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sábado, 7 de fevereiro de 2015

JARDIM DO ÉDEN - MITO OU FATO


O ÉDEN FOI O PRIMEIRO LAR DA HUMANIDADE?

Imagine-se num jardim. Ali não há perturbações nem os sons da vida agitada de uma cidade grande. Ele e enorme, e a paz impera. Melhor ainda, nesse lugar sua mente está livre de preocupações, seu corpo não apresenta nenhum sinal de doença, alergia ou dor.

Seus sentidos funcionam perfeitamente, absorvendo tudo ao seu redor. Seus olhos se deleitam com o colorido exuberante das flores, com a água cintilante de um riacho e com as diferentes nuances do verde das folhagens na luz e na sombra. Você sente a brisa suave em sua pele e o cheiro das doces fragrâncias que ela traz. Ouve o farfalhar das folhas, o barulho da água batendo nas rochas, o assobio e o canto dos pássaros, e o zumbido dos insetos. Ao visualizar essa cena, não sente vontade de estar num lugar assim?

No mundo todo, há pessoas que acreditam que a humanidade.
Teve inıcio num lugar como esse. Durante séculos, membros do judaísmo, da cristandade e do islamismo aprenderam sobre o jardim do Éden, o lugar onde Deus colocou Adão e Eva. Segundo a Bíblia, esse casal levava uma vida tranqüila e feliz. Tinham paz um com o outro, com os animais e com Deus, que bondosamente. Havia-lhes apresentado a esperança de viver para sempre naquele ambiente maravilhoso. — Gênesis 2,15-24.

Os hindus também têm seus próprios conceitos sobre um antigo paraíso. Os budistas acreditam que grandes lıderes espirituais, ou budas, surgem nas chamadas eras de ouro, quando o mundo se torna semelhante a um paraíso. E varias religiões da África ensinam historias que lembram muito a de Adão e Eva.

De fato, o conceito de um paraíso original e comum nas religiões e tradições da humanidade. Certo escritor disse: “Muitas civilizações acreditavam num paraíso original, cujas características eram perfeição, liberdade, paz, felicidade, fartura, e ausência de ameaças, tensões e conflitos”.

Essa crença deu origem a uma consciência coletiva de profunda nostalgia pelo paraíso perdido, mas não esquecido, e a um forte desejo de recuperá-lo.

Será que todas essas histórias e tradições têm uma origem comum? É possıvel que a consciência coletiva tenha sido influenciada pela lembrança de algo real? Será que Adão, Eva e o jardim do Éden realmente existiram num passado distante?

Os céticos zombam dessa idéia. Nesta era científica, muitos acham que esses relatos são meras lendas ou mitos. Mas o surpreendente é que muitos desses céticos são líderes religiosos que promovem descrença no jardim do Éden. Eles dizem que nunca existiu um lugar assim.

Diz também que o relato da Bíblia é simplesmente uma metáfora, um mito, uma fabula ou uma parábola.

Naturalmente, a Bíblia contém parábolas. O próprio Jesus contou varias. No entanto, a Bíblia apresenta o relato sobre o Éden não como uma parábola, mas como história, pura e simples. Alem disso, se os acontecimentos descritos ali nunca ocorreram, então como podemos confiar no restante da Bíblia?

Vamos analisar por que alguns não acreditam no jardim do Éden e ver se suas razoes são validas. Depois, consideraremos por que esse relato deve interessar a cada um de nós.

EXISTIU REALMENTE UM JARDIM DO ÉDEN?

Conhece a historia de Adão e Eva, e do jardim do Éden? Pessoas no mundo todo a conhecem. O que acha de lê-la na Bíblia? Está em Gn 1,26–3,24. Em resumo, a história diz: Deus formou o homem do pó, deu lhe o nome de Adão e colocou-o num jardim numa região chamada Éden. O próprio Deus havia formado esse jardim. Ele era bem regado e cheio de belas arvores frutíferas. No meio dele ficava a “arvore do conhecimento do que é bom e do que é mau”. Deus proibiu o homem de comer o fruto dessa arvore, dizendo que a desobediência resultaria em morte. Com o tempo, Deus fez uma companheira para o homem — a mulher Eva — formando-a de uma das costelas de Adão. Deus os encarregou de cuidar do jardim e disse para se multiplicarem e encherem a Terra.

Quando estava sozinha, Eva foi tentada por uma serpente, que lhe disse para comer o fruto proibido. A serpente afirmou que Deus havia mentido e que estava negando a ela algo bom, algo que a faria ser como Deus. Ela não resistiu a tentação e comeu o fruto proibido. Mais tarde, Adão se juntou a ela na desobediência a Deus. Deus reagiu proferindo uma sentença contra Adão, Eva e a serpente. Depois que os humanos foram expulsos do jardim paradisíaco, os anjos bloquearam sua entrada.

No passado, era comum eruditos, intelectuais e historiadores afirmarem que os eventos registrados no livro bíblico de Gênesis eram verdadeiros e históricos. Hoje em dia, o que prevalece é a descrença nesses assuntos. Mas em que se baseiam as duvidas sobre o relato de Adão, Eva e o jardim do Éden? Analisemos quatro objeções comuns.

1. Existiu mesmo um jardim do Éden?

Por que há duvidas sobre isso? A filosofia talvez tenha parte da culpa. Por séculos, os teólogos acreditaram que o jardim de Deus ainda existia em algum lugar. No entanto, a cristandade foi influenciada por filósofos gregos como Platão e Aristóteles, que afirmavam que nada na Terra podia ser perfeito. A perfeição só poderia existir no céu. Assim, pensavam os teólogos, o paraíso original tinha de estar mais próximo do céu. - “Esse não é um conceito bíblico. A Bíblia ensina que todas as obras de Deus são perfeitas; a degradação vem de outra fonte (Dt 32,4-5) Quando Deus a terminou de criar a Terra, ele disse que tudo o que havia feito era ”muito bom”. — (Gn1, 31)”. - Alguns diziam que o jardim ficava no cume de um monte extremamente alto, um pouco acima dos limites deste planeta degradado; outros que ele ficava no Polo Norte ou no Polo Sul; ainda outros, que ficava na Lua ou perto dela. Não é de admirar que o conceito geral do Éden ganhasse uma aura de fantasia. Alguns eruditos da atualidade acham que é tolice se preocupar coma localização geográfica do Éden, pois afirmam que esse lugar nunca existiu.

No entanto, a Bíblia não retrata o jardim dessa maneira. Em Gn 2,8-14 somos informados de vários detalhes sobre esse lugar. Ele ficava na parte oriental da região chamado Éden. Era regado por um rio que se tornou a nascente de outros quatro rios. Todos tinham nome, e a Bíblia fornece uma breve descrição de seu curso. Há muito tempo esses detalhes intrigam eruditos, muitos dos quais tem pesquisado minuciosamente essa passagem bíblica em busca de indícios da localização atual desse lugar antigo. Mas eles chegaram a inúmeras conclusões contraditórias. Será que isso significa que a descrição física do Éden, de seu jardim e de seus rios é falsa ou mítica?

Pense no seguinte: os eventos no jardim do Éden ocorreram aproximadamente uns 6 mil anos atrás. Moises os colocou por escrito, e ele talvez tenha se baseado em relatos orais ou até mesmo em documentos que já existiam. Além disso, Moisés escreveu uns 2.500 anos depois dos acontecimentos. O Éden já era historia antiga. Será que pontos de referencia, como por exemplo, rios, podem mudar ao longo de dezenas de séculos? A crosta terrestre e dinâmica está sempre em movimento. A região que provavelmente incluía o Éden fica num cinturão de terremotos — região que hoje e responsável por cerca de 17% dos maiores terremotos do mundo. Nessas áreas, mudanças é a regra, não a exceção. Alem do mais, o Dilúvio dos dias de Noé pode ter alterado a topografia de tal modo que simplesmente não é possível saber hoje qual era seu aspecto original. _ E provável que o Dilúvio, um ato divino, tenha apagado todos os vestígios do próprio jardim do Éden. Ez 31,18 da a entender que, por volta do sétimo século a.C, “as arvores do Éden” já não existiam havia muito tempo. Portanto, todos os que procuraram por um jardim do Éden em tempos posteriores fizeram isso em vão.

Mas temos conhecimento de alguns fatos: O relato de Gênesis fala do jardim do Éden como um lugar que realmente existiu. Dois dos quatro rios mencionados — o Eufrates e o Tigre, ou Hıdequel — ainda existem, e algumas de suas nascentes ficam bem próximas umas das outras. O relato fornece até mesmo o nome das terras por onde esses rios passavam e dos detalhes sobre riquezas naturais bem conhecidas na regi ao. Para as pessoas do Israel antigo, as primeiras a ler esses relatos, esses detalhes eram muito úteis.

Será que mitos e contos de fadas são assim? Ou eles tendem a omitir detalhes que poderiam ser facilmente confirmados ou negados? “Era uma vez, numa terra distante” e uma forma comum de começar um conto de fadas. Mas histórias reais costumam incluir detalhes relevantes, como acontece com o relato do Éden.

2. Da para acreditar que Deus fez Adão do pó e Eva de uma de suas costelas?

A ciência moderna confirma que o corpo humano é composto de vários elementos, como hidrogênio, oxigênio e carbono — todos encontrados na crosta terrestre. Mas como esses elementos foram reunidos para formar um ser vivo?

Muitos cientistas dizem que a vida surgiu por si mesma, a partir de formas muito simples que, gradualmente, ao longo de milhões de anos, tornaram-se cada vez mais complexas. No entanto, a palavra “simples” pode dar uma impressão errada, pois todas as coisas vivas — até mesmo organismos microscópicos unicelulares — são incrivelmente complexas. Não existe prova de que qualquer tipo de vida tenha surgido ou poderia ter surgido por acaso. Em vez disso, todas as coisas vivas apresentam evidencia indiscutível de que foram projetadas por alguém muito mais inteligente do que nos. — Romanos 1,20.

Será que faz sentido uma pessoa ouvir uma grande sinfonia, admirar uma magnífica pintura ou ficar impressionada com um feito tecnológico e depois insistir que ninguém fez essas coisas? Claro que não! Mas essas obras primas nem sequer se aproximam da complexidade, beleza ou engenhosidade do corpo humano. Como poderíamos pensar que algo assim não teve um Criador? Alem disso, o relato de Gênesis explica que, de toda a vida na terra, só os humanos foram feitos a imagem de Deus. (Gn 1,26) É por isso que apenas o ser humano, assim como Deus, tem o desejo natural de criar, às vezes produzindo obras impressionantes de musica, arte e tecnologia. Será que deveríamos ficar surpresos de que Deus seja muito melhor do que nós em criar coisas?

Com relação a Deus criar a mulher usando uma costela do homem, que problema haveria nisso? – E interessante notar que a medicina moderna descobriu que a costela tem uma capacidade incomum de se regenerar. Diferentemente de outros ossos, ela pode crescer de novo se sua membrana de tecido conjuntivo permanecer intacta. - Ele poderia ter usado outros meios, mas o modo como fez a mulher teve um profundo significado. Ele queria que o homem e a mulher se casassem e formassem um vınculo ıntimo, como se fossem “uma só carne”. (Gn 2,24) Não acha que a maneira como o homem e a mulher se complementam, formando um vınculo estável e benéfico para os dois, e uma forte evidencia de um Criador sábio e amoroso? Alem disso, os geneticistas da atualidade reconhecem que todos os humanos provavelmente descenderam de apenas um homem e uma mulher. Então, será que o relato de Gênesis é irrealıstico?

3. A arvore do conhecimento e a arvore da vida parecem lendas.

Na verdade, o relato de Gênesis não ensina que essas árvores tinham em si mesmos poderes especiais ou sobrenaturais. Pelo contrario, elas eram arvores comuns, as quais Deus atribuiu um significado simbólico.

Os humanos às vezes não fazem algo similar? Por exemplo, numa audiência, um juiz talvez de uma advertência a alguém por desacato ao tribunal. O juiz não esta falando de desrespeito aos moveis, instalações e paredes do tribunal em si, mas ao sistema judicial que o tribunal representa. Vários monarcas também usam o cetro e a coroa como símbolos de sua autoridade soberana.

Assim, o que as duas arvores simbolizavam? Muitas teorias complexas foram apresentadas. A resposta verdadeira a essa pergunta, apesar de simples, é bem profunda. A arvore do conhecimento do que é bom e do que é mau representava um privilegio que só Deus pode ter — o direito de determinar o que é bom e o que é  mau. (Jeremias 10,23) Não é de admirar que roubar o fruto daquela arvore fosse um crime!
Por outro lado, a arvore da vida representava uma dádiva que apenas Deus pode conceder: a vida eterna. — Romanos 6,23.

4. Uma serpente que fala parece fazer parte de um conto de fadas.

É verdade que esse aspecto da narrativa de Gênesis pode ser difícil de entender, especialmente se não levarmos em conta o restante da Bíblia. Mas as Escrituras esclarecem de forma gradual esse intrigante mistério.

Quem ou o que fez com que aquela serpente parecesse falar? Os antigos israelitas sabiam de outros fatos que esclareciam muito o papel daquela serpente. Por exemplo, eles sabiam que, embora animais não falem, uma pessoa espiritual pode fazer com que um animal pareça falar.

Moises escreveu o relato sobre Balaão; Deus enviou um anjo para fazer com que a jumenta de Balaão falasse como uma pessoa. — Nm 22,26-31; 2 Pedro 2,15-16.

Será que outros espíritos, incluindo os que são inimigos de Deus, podem realizar milagres? Moises tinha visto os sacerdotes - magos do Egito imitar alguns dos milagres de Deus, como fazer um bastão se transformar numa serpente. O poder para realizar algo tão excepcional só poderia vir dos inimigos de Deus no mundo espiritual. — Ex 7,8-12.

Evidentemente, Moises também escreveu o livro de Jó. Esse livro fala muito sobre o principal inimigo de Deus, Satanás, que desafiou a integridade de todos os servos de Deus, usando Uma mentira. (Jó 1,6-11; 2,4,-5) Assim, será que os israelitas do passado concluíram que Satanás tinha manipulado a serpente no Éden, fazendo parecer que ela falava, e enganou Eva, levando-a a violar sua integridade a Deus? Tudo indica que sim.

Será que era Satanás quem estava por trás da serpente? Mais tarde, Jesus chamou Satanás de mentiroso e pai da mentira’. (Jô 8,44) Não concorda que o “pai da mentira” seria a pessoa que contou a primeira mentira? A primeira mentira foi aquilo que a serpente disse a Eva. Contradizendo o aviso de Deus, de que comer o fruto proibido resultaria em morte, a serpente disse: “Positivamente não morrereis.” (Gn 3,4) E claro que Jesus sabia que Satanás havia manipulado a serpente. A Revelação que Jesus deu ao apostolo João resolve a questão, pois chama Satanás de “a serpente original”. — Ap 1,1; 12,9.

Acha que é mesmo irrealıstico acreditar que uma poderosa criatura espiritual pudesse manipular uma serpente, fazendo parecer que ela falava? Até mesmo humanos embora muito menos poderosos do que espíritos podem fazer impressionantes truques de ventríloquia e criar efeitos especiais convincentes.

A prova mais convincente

Não concorda que a descrença no relato de Gênesis é um tanto infundada? Por outro lado, há fortes evidencias de que esse relato é real. Por exemplo, Jesus Cristo. é chamado de “a testemunha fiel e verdadeira”. (Ap 3,14) Por ser um homem perfeito, ele nunca mentiu nem distorceu a verdade. Alem disso, ele falou que havia existido muito antes de vir a Terra como humano — de fato, tinha vivido ao lado de seu Pai, Deus “antes de haver o mundo”.(Jô 17,5) Assim, ele já existia quando a vida na Terra começou e, portanto, e a mais confiável de todas as testemunhas. O que ele disse sobre esse assunto?

Jesus falou de Adão e Eva como pessoas reais. Ele se referiu ao casamento deles quando explicou o padrão de Deus a respeito da monogamia. (Mt 19,3-6) Se eles nunca tivessem existido e o jardim onde eles viveram fosse um simples mito, então ou Jesus estava enganado ou era um mentiroso. As duas conclusões são ilógicas. Jesus tinha estado no céu, observando a tragédia que ocorreu no jardim. Poderia haver prova mais convincente do que essa?

Na realidade, a descrença no relato de Gênesis enfraquece a fé em Jesus. Essa descrença também faz com que seja impossível entender alguns dos assuntos principais da Bíblia e algumas de suas promessas mais animadoras. Vejamos como.

POR QUE O ÉDEN E IMPORTANTE PARA VOCÊ

UMA das objeções mais surpreendentes que alguns eruditos fazem sobre o relato do
Éden e que ele não tem apoio do restante da Bíblia. Por exemplo, Paul Morris, professor universitário de Estudos Religiosos, escreveu: “Não há posteriores referencias bíblicas diretas a historia do Éden.” Vários “especialistas” talvez concordem com essa afirmação, mas isso contradiz os fatos.

Na verdade, na Bíblia há muitas referencias ao jardim do Éden, a Adão e Eva, e a serpente. - Gn 13,10; Dt 32,8; 2 Samuel 7,14; 1 Cr 1,1; Is 51,3; Ez 28,13; 31,8-9; Lc  3,38; Rm 5,12-14; 1 Cor 15,22-45; 2 Cor 11,3; 1 Tm 2,13-14; Jd14; e Ap 12,9. - Mas o conceito errôneo de alguns eruditos não é  nada em comparação com outro muito mais amplo, mais abrangente. Por desacreditar o relato de Gênesis a respeito do jardim do Eden, os líderes religiosos e os críticos da Bíblia estão na realidade atacando a Bíblia inteira. Colocando a Bíblia em contradição com ela mesma.  Como assim?

Entender o que aconteceu no Éden é essencial para entender o restante da Bíblia. Por exemplo, a Palavra de Deus tem por objetivo nos ajudar a descobrir respostas às perguntas mais profundas e importantes com as quais os homens se confrontam. Com freqüência, as respostas da Bíblia a essas perguntas se relacionam com o que aconteceu no jardim do Éden.

Veja alguns exemplos.

  • Por que envelhecemos e morremos? Adão e Eva viveriam para sempre se continuassem sujeitos a Deus. Eles só morreriam caso se rebelassem. No dia em que fizeram isso, começaram a morrer. (Gn 2,16-17; 3-19) Perderam a perfeição, e a  única coisa que podiam transmitir a seus descendentes era o pecado e a imperfeição. Por isso, a Bíblia diz: “Por intermédio de um só homem entrou o pecado no mundo, e a morte por intermédio do pecado, e assim a morte se espalhou a todos os homens, porque todos tinham pecado.” — Romanos 5,12.

  • Por que Deus permite a maldade? No jardim do Éden, Satanás, por assim dizer, chamou Deus de um mentiroso que não dá suas criaturas aquilo que é bom. (Gn 3,3-5) Assim ele questionou a legitimidade do governo de Deus. Adão e Eva escolheram seguir a Satanás; desse modo também rejeitaram a soberania de Deus, como que afirmando que o homem pode decidir por si mesmo o que é bom e o que é mau. Em sua justiça e sabedoria perfeitas, Deus sabia que só havia uma maneira de responder corretamente a esse desafio: deixar o tempo passar, dando aos humanos a oportunidade de se governar da forma que quisessem. A maldade resultante disso, em parte por causa da contınua influencia de Satanás, revelou aos poucos uma grande verdade: o homem e incapaz de governar a si mesmo sem Deus. — Jr 10,23.

  • Qual é o propósito de Deus para a Terra? No jardim do Éden, Deus estabeleceu um padrão de beleza para a Terra. Ele incumbiu Adão e Eva de enchê-la com seus descendentes e de ‘sujeita-la’, a fim de que todo o planeta tivesse a mesma beleza e harmonia. (Gn 1,28) Portanto, o propósito de Deus para a Terra e que ela seja um paraíso habitado por uma família unida e perfeita, composta dos descendentes de Adão e Eva. Grande parte da Bíblia se relaciona com os meios que Deus usará para cumprir esse propósito original.

  • Por que Jesus Cristo veio a Terra? A rebelião no jardim do Éden resultou numa sentença de morte contra Adão, Eva e toda a sua descendência, mas Deus amorosamente proveu esperança. Ele enviou seu Filho à  terra para fornecer o que a Bíblia chama de resgate. (Mt 20,28) O que significa isso? Jesus foi “o ultimo Adão”; ele foi bem-sucedido naquilo que Adão falhou. Jesus manteve sua vida humana perfeita por continuar obediente a Deus. Então, ele espontaneamente deu sua vida como sacrifício, ou resgate, provendo os meios para que todos os humanos fieis recebessem o perdão de seus pecados e um dia tivessem o tipo de vida que Adão e Eva tinham antes de pecar. (1 Cor15,22,.45; Jô 3,16) Assim, Jesus garantiu que o propósito de Deus de transformar esta Terra num paraíso semelhante ao Éden se cumprira.

O propósito de Deus não é vago nem uma idéia teológica abstrata. Ele é real. Assim como o jardim do Éden realmente existiu na Terra com animais e pessoas reais, assim a promessa de Deus para o futuro é uma certeza, uma realidade que logo virá. Será que essa promessa vai ser o seu futuro, sua realidade? Muito depende de você. Deus quer esse futuro para o maior numero possível de pessoas, até mesmo para aquelas cuja vida ainda não se harmoniza com os padrões dele.—1 Tm2,3-4.

Quando Jesus estava morrendo, ele falou com um homem que havia tomado decisões erradas na vida. Esse homem era um criminoso e sabia que merecia ser executado. Mas ele recorreu a Jesus em busca de consolo e esperança. Como Jesus reagiu? Ele prometeu ao homem: “Estarás comigo no Paraíso.” (Lucas 23,43) Se Jesus deseja ver aquele ex-criminoso lá — ressuscitado e recebendo a benção de viver para sempre num paraíso semelhante ao Éden — não acha que ele quer o mesmo para você? Com certeza! E o Pai dele também quer isso. Se você deseja esse futuro faça tudo o que puder para aprender sobre o Deus que criou o jardim do Éden. Por que Satanás usou uma serpente para falar com Eva?

Por que Satanás usou uma serpente para falar com Eva?

Você talvez concorde que, conforme analisado era Satanás quem estava por trás da serpente que falou com Eva. De fato, a Bíblia ensina isso. No entanto, pode ser que você se pergunte: “Por que um espírito poderoso falaria por meio de uma serpente”?

A Bíblia descreve as táticas de Satanás como “maquinações”, ou “artimanhas”, e esse incidente ajuda a comprovar isso. (Ef 6,11). O que houve no Éden não é nenhuma fabula sobre um animal que falava; é um exemplo amedrontador de uma estratégia inteligente elaborada para afastar as pessoas de Deus. Como assim?

Satanás escolheu seu alvo com cuidado. Eva era a mais nova das criaturas inteligentes do Universo. Assim, ele se aproveitou de sua inexperiência e armou um plano para enganá-la. Escondendo-se atrás de uma serpente, que é uma criatura muito cautelosa, Satanás astutamente ocultou seus objetivos ousados e ambiciosos. (Gn 3,) Veja também o que ele conseguiu ao fazer com que a serpente parecesse falar, assim como um ventríloquo faz com um boneco.

Primeiro Satanás atraiu e prendeu a atenção de Eva. Ela sabia que serpentes não falam; seu marido tinha dado nome a todos os animais, incluindo esse, provavelmente depois de uma analise cuidadosa. (Gn 2,19) Sem duvida, Eva também tinha observado esse animal cauteloso. Assim, a trama de Satanás despertou sua curiosidade; fez com que ela se concentrasse na única coisa que lhe era proibida em todo o jardim. Segundo, se a serpente estava escondida nos galhos da arvore proibida, a que conclusão Eva pode ter chegado? Será que ela concluiu que essa criatura inferior, que não falava, havia comido o fruto e depois conseguiu falar? Se o fruto podia fazer tanto por uma serpente, o que poderia fazer por ela? Não sabemos Com certeza o que Eva pensou nem se a serpente mordeu a fruta. Mas sabemos que, quando a serpente disse a Eva que o fruto a faria ser “como Deus”, Eva estava pronta para acreditar naquela mentira.

As palavras que Satanás escolheu também revelam muito. Ele semeou duvidas na mente de Eva, dando a entender que Deus estava retendo dela algo de bom e restringindo desnecessariamente a sua liberdade. A trama de Satanás só daria certa se o egoísmo dela fosse maior do que seu amor pelo Deus que lhe tinha dado tudo o que possuía. (Gn 3,4-5) Tragicamente, a estratégia de Satanás funcionou; nem Eva nem Adão haviam cultivado a espécie de amor e apreço por Deus que eles deveriam ter. Não é verdade que hoje em dia Satanás promove o mesmo tipo de egoísmo e modo de pensar?

Mas quais eram as motivações de Satanás? O que ele queria? No Éden, ele tentou esconder tanto sua identidade como sua motivação. Mas com o tempo ele mostrou quem realmente era. Quando tentou Jesus, ele com certeza sabia que não adiantaria nada usar algum disfarce. Por isso ele disse a Jesus de forma direta: ‘Prostre-se e me faça um ato de adoração.’ (Mt 4,9) Pelo visto, Satanás sempre teve ciúmes da adoração prestada a Deus. Ele fará de tudo para impedir que as pessoas adorem a Deus ou para corromper sua adoração. Ele tem prazer em destruir a integridade de quem serve a Deus.

De forma clara, a Bíblia revela que Satanás é um implacável estrategista no que se refere a atingir seus objetivos. Felizmente, não precisamos ser enganados como Eva, “pois não desconhecemos os seus desígnios”. —2 Cor 2,11.

DEUS SABIA QUE ADÃO E EVA PECARIAM?

Muitos desejam sinceramente saber a resposta a essa pergunta. Quando se fala sobre por que Deus permitiu a maldade, as pessoas logo se lembram do pecado do primeiro casal humano no jardim do Éden. A ideia de que ‘Deus sabe tudo’ pode facilmente levar alguns a concluir que Deus sabia de antemão que Adão e Eva o desobedeceriam.

Quais seriam as implicações se, de fato, Deus já soubesse que esse casal perfeito pecaria? Essa ideia atribuiria a Deus muitas características negativas, fazendo-o parecer desamoroso, injusto e falso. Alguns poderiam achar uma crueldade expor os primeiros humanos a algo que estava fadado ao fracasso. Pareceria que Deus era o responsável — ou pelo menos, tinha parte da culpa — por toda a maldade e o sofrimento que ocorreu ao longo da historia. Para alguns, nosso Criador pareceria ate mesmo um tolo.

Será que a forma como Deus e apresentado nas Escrituras combina com essa descrição negativa? Para responder a essa pergunta, vejamos o que a Bíblia diz sobre as obras criativas e a personalidade de Deus.

“Era muito bom”.

A respeito das obras criativas de Deus, incluindo os primeiros humanos na Terra, o relato de Gênesis diz: “Deus viu tudo o que tinha feito, e eis que era muito bom.” (Gn 1,31) Adão e Eva foram criados perfeitos, e se ajustavam completamente ao ambiente na Terra. Não havia nada imperfeito em sua constituição. Com certeza eles eram capazes de agir como Deus queria. Afinal, foram criados a imagem de Deus”. (Gn 1:27) Portanto, eles tinham condições de demonstrar ate certo grau as qualidades divinas de sabedoria, amor leal, justiça e bondade. Refletir essas qualidades os ajudaria a tomar decisões que trariam benefícios a si mesmos e alegria ao seu Pai celestial.

Deus concedeu o livre-arbítrio a essas criaturas inteligentes e perfeitas. Assim, eles não foram de maneira alguma programados para agradar a Deus — como se fossem robôs. Pense no seguinte: o que teria mais valor para você, um presente dado mecanicamente ou um presente dado de coração? A resposta é obvia. Da mesma maneira, teria mais valor para Deus se Adão e Eva tivessem escolhido obedece-lo por vontade própria. A capacidade de escolher dava ao primeiro casal humano condições de obedecer a Deus por amor. — Dt 30,19-20.
 
Justo e bom

A Bíblia revela as qualidades de Deus para nós. Essas qualidades tornam impossível que ele tenha qualquer coisa a ver com o pecado. Deus “ama a justiça e o juízo”, diz o Sl 33,5. Assim, Tg 1,13 observa: “Por coisas, mas, Deus não pode ser provado, nem prova ele a alguém.” Por justiça e consideração, Deus disse a Adão: “De toda arvore do jardim podes comer à vontade. Mas, quanto a arvore do conhecimento do que é bom e do que é mau nao deves comer dela, porque no dia em que dela comeres, positivamente morreras.” (Gn 2,16-17) O primeiro casal podia escolher entre a vida eterna e a morte.

Será que não seria hipocrisia da parte de Deus alerta-los contra um pecado específico já sabendo que eles fracassariam? Sendo alguém que “ama a justiça e o juízo”, Deus não teria dado a eles a oportunidade de escolher algo que na verdade já estava definido.

Deus também é extremamente bondoso. (Sl 31,19) Descrevendo a bondade de Deus, Jesus disse: “Qual é o homem entre vos, cujo filho lhe peça pão — ser a que lhe entregar entregara uma pedra? Ou talvez lhe peça um peixe — será que lhe entregara uma serpente? Portanto, se vos, embora iníquos, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais o vosso Pai, que esta nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem!” (Mt 7,9-11) Deus da “boas coisas” a suas criaturas. A forma como Deus criou os humanos e preparou o lar paradisíaco para eles comprova a sua bondade.  

Será que esse bondoso Soberano seria tão cruel a ponto de providenciar um belo lar para os humanos sabendo que este lhes seria tirado? Não.Nosso Criador justo e bom não é o culpado pela rebelião do homem.

O “único sábio”

As Escrituras também mostram que Jeová é o “único sábio”. (Rm 16,27) Os anjos de Deus testemunharam muitas manifestações dessa ilimitada sabedoria. Eles ‘bradaram em aplauso’ quando Deus criou as coisas na Terra. (Jô 38,4-7) Sem duvida, essas inteligentes criaturas espirituais acompanharam os acontecimentos no jardim do Éden com muito interesse. Assim, não faria sentido que um Deus sábio, depois de criar um impressionante Universo e uma infinidade de obras maravilhosas na Terra, trouxesse a existência, sob os olhares de seus filhos angélicos, duas criaturas. Ímpares sabendo que elas fracassariam. Com certeza, planejar algo trágico assim não teria lógico.

Mesmo assim, alguém talvez questione: ‘Mas como é possível que um Deus todo sábio não soubesse o que ia acontecer?’ De fato, um aspecto da grande sabedoria de Deus e sua capacidade de saber ‘desde o princípio o final’. (Is 46,9-10) No entanto, ele não precisa usar essa capacidade, assim como ele nem sempre precisa usar plenamente seu imenso poder. De maneira sabia, Deus usa sua habilidade de prever as coisas de forma seletiva, quando isso é necessário e de acordo com as circunstancias.

A capacidade de escolher usar ou não a presciência pode ser ilustrada por um recurso da tecnologia moderna. Alguém que gravou um evento esportivo tem a opção de assistir os momentos finais da partida a fim de saber o resultado. Mas ele não precisa fazer isso. Quem poderia criticá-lo se ele escolhesse assistir a partida inteira, desde o começo? De maneira similar, o Criador pelo visto preferiu não ver como as coisas terminariam. Ele preferiu esperar e ver como seus filhos na Terra se comportariam a medida que os eventos ocorressem. Como já mencionado, Deus de maneira sabia não criou os primeiros humanos como robôs programados para agir de uma forma preestabelecida. Pelo contrario, ele amorosamente os dotou de livre-arbítrio. Por escolher o proceder correto, eles poderiam demonstrar seu amor, gratidão e obediência, aumentando assim sua alegria e a de seu Pai celestial, Deus — Pr 27,11; Is 48,18.

As Escrituras mostram que em muitas ocasiões Deus não usou sua habilidade de ver o futuro. Por exemplo, foi só quando o fiel Abraão estava prestes a sacrificar seu filho que Deus disse: “Agora sei deveras que temes a Deus, visto que não me negaste o teu filho, teu único.” (Gn 22,12) Por outro lado, houve também ocasiões em que a má conduta de alguns fez com que Deus se ‘sentisse magoado’. Será que ele se sentiria assim se já soubesse muito antes o que eles fariam?  - Sl 78,40-41; 1 Rs 11,9-10.

Portanto, é razoável concluir que o Deus todo sábio não usou sua presciência para saber que nossos primeiros pais pecariam. Ele não criaria os humanos simplesmente para passarem por uma serie de acontecimentos estranhos dos quais ele já sabia o resultado. Seria tolice usar sua presciência dessa forma.

“Deus é amor”

Satanás, o adversário de Deus, foi quem começou a rebelião no Éden, que trouxe consequências negativas, incluindo o pecado e a morte. Assim, Satanás se tornou um “homicida”. Ele também mostrou ser “um mentiroso e o pai da mentira”. (Jô 8,44) Visto que ele próprio tem más motivações, também procura atribuir más motivações ao nosso amoroso Criador. É conveniente para ele lançar sobre Deus a culpa pelo pecado do homem.


Deus sabia que Adão e Eva tinham a capacidade de agir com lealdade

O amor foi a principal razão de Deus ter escolhido não saber de antemão que Adão e Eva pecariam. A Bíblia diz em 1 Jô 4,8 que “Deus é amor”, e essa é sua qualidade mais importante. O amor é positivo, não negativo. Ele procura o que é bom nas pessoas. De fato, por amor, Deus queria o melhor para o primeiro casal humano.

Embora os filhos terrestres de Deus tivessem a opção de fazer uma escolha errada, nosso amoroso Deus não estava inclinado a ser pessimista quanto as suas criaturas perfeitas nem a desconfiar delas. Ele havia lhes dado tudo o que necessitavam e lhes informado tudo o que precisavam saber. Era natural que Deus esperasse que eles fossem obedientes, não rebeldes. Ele sabia que Adão e Eva tinham a capacidade de agir com lealdade, como mais tarde foi comprovado até mesmo por homens imperfeitos como Abraão, Jó, Daniel e muitos outros.

“A Deus todas as coisas são possíveis”, disse Jesus. (Mt 19,26) Esse pensamento e consolador. O amor de Deus, junto com suas outras qualidades principais como justiça, sabedoria e poder, garante que no tempo certo ele pode, e vai, remover todos os efeitos do pecado e da morte. — Ap 21,3-5.


Fica claro então que Deus não sabia que o primeiro casal pecaria. Apesar de se sentir magoado por causa da desobediência do homem e do sofrimento resultante, Deus sabia que essa situação temporária não o impediria de cumprir seu propósito eterno para com a Terra e os humanos. Que acha de saber mais sobre esse propósito e sobre como você pode se beneficiar de seu glorioso cumprimento?

Marco Antonio Lana (Teólogo)

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