“6 Buscai ao SENHOR
enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. 7 Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem
maligno os seus pensamentos, e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele;
torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. (Is 55,6-7)
I.
INTRODUÇÃO.
Lasor,
Hubbard e Bush, na introdução ao Antigo Testamento, dizem que Isaías é um livro
notável no cânon bíblico pelas seguintes razoes. Em tamanho, só é menor que
Salmos. Há mais de 400 citações de Isaías no Novo Testamento. “Mais impressionante que esses dados
estatísticos”, dizem referidos autores, “é o simples esplendor do livro. A imponência de sua linguagem dramática,
a amplitude de seus temas teológicos, o vigor de sua perspectiva história –
tudo isso combina para justificar o linguajar superlativo com que estudiosos,
pregadores e poetas descrevem seu legado de sessenta e seis capítulos que, sem
exagero, pode ser considerada a peça fundamental da literatura profética”
(Introdução ao Antigo Testamento. Willian S. Lasor, David A. Hubbard, Fredecic
W. Bush. Edições Vida Nova).
Isaías é leitura obrigatória para quem quer entender a mensagem no Antigo Testamento.
Venha ao estudo com o ávido desejo de quem procura um tesouro escondido. Em
suas paginas, que foram escritas no século 8º.a.C., há segredos que nos ajudam
a viver melhor no século atual.
II.
ENTREVISTANDO ISAÍAS.
1.
Qual o significado do seu nome? – O Senhor deu salvação?
2.
De onde você veio? – Vim de Judá, provavelmente de
Jerusalém.
3.
Qual a origem da sua família? – Está registrado na tradição judaica
que seu primo de Uzias ou sobrinho de Amazias. Essa é uma forte evidencia de
que fiz parte da família real.
4.
Em que época você viveu? – Vivi na época dos reis Uzias, Jotão,
Acaz e Ezequias (Is 1,1). Vale lembrar que estávamos sob o predomínio do
império assírio. Iniciei meu ministério no ao em que morreu o rei Uzias, 740
a.C.
Apesar
do primeiro versículo não mencionar, muito provavelmente, ainda estivesse vivo no reinado de Manasses (696-642 a.C.)
III.
QUEM ENTENDE UM LIVRO TAO GRANDE?
Isaías olhando o livro
de longe.
1.
Condenação – (Is 1,1-35,10).
Se
você folhear rapidamente os primeiros 35 capítulos de Isaias, atendo-se apenas
aos títulos em negrito, perceberá facilmente a repetição da expressão “profecia contra...” ou algo parecido.
Aumentando o zoom e lendo o texto, você terá a nítida impressão que Deus está
furioso, que o fogo da Sua ira está aceso e tem como alvo indivíduos, cidades,
povos, nações e impérios.
As brasas dos “Ais” estão espalhadas por todos os lugares. Em uma pesquisa na
versão Revisada e Atualizada, 23 “Ais”
foram apontados no livro de Isaías. Desses, apenas dos se encontram depois do
capitulo 35. Dentre os “Ais”, o
profeta denunciou Judá: “Ai, nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência
de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao SENHOR, blasfemaram o Santo de
Israel, voltaram para trás.” (Is 1,4); o
perverso: “Ai do perverso! Mal lhe irá;
porque se lhe fará o que as suas mãos fizeram.” (Is 3,11); os alcoólatras: “Ai dos que se levantam pela manhã, e seguem a bebedice; e continuam
até à noite, até que o vinho os esquente!” (Is 5,11); os que fazem inversão de
valores: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz,
e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!” (Is 5,20); os
que se acham: “21 Ai dos que são sábios a seus próprios olhos,
e prudentes diante de si mesmos!” (Is 5,21); os maus legisladores: “AI
dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que prescrevem opressão.” (Is 10,1).
Além dos “Ais”, há nessa primeira parte do livro
de Isaías, com já mencionados, as “profecias
contra”: Israel, o reino do Norte, cuja capital era Samaria (Is 9,8-10,4); a maldosa Assiria (a partir de Is 10,5); a famosa e
imponente Babilônia (Is 13 e 21,1-10); Assíria (Is 14,24-27); os filisteus
(Is 14,28-32); Moabe (Is 15-16);
Damasco e Efraim (Is 17) Etíope (Is 18); Egito (Is 19); Dumá (Is 21,11-12);
Arábia (Is 21,13-17); Jerusalém (22,1-14); Tiro (Is 23).
Nas profecias encontramos
mensagem de julgamento e de condenação tanto a grandes quanto a pequenos povos,
a magníficos e a desprezíveis reinos.
Povos e reinos podem até ser inconsequentes nas atrocidades que cometem,
mas se assentarão no banco dos réus, ouvirão a justa sentença e pagarão a pena
devida.
Todavia do meio desse
fogaréu de julgamento de Isaias 1 a 35, sopra a brisa do consolo, e raios de
esperança brilham sobre as sentenças.
Ainda no capitulo 2 está escrito que “E
acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do SENHOR no cume
dos montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as
nações.” (Is 2,2) e “...uma nação não levantará espada contra outra nação,
nem aprenderão mais a guerrear.” (Is 2,4b). Mateus 1,22-23 vai revelar que Isaías 7,14, que diz: “Tudo isto aconteceu
para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz;
Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de
EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco.” (Mt 1,22-23), tem seu cumprimento final
na pessoa de Jesus Cristo. O capitulo 9,1-7 é extraordinariamente messiânico. É
um banho de presença para todos que vivem nas trevas! O capitulo 11 nos faz
viajar no tempo e desfrutar de uma alegria antecipada quando percebemos que há
um futuro glorioso construído pelo rebento do tronco de Jessé. O capitulo 12 é
recheado de ação de graças, e o 35 é o retrato de uma Sião próspera e fecunda,
santa e curada. Isso tudo revela a grandeza da bondade divina que, mesmo em
meio a justos julgamentos, nos apresenta a Sua graça.
2.
História – (36,1-39,8).
Na
época de Isaías, a superpotência mundial, temida por todos os reinos, era
Assíria. Seu principal imperador, Sargão II, morreu em 705 a.C. Então todos os
pequenos reinos que eram escravizados por ele tentaram se libertar por meio de
rebeliões. Mas Senaqueribe, filho de Sargão, não permitiu que a Assíria
perdesse seus vassalos. Por volta d ano 701 a.C., sufocou a maioria deles,
usando invasões eficientes em todas as nações rebeldes, inclusive na Palestina.
Um desses episódios está registrado nesse trecho de Isaías. A diferença é que
essa tentativa de oprimir Judá fracassou por intervenção do Senhor.
3.
Consolo - (Is 40,1-66,24).
Entre
os desertos de julgamentos, encontramos algumas áreas de consolo e refrigério.
Na peregrinação da leitura de Isaias 1 a 35, encontramos vários oásis. Os
capítulos 36 a 39 formam um intervalo histórico. A partir do capitulo 40, a
sensação é oposta ao que vimos na primeira parte. O oásis aqui ganha dimensões
continentais. Todavia, entre essa imensidão de consolo e frescor, há
pequenas ilhas nas quais prevalece o calor das divinas
repreensões e julgamentos.
O capitulo 40 começa dizendo “CONSOLAI,
consolai o meu povo, diz o vosso Deus.” (Is 40,1). Continua dizendo que as iniquidades de Jerusalém serão
perdoadas, que os caminhos tortuosos serão aplanados – “2 Falai
benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua milícia é acabada, que a
sua iniquidade está expiada e que já recebeu em dobro da mão do SENHOR, por
todos os seus pecados. 3 Voz do que
clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a
nosso Deus. 4 Todo o vale será exaltado,
e todo o monte e todo o outeiro será abatido; e o que é torcido se endireitará,
e o que é áspero se aplainará.” – (Is
402-4), que o Senhor Deus Se manifestará com poder para trazer o galardão e
garantir a recompensa – “Eis que o
Senhor DEUS virá com poder e seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão
está com ele, e o seu salário diante da sua face.” – (Is 40,10). O autor diz
da majestade de Deus, que é extraordinária e encantadora; da grandeza do
Senhor, que faz com que todas as coisas diante Dele sejam reduzidas a nada - “Todas as nações são como nada perante
ele; ele as considera menos do que nada e como uma coisa vã” – (Is 40,17).
Tamanha grandeza e incomparável poder não são apresentados para punir o
culpado, mas para fortalecer o fraco e renovar as forças de todos que Nele
esperam – “29 Dá força ao cansado, e
multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. 30 Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os
moços certamente cairão;31 Mas os que
esperam no SENHOR renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão,
e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão.” – (Is 40,29-31). Os
capítulos subsequentes tratam da queda da Babilônia e da libertação de Israel.
Pressupõem o cativeiro babilônico e o final dele.
O que há de mais
extraordinário, todavia, é o que essa parte diz sobre o servo do Senhor.
Observe algumas passagens que falam a respeito dele: Isaías 42,1-7; 49,1-9; 52,13-53,12. O capitulo 61 pode também ser
relacionado nesse grupo. Esses textos se referem de acordo com a elucidação do
Novo Testamento, a Jesus de Nazaré. Isaías 42,1-4 é citado em Mateus 12,18-21,
como a razão do procedimento de Jesus de curar muitos enfermos e pedir sigilo.
O eunuco estava lendo o capitulo 53 no momento em que foi abordado por Filipe.
Quando perguntou a quem o profeta estava se referindo, Filipe, começando com
aquela passagem da Escritura, anunciou-lhe as Boas-Novas de Jesus (At,8,35). Explicou ao eunuco que o
servo do Senhor sofreria, seus passos deixariam pegadas de dor e sofrimento,
viria de forma singela – “Não clamará,
não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na praça.” (Is 42,2); promulgaria
o direito – “A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com
verdade trará justiça”. (Is 42,3), mas pagaria um alto preço (Is 52,13-53,12), seria a luz para os
gentios – “Disse mais: Pouco é que sejas
o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os
preservados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha
salvação até à extremidade da terra.” (Is 49,6).
Há, nos últimos capítulos de Isaías,
um tom apocalíptico. O livro acaba de forma parecida com o Apocalipse. Ambos
falam de novos céus e nova terra – “Porque,
eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança das coisas
passadas, nem mais se recordarão.” (Is 65,17); “E VI um novo céu, e uma nova
terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não
existe.” (Ap 21,1). Ambos dão um tom de consolo e de esperança. O olhar
para trás identifica lutas, sangue, fumaça e fogo. Mas se colocarmos nossos
olhos no horizonte, identificaremos esperança, oásis, gozo, bonança e paz. Em
meio e lutas diárias, esperamos ansiosamente novos céus e novas terras.
USO NO NOVO TESTAMENTO
|
·
Nascimento
virginal de Cristo – (Is 7,14; Mt
1,23; Lc 1,34).
·
Morte
e sofrimento de Jesus – ( Is
52,13-53,12; Mt 27,27-60)
·
Ser
humilde e sem atrativos – (Is 7,42-15;
53,2-3).
·
Ser
manso, não barulhento nem rude – (Is
40,11; 42,2-3).
·
Ser
justo em todas as suas ações – (Is
9,7; 11,5; 32,1).
·
Ser
bondoso para com os fracos e aflitos – (Is
61,1).
·
Ser
irado e vingativo para com os perversos impenitentes – (Is,11-4; 63,1-4).
·
Ser
apresentado por um precursor no deserto – (Is 40,3).
·
Ser
ungido para operar com o poder do Espírito Santo (Is 11,2-4; 61,11)
·
Realizar
muitos milagres, especialmente na Segunda Vinda – (Is 35,4-6).
|
IV.
O QUE ISAÍAS FALOU ONTEM? O QUE ELE
FALA PARA MIM HOJE?
ONTEM
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HOJE
|
·
Desafios
para o povo de Israel
|
·
Desafios
para a nossa vida.
|
·
Vivam
de modo a honrar a santidade do Senhor (Is 1.4;6,3)
|
·
Vivam
de forma santa. Lutem contra tudo que é capaz de desqualificar sua vida Dante
de Deus, pois essa é a vontade do Senhor (1Ts 4,3-8).
|
·
O
Senhor é soberano sobre as nações e seus deuses (Is 40,19-20; 41,4-5).
|
·
Não
ignorem a soberania divina,. Submetam seus planos ao Senhor e livrem-se de
toda má pretensão (Tg 4,13-17).
|
·
O
Senhor é quem livra do inimigo e do pecado (Is 41,9-10)
|
·
Com
as armas dadas pelo Senhor, lutem contra o inimigo e contra o pecado (Tg 4,7;
Cl 3,5-11).
|
·
O
Senhor preservará Seu remanescente fiel (Is 8,1-3; 37,30-32).
|
·
Não
temam, apenas confiem. Creiam na sua palavra, pois Ele a cumprirá (Tg 1,12).
|
·
O
servo do Senhor será o mestre que ensina com a vida (Is 50,4-7).
|
·
Sejam
bem instruídos no caminho do Senhor para que a vida de vocês seja uma
mensagem, assim como a de Jesus foi e ainda é (Lc 6,40).
|
V.
CONCLUSÃO
O
livro de Isaías está repleto de
advertências. Nós precisamos delas. As advertências nos ajudam a não sair do
trilho ou a retornar a ele. Esse livro também está cheio de consolo. Nós
precisamos dele. O consolo nos ajuda a suportar o sol escaldante e as pedras no
caminho de nossa vida cristã.
Marco Antonio Lana (Teólogo)
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