I – INTRODUÇÃO
Quando um dos sete anjos que
tinham as sete taças dos juízos de Deus apresentou em visão a grande meretriz
ao profeta João, ele tinha como objetivo principal mostrar as características
dela e como seria a sua condenação final (Apocalipse 17:1 e 2).
Esta mulher é bem diferente da
do capítulo doze. Há muitas interpretações e especulações sobre este assunto.
Parece claro, no entanto, que esta profecia abre a cortina do tempo a fim de
mostrar em que momento da história surgiria esse grandioso poder político-religioso,
simbolizado pela figura de uma grande meretriz.
Os pormenores sobre este poder
ampliam o entendimento a respeito das múltiplas ações do inimigo de Deus, o
qual magistralmente tem-se utilizado de agentes humanos para realizar as suas
pretensões expansionistas, embebedando o mundo inteiro com os seus falsos
ensinamentos.
Este capítulo traz informações
valiosas e surpreendentes perfeitamente capazes de identificar a grande
meretriz e os demais símbolos que a cercam.
II – ENTENDENDO O CAPÍTULO 17
Apocalipse 17:1-18 traz
revelações importantes e desvenda o mistério da grande meretriz, em cuja fronte
encontra-se escrito um nome simbólico: A Grande Babilônia (Apocalipse 17:5).
Antes de analisarmos todas as
suas características, primeiramente se faz necessário descobrir em que época
deveria ocorrer todo o desdobramento desta visão.
A primeira evidência é o fato
de a visão ter sido mostrada ao profeta João por um dos sete anjos que tinham
as sete taças dos juízos de Deus (Apocalipse 17:1). É um forte indício de que
as ações da grande meretriz atingirão o seu ápice quando efetivamente forem
derramadas as últimas pragas, um acontecimento que desenrolar-se-á momentos
antes da segunda vinda de Jesus.
Mais adiante o anjo apresenta
detalhes importantíssimos a respeito das sete cabeças, sobre as quais a grande
meretriz está assentada. As sete cabeças são sete montes (reinos), sobre os
quais a mulher está assentada (Apocalipse 17:9). O termo “monte” simbolicamente
significa “reino” (ver Daniel 2:35). As sete cabeças podem também significar
“reis”, que seriam os governantes desses reinos (Apocalipse 17:10). As sete
cabeças ou os sete reinos que influenciaram de uma forma ou outra o Império
Romano, através suas ideologias, normas legais, sistemas estruturais, etc.
foram: Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Persa, Grécia, Roma Imperial e Roma
Eclesiástica. Quando o apóstolo João recebeu esta visão, os cinco primeiros
reinos haviam caído (Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Persa e Grécia); o sexto
reino existia (Império Romano); o sétimo reino ainda não tinha vindo, mas que
duraria pouco tempo (Roma Eclesiástica).
Quanto a este último, a sétima
cabeça da besta ou o sétimo reino (Roma Eclesiástica), este exerceria o seu
domínio temporal de 538 a 1798 d.C., perfazendo o total de 1260 anos (ver
nossos estudos publicados sobre Apocalipse 12 e Apocalipse 13). Porém, segundo
Apocalipse 17:10, esse domínio duraria pouco tempo. Parece estranho afirmar que
o período de 1260 anos seja considerado “pouco tempo”. No entanto, é
perfeitamente viável, pois o termo ”pouco tempo” foi aplicado também para as
atividades de Satanás contra o povo de Deus, contado a partir da morte de
Cristo. O impressionante é que esse “pouco tempo” já perdura quase dois mil
anos.
A esse respeito o texto
bíblico diz o seguinte:
“...Ai dos que habitam na
terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já
tem pouco tempo.” Apocalipse 12:12.
O término do período de
domínio temporal de Roma Eclesiástica ocorreu em 1798 d.C., quando o exército
francês revolucionário pôs fim às ações desse poder religioso, aprisionando o
seu líder, Pio VI que, levado para a França, ali morreu. Durante alguns anos
Roma Eclesiástica permaneceu desolada e destituída de seu poder.
Em seguida o anjo faz
referência ao surgimento de um oitavo rei ou reino, representado simbolicamente
pela grande meretriz, que se estabeleceria baseado no sistema de governo do
extinto Império Romano, e ao mesmo tempo faria parte das sete cabeças da besta.
Estas informações levam-nos a concluir que este oitavo rei ou reino surgiria
necessariamente após 1798 d.C., quando do término do período de domínio
temporal do sétimo reino (Roma Eclesiástica). Assim diz o texto:
“A besta que era e já não é, é
também o oitavo rei, e é dos sete, e vai-se para a perdição.” Apocalipse 17:11.
A besta sobre a qual está
assentada ou estabelecida a grande meretriz representa simbolicamente a
estrutura do poder político ou sistema de governo do extinto Império Romano.
Embora ferido de morte em 476 d.C., toda a sua estrutura política foi reativada
por Roma Eclesiástica, significando que a sua ferida mortal lhe fora curada
(Apocalipse 13:3). Por isso a expressão “que era e já não é”. Esta besta é
identificada pelas suas sete cabeças e dez chifres (Apocalipse 17:3 e 7). É o
mesmo poder apresentado em Apocalipse 13:1.
O oitavo “rei” ou “reino” é
simbolizado por uma “prostituta assentada sobre muitas águas; com a qual se
prostituíram os reis da terra; e os que habitam sobre a terra se embriagaram
com o vinho da sua prostituição”. (Apocalipse 17:1 e 2).
III – A GRANDE MERETRIZ
As interpretações a respeito
da grande meretriz ou prostituta são muitas, porém, para o atento pesquisador
das Escrituras Sagradas, esta grande prostituta é identificada no próprio
capítulo como sendo “a grande cidade que reina sobre os reis da terra.” Apocalipse
17:18.
A declaração bíblica é muito
clara e precisa: “A mulher... é a grande cidade.” Tudo indica que a grande
meretriz simboliza a Cidade Estado do Vaticano, conhecida como “Cidade Eterna”,
encravada dentro de Roma, localizada no “mons vaticanus”, a “oitava colina” de
Roma. Ela possui uma área aproximada de 44 hectares e é o menor Estado político
independente do mundo, reconhecido como um estado eclesiástico ou sacerdotal
monárquico, governado pelo bispo de Roma, líder máximo da Igreja Romana. A Cidade Estado do Vaticano foi criada em 11 de fevereiro de 1929, através o
Tratado de Latrão, documento assinado pelo então primeiro ministro italiano
Benito Mussolini, com o representante de Pio XI, o cardeal Pietro Gaspari.
O líder máximo da Igreja
Romana governa soberanamente a Cidade Estado do Vaticano e tem a plenitude dos
poderes legislativo, executivo e judiciário. Por sua vez, a Cidade Estado do
Vaticano abriga em seu território a mais poderosa cúpula religiosa do planeta,
através da qual ela mantém as relações e acordos diplomáticos com outros
estados soberanos.. Esta cúpula central funciona também soberanamente, isto é,
goza de status de um Estado soberano, com as mesmas prerrogativas dadas à Cidade Estado do Vaticano, tendo também como chefe supremo o líder máximo da
Igreja Romana, o mesmo que governa a Cidade Estado do Vaticano. A cúpula
central possui vários órgãos que coordenam e organizam o funcionamento da
Igreja Romana ou Roma Eclesiástica em todos os países onde atua e dedica-se
inclusive a apoiar todas as suas ações diplomáticas e políticas expansionistas.
Roma Eclesiástica é aquela que remonta do quarto século, quando já havia se
tornado a religião dominante no Império Romano.
A “grande cidade” vista pelo
profeta João é, na realidade, o centro de um monumental sistema
político-religioso, que atua em todos os níveis da sociedade. Ela tem
participação direta e indireta em organismos internacionais como: ONU
(Organização das Nações Unidas), UNESCO (Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura), OMC (Organização Mundial do Comércio), OEA
(Organização dos Estados Americanos), OMS (Organização Mundial da Saúde), OIT
(Organização Internacional do Trabalho), FAO (Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e Agricultura), INTOSAI (Organização Internacional de
Entidades Fiscalizadoras Superiores), OMT (Organização Mundial do Turismo),
UNIDROIT (Instituto Internacional para Unificação do Direito Privado), CMI (Conselho
Mundial de Igrejas) e mais dezenas de outros.
Na fronte desta grande
meretriz o profeta viu escrito um nome simbólico: “A Grande Babilônia, a mãe
das prostitutas e das abominações da terra.” Apocalipse 17:5.
A partir de 1929 esse poder
político-religioso surge revestido de grande vigor com o propósito de se tornar
a mais poderosa organização religiosa do mundo. A sua influência entre os
governos da terra e sua participação com importantes organismos internacionais,
com raras exceções, é a mais poderosa de todas as influências humanas. A
palavra “Babilônia” significa confusão e sendo ela “mãe”, significa que tem
filhas, um símbolo das igrejas que se apegam às suas doutrinas, tradições e por
estabelecerem com ela uma aliança ilícita com o mundo. Deste modo a grande
meretriz encabeça a confusão reinante no seio do cristianismo com suas
doutrinas, muitas das quais de origem pagã.
A grande meretriz foi vista
pelo profeta João “vestida de púrpura e de escarlate, e adornada de ouro,
pedras preciosas e pérolas; e tinha na mão um cálice de ouro, cheio das
abominações e de imundície da sua prostituição. ...estava embriagada com o
sangue dos santos e com o sangue dos mártires de Jesus.” Apocalipse 17:4 e 6.
Os pormenores proféticos falam por si e são mais uma prova inconteste de que a
simbólica grande meretriz é a Cidade Estado do Vaticano com sua cúpula central
religiosa, governada pelo mesmo poder religioso que nasceu e cresceu dentro do
Império Romano, poder religiosos este identificado por seus templos e
ornamentos luxuosos e por sua atuação contra os santos durante o período da
Idade Média.
IV – A CONDENAÇÃO DA GRANDE
BABILÔNIA
A partir do versículo 12
entram em cena os dez chifres que são dez reinos:
“E os dez chifres que viste
são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão o poder como reis
por uma hora, juntamente com a besta. Estes têm um mesmo intento, e entregarão
o seu poder e autoridade à besta. ...E os dez chifres que viste na besta são os
que aborrecerão a prostituta, e a porão desolada e nua, e comerão a sua carne,
e a queimarão no fogo.” Apocalipse 17:12, 13 e 16.
Depois da derrocada do Império
Romano em 476 d.C., historicamente considerado o último dos impérios mundiais,
o mundo dividiu-se em nações, com suas culturas, raças e línguas, uma divisão
que estender-se-á até a segunda vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Esta
divisão é representada pelos dez chifres. O mesmo entendimento aplica-se aos
dez dedos da estátua, conforme Daniel 2:41.
A profecia prevê que as nações
receberão poder como reis juntamente com a besta por “uma hora” (do vocábulo
grego “oran”: pode significar não necessariamente uma hora, mas, um espaço
definido de tempo ou tempo particular para alguma coisa). Em seguida, por
decisão conjunta, entregarão o seu poder e autoridade à besta. Em outras
palavras as nações colocarão em prática o sistema de governo do extinto Império
Romano. Uma das ações mais cobiçadas é aquela adotada pelo Imperador
Constantino. Com o objetivo de se manter no poder e ter o apoio popular, ele
oficializou a união do Estado com a Igreja. Quando Estado e Igreja andam
juntos, os governantes passam a ser dependentes daquele antigo sistema
político-religioso romano. Ao receber dinheiro público para as chamadas “ações
sociais”, a grande meretriz se robustece, domina as multidões e torna-se
inusitadamente abrangente, a ponto de encabeçar uma poderosa confederação
mundial, incluindo igrejas, autoridades civis e militares, governantes, todos
apoiados e aglutinados pelo seu poderio econômico, político e religioso,
conluiados para tentarem criar um governo global com princípios anti-cristãos,
razão porque Deus conclama Seu povo a não se submeter a tais ensinamentos
anti-escriturísticos (Apocalipse 18:4).
Diz a profecia que “os dez
chifres que viste na besta, estes odiarão a prostituta e a tornarão desolada e
nua, e comerão as suas carnes, e a queimarão no fogo.” Apocalipse 17:16.
Durante as cenas finais, antes
da gloriosa vinda de Jesus a esta Terra, as nações, sentindo-se enganadas pelas
magias praticadas pela grande meretriz (Apocalipse 18:23), levantar-se-ão
contra ela (Apocalipse 18:6), queimando-a no fogo. Cumpre-se, assim, a profecia
a respeito da queda e destruição da grande Babilônia (Apocalipse 18:2;
Apocalipse 14:8).
V – CONCLUSÃO
A grande meretriz encabeça na
realidade um gigantesco sistema de engano (Apocalipse 18:23). A sua arrogância,
vaidade e orgulho, provindos de suas características únicas, as quais são
objetos de tanta admiração e culto, são muito bem destacadas pela Palavra de
Deus (ver Apocalipse 17:4 e 18:7).
Sem dúvida alguma, quem está
por trás de tudo isso é Satanás. O arqui enganador aspira eternizar aqui o seu
império do mal, na sua longa disputa pela posse da Terra.
A destruição da grande
meretriz será inevitável e será idêntica àquela ocorrida à Babilônia antiga
(Apocalipse 18:21; Jeremias 51:63 e 64). A ideia da iminência está expressa nas
páginas sagradas (Apocalipse 18:8). Embora o capítulo dezessete do livro do
Apocalipse descreva poderes malignos que se encontram muito ativos, por outro
lado, traz conforto para o povo de Deus. Dentro em breve o nosso Senhor Jesus
virá e intervirá a favor dos Seus:
“Pelejarão eles contra o
Cordeiro e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos
reis; vencerão também os que estão com Ele, os chamados, e eleitos, e fieis.”
Apocalipse 17:14.