quinta-feira, 3 de novembro de 2011

TIAGO, A FÉ EM AÇÃO - LIÇÃO 01 – ABRINDO A CENA


“Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma.” Tg 2,17.

  1. INTRODUÇÃO.

A epístola de Tiago é uma carta prática. Pertence à classificação de literatura na Bíblia conhecida como “literatura de sabedoria”. Seu propósito é caracterizado por instruções para o viver diário e por uma compreensão das perplexidades da vida. Henrieta Mears a denominou de “manual prático de religião”, e outros escritores a chamam de “guia prático para a vida e a conduta cristã.

Broadus Hale foi iluminado ao observar que “as falhas que Tiago estava tentando corrigir em seus leitores (fé sem obras, palavra sem atos, censuras, ambição, amor desordenado pelo ensino, valor à riqueza e a posição, tratamento depressivo dos pobres e viúvas, outros) eram e são tipicamente farisaicas”. Desta forma, esta epistola é um convite e uma exortação para que os cristãos judeus lutem para ir além do judaísmo farisaico ou da fé inoperante. Assim como creram em Jesus Cristo pra a salvação, a partir daí deveriam de viver como discípulos do Senhor, e não apenas como fariseus “melhorados”. O vinho novo exige obres novos.

  1. QUEM É ESTE TIAGO?

    1. Os “Tiagos” do Novo Testamento.

A Bíblia sita quatro homens no Novo Testamento chamados de Tiago.

Analisaremos afundo esses quatro homens

*      Tiago, o filho de Zebedeu – O irmão de João (o evangelista) que, juntamente com ele e Pedro, formava aquele trio mais intimo de Jesus (Mc 5,37; 9,2; 10,35; 14,33). Sua mãe era Salomé (Mc 15,40; Mt 27,56). Primo de Jesus – comparar Mc 15,40; Mt 27,56 com Jô 19,25 – a irmã de Maria citado por João é com certeza Salomé.  Morto no ano 44 dC por Herodes Agripa I (At 12,2).

*      Tiago, o filho de Alfeu – Um dos doze. Seu nome é mencionado na lista dos apóstolos (Mc 3,8). Em Mc 15,40 ele é chamado “Tiago, o menor”, irmão de José e sua mãe Maria. Biblicamente falando não sabemos nada sobre ele. De acordo com os Teólogos Católicos ele era primo de Jesus Cristo, pois Alfeu era irmão de José, e provavelmente seria o “irmão” de Jesus, pois a palavra “irmão” aqui significa “parente”.

*      Tiago, o pai de Judas – É mencionado em Lc 6,16. Este Judas se diferencia do Iscariotes, conforme Jô 14,22, e é o mesmo Tadeu de Mateus 10,3 e Marcos 3,18. Comparando Lc 6,12-16 com Mt 10,1-4 e Mc 3,13-19) afirmo que esse Tiago é o “Tiago, o menor”.

*      Tiago, “o irmão de Jesus” (Gl 1,19). Este Tiago tinha uma posição influente na Igreja de Jerusalém (At 12,17; 15,13; Gl 2,6).
Sabendo que a epistola foi escrita entre 48 a 62 dC, apenas dois poderiam ser o autor da epistola: Tiago, o filho de Alfeu, que também é o pai de Judas Tadeu, um dos doze, e Tiago, o irmão do Senhor.  

O autor da epistola não se identifica como apóstolo, como o fazem Paulo e Pedro em suas cartas. Isso gera um conflito entre os Teólogos Católico e os Teólogos Evangélicos. Um prega que esse é o Tiago, também conhecido como o menor, e filho de Alfeu, e o outro prega que esse Tiago é o irmão de Jesus.

Há uma terceira linha que prega que José quando casou com Maria era viúvo e tinha seis filhos, quatro homens e duas mulheres, explicando assim os irmãos de Jesus em Mt 13,55,56 e Mc 6,3.

Não vou entrar muito neste conflito entre os Católicos e os Evangélicos. Cada um segue a sua fé. Mas é unânime que quem escreveu a epistola é “Tiago, o irmão do Senhor”.

  1. PARA QUEM TIAGO ESCREVEU?

Esta carta foi incluída na divisão do Novo Testamento que ficou conhecida como “Epistolas Gerais”, porque não se dirige a um leitor ou Igreja especifica. Todavia, D.A. Garson e outros encontram na carta evidencias internas que Tiago a escreveu para um público específico. Vários trechos da carta, dizem eles, deixam claro que os destinatários eram cristãos judeus, como a maneira natural de mencionar o Antigo Testamento (Tg 1,25; 2,8-13) e a referencia ao lugar onde os destinatários se reuniam como uma sinagoga (Tg 2,2).

    1. “As doze tribos”
Após o exílio babilônico (538 a.C), as doze tribos de Israel já não existiam mais fisicamente, mas a expressão era usada para indicar o povo de Deus reunido nos últimos dias (Ez 47,13; Mt 19,28; Ap 21,12). Sendo assim, “doze tribos” é uma expressão simbólica que denota os que são filhos de Deus por causa da fé em Jesus Cristo, ou seja, “a Igreja como o novo povo pactual de Deus”. Alguns chegam a acreditar que havia cristãos judeus de cada uma das doze tribos de Israel entre estes convertidos, embora a comprovação não seja possível.

    1. “Que se encontram na Dispersão”
A palavra “dispersão”, no grego diáspora, era usada para os judeus que viviam fora da Palestina e, por extensão, o local onde viviam. Ela aparece três vezes no Novo Testamento (Jô 7,35; Tg 1,1; 1Pd 1,1). “Esta palavra adquiriu um sentido metafórico, caracterizando os cristãos em geral como aqueles que viviam longe de seu verdadeiro lar celestial” (Carson, ob. Cit., p. 460).

Alguns estudiosos do Novo Testamento sugerem que o pano de fundo da epistola de Tiago seja At 11,19 – “Entretanto, aqueles que foram dispersos pela perseguição que houve no tempo de Estevão chegaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia, pregando a palavra só aos judeus.”. O termo “disperso” pertence à mesma raiz de “dispersão”. É possível harmonizar os leitores de Tiago com esses primeiros cristãos judeus que foram perseguidos em Jerusalém e tiveram que se espalhar pelos lugares mencionados no versículo acima. A carta seria a maneira possível de Tiago pastorear aquele “rebanho disperso”.

Diáspora – Enciclopedistas e historiadores abrem espaço em suas obras para a “diáspora”. Eles a usam pra referir-se às “colônias judaicas, forçadas ou não, que se estabeleceram em outras partes do mundo, fora de Israel”. Alguns afirmam que, historicamente, a primeira diáspora ocorreu quando os judeus foram exilados para a Babilônia por Nabucodonosor em 586 a.C.; mesmo após a libertação, apenas uma parte dos judeus retornou para Israel. Todavia, a diáspora judaica maior e culturalmente mais rica floresceu em Alexandria (a antiga capital do Egito), onde, no primeiro século a.C., quarenta por cento da população era formada de judeus. Isto quer dizer que na época de Jesus havia mais judeus fora da Palestina que nela mesma. Outra grande diáspora aconteceu no ano 70 d.C., com a destruição de Jerusalém pelos romanos. A partir desse momento os judeus se dirigiram a diversos países da Ásia Menor. E do sul da Europa, formando comunidades que mantiveram a religião e os hábitos culturais judaicos. Anos mais tarde, outros grupos se estabeleceram no leste europeu. Empurrados pelo islamismo, os judeus  do norte da África migraram para a Península Ibérica. Expulsos de lá no século XV, foram para Holanda (países baixos), Bálcãs, Turquia, Palestina e, estimulados pela colonização européia, chagaram ao continente americano.

 O extermínio de seis milhões de judeus em campos de concentração durante a II Guerra Mundial impulsionou a reconstituição de um Estado próprio, após quase dois mil anos de desaparecimento. A diáspora terminou em 1948, com a criação do Estado de Israel. Em 1996, estima-se que havia 4,5 milhões de judeus vivendo em Israel, cerca de 5,5 milhões nos Estados Unidos, 2,5 milhões nos países da CEI, 700 mil na França, 500 mil no Reino Unido, 250 mil na Argentina, 130 mil no Brasil. Alguns vêem nisto o cumprimento de Ez 12,15 – “Quando eu os tiver disseminado por entre as nações, e dispersado por todos os países, saberão que sou eu o Senhor.”

Entretanto, as opiniões judaicas a respeito da diáspora divergem. Enquanto a maioria dos judeus ortodoxos apóia o sionismo (movimento para unir os judeus da diáspora e estabelecê-los em Israel), outros se opõem ao conceito de moderna nação como um Estado secular e acreditam que esta só poderá existir após a chegada do Messias. Aqui entram questões não somente bíblicas e espirituais, mas políticas e ideológicas, também, e assim nos colocamos e voltamos para a estrada principal, após esta importância digressão.

  1. O QUE TIAGO PRETENDIA TRANSMITIR A SEUS LEITORES?

Ao pedir de seus leitores, “Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes; isto equivaleria a vos enganardes a vós mesmos.” – Tg 1,22 – Tiago deixa-nos claro que escreveu sua carta para dar conselhos práticos; encorajar aqueles que estavam sofrendo na dispersão; corrigir certas tendências de conduta; e confrontar os cristãos com a responsabilidade da vida cristã. O esboço a seguir nos ajudará a perceber os principais assuntos da epistola.

a.      Conteúdo Ao invés de especular ou debater sobre teorias religiosas, Tiago direciona seus leitores para uma vida piedosa. Do Início ao fim, o tom desta carta é imperativo. Em 108 versos, são dados 54 mandamentos evidentes, e 7 vezes Tiago chama a atenção para suas declarações usando termos de natureza imperativa. Esse “servo de Deus” (v.1) escreve como alguém supervisionando outros escravos. O resultado é uma declaração da ética cristã, que se iguala a ensinamentos semelhantes no NT.

b.      Cristo Revelado – Começando no primeiro verso e continuando por toda a carta, Tiago reconhece a autoridade de Jesus, referindo-se como “servo”, ou escravo, do Senhor. O termo é aplicável a todos os cristãos, pois todos os verdadeiros discípulos de Cristo reconhecem sua soberania sobre suas vidas e se comprometem espontaneamente a seus serviços. Cristo é o objeto de nossa fé (2,1), aquele que cujo nome e em cujo poder realizamos nosso ministério (5,14-15), o recompensador de todos aqueles que se mantém firmes em meio a julgamentos (1,12), e aquele que virá por quem pacientemente esperamos (5,7-9). Tiago identifica Cristo como à “glória” (2,1), referindo-se ao Shekinah, a gloriosa manifestação da presença de Deus em meio a seu povo. Não somente glorioso por si mesmo, ele é a glória divina, a presença de Deus na terra (Lc 2,30-32; Jô 1,14; Hb 1,3). De considerável interesse é o paralelo próximo entre o conteúdo dessa carta e a doutrina de Jesus, especialmente o Sermão da Montanha. Embora Tiago não cite exatamente nenhuma declaração de Jesus, há mais reminiscências verbais da doutrina do Senhor nesta carta do que em todo o resto das epístolas combinadas no NT. Essas alusões indicam uma associação próxima entre Tiago e Jesus e evidenciam a forte influência do Senhor na vida do autor.

c.      O Espírito Santo em Ação – A carta menciona especificamente o Espírito Santo somente em 4,5, onde se declara que o Espírito que habita em nós deseja a nossa lealdade completa, não suportando rivalidade. A Atividade do Espírito Santo pode ser vista no ministério aos doentes descritos em 5,14-16. À luz de outra terminologia bíblica que liga unção com o Espírito (Is 61,1; Lc 4,18; 1Jo 2,20-27), o ungir com o óleo é melhor compreendido como símbolo do ES. Além do mais, no grego, o artigo definido usado com a palavra “fé” em 5,15 particulariza essa fé, sugerindo que Tiago está se referindo à manifestação do dom da fé (1 Cor 12.9).

d.      Esboço de Tiago

I.                     Saudação 1,1

II.                   Religião prática e julgamentos 1,2-18
*      Adversidades externas 1,2-12
*      Tentações internas 1,13-18

III.                  Religião prática e a palavra de Deus 1,19-27
*      Escutar a Palavra 1,19-20
*      Receber a Palavra 1,21
*      Obedecer à Palavra 1,22-27

IV.                Religião prática e relacionamentos humanos 2,1-26
*      Parcialidade negativa 2,1-13
*      Compaixão positiva 2,14-26

V.                  Religião prática e discurso 3,1-18

VI.                Religião prática é mundanismo 4,1-12

VII.               Religião prática e negócios 4,13-5,6

VIII.             Apelos finais 5,7-11
*      Por paciência 5.,-11
*      Por um falar puro 5,12
*      Por oração 5,13-18
*      Por compaixão 5,19-20


  1. CONCLUSAO.
Se precisássemos resumir Tiago, diríamos que ele remove todo o pensamento que é a fé pode estar presente em uma vida não transformada. Se você acredita nesta afirmação, então seja bem-vindo (a) a esta serie de estudos sobre a carta de Tiago, pois ela é uma carta para a Igreja de hoje.

Um comentário:

  1. caro Marco Antonio , leggerò con molta attenzione la tua prolusione e spiegazione della bella lettera di san giacomo, che rappresenta davvero una guida spirituale e quotidiana per tutti gli uomini e che tutti dovremmo leggere e mettere in pratica con molta determinazione. nel ringraziarti per queste belle parole, ti auguro buon pomeriggio e ti saluto con cordialità ed amicizia sinceri! Marco Antonio amado, leia cuidadosamente sua palestra e explicação da bela carta de São Tiago, que é realmente um guia espiritual e diária para todos os homens e que todos devem ler e colocar em prática com grande determinação. ao agradecer a você por essas belas palavras, desejo-lhe boa tarde e eu os saúdo com cordialidade e amizade sincera!

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