domingo, 15 de outubro de 2023

Estudo Bíblico de Gênesis 2


 

 

O estudo bíblico de Gênesis 2 enfoca, principalmente, a formação e o início da vida humana no mundo criado por Deus. Esse capítulo introduz o tema da história dos céus e da terra. Além disso, Gênesis 2 também serve de preparação para o relato da provação e queda do homem (Gênesis 3:1-24).

 

Gênesis 2 contém o registro de um período muito remoto da história da humanidade. Nesse tempo o primeiro casal ainda habitava o Jardim do Éden; o pecado ainda não havia contaminado a natureza humana. Então, de início, alguém pode perguntar: Como o escritor de Gênesis teve conhecimento desse relato, já que os seres humanos ainda não existiam em parte dele?

 

É claro que a única explicação para isto é considerar que Moisés recebeu essa revelação diretamente do próprio Deus. É por isto que o escritor de Hebreus diz que é pela fé que entendemos que o mundo foi formado pela Palavra de Deus (Hebreus 11:3). Portanto, a genuína fé é essencial para o correto estudo de Gênesis 2 e de toda a Bíblia Sagrada.

 

O Que Era o Jardim do Éden? Qual é a Localização do Jardim do Éden?

 

O Jardim do Éden era o lugar que Deus preparou para que a humanidade vivesse desfrutando de comunhão e paz com Ele. Mas por causa da desobediência, o homem acabou sendo expulso do jardim.

 

O significado da palavra Éden é debatido. Se sua origem for hebraica, então Éden significa “deleite” ou “prazer”, de onde vem a ideia de “paraíso”. Se sua origem for acadiana, então Éden significa “planície”.

 

Como era o Jardim do Éden?

 

A Bíblia diz que Deus plantou um jardim no Éden, na direção do Oriente. Isso indica que Éden era a região na qual o jardim ficava localizado. Nesse jardim Deus colocou o homem que havia criado (Gênesis 2).

 

No jardim Deus fez brotar toda variedade de plantas, ervas e árvores. Havia muitas árvores belas e frutíferas. Entre todas as árvores do Jardim do Éden, duas recebem especial importância e significado: a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal.

 

O fruto da árvore da vida, como o próprio nome sugere, conferia a vida eterna ao homem. Já a árvore do conhecimento do bem e do mal representava um teste moral para o homem, visto que Deus o proibiu de comer de seu fruto. Nesse aspecto, por uma atitude de desobediência, o fruto dessa árvore conferia a morte.

 

A Bíblia também diz que um rio saía do Éden para regar o jardim. Esse rio se dividia dando origem a quatro canais cujos nomes eram: Pisom, Giom, Hidequel (Tigre) e Perat (Eufrates). O termo hebraico utilizado nesse texto também permite a interpretação inversa, ou seja, ao invés de o rio que regava o jardim tornar-se quatro canais, talvez ele fosse formado pela confluência de quatros canais.

 

À luz de Gênesis 2:5 é possível sugerir que no Jardim do Éden também existia algum espaço de terra arável, pronta para o homem lavrar e cultivar. No jardim havia grande variedade de animais, desde animais apropriados para domesticação até animais selvagens e pássaros (Gênesis 2:19,20).

 

Não se sabe por quanto tempo o primeiro casal viveu no Jardim do Éden. Aparentemente essa habitação teve uma longa duração, mas não há como saber (Gênesis 2:8-3:24). Foi no Jardim do Éden que o pecado teve origem na humanidade. Mas foi ali também que pela primeira foi ouvida a promessa de redenção (Gênesis 3:15). Depois de desobedecer a Deus, o homem foi expulso do jardim que era protegido por querubins (Gênesis 3:24).


Onde ficava o Jardim do Éden?

 

Muito provavelmente o Jardim do Éden ficava na região da Mesopotâmia, ao leste da Palestina. Mas ninguém sabe qual era sua localização exata.

 

A Bíblia até fornece algumas informações sobre a região em que ficava localizado o Jardim do Éden. O jardim ficava nas circunvizinhanças das terras de Havilá, Cuxe e o oriente da Assíria. Havilá provavelmente ficava na região da Arábia, talvez próximo ao atual Iraque (cf. Gênesis 10:7,29; 25:18; 1 Samuel 15:7). Já Cuxe possivelmente correspondia à parte do norte da África.

 

Essas terras são relacionadas a quatros rios que estavam em conexão com o rio que regava o jardim. Dois desses rios são conhecidos, o Eufrates e o Tigre. Mas os rios Pisom e Giom são completamente misteriosos para nós.

 

Alguns intérpretes sugerem que os outros dois rios poderiam ser o Indo e o Nilo, formando assim os quatro principais rios da antiguidade. Mas essa hipótese não é conclusiva e é fortemente contestada. Além disso, também é preciso considerar que o dilúvio universal provavelmente alterou muito a superfície da terra.

 

Mas se o Jardim do Éden foi perdido para sempre por causa do pecado, um paraíso muito superior foi prometido àqueles que encontram a remissão de seus pecados pela fé na pessoa de Cristo. Por causa da desobediência do primeiro Adão o homem foi expulso do jardim. Mas por causa da obediência do segundo Adão o homem é convidado a entrar no jardim celestial.

 

No paraíso futuro, no novo céu e nova terra, o povo de Deus viverá em eterna comunhão com Ele. Se no Jardim do Éden o pecado era uma possibilidade real, no novo céu e nova terra essa possibilidade será completamente aniquilada (Apocalipse 21:8; 22:14).

 

Deus concluiu a criação (Gênesis 2:1-3)

 

Os três primeiros versículos de Gênesis 2 fazem parte de uma continuação natural do capítulo 1. Esses versículos declaram que toda obra da criação foi concluída por Deus; e que no sétimo dia Ele descansou de tudo o que fizera.

 

Há uma ênfase muito grande nesses versículos acerca do término da criação. Quatro vezes o autor bíblico faz questão de afirmar que Deus concluiu toda sua obra. Isso significa que todos os processos que ocorrem no universo não implicam numa continuação da criação, mas na verdade de que Deus sustenta continuamente a criação que está completa (cf. Hebreus 1:3).

 

Também é importante entender que a afirmação de que Deus descansou no sétimo dia não significa que Ele estava cansado. Essa afirmação é mais um indicativo de que de fato Deus terminou completamente o seu trabalho da criação do mundo. Além disso, ao descansar no sétimo dia Deus estabeleceu um padrão para o ciclo de trabalho do homem, mostrando a necessidade do descanso.

 

A formação do homem (Gênesis 2:4-7)

 

Esses versículos do capítulo 2 de Gênesis expressam de forma muito mais detalhada a criação do homem e da mulher em relação ao capítulo 1 de Gênesis. É como um relato expandido acerca do que ocorreu no sexto dia da criação e a partir dele (Gênesis 1:24-31). Por isto o escritor de Gênesis diz: “Está é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o Senhor Deus os criou” (Gênesis 2:4).

 

É interessante notar a forma com que o escritor se refere a Deus nesse versículo. Ele escreve “Senhor Deus”. No original o que se se tem são os termos YHWH, o nome pessoal de Deus na aliança, e Elohim, um termo muito utilizado no Antigo Testamento para designar Deus como o soberano criador. A combinação desses nomes mostra que o Criador de todas as coisas é também o Deus da aliança com Israel (Êxodo 3:14,15). 

 

Em Gênesis 2 o escritor retrata Deus como um mestre artesão no processo de criação de sua obra de arte a qual Ele dá vida. Assim, ele diz que Deus formou o homem do pó da terra e soprou nas narinas o fôlego de vida. A expressão “soprou” é uma figura de linguagem que representa a atividade criadora do Espírito de Deus. Como resultado, o homem passou a ser “alma vivente” (Gênesis 2:7).

 

Esse versículo também derruba qualquer tentativa de conciliar a teoria da evolução com o criacionismo bíblico. Gênesis 2:7 diz que o homem passou a ser “alma vivente”. Perceba que o texto não diz que um ser vivente se tornou homem. Não houve um processo de evolução. O texto bíblico claramente afirma que o homem não é formado de vida preexistente. Além disso, distintamente de todas as outras criaturas, o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26).

 

A formação da mulher e a vida no jardim (Gênesis 2:8-25)

 

Em seguida o texto bíblico de Gênesis 2 diz que Deus plantou um jardim no Éden e pôs nele o homem. Esse jardim contava com tudo o que o homem necessitava para ter uma vida feliz e de plena comunhão com Deus.

 

Mais uma vez o escritor utiliza a repetição “Senhor Deus” (Gênesis 2:8). Isso está totalmente em harmonia com o que vem a seguir. Foi naquele paradisíaco jardim que o homem foi colocado em prova. Deus testou a obediência do homem em suas obrigações pactuais. Nesse contexto duas árvores aparecem no centro desse teste. A primeira era a árvore da vida. A segunda era a árvore do conhecimento do bem e do mal.

 

Gênesis 2:18 enfoca diretamente a criação da mulher. Atualmente algumas teorias baseadas em antigos folclores judaicos tentam dizer que a mulher de Gênesis 2:18 não é a mesma de Gênesis 1:27. Mas obviamente essas teorias não encontram nenhuma base na Palavra de Deus.

 

Gênesis 2:18 mostra, simplesmente, o processo de criação da mulher de um modo mais detalhado. Esse versículo revela que inicialmente, ainda no sexto dia da criação, havia uma deficiência no estado de vida do homem: faltava-lhe uma auxiliadora. Isso significa que sem a mulher o homem estava incompleto e incapaz de cumprir a tarefa de multiplicar-se e exercer domínio sobre a terra (cf. 1 Coríntios 11:3-12; 1 Timóteo 2:10).

 

O homem foi criado primeiro, e biblicamente isto lhe confere a posição de líder social. Porém o termo “auxiliadora” não implica numa inferioridade da mulher, mas numa inadequação do homem.

 

Gênesis 2 termina com a dádiva do matrimônio. No capítulo 1 de Gênesis, ao falar da criação do homem e da mulher, o foco está em sua sexualidade expressando sua capacidade de procriação (Gênesis 1:26,27). Já em Gênesis 2:25 o foco está no relacionamento social. Marido e esposa devem construir seu próprio lar. Por isso “deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gênesis 2:24).

 

Quem é Lilith? O que a Bíblia diz sobre ela?

 

Lilith é uma personagem mitológica. Segundo alguns mitos que se tornaram populares na Idade Média, Lilith foi a primeira mulher, criada antes de Eva. Lilith se rebelou e foi expulsa do Éden, tornando-se em um demônio. Vale lembrar que essa história não tem nenhum fundamento bíblico.

 

O mito de Lilith surgiu entre os judeus e a sua história poderá ter sido criada por influência da religião da Babilônia, lugar que tinha uma deusa cruel com um nome parecido. A cultura judaica foi marcada pelo exílio na Babilônia sofrendo muitas influências pagãs. Mais tarde, o mito judaico ganhou alguma popularidade entre os cristãos, mas nunca foi aceite como parte da fé cristã.

 

Significado do nome Lilith

 

O nome Lilith tem origem da palavra acadiana lilitu, que significa "pertencente à noite" ou "da noite". Segundo a cultura suméria e babilônica, o nome Lilith está relacionada a uma categoria de demônios e espíritos malignos.

 

Lilith, Adão e Eva

De acordo com a lenda, Deus criou primeiro Adão e Lilith do pó da terra. Assim, a primeira mulher de Adão não foi Eva. Mas Lilith não era submissa a Adão. Ela tinha sido criada da mesma forma que Adão, por isso exigia igualdade e não aceitava ser dominada pelo marido. A briga entre Adão e Lilith se tornou tão grande que ela tomou o nome de Deus em vão e abandonou o jardim do Éden.

 

Deus enviou três anjos para convencer Lilith a voltar para o Éden e se submeter a Adão, mas ela escolheu rejeitar a reconciliação. Por isso, Lilith se tornou em um demônio. Adão ficou sozinho e triste, então Deus criou Eva para ser sua companheira. Eva foi criada a partir da costela de Adão, diferente de Lilith, e aceitou a sua posição de submissão ao marido.

 

Algumas estórias ainda acrescentam que Lilith foi a serpente que convenceu Eva a comer do fruto proibido. Ela tinha ciúmes de Eva e Adão, por isso decidiu destruí-los, levando-os a pecar.


Versículo de Lilith na Bíblia

 

O único possível versículo de referência a Lilith é Isaías 34:14. Nessa passagem, a palavra hebraica traduzida como “criaturas noturnas” é parecida com Lilith. A criatura mencionada representa um demônio ou uma criatura da noite, que assombraria a terra de Edom depois da sua destruição. Todas as criaturas nessa passagem são símbolos da desolação de Edom, que seria castigado por seus pecados. Como o texto é simbólico, não podemos dizer que essa criatura existe mesmo ou se é só uma metáfora.

 

A referência a “Lilith” no livro de Isaías foi escrita muito tempo antes de surgirem os mitos sobre a mulher que existiu antes de Adão. Não há nenhuma ligação entre as duas histórias exceto o nome.

 

Portanto, não há nada na Bíblia que sugere que a história de Lilith seja verdadeira. O relato da criação, em Gênesis, somente fala sobre um homem e uma mulher: Adão e Eva. Eles foram criados como iguais, para complementarem um ao outro (Gênesis 1:27; Gênesis 2:18). Não há razão para crer que houve outra mulher antes de Eva.

 

O mito de Lilith não acrescenta nada de útil à história da Bíblia nem tem nenhum ensinamento bíblico. Na verdade, até contradiz a Bíblia. A Bíblia diz claramente que a serpente que enganou Eva era o diabo (Apocalipse 12:9). Não era Lilith.

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