Páginas

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

TIAGO, A FÉ EM AÇÃO - LIÇÃO 13 - O PERIGO DA AUTOCONFIANÇA


“Não percais esta convicção a que está vinculada uma grande recompensa” Hb 10,35.

  1. INTRODUÇAO.

O compromisso que gera credibilidade é descrito na Bíblia como uma virtude cristã, sendo mesmo a essência da própria fé (Mt 23,23; Rm 3,3; Gl 5,22; Tt 2,10) e a base da doutrina cristã saudável, descrita como algo em que devemos  crer e confiar  (1Tm 1,19; Gl 1,23). Por outro lado, a autoconfiança é vista com suspeita por ser acompanhada, não raras vezes, pelo fermento da jactância, que segundo dicionário Aurélio é a atitude de alguém que se manifesta com arrogância e tem alta opinião de si mesmo; ou a atitude de quem conta bravatas, movido pela pretensão de bravura ou busca de altos méritos e conquistas.

Segundo Tiago, confiar em si mesmo é ilusão, pois não podemos saber o que nos trará o amanhã. Melhor é nos submetermos a Deus e buscar na Sua vontade a direção de nossa vida. O cristão deve procurar conhecer a vontade de Deus e cumpri-la, pois não fazendo assim, está pecando. Arrogância, busca pelo sucesso mundano, pretensão de decidir o futuro é atitude maligna, pois leva o ser humano ao orgulho.

  1. A TENTAÇAO DA PROSPERIDADE NOS NEGOCIOS – 1Tm 6,10.

Tiago é um dos escritores mais judaico do NT e elemento de transição do pensamento judaico do AT para o pensamento cristão do NT.

Segundo J.B. dos Santos Junior, a prosperidade material é uma força de dois pólos: pode ser bênção e pode ser maldição. É sempre uma prova. É antes de tudo uma prova de caráter porque a prosperidade honesta requer muita energia e força de caráter. É difícil ganhar dinheiro. Mais difícil ainda é defendê-lo daqueles que o desejam obter de qualquer jeito.

No pensamento cristão revelado pelo N.T., os bens materiais são vistos como de origem terrena e iníqua, a serviço de um sistema mundano, secularizado. Contudo o cristão pode fazer deles motivo de bênção e regozijo espiritual, através da mordomia cristã (Lc 16,9-13).

  1. SE EU QUIZER OU SE O SENHOR (Deus) QUIZER? – Jô 7,17-18.

Como cristão penso que o grande dilema da nossa fé, hoje, consiste em compreendermos, a vontade de Deus para a nossa vida em cada dia. O que o Senhor quer que eu faça? Qual é a vontade do Senhor para mim? É fácil ocultar o problema sob uma profissão de fé vazia de obediência ao Senhor e ocultar a revolta e a desobediência ao Senhor  e ocultar a revolta e a desobediência em uma vida de aparências religiosas, como sucedeu com os lideres dos judeus, os sacerdotes, os anciãos do povo e os fariseus, denunciados por Jesus na parábolas dos dois filhos (Mt 21,28-32). Quem fez a vontade do Senhor?

Enquanto os lideres fingiam estar trabalhando na vinha do Senhor, os pecadores, como os publicanos e as meretrizes, recebiam o reino de Deus com alegria, arrependiam-se sinceramente e obedeciam. Estavam prontos para fazer a vontade do Senhor. Lembremos: para Jesus a vontade de Deus era a sua comida e bebida (Jô 4,31-34).


  1. O PECADO DA SONEGAÇAO DO BEM.

Em Tiago, o conceito de fazer o bem tem um sentido prático: “Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará?” Tg 2,15-16. Desta forma Tiago faz coro com a igreja primitiva que usava a necessidade como oportunidade para os cristãos desenvolverem a solidariedade e o dom do socorro (At 4,34-35; 20,35).

Algumas igrejas locais têm falhado neste aspecto da diaconia cristã, ao utilizar-se de organizações pára – eclesiásticas, que lhe prestam serviços. Essas organizações são, quase sempre, impessoais; ou ainda empresas que captam recursos para igrejas, mas com suas próprias administrações (não eclesiásticas). Ao deter o controle financeiro, há a tendência de se julgarem mais poderosas e com poder de decisão maior que a própria igreja. Tal modelo foge ao conceito bíblico e neotestametário, no qual o calor humano favorece o crescimento saudável da igreja. Entregamos a uma instituição a tarefa de fazer o bem, que é de cada hoje!

A natureza do pecado a que se refere Tiago está ligada à idéia de errar o alvo, entre as outras idéias de pecado que aparecem na carta, tais como: cobiça (Tg 1,15), fazer acepção de pessoas (Tg 2,9) e acumular uma porção de erros (Tg 5,15-16.20) nos relacionamentos mútuos.

  1. CONCLUSAO.

Se a carta aos hebreus nos exorta a confiarmos no Senhor, por meio da fé, o mesmo não ocorre com a autoconfiança, sobre a qual recai a suspeita de ser tomado por uma espécie de jactância, o mesmo orgulho que transformou o estrelismo do querubim celeste em queda para o reino dos mortos e transformou o portador da luz (Lúcifer) em anjo das trevas (Is 14,12-15). É uma jactância maligna!

O povo de Tiago, os israelitas, eram nômades desde o exilo da Babilônia. Poucos voltaram para o assentamento na Palestina segundo Esdras 2 e Neemias 7. Família citadas nominalmente de judaistas, benjamitas e levitas, formaram o remanescente da reconstrução. Os demais se tornaram homens de negócios que mudavam de cidade em cidade à procura de lucros. Muitos se esqueceram de seu Deus ou o trocaram pela comunidade dos negócios. Foram eles, segundo o judeu Frances Jacques Altal, que inventaram o comercio, o dinheiro, as letras de cambio, o sistema bancário, outros. Tiago, vendo o risco dos cristãos procederem do mesmo modo, diz: “.... devíeis dizer: se o Senhor quiser ...” – Tg 4,15, já no A.T. está escrito: “se as vossas riquezas aumentarem, não ponhais nelas o coração.” Sl 62,10b.

Nenhum comentário:

Postar um comentário