Juízes (Jz)
Autor: Desconhecido
Data: Entre 1050 e 1000 aC
Autor
O autor de Juízes é desconhecido. O Talmude atribui o livro de
Juízes a Samuel. Este bem pode ter escrito partes do Livro, já que se afirma
que era um escritor (1Sm 10.25).
Data
O Livro de Juízes cobre o período entre a morte de Josué e a
instituição da monarquia. A data real da composição do livro é desconhecida. No
entanto, evidências internas indicam que ele foi escrito durante o período
inicial da monarquia que se seguiu à coroação de Saul. Porém antes da conquista
de Jerusalém por Davi, cerca de 1050 a 1000 aC. Esta data tem o apoio de dois
fatos: 1) As palavras “naqueles dias, não havia rei em Israel” (17.6) foram
escritas num período em que Israel tinha um rei. 2) A declaração de que “os
jubuseus habitaram com os filhos de Benjamim em Jerusalém até ao dia de hoje”
(1.21) aponta para um período anterior à conquista da cidade por Davi (2Sm
5.6,7).
Contexto Histórico
Juízes cobre
um período caótico na história de Israel: cerca de 1380 a 1050 aC. Sob a
liderança de Josué, Israel conquistou e ocupou de forma geral a terra de Canaã,
mas grandes áreas ainda permaneceram por ser conquistadas pelas tribos
individualmente. Israel praticava continuamente o que era mau aos olhos do Senhor
e “não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus
olhos” (21.25). Ao servirem de forma deliberada a deuses estranhos, o povo de
Israel quebrava a sua aliança com o Senhor. Em consequência, o Senhor os
entregava nas mãos dos opressores. Cada vez que o povo clamava ao Senhor, este,
com fidelidade, levantava um juiz a fim de prover libertação ao seu povo. Estes
juizes, a quem o Senhor escolheu e ungiu com o seu Espírito, eram militares e
civis. O Livro de Juizes não olha apenas retroativamente para a conquista de
Canaã, liderada por Josué, registrando as condições em Canaã durante o período
dos juízes, mas também antecipa o estabelecimento da monarquia em Israel.
Conteúdo
O Livro de Juizes está dividido em três seções principais:
1) Prólogo
(1.1-3.6)
2) narrativas (3.7-16.31); e
3) epílogo (17.1-21.25).
A primeira
parte do prólogo (1.1-2.5) estabelece o cenário histórico para as narrativas
que seguem. Ali é descrita a conquista incompleta da Terra Prometida (1.1-36) e
a reprimenda do Senhor pela infidelidade do povo à sua aliança (2.1-5).
A
segunda parte do prólogo (2.6-3.6) oferece uma visão geral do corpo principal
do Livro, que são as narrativas. Estas descrevem os caminhos rebeldes de Israel
durante os primeiros séculos na Terra Prometida e mostram como o Senhor se
relacionou com a nação naquele período, um tempo caracterizado por um ciclo
recorrente de apostasia, opressão, arrependimento e libertação.
A parte principal do livro (3.7-16.31) ilustra esse padrão que
se repete na história antiga de Israel. Os israelitas faziam o que era mau aos
olhos do Senhor (apostasia); o Senhor os entregava nas mãos de inimigos
(opressão); o povo de Israel clamava ao Senhor (arrependimento); e, em resposta
ao seu clamor, o Senhor levantava libertadores a que ele capacitava com o seu
Espírito (libertação). Seis indivíduos— Otniel, Eúde, Débora, Gideão, Jefté e
Sansão—, cujo papel de libertadores é narrado com mais detalhes, são
classificados como “juízes maiores”. Seis outros, que são mencionados rapidamente—
Sangar, Tola, Jair, Ibsã, Elom e Abdom—, são conhecidos como “juízes menores”.
Um décimo terceiro personagem, Abimeleque, está vinculado à história de Gideão.
Duas histórias são acrescentadas ao Livro de Juízes (17.1—21.15)
na forma de um epílogo. O propósito desses apêndices não és estabelecer um
final ao período dos juízes, mas descrever a corrupção religiosa e moral
existente nesse período. A primeira história ilustra a corrupção na religião de
Israel. Mica estabeleceu em Efraim uma forma pagã de culto ao Senhor, a qual
foi adotada pelos danitas quando estes abandonaram o território que lhes coube
por herança e migraram para o norte de Israel. A segunda história no epílogo
ilustra a corrupção moral de Israel ao relatar a infeliz experiência de um levita
em Gibeá, no território de Benjamim, e a consequente guerra benjamita.
Aparentemente, o propósito desta seção final do livro é ilustrar as consequências da apostasia e anarquia nos dias em que “não havia rei em Israel”.
O Espírito Santo em Ação
A atividade do Espírito Santo do Senhor no Livro de Juízes é
claramente retratada na liderança carismática daquele período. Os seguintes
atos heróicos de Otniel, Gideão, Jefté e Sansão são atribuídos ao Espírito do
Senhor:
O Espírito do Senhor veio sobre Otniel (3.10) e o capacitou a
libertar os israelitas das mãos de Cusã-Risataim, rei da Síria.
Através da presença pessoal do Espírito do Senhor, Gideão (6.34)
libertou o povo de Deus das mãos dos midianitas. Literalmente, o Espírito do
Senhor se revestiu de Gideão. O Espírito do Senhor capacitou este líder
escolhido por Deus e agiu através dele para implementar o ato salvífico do
Senhor em benefício do seu povo.
O Espírito do Senhor equipou Jefté (11.29) com habilidades de
liderança no seu empreendimento militar contra os amonitas. A vitória de Jefté
sobre os amonitas foi o ato de libertação do Senhor em benefício de Israel.
O Espírito do Senhor capacitou Sansão e executar atos extraordinários. Ele começou a impelir Sansão para sua carreira (13.25). O Espírito veio poderosamente sobre ele em várias ocasiões. Sansão despedaçou um leão apenas com as mãos (14.6). Certa vez matou trinta filisteus (14.19) e, em outra ocasião, livrou-se das cordas que amarravam as suas mãos e matou mil filisteus com uma queixada de jumento (15.14,15).
O Espírito do Senhor capacitou Sansão e executar atos extraordinários. Ele começou a impelir Sansão para sua carreira (13.25). O Espírito veio poderosamente sobre ele em várias ocasiões. Sansão despedaçou um leão apenas com as mãos (14.6). Certa vez matou trinta filisteus (14.19) e, em outra ocasião, livrou-se das cordas que amarravam as suas mãos e matou mil filisteus com uma queixada de jumento (15.14,15).
O mesmo Espírito Santo que deu condições a esses libertadores
para que fizesse façanhas e cumprissem os planos e propósitos do Senhor
continua operante ainda hoje.
Esboço de Juízes
I.
Prólogo: As condições em Canaã após a morte de Josué 1.1-3.6
·
Continuação das conquistas pelas tribos de Israel 1.1-26
·
Conquista incompletas da terra 1.27-36
·
A aliança do Senhor é quebrada 2.1-5
·
Introdução ao período dos juízes 2.6 –3.6
II.
História de opressões e libertações durante o período dos juízes
3.7-16.31
A - Opressão mesopotâmica por meio de Otniel 3.7-11
B - Opressão moabita por meio de Eúde 3.12-30
C - Opressão filistéia e libertação por meio de Sangar 3.31
·
Opressão cananita e libertação por meio de Débora e Baraque
4.1-5.31
·
Opressão midianita e libertação por meio de Gideão 6.1– 8.35
·
Breve reinado de Abimeleque 9.1-57
·
Carreira de Tola como Juiz 10.1,2
·
Carreira de Jair como Juiz 10.3-5
·
Opressão amonita e libertação por meio de Jefté 10.6 –12.7
·
Carreira de Ibsã como juiz 12.8-10
·
Carreira de Elom como juiz 12.11,12
·
Carreira de Abdom como juiz 12.13-15
·
Opressão filistéia e libertação por meio de Sansão 13.1-16.31
III.
Epílogo: Condições que ilustram o período dos juízes 17.1-21.25
·
Apostasia: A idolatria de Mica e a migração dos danitas 17.1
–18.31
·
Imoralidade: Atrocidade em Gibeá e a guerra benjamita 19.1-21.15