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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

PAÍS NA BÍBLIA - JACÓ – Um pai, afinal de contas, aprovado.





Não podemos ser pais perfeitos, e não podemos exigir isto de nenhum pai ou mãe, e nem de Jacó. Mas se há alguém na Bíblia que lutou consigo mesmo para superar suas falhas e erros, foi sem dúvida esse patriarca.

Os filhos de Jacó:

Jacó, filho de Isaque, neto de Abraão, teve 12 filhos:
·        Gn 35,23 – “Os filhos de Léia – a rejeitada –: Rúben o primogênito de Jacó, depois Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom”;
·        Gn 35,24 – “os filhos de Raquel – a amada –: José e Benjamim”;
·        Gn 35,25 – “os filhos de Bila, serva de Raquel: Dã e Naftali”;
·        Gn 35,26 – “os filhos de Zilpa, serva de Léia: Gade e Aser”.

Os erros de pais para filhos se repetem:

Se há algo que salta aos nossos olhos, é verificar nas famílias dos patriarcas como os aspectos positivos ou negativos se repetem nas gerações seguintes. Um dos aspectos negativos que aparece na vida de Isaque, pai, e se repete na vida de Jacó, filho, é a predileção por um dos filhos. Na família de origem de Jacó, ele era o queridinho da mamãe Rebeca. E Esaú, seu irmão, era o queridinho do papai Isaque – “Isaque amava a Esaú, porque comia da sua caça; mas Rebeca amava a Jacó” (Gn 25,28).

Veja como a mesma história se repete na vida do papai Jacó em relação ao seu filho José – “Israel amava mais a José do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores” (Gn 37,3). Até podemos compreender que José era o filho daquela que Jacó amava, Raquel – “Assim serviu Jacó sete anos por causa de Raquel; e estes lhe pareciam como poucos dias, pelo muito que a amava” (Gn 29,20), mas daí fazer opções e tratar com parcialidade é algo bem diferente, o relacionamento de Jacó com José era algo bem disfuncional. Além de Ter preferencias, mantinha uma atitude que não era saudável para o relacionamento familiar. José é quem dava notícias acerca do que seus irmãos faziam – “Estas são as gerações de Jacó. José, aos dezessete anos de idade, estava com seus irmãos apascentando os rebanhos; sendo ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia a seu pai más notícias a respeito deles” (Gn 37,2). Isso não era saudável, pois com certeza José, ao relatar o que acontecia, dava a sua versão pessoal. Além disso, Jacó dava presente especial a José – “e fez-lhe uma túnica de várias cores (Gn 37,3b). Seria o mesmo que um pai nos dias de hoje presenteasse um filho com um tênis de marca famosa, e ao outro, um desses vendidos em qualquer esquina por um camelô. Qual foi o resultado disso? Ódio e conspiração – Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles, odiavam-no, e não lhe podiam falar pacificamente “(Gn 37,4).

Ninguém gosta de ser preferido na família. Nós podemos tratar nossos filhos de maneiras diferentes, mas não de maneira inferior, com privilégios ou regalias.

Quando há parcialidade no tratamento com os filhos, eles entendem a construir uma baixa auto-estima que os acompanhará por toda a vida causando-lhe grandes prejuízos nos relacionamentos futuros.

Creio que, inconscientemente, Jacó cometeu esse deslize no relacionamento com José porque esse foi da mulher que ele amava profundamente. Uma razão, mas não uma justificativa.

Um filho enfermo pode merecer de nossa parte uma atenção especial, mas jamais nossa preferencia.

Os filhos como presentes de Deus:

Jacó, como pai com seus erros e acertos, nos dá uma ótima lição, conforme narrativa de Gênesis 33. No seu encontro com Esaú, esse ao contemplar as mulheres (Leia, Raquel, Bila e Zilpa) e seus respectivos filhos perguntou: “Quem são estes contigo”? Veja a beleza da resposta de Jacó: “Os filhos que Deus bondosamente tem dado a teu servo” (Gn 33,5). Por certo José ao contemplar aquele encontro, mais tarde teve o mesmo comportamento de seu pai ao ver os seus filhos como presentes de Deus – “Respondeu José a seu pai: Eles são meus filhos, que Deus me tem dado aqui. Continuou Israel: Trazei-mos aqui, e eu os abençoarei” (Gn 48,9). É o comportamento neste caso, positivo, se repetindo na vida dos descendentes.

Ele tinha a visão que todos os seus  filhos tinham sido uma concessão bondosa de Deus.

Papais e mamães devem aprender como Jacó nesse aspecto. Os filhos não são nossos, são concedidos por Deus e a Ele devemos dar conta do tipo de educação que lhes damos. Nós, como pais, somos mordomos de Deus. E certo que foram gerados ou adotados por nós, mas jamais devemos perder a perspectiva de que eles são de Deus e é para que sejam bênçãos nas mãos de Deus que devemos criá-los.

Quando cultivamos a visão de que nossos filhos não são nossos, mas concedidos bondosamente por Deus, não sofremos tanto quando chega o dia de eles partirem para constituírem novas famílias, ou são chamados para o campo missionário, ou quando saem para tentarem a vida longe de casa ou até mesmo quando os perdemos fisicamente. Em toso esses casos, pode haver dor e lagrimas, mas quando cultivamos a mesma visão de Jacó, o processo poderá ser menos traumático.

Quando ressaltamos que os pais devem Ter a visão de que os filhos não nos pertencem, não queremos, de maneira nenhuma, insinuar que devemos deixar de amá-los ou de protegê-los e dar o melhor de nós. O que quero dizer é que devemos ser bons pais, fazer tudo que estiver ao nosso alcance para o bem-estar deles, mas jamais encará-los como propriedade particular, indivíduos para a realização dos nossos desejos não realizados ou de indivíduos sob o nosso controle.

Um pai que abençoa os filhos:

Outro exemplo positivo que Jacó nos dá está registrado em Gn 49. Já final de vida, abatido pela enfermidade, chamou cada um dos seus filhos e os abençoou. Diz o texto sagrado: “Todas estas são as doze tribos de Israel: e isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a cada um deles abençoou segundo a sua bênção” – Gn 49,28.

Que belo exemplo Jacó nos dá! Podemos imaginar Jacó, sentado sobre cama, se esforçando para não sucumbir “Disse alguém a Jacó: Eis que José, teu olho, vem ter contigo. E esforçando-se Israel, sentou-se sobre a cama” – Gn 48,2 – chamando cada filho pelo nome e dando uma benção especial.

Como pais, devemos aprender com Jacó. Nossos filhos precisam Ter a nossa benção. Sabemos que toda a fonte de benção está em Deus, mas como pais precisamos transmitir nossa benção. Jacó sabia muito bem o que significava a benção de seu pai em sua vida. A benção paterna era tão importante que ele fez de tudo para consegui-la.

Como podemos abençoar nossos filhos?

Mais do que um simples “Deus te abençoe”, podemos abençoar de nossos filhos de varias maneiras:
·        Toque;
·        Das palavras encorajadoras,
·        Dos atos de serviço;
·        De nossa presença
·        De presentes.

Isso significa que podemos abençoar nossos filhos através de:
·        Um abraço afetuoso;
·        Um caminhar de mãos dadas;
·        Uma palavra de apoio em momentos difíceis;
·        Uma palavra de incentivo;
·        Um elogio sincero;
·        Ajuda quando precisar;
·        Um caminhar na praia, no campo;
·        Num jogo de bola ou de basquete;
·        Dedicando tempo para ensinar e dar as primeiras pedaladas na bicicleta;
·        Sentando junto à beira-mar e construindo um castelo de areia;
·        Numa lanchonete para uma conversa de amigos;
·        Um presente inesperado;
·        Com uma oração e dirigindo uma oração fervorosa a Deus.

São maneiras simples, que não custam nada mas que fazem uma grande diferença na vida de nossos filhos.

Um filho ao lado de sua família:

A morte de Jacó se dá junto de seus filhos “Acabando Jacó de dar estas instruções a seus filhos, encolheu os seus pés na cama, expirou e foi congregado ao seu povo” – Gn 49,33.

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