sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

VIVENDO NO AMOR DE DEUS - LIÇÃO 10 – PROVAI OS ESPÍRITOS.



VIVENDO NO AMOR DE DEUS - LIÇÃO 10 – PROVAI OS ESPÍRITOS.

“Vós, filhinhos, sois de Deus, e os vencestes, porque o que está em vós é maior do que aquele que está no mundo.” (1Jo 4,4).

      I.        INTRODUÇÃO.

Alguns de nós, talvez, já tenhamos ficado chateados quando fomos a uma loja aproveitar uma promoção especial e descobrimos que havia acabado. De maneira semelhante, é comum encontrarmos pessoas decepcionadas que, depois de algum pregador (católico ou evangélhico) lhe oferecer prósperidade, exerceram a fé, dando dinheiro a igreja ou ministério indiscriminadamente. Decepcionam-se porque, mais cedo ou mais tarde, a grande maioria descobre que não recebeu o prometido: o desemprego continua, a doença insiste em permanecer, o relacionamento familiar está deteriorado, etc. Que acontece?

Cremos que Deus pode fazer qualquer coisa, inclusive reservar para Si o direito de ser Deus e fazer todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade. Deus não faz propaganda enganosa, mas alguns pretensos líderes epirituais decidiram fazer “promoções” que Deus não está oferecendo.

Como distinguir as várias influências enganosas de nossos dias e desfrutar de uma genuina comunhão com o Deus amoroso?

    II.        ATRAVÉS DA AVALIAÇÃO DA MENSAGEM E DO EMISSÁRIO.

“1. Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai se os espíritos são de Deus, porque muitos falsos profetas se levantaram no mundo. 2. Nisto se reconhece o Espírito de Deus: todo espírito que proclama que Jesus Cristo se encarnou é de Deus; 3. todo espírito que não proclama Jesus esse não é de Deus, mas é o espírito do Anticristo de cuja vinda tendes ouvido, e já está agora no mundo.” (1Jo 4,1-3).

1.    A igenuidade é perigosa.
É bastante provável que o motivo da advertencia de João tenha sido alguns fenômenos sobrenaturais que estavam deixando inpressionados, e até mesmo fascinados, alguns de seus leitores mais simples. A solução era adotar um critério para avaliação aquilo que tinham ouvido, aquilo em que tinham sido doutrinados, nisso deveriam perseverar.

Hoje em dia não tem sido diferente. Muitos se deixam levar pelo “doce canto das sereias”, isto é, não estão firmados naquilo que aprenderam, caso realmente tenham aprendido.
Não podemos ter uma mentalidade simplória, como uma avestruz que engole tudo o que lhe parece interessante.

A.W.  Tozer, em teu livro A raiz dos justos, faz a seguinte observação a respeito dos cristãos que não têm mais capacidade de discernimento.

·         Por serem chamados para aceitar o invisível, passam a aceitar o incrível.
·         Se Deus faz millagres, tudo que é milagre deve ser de Deus.
·         Deus falou com alguns homens, logo todo homem que afirma ter tido uma revelação de Deus deve ser aceito como profeta.
·         Tudo que não pode ser explicado deve ser tido como divino.
Este silogismo prático pode ser tão nocivo quanto a própria incredulidade.

2.    Um louvor ao ceticismo.

A palavra usada no grego por João e traduzida pro provai significa submeter a um teste para comprovar a genuinidade. Era uma palavra muito usada para descrever o teste de fogo a que eram submetidas as moedas, para comprovar se eram genuínas, se eram falsas ou se continham escória.

Não é pecado duvidar de algumas coisas. Ao contrário, duvidar de algumas coisas é tão necessário quanto a fé, e isto para o bem-estar de nossa alma.

   III.        ATRAVÉS DA IDENTIFICAÇÃO DO EMISSOR.

“2. Nisto se reconhece o Espírito de Deus: todo espírito que proclama que Jesus Cristo se encarnou é de Deus; 3. todo espírito que não proclama Jesus esse não é de Deus, mas é o espírito do Anticristo de cuja vinda tendes ouvido, e já está agora no mundo.” (1Jo 4,2-3).

Os país da igreja, especialemte Irineu, no Livro I de Contra Heresias, menciona Cerinto, um herético contemporâneo de João, que afirma que Jeuss não havia nascido de uma virgem, mas era um ser humano, filho de José e Maria. Cerinto dizia que, por ser Jesus mais justo, bondoso e sábio do que os outros homens, quando de Seu batismo, Cristo desceu sobre Ele e O capacitou a fazer milagres. Quando da crucificação de Jesus, Cristo “saiu” Dele, e entao foi só Jesus que morreu e ressuscitou.

Pelas evidencias da carta, João estava escrevendo contra uma heresia – gnosticismo – que negava que Jesus era o Filho ou o Cristo vindo em carne. Segundo essa heresia, se Jesus era Deus, Ele era apenas uma aparência. Ele parecia, mas não era verdadeiramente  homem.

Ao contrário, segundo escreveu João, uma vez que o ministério particular do Espírito é testemunhar de Cristo e glorificá-lo – “Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará.” (Jo 16,14), o ensino de todos aqueles que negavam que Cristo veio realmente em carne e nunca a deixou  não deveria ser reconhecido como vindo de Deus.

Para discutir – como identificar, em nossos dias, se algo (ou alguém) procede de Deus ou do Maligno:

·         “Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste perder-nos? Sei quem és: o Santo de Deus!” (Mc 1,24).
·         “Quando os espíritos imundos o viam, prostravam-se diante dele e gritavam: Tu és o Filho de Deus!” (Mc 3,11).
·         “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.” (Mt 7,21).

  IV.        ATRAVÉS DO CARÁTER E PROCEDIMENTO DOS OUVINTES.

“4. Vós, filhinhos, sois de Deus, e os vencestes, porque o que está em vós é maior do que aquele que está no mundo. 5. Eles são do mundo. É por isto que falam segundo o mundo, e o mundo os ouve. 6. Nós, porém, somos de Deus. Quem conhece a Deus, ouve-nos; quem não é de Deus, não nos ouve. É nisto que conhecemos o Espírito da Verdade e o espírito do erro.” (1Jo 4,4-6).

João muda o foco dos falsos profetas e sua mensagem para aqueles que ouvem. Aqueles que são de Deus possuem uma fé que envolve a pessoa de Deus e Suas promessas. Aqueles que verdadeiramente são de Deus descansam em perfeita segurança e não são levados por qualquer vento de doutrina – “Para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios enganadores.” (Ef 4,14). Carinhosamente João elogia seus leitores, reconhecendo que os falsos mestres não tiveram êxito em enganá-los. Eles estavam convictos de certas verdades que aprenderam.

Numa sociedade pós-moderna, marcada pelo relativismo, como permanecermos firmados na verdade?

1.    Chamados para ter convicções.

“4. Vós, filhinhos, sois de Deus, e os vencestes, porque o que está em vós é maior do que aquele que está no mundo.” (1Jo 4,4)

Como cristãos, somos chamados para ter convicções. Deveríamos estar convictos sobre certas doutrinas da fé. Deveríamos estar convictos sobre aquilo que a Bíblia diz. E essas convicções são produzidas em nós pela palavra de Deus.

Em 2Tm 3,14-17 – “14. Tu, porém, permanece firme naquilo que aprendeste e creste. Sabes de quem aprendeste. 15. E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo. 16. Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. 17. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra.”, Paulo encoraja Timóteo e nós também para que nossas convicções estejam baseadas na palavra de Deus, a Bíblia. Ele encoraja Timóteo estava arraigada e alicerçada na Palavra. O Espírito Santo, ao falar através da Palavra, conferindo-lhe virtude, eficácia, majestade e autoridade, proporciona-nos o testemunho em torno do qual gira a nossa fé.

Não há nenhum modo de você e eu podermos ter uma relação viva, continua, pessoal, viável, crescente com Jesus Cristo à parte da Bíblia. O único Jesus que você e eu podemos realmente conhecer é o que Se revela à nós pela Palavra Dele. Nós temos que estar arraigados e fundamentados nela.

O próprio Senhor Jesus, orando por Seus discípulos, rogou ao Pai: “Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade.” (Jo 17,17).

Podemos dar graças a Deus, pois o Espírito que em nós habita ilumina a nossa mente para compreendermos a Palavra, para construirmos padrões sólidos de doutrina e, assim, vencermos todo falso ensino.

2.    Seguindo, não pela popularidade, mais pela verdade.
“5. Eles são do mundo. É por isto que falam segundo o mundo, e o mundo os ouve. 6. Nós, porém, somos de Deus. Quem conhece a Deus, ouve-nos; quem não é de Deus, não nos ouve. É nisto que conhecemos o Espírito da Verdade e o espírito do erro.” (1Jo 4,5-6).

João usa de sua autoridade apostólica ao afirmar: “Nós, porém, somos de Deus. Quem conhece a Deus, ouve-nos...”. Há uma correspondência entre a mensagem e o ouvinte. Reconhecemos o povo de Deus, porque ele ouve a palavra de Deus. Nos dias de João, os falsos profetas eram ouvidos por aqueles que não pertenciam a Deus, mas ao mundo. Como os falsos profetas também eram do mundo, sua mensagem era bem aceita, fazendo crescer sua popularidade.

Os primeiros são populares, por que suas palavras encontram eco no coração de todo mundo, e porque o entretenimento que oferecem diverte todo o mundo. É o que o mundo quer ouvir. Certamente, se o profeta Jeremias tivesse endossado essa filosofia, seus conterrâneos não lhe fariam ameaças de morte (Jr 11,19-23); sua própria família e amigos não conspirariam contra ele (Jr 12,6); não o teriam colocado no tronco (Jr 20,1-2).

Ouçamos a exortação de Paulo em Efésios 4,15 – “Mas, pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é a cabeça, Cristo.”.

    V.        CONCLUSÃO.
Richard Baxter, um puritano, dizia: “Antes e depois de você ter lido a Bíblia, ore fervorosamente a fim de que o Espírito, que a escreveu, explique-a para você  e o guia a verdade”. Assim, não estaremos suspeitos aos enganos e às propagandas enganosas do evangelismo de nossos dias e seus falsos profetas. Testes falsos só levam às falsas conclusões, assim como sinais de trânsito falsos levam ao destino errado.

Vamos abrir as janelas de nossa alma para que sopre nela o ar fresco da verdade, para que o Espírito torne clara nossa visão e aprofunde nossas convicções; para que, instruídos, reavivados, revigorados, quebrantados até arrependimento pela Palavra, sejamos elevados até a mais firme segurança: maior  é o que está em nós do que aquele que está no mundo.


Quanto aos falsos profetas de nossos dias, valham-lhes as palavras de Calvino: “Seria melhor que quebrassem o pescoço ao subir ao púlpito, se não se esforçam por serem  os primeiros a seguir a Deus”.

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