Jesus de Nazaré nasceu na cidade de Belém, em uma humilde estrebaria. Foi filho de
Maria e José, trabalhou como carpinteiro e teve pelo 4
irmãos e pelo menos 2 irmãs. Aprendeu a Torá desde criança, era obediente aos pais terrenos e
ao Pai celeste. Iniciou seu ministério aos 30 anos, foi batizado,
curou, instruiu, fez amigos, fez discípulos, mudou milhares de histórias
e encantou outros milhões de corações.
Foi humilde até a morte, e morte de cruz.
Numa sexta-feira, o mesmo Jesus passou pelas 6 horas mais agoniantes
de sua vida humana. Foi traído, preso, negado, açoitado, ferido,
crucificado, morto.
Sua paixão pela humanidade levou-o até à cruz. Suas mãos de
carpinteiro e que outrora também rabiscaram o chão, foram cravadas no
madeiro, machucadas sem pudor.
“Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído
por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava
sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Isaías 53:5 – ACF).
Nesta sexta-feira, lembramos do Cristo que levou sobre si tudo o que
era para ser nosso. Lembramos de suas mãos, do seu rosto, das suas
palavras: “Está consumado!”. Lembramos da crucificação.
Em homenagem a isso, vejamos 7 curiosidades sobre a crucificação de Cristo.
O mundo antes e depois de Cristo
Não é possível compreendermos tudo o que ocorreu no dia da morte de
Cristo se, antes disso, não sabermos das profecias já descritas sobre
sua vinda, sua morte e sua ressurreição.
Anteriormente ao nascimento de Jesus, aproximadamente mais de 300
profecias foram feitas acerca da vinda do Messias – o filho de Deus – à
Terra.
Em relação às profecias relacionadas à morte e crucificação de
Cristo, o Salmo 22 e Isaías 53 certamente se destacam. Veja alguns
exemplos:
- Suas mãos e pés transpassados – Salmo 22:16 e João 20:25.
- Seus ossos não seriam quebrados – Salmos 22:17 e João 19:33 (posteriormente abordaremos mais sobre isso).
- Os homens iriam lançar sortes pela roupa do Messias – Salmo 22:18 e Mateus 27:35.
- Jesus seria rejeitado – Isaías 53:3 e Lucas 13:34,
- Ele ficaria em silêncio em frente de seus malfeitores e acusadores – Isaías 53:7 e 1 Pedro 2:23.
- Ele seria morto, de forma a completar a obra expiatória pelos pecados de seu povo – Isaías 53: 5-9 e 2 Coríntios 5:21.
- Morreria ao lado de criminosos – Isaías 53:12 e Marcos 15:27
- Seria sepultado com os ricos – Isaías 53: 9 e Mateus 27: 57-60
Todas essas profecias foram cumpridas em Jesus. Ele veio para que os
antigos sacrifícios de animais fossem extintos, visto que se tornou o
cordeiro perfeito. Veio para cumprir a Lei, modificando a nossa relação
com ela, e para além disso: Jesus cumpriu a lei perfeitamente, tanto as leis morais quanto as cerimoniais, levando-nos de volta ao Senhor, com livre acesso.
Hoje, somos livres.
“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou.” (Gálatas 5:1a – NVI).
7 curiosidades sobre a crucificação de Cristo
1. A invenção da pena de morte por crucificação
A pena de morte por crucificação foi criada pelos persas, durante o
século V antes de Cristo. No Ocidente, esse tipo de pena foi trazida por
Alexandre, o Grande. No entanto, sua popularização ocorreu no Império
Romano – quando a Judéia estava ocupada por Roma. O costume era punir
escravos rebeldes, criminosos violentos e traidores que se opunham
contra o império, com esse tipo de morte.
A crucificação, então, além de ser uma das formas de tortura mais cruéis da história, tinha por objetivo expor o condenado à execração pública.
2. Barrabás
Na ocasião da prisão e acusação de Cristo, os judeus celebravam o
Pessach (Páscoa) que era, tradicionalmente, uma celebração à liberdade
dos hebreus conquistada no Egito. A Páscoa era, então, a mais importante
festa religiosa tradicional.
Deste modo, nestas datas de comemoração judaica específicas,
Jerusalém enchia-se de peregrinos vindos de todos os lados de Israel, o
que explica a presença do Governador Pôncio Pilatos no local, visto a
necessidade de manter o controle político na região.
Ainda nessa data especial, Pilatos possuía o costume de libertar um
criminoso – aquele que o povo escolhesse. Nessa ocasião, as “opções”
eram Jesus Cristo e Barrabás – descrito na bíblia como um agitador
(líder de uma revolta anti governamental), salteador e assassino.
Barrabás, dessa forma, merecia a pena de morte por crucificação,
todavia, o povo clamou pela libertação de Barrabás, para que Jesus fosse
condenado à morte.
Pilatos, por sua vez, faz diversas tentativas de não executar Jesus –
visto que ele não encontrava em Cristo motivo algum para condená-lo.
Manda-o ao açoitamento (que será explanado a seguir), depois lava suas
mãos, a fim de ficar livre do sangue de Jesus.
Ainda assim, as controvérsias ideológicas mantidas pelos saduceus e
fariseus, assim como o clamor do povo para que Cristo fosse crucificado,
levou-o à morte.
Não se sabe o que aconteceu com Barrabás depois desse episódio.
Contudo, uma coisa é certa: ele era como eu e você. Ambos merecíamos a
morte, ambos recebemos libertação – o outro morreu para que pudéssemos
viver.
3. O açoitamento
Depois da prisão de Jesus – impulsionada pela traição de seu amigo e
discípulo Judas – os religiosos do Sinédrio levaram o nazareno a um
“julgamento”, de forma a encontrar razões para que pudessem condená-lo à
morte imediatamente.
Posteriormente, Jesus é levado a Pilatos, e como já mencionado, o governador condena-o a um açoitamento.
O condenado ao açoitamento, naquela época, era colocado preso sem
roupa na parte superior e com as mãos amarradas. Os chicotes utilizados
pelos soldados eram feitos de cordas ou tiras de couro, com ossos ou
pedaços de ferro ou chumbo em cada uma das extremidades.
Os primeiros açoites rasgavam a carne, fazendo com que o sangue
saísse das veias abundantemente. Esses, atingiam diretamente as costas,
enquanto as pontas do chicote enroscavam-se no corpo e feriam o peito e a
barriga.
Depois do número de açoites ordenado ao condenado, muitas vezes as
veias e as vísceras dos flagelados ficavam expostas, com o rosto também
desfigurado pelos golpes. As consequências desse castigo eram
hemorragias, acúmulo de sangue e líquidos nos pulmões e possível
laceração no baço e no fígado.
A bíblia nos deixa explícito que Jesus suportou tudo com paciência e quietude, como uma ovelha muda levada ao matadouro.
4. A zombaria dos soldados romanos e a coroa de espinhos
Depois do açoitamento, os soldados colocaram em Jesus manto de
soldado, da cor vermelho escarlate, para ironizá-lo como a vestimenta de
um rei.
Como se não bastasse, teceram uma coroa de espinhos e a colocaram
sobre a cabeça de Jesus, batendo nela com um cetro feito de cana, de
modo a afundar ainda mais os espinhos pontiagudos na cabeça de Cristo.
Satisfeitos, os soldados passaram a simular uma sarcástica homenagem a
Jesus, ajoelhando-se diante dele e clamando: Salve, rei dos judeus! E
cuspiam-lhe no rosto, davam-lhe bofetadas, e zombavam cruelmente de
Jesus.
No momento da crucificação, entalharam uma placa cujo escrito
pronunciava em 3 línguas diferentes: “Jesus Nazareno, rei dos judeus”.
5. A cruz e os cravos nas mãos
Ao contrário do que comumente pensamos, Jesus não foi pregado com
cravos nas palmas das mãos, mas em seus pulsos. Se os cravos tivessem
sido fixados nas palmas, elas facilmente se rasgariam com o peso do
corpo, fazendo com que Jesus caísse da cruz.
A maioria dos estudos apontam que a cruz de Cristo era uma “crux
immissa”, no formato de um “T” e com a ponta vertical levemente mais
comprida que a horizontal.
A informação mais aceita pelos historiadores e teólogos é que Jesus
tenha carregado apenas a parte horizontal da cruz, chamada de
“patibulum”, que pesava cerca de 27 quilogramas. O percurso percorrido
por Jesus com a cruz (ou patibulum) nas costas, até o Monte Caveira (ou
Calvário) tinha mais ou menos 600 metros.
6. A morte de cruz, os dois ladrões e as últimas palavras de Cristo
Os condenados à pena de crucificação normalmente morriam por
desidratação, asfixia e sufocamento – devido à cabeça pendida sobre o
peito.
Para abreviar a morte, os soldados costumavam quebrar as pernas dos
condenados para que elas deixassem de sustentar o corpo, visto que isso
facilitava a asfixia.
Jesus, no entanto, não teve seus ossos quebrados, nem ao menos
aceitou beber o vinho oferecido pelos soldados para anestesiar sua dor.
Ao seu lado, estavam dois ladrões, que zombavam de Jesus, dizendo-lhe
para descer da cruz. Um deles, no entanto, prestes a morrer,
arrependeu-se do que havia dito e declarou:
“Mas o outro criminoso o repreendeu, dizendo: “Você não teme a
Deus, nem estando sob a mesma sentença? Nós estamos sendo punidos com
justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem. Mas este
homem não cometeu nenhum mal”. Então ele disse: “Jesus, lembra-te de
mim quando entrares no teu Reino”. Jesus lhe respondeu: “Eu lhe garanto:
Hoje você estará comigo no paraíso”. (Lucas 23:40-43 – NVI).
Jesus morreu entregando seu espírito a Deus. Pouco antes de padecer,
no entanto, declarou as palavras que mudariam a história do mundo para
sempre: “Está consumado”, ele disse, e ali cumpriram-se todas as
profecias e toda a lei.
7. O corpo de Jesus
Jesus morreu aproximadamente às 15h da tarde de sexta-feira. Como
sabemos, neste momento a terra tremeu, o véu do templo rasgou-se de alto
a baixo, mortos foram ressuscitados.
Quanto ao corpo de Jesus, os quatro evangelhos afirmam que, após a
crucificação de Cristo, José de Arimatéia pede a Pôncio Pilatos que lhe
entregue. Depois que seu pedido foi atendido, José retira o corpo da
cruz com a ajuda de Nicodemos, enrola-o em um tecido de linho e o
deposita em um túmulo que era seu.
O legado deixado pelo Cordeiro pascal
“Bendito seja o Cordeiro
Que na cruz por nós padeceu
Bendito seja o Seu sangue
Que por nós ali Ele verteu
Eis nesse sangue, lavados
Com roupas que tão alvas são
Os pecadores remidos
Que perante seu Deus já estão
Alvo mais que a neve
Alvo mais que a neve
Sim, nesse sangue lavado
Mais alvo que a neve serei” (Harpa Cristã – hino 39).
Jesus levou sobre si todas as nossas dores, enfermidades,
transgressões e falhas. Não só morreu em nosso lugar, mas nos deu uma
vida nova – a vida vivida em união com Deus.
O movimento continua, mesmo que todos os outros caiam. A causa do
Evangelho, porém, permanecerá. Afinal: Jesus venceu a morte, e o
Cordeiro agora também é o Leão.
“Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim.” (Apocalipse 22:13 – NVI).