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terça-feira, 13 de novembro de 2012

DOUTRINA DA IGREJA - LIÇÃO 11 - OS SACRAMENTOS DA IGREJA CATOLICA APOSTOLICA ROMANA


 


“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama.” (Jo 12,21ª).
                                                                                                                                                                 I.      INTORDUÇÃO
A Igreja Católica celebra sete sacramentos, que são: batismo, confirmação (ou crisma), eucaristia, reconciliação (ou penitência), unção dos enfermos, ordem e matrimônio. Segundo sua doutrina, "todos os sacramentos estão ordenados para a Eucaristia «como para o seu fim» (S. Tomás de Aquino)". Na eucaristia, renova-se o mistério pascal de Cristo, atualizando e renovando assim a salvação da humanidade.
O sacramento católico é um ato ritual destinado aos fiéis, para eles receberem a graça de Deus, e destinado também a conferir sacralidade a certos momentos e situações da vida cristã. Eles foram instituídos por Jesus Cristo como "sinais sensíveis e eficazes da graça [...] mediante os quais nos é concedida a vida divina" ou a salvação e foram confiados à Igreja. Através destes sinais ou gestos divinos, "Cristo age e comunica a graça, independentemente da santidade pessoal do ministro", embora "os frutos dos sacramentos dependam também das disposições de quem os recebe".
Ao celebrá-los, a Igreja Católica, através das palavras e elementos rituais, alimenta, exprime e fortifica a sua fé e a fé de cada um dos seus fiéis. Estes sinais de graça constituem uma parte integrante e inalienável da vida cristã de cada fiel. Os sacramentos são necessários para a salvação dos crentes por conferirem a graça de Deus, "o perdão dos pecados, a adoção de filhos de Deus, a conformação a Cristo Senhor e a pertença à Igreja".
O Espírito Santo prepara para a recepção dos sacramentos por meio da palavra de Deus e da fé que acolhe a palavra nos corações bem dispostos. Então, os sacramentos fortalecem e exprimem a fé. O fruto da vida sacramental é ao mesmo tempo pessoal e eclesial. Por um lado, este fruto é para cada crente uma vida para Deus em Jesus; por outro, é para a Igreja o seu contínuo crescimento na caridade e na sua missão de testemunho.
Os sacramentos são então gestos de Deus na vida de cada crente, expressando-se simbolica e espiritualmente, por conseguinte, eles são considerados:
  • sinais sagrados, porque exprimem uma realidade sagrada, espiritual;
  • sinais eficazes, porque, além de simbolizarem um certo efeito, produzem-no realmente;
  • sinais da graça, porque transmitem dons diversos da graça divina;
  • sinais da fé, não somente porque supõem a fé em quem os recebe, mas porque nutrem, robustecem e exprimem a sua fé.
                                                                                                                                                     II.      OS SACRAMENTOS
a)      BATISMO
“Imediatamente foi batizado, ele e toda a sua família.” (At 16,33ª)
O batismo é entendido como o sacramento que abre as portas da vida cristã ao batizado, incorporando-o à comunidade católica, ao grande corpo místico de Cristo, que é a Igreja em si. Este ritual de iniciação cristã é feito normalmente com água sobre o batizando, através de imersão, efusão ou aspersão. Ou, utilizando outras palavras do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, "o rito essencial deste sacramento consiste em imergir na água o candidato ou em derramar a água sobre a sua cabeça, enquanto é invocado o Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". O batismo significa imergir "na morte de Cristo e ressurgir com Ele como nova criatura".
O batismo perdoa o pecado original e todos os pecados pessoais e as penas devidas ao pecado. Possibilita aos batizados a participação na vida trinitária de Deus mediante a graça santificante e a incorporação em Cristo e na Igreja. Confere também as virtudes teologais e os dons do Espírito Santo. Uma vez batizado, o cristão é para sempre um filho de Deus e um membro inalienável da Igreja e também pertence para sempre a Cristo.
Embora o batismo seja fundamental para a salvação, os catecúmenos, todos aqueles que morrem por causa da fé (batismo de sangue), [...] todos os que sob o impulso da graça, sem conhecer Cristo e a Igreja, procuram sinceramente a Deus e se esforçam por cumprir a sua vontade (batismo de desejo), conseguem obter a salvação sem serem batizados porque, segundo a doutrina da Igreja Católica, Cristo morreu para a salvação de todos. Quanto às crianças mortas sem serem batizadas, a Igreja na sua liturgia confia-as à misericórdia de Deus, que é ilimitada e infinita.
Idade:
Na Igreja Católica, batizam-se tanto crianças como convertidos adultos que não tenham sido antes batizados validamente (o batismo da maior parte das igrejas cristãs é considerado válido pela Igreja Católica visto que se considera que o efeito chega diretamente de Deus independentemente da fé pessoal, embora não da intenção, do sacerdote).
Mas a Igreja Católica insiste no batismo às crianças porque "tendo nascido com o pecado original, elas têm necessidade de ser libertadas do poder do Maligno e de ser transferidas para o reino da liberdade dos filhos de Deus". Por essa razão, a Igreja recomenda os seus fiéis a fazerem tudo para evitar que uma pessoa não batizada venha a morrer em sua presença sem a graça do batismo. Assim, embora o sacramento deva ser ministrado por um sacerdote, diante de um enfermo não batizado, qualquer pessoa pode e deve batizá-lo, dizendo "Eu te batizo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" enquanto, com o polegar da mão direita, desenha uma cruz sobre a testa, a boca e o peito do enfermo.
O fato de que o batismo seja geralmente ministrado a crianças recém-nascidas, que, por isso, não estão entrando na vida cristã por vontade própria, explica que se requeira a estas pessoas a recepção de um outro sacramento, a crisma, quando cheguem a uma idade em que tenham discernimento e capacidade intelectual suficiente para professarem conscientemente a sua fé e decidirem se querem ou não permanecer na Igreja Católica. Se sim, confirmam a decisão que os seus pais ou responsáveis fizeram em seu nome no dia do seu batismo. Entretanto, como este sacramento imprime caráter, quem recebeu o batismo, independente de que o confirme ou não através do sacramento do crisma ou confirmação, estará batizado para sempre.
Simbolos:
Na Igreja Católica, o sacramento do batismo tem vários símbolos, mas existem quatro principais, que são eles: água, óleo, veste branca e a vela. Cada um representa um mistério na vida do batizado. Além desses símbolos (que são os principais) o rito romano ainda estabelece o sal, mas este símbolo só é usado conforme as orientações pastorais das Igrejas particulares.
Os significados dos símbolos:
  • Água: representa a passagem da vida "pagã" para uma "nova vida". Tem o fator de purificação, lavando-nos do pecado original.
  • Óleo: representa a fortaleza do Espírito Santo. Antigamente, os lutadores usavam o óleo antes das lutas para deixarem seus músculos rígidos e assim poderem vencer. Na nova vida adquirida pelo batismo ele tem a mesma função, revestir o batizado para as lutas cotidianas contra as ciladas do maligno.
  • Veste branca: representa a nova vida adquirida pelo batismo. Quando tomamos banho vestimos uma roupa limpa, no batismo não seria diferente. Somos lavados na água e vestidos de uma nova vida.
  • Vela: tem dois significados: o Espírito Santo e o dom da fé. Pelo batismo somos revestidos de muitas graças e a principal é o Espirito Santo, pois seremos unidos a Deus como filhos para sermos santificados e esta santificação é realizada através do Espírito Santo. A fé é um dom fundamental para nossa vida, é através dela que reconhecemos Deus e por ela recebemos as suas graças
b)      EUCARISTIA
“Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é meu corpo. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados.” (Mt 26,26-28).
É a celebração em memória de Cristo, recordando a santa ceia, a paixão e a ressureição, em que o cristão recebe a hóstia consagrada.
É o sacramento culminante, que dá aos fieis a oportunidade de receber e ingerir fisicamente o que consideram como sendo o corpo de Jesus Cristo, em que se transformou o pão consagrado pelo sacerdote, assim como o vinho se transforma no Seu sangue.
No sacramento da eucaristia, a hóstia consagrada (o pão) é distribuída aos fiéis, que a colocam na boca e ingerem lenta e respeitosamente.
Para receber a hóstia, o fiel deve estar em “estado de graça”, ou seja, deve ter antes confessado os seus pecados e recebido o perdão divino através do sacramento da confissão ou penitência.
A consagração não faz parte do sacramento da eucaristia. É um rito precedente e separado. É um ato que só os sacerdotes têm o poder de praticar.
Normalmente, a consagração acontece durante a celebração da missa, rito também chamado de santo sacrifício. O sacrifício é precisamente o ato da consagração. Consiste na recriação, durante a missa, de um momento da última ceia dos apóstolos com Cristo, quando Ele serviu pão e vinho aos apóstolos, dizendo-lhes que aquilo era o seu corpo e o seu sangue.
A Igreja Católica sustenta que, quando o sacerdote pronuncia as palavras rituais “Isto é o meu corpo” em relação pão e “Isto é o meu sangue” em relação vinho, acontece um fenômeno chamado transubstanciação, ou seja, a substância material que constitui o pão se converte no corpo de Cristo e a que constitui o vinho se transmuda no Seu sangue.
O pão transubstanciado é distribuído aos fiéis que, ao ingerirem a hóstia estão ingerindo o corpo de Cristo. A eucaristia é considerada o sacramento da ação de graças, na acepção da palavra original grega εχαριστία (transc. "eukharistia").

c)       CRISMA OU CONFIRMAÇAO
Confirmação do batismo, ou crisma: o batizado reafirma sua fé em Cristo, sendo ungido durante a cerimônia, recebendo os sete dons do Espírito Santo. A unção é feita pelo bispo ou padre autorizado, com óleo abençoado na quinta-feira da Semana Santa.
É um sacramento instituído para dar oportunidade a uma pessoa – que foi batizada por decisão alheia e que tem, perante a Igreja, compromissos assumidos por outras pessoas em seu nome diante da pia batismal – de confirmar o desejo de ser membro da família cristã dentro da Igreja Católica e de reafirmar aqueles compromissos, depois de atingir a “idade da razão”.
Simplificadamente, a cerimônia consiste na renovação das “promessas do batismo”, mediante perguntas do bispo, que em geral a preside, feitas em voz alta e do mesmo modo respondidas pelo crismando perante a comunidade.
Como o batismo, o crisma também imprime caráter, podendo ser ministrado apenas uma vez a cada pessoa.
Por ser um ato de afirmação de compromissos, a pessoa pode jamais receber o crisma ou, indo participar da cerimônia, deixar de confirmar esses compromissos.
Quem não foi crismado ou se recusou a renovar os compromissos do batismo, pode fazê-lo em qualquer tempo.
O crisma é, portanto, um sacramento dependente, complementar ao batismo, já que não tem qualquer significação se ministrado a quem não tenha sido batizado.
d)     RECONCILIAÇAO OU PENITENCIA
“Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.” (Mt 10,32; Lc 12,8).
É a confissão dos pecados a um sacerdote, que aplica a penitência para, uma vez cumprida, propiciar a reconciliação com Cristo. Por outras palavras, é o sacramento que dá ao cristão católico a oportunidade de reconhecer as suas faltas e, se delas estiver arrependido, ser perdoado por Deus.
O reconhecimento das faltas é a sua confissão a um sacerdote, que pode ouvi-la em nome de Deus e conceder àquele fiel Seu perdão.
Do ponto de vista formal, o confessante se ajoelha perante um sacerdote, o confessor, e lhe declara que pecou, que deseja confessar o que fez e pedir a Deus que perdoe os seus pecados.
Após ouvi-lo, cabe ao sacerdote oferecer as suas palavras de conselho, de censura, de orientação e conforto ao penitente, recomendando a penitência a ser cumprida.
O confessado deve rezar a oração denominada ato de contrição, após o que o sacerdote profere as palavras do perdão e abençoa o penitente, que se retira para cumprir a penitência que lhe foi prescrita.
A Igreja Católica considera o sacramento da penitência um ato purificador, que deve ser praticado antes da Eucaristia, para que esta seja recebida com a alma limpa pelo perdão dos pecados. Mas, entende-se também que esse efeito purificador é salutar, sendo benéfico para o espírito cada vez que é praticado.
Um dos mais rígidos deveres impostos ao sacerdote pela Igreja é o segredo da confissão.
O sacerdote é rigorosamente e totalmente proibido de revelar o que ouve dos fiéis no confessionário. O descumprimento desse dever é considerado um dos maiores e mais graves pecados que um sacerdote pode cometer e o sujeita a penalidades severíssimas impostas pela Igreja.
Nas últimas décadas, especialmente após o Concílio Vaticano II – e tendo em vista crescentes dificuldades decorrentes do número insuficiente de sacerdotes – a confissão individual vem sendo substituída por uma confissão comunitária, em que a narrativa dos pecados não é feita aos demais participantes, mas os erros cometidos são revistos silenciosamente por cada pessoa, antes de juntos todos orarem o “ato de contrição”.
e)      UNÇAO DOS INFERMOS

A unção dos enfermos é o sacramento pelo qual o sacerdote reza e unge os enfermos para estimular-lhes a cura mediante a fé, ouve deles os arrependimentos e promove-lhes o perdão de Deus. Pode ser dado a qualquer enfermo, e não somente a quem pode falecer a qualquer momento.

f)       ORDEM
“Não negligencies o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbítero.” (1Tm 4,14).
O sacramento da ordem concede a autoridade para exercer funções e ministérios eclesiásticos que se referem ao culto de Deus e à salvação das almas. É dividido em três graus:
  • O episcopado confere a plenitude da ordem, torna o candidato legítimo sucessor dos apóstolos e lhe confia os ofícios de ensinar, santificar e reger.
  • O presbiterato configura o candidato ao Cristo sacerdote e bom pastor. É capaz de agir em nome de Cristo cabeça e ministrar o culto divino.
  • O diaconato confere ao candidato a ordem para o serviço na Igreja, através do culto divino, da pregação, da orientação e, sobretudo, da caridade
g)      MATRIMONIO
“Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne.” (Gn 2,24).
O sacramento que, estabelecendo e santificando a união entre um homem e uma mulher, funda uma nova família cristã. O matrimônio é celebrado na Igreja e santificado na indissolubilidade e na fidelidade;
É um dos sacramentos que imprimem caráter, embora de forma distinta do batismo, do crisma e da ordem. Estes três últimos deixam no fiel que o recebe uma marca indelével que o acompanha por toda a eternidade. Quem foi batizado ou crismado, quem foi ordenado sacerdote terá essa condição independente de qualquer coisa, inclusive de que decida depois converter-se a outro credo religioso ou abandonar o sacerdócio.
O matrimônio imprime caráter sobre o casal, sobre o conjunto que os dois nubentes passaram a formar, e é, por isso, doutrinariamente indissolúvel. O caráter impresso pelo matrimônio se dissolve com a morte de um dos cônjuges. É um sacramento que só se consuma havendo dois participantes. A morte de um dissolve o casal, extinguindo o matrimônio.
Outra característica peculiar do sacramento do matrimônio é que não é ministrado pelo sacerdote, mas pelos noivos que, realizando-o perante a Igreja, pedem e recebem do sacerdote a bênção para a nova família que nasce.

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