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quinta-feira, 21 de maio de 2015

OS 10 MANDAMENTOS - NÃO DARÁS FALSO TESTEMUNHO



NONO MANDAMENTO – NÃO DARÁS FALSO TESTEMUNHO.

“Não admitirás falso rumor e não porás a tua mão com o ímpio, par seres testemunha falsa” (Êx 23,1).

O nono mandamento proíbe a mentir; o mexerico e o testemunho falso contra o próximo no dia a dia como nos tribunais.

“16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.” (Êx 20,16)

“15  Uma só testemunha contra alguém não se levantará por qualquer iniquidade, ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que cometeu; pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se estabelecerá o fato. 16  Quando se levantar testemunha falsa contra alguém, para testificar contra ele acerca de transgressão, 17  Então aqueles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentarão perante o SENHOR, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias. 18  E os juízes inquirirão bem; e eis que, sendo a testemunha falsa, que testificou falsamente contra seu irmão, 19  Far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e assim tirarás o mal do meio de ti. 20  Para que os que ficarem o ouçam e temam, e nunca mais tornem a fazer tal mal no meio de ti. ” (Dt 19,15-20)


I.              INTRODUÇÃO.

O nono mandamento se aproxima do terceiro, pois envolve a questão da mentira. “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” não se refere apenas ao depoimento num tribunal mas também ao relacionamento diário com aqueles à nossa volta. Aqui temos a lição para os que agem, ainda que inconscientemente, como se o pecado se restringisse a assassinato, adultério e furto. Ninguém deve pensar que a mentira e o falso testemunho são menos graves que os demais pecados citados no Decálogo. A Bíblia coloca no mesmo nível todo aquele que tem a mentira como estilo de vida.

II.            O NONO MANDAMENTO.

a)    Abrangência. O mandamento não restringe apenas ao campo do processo legal; há implicações vinculadas às atividades da vida diária (Dt 17,13; Lv 19,16). A ruptura desse mandamento podia solapar a característica básica da aliança, a fidelidade de Deus para com o homem, do homem par com Deus e do ho9mem para com o próximo.

b)    Objetivo. É duplo, em defesa da honra e da fé. Trata-se da proteção da honra e da boa reputação no campo social. O propósito divino neste mandamento é erradicar a mentira, a calunia e a falsidade do meio do povo (Dt 19,20; 17,13). E não somente isso, mas também promover o bem-estar social e a fraternidade entre os seres humanos. No tocante à doutrina, o mandamento torna-se uma muralha de proteção contra os falsos ensinos teológicos (2Cor 13,8).

c)    Contexto. O nono mandamento com suas normas na legislação mosaica mostram a administração da justiça em Israel. O termo “juízes”, em hebraico, shophet, “juiz, árbitro, conselheiro jurídico, governante” (Dt 19,17), é há-Elohim, literalmente “Deus” na passagem paralela (Êx 22,8-9). A tradução literal seria “perante Deus” como aparece na Septuaginta e na Vulgata Latina. Este uso é padrão para o verdadeiro Deus no Antigo Testamento e não deve ser traduzido como “deuses” por causa do artigo. O emprego de “juízes” aqui é legítimo e ninguém questiona essa tradução. As versões rabínicas empregam “perante a corte”. Os juízes representavam o Deus de Israel nos julgamentos.


III.           O PROCESSO.

a)    Responder em juízo. O mandamento “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx 20,16; Dt 5,20) reflete o aspecto legal e isso é conhecido pelos termos usados e por sua regulamentação na lei. O verbo “dizer”, anah, em hebraico, “responder”, abrange amplo significado. É usado para indicar o ato de declarar solenemente (Gn 41,16; Dt 27,14), de testemunhar a favor (Gn 30,33) ou contra (2Sm 1,16). A resposta, aqui, diz respeito aos interrogatórios na corte. Essa característica forense aparece na legislação sobre o tema (Êx 23,2; Dt 19,16-19).

b)    Falso testemunho. O termo hebraico ed, “testemunho”, emedshaw, literalmente “testemunho vão” (Dt 5,20) ou edshaqer, “falso testemunho” (Êx 20,16) diz respeito a uma mentira, a uma declaração conscientemente falsificada. O termo hebraico Shaw, “vão, inutilmente, à toa” (ver terceiro mandamento), indica algo sem valor, irreal no aspecto material. Aqui se trata de alguém que fala em vão, sem fundamento, que faz acusação sem validade e sem consistência, portanto falso. A tradução de Deuteronômio 5,20 na Septuaginta, acrescenta “com testemunho falso”, assim: “Não testemunharas falsamente contra o teu próximo com testemunho falso”.
  
c)    O próximo. É a primeira vez que o ermo aparece no Decálogo. O próximo, em hebraico, rea, indica outra pessoa, vizinho, amigo, parceiro. Essa palavra  se refere aos Israelitas (Lv  49,18), mas o Senhor Jesus a aplicou a todas as pessoas em seu pronunciamento sobre o segundo e grande mandamento (Mt 22,39). Todavia, a lei já contemplava nessa palavra os estrangeiros (Lv 19,34). Assim, nosso próximo é qualquer pessoa ou eu mesmo, pois devo também ser um próximo, isso está claro quando Jesus manda o judeu e doutro da lei imitar o samaritano (Lc 10,36-37).

IV.          A VERDADE.

a)    Antigo Testamento. Verdade é aquilo que corresponde aos fatos, em contraste com qualquer coisa enganosa, a mentira (Dt 13,14; 17,4; Is 4,3-9). O termo hebraico, emet, significa “verdade, fidelidade, firmeza, veracidade”. Daí derivam as palavras emunah, “fé, fidelidade, firmeza” (Hc 2,4),e amen, “amém, verdadeiramente, de fato, assim seja”. É também um atributo divino o “Deus da verdade” (Sl 31,5). O próprio Deus é a verdade absoluta (Dt 32,4). O Deus verdadeiro espera que seu povo também o seja, pois a ética é a imitação de Deus (Mt  5,48; 1 Cor 11,1).


b)    Novo Testamento. Emprega aletheia, “verdade”, e seus derivados. O termo vem do verbo grego, lanthano/letho, “ocultar ou encobrir algo a alguém”, o prefixo “a” indica negação. Assim, para os gregos, aletheia significa “não oculto, não escondido”. É aquilo que corresponde aos fatos e permanece em oposição à falsidade (At 26,25; Rm 1,25; 9,1). Nisto se alinha com as Escrituras hebraicas. Esta é a verdade como parte da ética, mas as palavras “como está a verdade em Cristo” (Ef 4,21), dizem respeito a “toda sua plenitude e extensão, encarnada nele; Ele é a perfeita expressão da verdade” (Dicionário Vine). Isso está de acordo com sua própria afirmação (Jo 14,6).

c)    O que é a verdade. Foi a pergunta que Pilatos fez a Jesus, mas não esperou pela resposta (Jo 18,37-38). Será que ele estava convencido de que não havia resposta, ou não se interessou de modo algum pelo retorno que Jesus poderia dar? Para os romanos, “verdade”, veritas em latim, significa “precisão, rigor, exatidão de um relato”. Talvez Pilatos estivesse destoado do contexto.


V.            O CUIDADO COM A MENTIRA.

a)    As testemunhas. Ninguém podia ser acusado por uma só testemunha, pois a lei exige  duas ou três testemunha, (Dt 19,15-20). Era a garantia de um julgamento justo. Mas nem sempre isso era possível. Nabote foi acusado, julgado e condenado conforme a lei, mas era inocente, pois as testemunhas eram falsas  (1Rs 21,13). O Senhor Jesus foi vitima de testemunhas falsas (Mc 14,56), da mesma forma que Estevão (At 6,13). Mesmo com todo o rigor da lei, nunca faltou na história quem se dispusesse a testemunhar falsamente.

b)    Os danos. A violação do nono mandamento é um atentado contra a honra e pode destruir a reputação e o bom nome que alguém levou uma vida inteira para construir. Seus efeitos maléficos podem ainda levar a pessoa à morte ou á prisão, destruir casamentos e arruinar famílias. É um pecado grave dos quais muitos ainda não se deram conta. A pena contra a falsa testemunha em Israel era a morte; tal pessoa recebera o mesmo que ela tentou fazer ao seu próximo: “será condenado, e o castigo dele será o mesmo que ele queria para o outro” (Dt 19,19). Será aplicada a lei de talião (Êx 21,23-25).

c)    O pecado da mentira. Quem já viu um irmão ser disciplinado ou cortado da comunhão da Igreja pelo pecado da mentira? A Bíblia trata o assunto com seriedade., pois quem se converteu a Cristo precisa deixar  a mentira e falar a verdade (Ef 4,25; Cl 3,9). Os mentirosos constam da lista dos incrédulos, homicidas, fornicadores, feiticeiros, idólatras, dentre outros (Ap 21,8; 22,15). Na graça, o tema é tratado com profundidade implicando à vida eterna, e não envolvendo tribunais  como no sistema mosaico. É desejo, portanto, de todo cristão se parecer com Jesus e é isso que Deus espera de todos nós (1Pd 1,15-16)

VI.          CONCLUSÃO.


Deus se interessa pelo bem-estar de todos os seus filhos. O desrespeito pelo próximo afronta a Deus. O Senhor Jesus nos ensinou a tratar as pessoas da mesma maneira que gostaríamos de ser tratados (Mt 7,12). Que Deus nos ajude e nos guarde par que possamos viver uma vida irrepreensível.

Marco Antonio Lana (Teólogo)

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