito da lei era regulamentar
tal situação a fim de evitar os abusos e preservar a família. Nenhuma lei do
Antigo Testamento incentiva alguém a divorciar-se, mas servia como base legal
para a proibição de outros casamentos com a mulher divorciada. O o divorcio era
e é um ato extremo – “Quando alguém, por
aversão, repudia (a mulher) - diz o Senhor, Deus de Israel -, cobre de
injustiça as suas vestes - diz o Senhor dos exércitos. Tende, pois, cuidado de
vós mesmos e não sejais infiéis!” (Ml 2,16). Infelizmente, muitos que
conhecem a Palavra do Senhor se divorciam por qualquer motivo.
O
casamento é uma aliança de amor, inclusive com Deus, um pacto que não pode ser
quebrado, sobretudo por motivos fúteis e más.
2.
A carta do divorcio.
Uma
vez que recebia a carta do divorcio, tanto o homem quanto a mulher estavam
livres para se casarem novamente. Todavia, segundo a lei, a mulher que fora
repudiada, depois de viver com outro marido, não poderia retornar para o
primeiro, pois tal atitude era considerada abominação ao Senhor – “não poderá o primeiro marido, que a
repudiou, tomá-la de novo por mulher depois de ela se contaminar, porque isso é
uma abominação aos olhos do Senhor e não deve comprometer com esse pecado a
terra que te dá em herança o Senhor, teu Deus.” (Dt 24,4). Divorciar-se não
era fácil, pois havia varias formalidades, e somente o homem podia pedir o
divorcio. A mulher não tinha tal direito. A Leis de Moisés, apesar de não
incentivar o divorcio, dispunha de vários mecanismos par torná-lo mais humano
(Dt 24).
III.
O ENSINO DE JESUS A RESPEITO DO
DIVÓRCIO.
1.
A pergunta dos fariseus.
Procurando
incriminar Jesus, e imbuídos de idéia difundida pela escola do rabino Hilel
(que defendia o direito de o homem dar carta de divórcio a mulher “por qualquer motivo”), os fariseus
questionaram: “É permitido a um homem
rejeitar sua mulher por um motivo qualquer?” (Mt 19,3b). Respondendo aos
acusadores, Jesus relembrou o “princípio”
divino para o casamento, quando Deus fez o ser humano, “macho e fêmea”, “ambos uma só carne” (cf. Gn 2,24). Assim, o
Mestre concluiu: “Portanto, não separe o
homem o que Deus uniu.” (Mt 19,6b). Essa é a doutrina originária a respeito
da união entre um homem e uma mulher; ela reflete o plano de Deus para o
casamento, considerando-o uma união indissolúvel.
2.
O ensino de Jesus.
Os
fariseus insistiram: “Por que, então,
Moisés ordenou dar um documento de divórcio à mulher, ao rejeitá-la?” (Mt
19,7). Respondendo à insistente pergunta, Jesus explicou que Moisés permitiu da
carta de repudio às mulheres: “É por
causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das
mulheres” (Mt 19,8). Uma mulher abandonada pelo marido ficaria exposta à
miséria ou à prostituição para sobreviver. Com a carta de divorcio ela poderia
casar-se novamente. Deus não é radical no trato com os problemas decorrente do
pecado e com o ser humano. Ele se importava com as mulheres e sabia o quanto
elas iriam sofrer com a dureza do coração do homem, e tornou o trato desse
assunto mais digno para elas.
Segundo
ensinou o Senhor Jesus, o divórcio é permitido somente no caso de infidelidade
conjugal.
Ao
invés de satisfazer o desejo dos fariseus, que admitiam o divorcio “por qualquer motivo”, o Mestre disse: “Eu vos digo, porém, que qualquer que
repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra,
comete adultério; [e o que casar com a repudiada também comete adultério.]”
(Mt 19,9). Essa foi a única condição que Jesus entendeu ser suficiente para o
divorcio.
3.
Permissão para novo casamento.
Pelo
texto bíblico, está claro que Jesus permite o divorcio, com a possibilidade de
haver novo casamento, somente por parte do cônjuge fiel, vitima de
prostituição, ou infidelidade conjugal. Deus admite a separação do casal, não
como regra, mas como exceção, em virtude de práticas insuportáveis relacionadas
à sexualidade, que desfazem o pacto conjugal. Do contrário, um servo ou uma
serva de Deus seria lesado duas vezes: pelo Diabo, que destrói casamento e,
outra, pela comunidade local, que condenaria uma vitima a passar o resto da
vida em companhia de um ímpio, ou viver sob o jugo do celibato, que não faz
parte do plano original de Deus – “O
Senhor Deus disse: ‘Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que
lhe seja adequada. ’”. (Gn 2,18). Todavia, em Jesus o cristão tem forças
para perdoar e fazer o possível para restaurar seu casamento.
IV.
ENSINOS DE PAULO A RESPEITO DO
DIVÓRCIO.
1.
Aos casais cristãos.
Paulo
diz: “10. Aos casados mando (não eu, mas
o Senhor) que a mulher não se separe do marido. 11. E, se ela estiver separada,
que fique sem se casar, ou que se reconcilie com seu marido. Igualmente, o
marido não repudie sua mulher. (1Cor 7,10-11). Esta passagem refere-se aos “casais cristãos”, os quais não devem
divorciar-se, sem que haja algum dos motivos prescritos na Palavra de Deus – “Eu vos digo porém, que qualquer que
repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra,
comete adultério; [e o que casar com a repudiada também comete adultério.]”
(Mt 19,9); “Mas, se o pagão quer
separar-se, que se separe; em tal caso, nem o irmão nem a irmã estão ligados.
Deus vos chamou a viver em paz.” (1Cor 7,15). Se há desentendimentos o
caminho não é o divorcio, mas a reconciliação acompanhada do perdão sincero ou
o celibato por opção e não por imposição eclesiástica.
2.
Quando um dos cônjuges não é cristão.
Paulo
ensina que, se o cônjuge não cristão concorda em viver (dignamente) com o
cristão, que este não o deixe – “12. Aos
outros, digo eu, não o Senhor: se um irmão desposou uma mulher pagã (sem a fé)
e esta consente em morar com ele, não a repudie. 13. Se uma mulher desposou um
marido pagão e este consente em coabitar com ela, não repudie o marido. 14.
Porque o marido que não tem a fé é santificado por sua mulher; assim como a
mulher que não tem a fé é santificada pelo marido que recebeu a fé. Do
contrário, os vossos filhos seriam impuros quando, na realidade, são santos.”
(1Cor 7,12-14). O cristão agindo com sabedoria poderá inclusive ganhar o
descrente para Jesus – “Vós, também, ó
mulheres, sede submissas aos vossos maridos. Se alguns não obedecem à palavra,
serão conquistados, mesmo sem a palavra da pregação, pelo simples procedimento
de suas mulheres,” (1Pd 3,1).
3.
O cônjuge fiel não está sujeito à
servidão.
O
apóstolo porem, ressalva: “Mas, se o
pagão quer separar-se, que se separe; em tal caso, nem o irmão nem a irmã estão
ligados. Deus vos chamou a viver em paz. Aliás, como sabes tu, ó mulher, se
salvarás o teu marido? Ou como sabes tu, ó marido, se salvarás a tua mulher? (1Cor
7,15-16). Ou seja, o cristão fiel, esposo ou esposa, não é obrigado a viver até
a morte sob a servidão de um ímpio. Nesse caso, ele ou ela, pode reconstruir a
sua vida de acordo com a vontade de Deus – “27.
Estás casado? Não procures desligar-te. Não estás casado? Não procures mulher.
28. Mas, se queres casar-te, não pecas; assim como a jovem que se casa não
peca. Todavia, padecerão a tribulação da carne; e eu quisera poupar-vos. A
mulher está ligada ao marido enquanto ele viver. Mas, se morrer o marido, ela
fica livre e poderá casar-se com quem quiser, contanto que seja no Senhor.” (1Cor
7,27-28.39). entretanto, aguarde o tempo de Deus na sua vida.
V.
CONCLUSÃO.
O
divórcio causa sérios inconvenientes à igreja local, às famílias e à sociedade.
No projeto original de Deus. Não havia espaço para o divórcio. Precisamos
tratar cada caso de modo pessoal sempre em conformidade com a Palavra de Deus.
Não podemos fugir do que recomenda e prescreve a Bíblia Sagrada. E não podemos
nos esquecer de que a Igreja é também uma “comunidade
terapêutica”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário