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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

TIAGO A FÉ EM AÇÃO - LIÇAO 12 - A MALEDICÊNCIA É CONDENADA


“O homem perverso espalha contendas; e o difamador separa amigos íntimos.” Pr 16,28.

  1. INTRODUÇÃO.

Na Bíblia não está escrito a palavra pecado no aumentativo ou no diminutivo. Ela traz somente o tempo pecado. Mas nós temos uma lista de “pecadinhos” (que consideramos menos grave) e uma de “pecadões” (que consideramos mais grave; como adultério, assassinato, prostituição, outros...). Certamente na nossa lista de pecadinhos temos a famosa e familiar maledicência. Muitas vezes toleramos alguém falando mal de um irmão e até nos associamos a uma leve critica ao defeito do próximo. Não é raro nos corredores da igreja ouvimos irmãos falando mal uns dos outros.

Muitas vezes, por considerar a maledicência menos grave, nos damos o direito de falar mal de alguém. A maledicência é tão discreta, que as vezes até vem disfarçada de correção e preocupação com o caráter do outro. Para detectar as necessidades de mudanças no caráter alheio, somo levados a revelar as áreas menos nobres e fracas de algum irmão. Veremos que a maledicência é explicitamente condenada por trazer consigo outros pecados que funcionam como suas raízes.

  1. REJEIÇAO À ESCRITA SAGRADA (Tg 4,11).

a)    A Bíblia proíbe a maledicência.

O que será que Tiago quis dizer com a idéia de que ao falar mal do irmão ou julgá-lo, falamos mal da Lei e a julgamos? Será que nossos irmãos representam a lei? É claro que não! Deus representa sua própria Lei; e Ele mesmo proíbe falar mal ou julgar o irmão. Todo aquele que fala mal ou julga o irmão está quebrando essa lei. O pecado é a transgressão da lei (“Todo aquele que peca transgride a lei, porque o pecado é transgressão da lei.” 1 Jô 3,4); e o maledicente a transgride. Não importa se o mal que falamos do irmão corresponde a uma verdade ou não, importa que a Palavra nos proíba de fazê-lo. E aquele que tropeça num só ponto é culpado de todos (“Pois quem guardar os preceitos da lei, mas faltar em um só ponto, tornar-se-á culpado de toda ela.” Tg 2,10). Vemos em Tito que por causa do nosso comportamento, a Palavra de Deus pode ser difamada (“Tt 2,1-5).

b)   O ser humano coloca-se acima da Lei.

Desobedecer é a forma mais direta de desprezar e respeitar a Lei de Deus. Ao desobedecê-la estamos dizendo que não concordamos com ela. Quando tomamos à liberdade de não cumprir a Lei, é porque já avaliamos em nossa mente e julgamos desnecessário obedecê-la. Neste ponto, deixamos de sermos cumpridores e passamos a sermos o seu juiz. Assim nos colocamos acima da Lei e a julgamos.

A distancia entre nossa posição e a do juiz é contrastado na pergunta de Tiago: “Mas quem és tu, que julgas o teu próximo?” – Tg 4,12b. A pergunta de Tiago é ofensiva, e evidencia a realidade de que não somos capazes de ocupar tal posição. Essa é a mais uma das perguntas retórica da Bíblia; tais como: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” – Rm 8,31; “Quem poderia acusar os escolhidos de Deus?” – RN 8,33; “Mas qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?” – Lc 12,25; “Mas quem és tu, que julgas o teu próximo?” – Tg 4,12. A resposta para todas elas e a mesma: Ninguém!

c)    O ser humano distancia-se da Lei.

A palavra de Deus funciona como um espelho. Quanto mais olhamos nela, mais vemos como somos. Quando tiramos os olhos da Palavra de Deus, passamos a observar mais a vida e o comportamento dos outros. Por isso, quanto menos fixarmos nossos olhos na Palavra de Deus, mais os fixarmos nos outros e mais facilidade teremos de nos tornar maledicentes. Falar mal dos outros é uma forma de revelar que estamos olhando pouco para a Bíblia. Alguém que está com os olhos fitos na Palavra será incomodado pelo Espírito Santo ao falar mal do irmão, porque será lembrado dos mandamentos que condenam essa atitude (“não falem mal dos outros, sejam pacíficos, afáveis e saibam dar provas de toda mansidão para com todos os homens.” – Tt 3,2), e também porque também vai encontrar em si mesmo defeitos suficientes para criticar: “Que cada um se queixe de seus pecados. – Lm 3,39.

  1. ASSOCIAÇAO COM O SERVIÇO DO DIABO (Tg 4,11).

a)    O nome “diabo” significa caluniador.

Falar mal de alguém é falar contra tal pessoa. Aquele que fala para diminuir ou rebaixar alguém o faz com a intenção de denegrir sua moral e imagem. Daí vem o termo maledicente. É aquele que se detém nos defeitos do outro, que degrada, rebaixa ou difama. Mesmo quando todos vêem qualidades, o maledicente procura encontrar falhas. Tais qualificações negativas são atribuídas ao diabo. Em Ap 12,10 – “Eu ouvi no céu uma voz forte que dizia: Agora chegou a salvação, o poder e a realeza de nosso Deus, assim como a autoridade de seu Cristo, porque foi precipitado o acusador de nossos irmãos, que os acusava, dia e noite, diante do nosso Deus.” – o diabo é o “acusador”  dos irmãos. Em 1Tm 5,14 – “Quero, pois, que as viúvas jovens se casem, cumpram os deveres de mãe e cuidem do próprio lar, para não dar a ninguém ensejo de crítica.” – o diabo é o adversário “maledicente”. Em Ap 13,6 – “Abriu, pois, a boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar o seu nome, o seu tabernáculo e os habitantes do céu.” – o diabo é o “difamador” do nome de Deus e seu tabernáculo.

b)   O diabo fala mal de Deus aos homens.

Vemos que ainda no Éden, o maligno levou Eva a desconfiar de Deus, através de um diálogo carregado de maledicência – Gn 3,1-5. O maligno insinuou que Deus estava escondendo algo bom; que Ele era egoísta. Toda boa impressão que Eva possuía a respeito de Deus foi substituída por má impressão ao ser lembrada pela serpente que ele a proibiu de comer da árvore que estava no meio do jardim. Assim, aos olhos de Eva, o maligno conseguiu diminuir a boa fama e o bom nome de Deus. Isso é maledicência.

c)    O diabo fala mal dos homens a Deus.

No livro de Jó, vemos o episodio onde o próprio Deus, que é santo e tem um padrão santo, reconhece algumas virtudes em Jó –“O Senhor disse-lhe: Notaste o meu servo Jó? Não há ninguém igual a ele na terra: íntegro, reto, temente a Deus, afastado do mal.” Jó 1,8. Porem o maligno, perito em denegrir a imagem de alguém, argumenta lançando questões que punham em duvida o caráter de Jó – “É a troco de nada que Jó teme a Deus?” Jó 1,9b; “Não cercaste como de uma muralha a sua pessoa, a sua casa e todos os seus bens?” Jó 1,10ª; “Mas estende a tua mão e toca em tudo o que ele possui; juro-te que te amaldiçoará na tua face.” Jó 1,11. A maledicência é uma especialidade do maligno. Ele se destina a encontrar defeitos até naqueles em quem o próprio Deus vê qualidades. Não é a toa que recebe o titulo de “acusador de irmãos” (“Eu ouvi no céu uma voz forte que dizia: Agora chegou a salvação, o poder e a realeza de nosso Deus, assim como a autoridade de seu Cristo, porque foi precipitado o acusador de nossos irmãos, que os acusava, dia e noite, diante do nosso Deus.” Ap 12,10).

d)   O diabo é a essência da maledicência.

O maledicente não precisa necessariamente encontrar um mal em alguém. Questionar a bondade, a idoneidade do próximo já é maledicência. O que ele não percebe é que o maior mal está em si próprio. Paulo fala em 1Tm 5,14 – “...para não dar a ninguém ensejo de crítica.” – Mesmo uma pessoa de bom procedimento pode ser vitima maledicente. Pedro desafia seus leitores a estar preparados contra aqueles que difamam o bom procedimento – “Tende uma consciência reta a fim de que, mesmo naquilo em que dizem mal de vós, sejam confundidos os que desacreditam o vosso santo procedimento em Cristo.” 1Pd 3,16.

  1. USSURPRAÇAO DOS DIREITOS DE DEUS (Tg 4,12).

a)    Direito exclusivo de Deus.

A proibição de Tiago não se restringe ao ato de falar mal, mas também ao ato de julgar o irmão. Ele mistura duas advertências, e a quebra de qualquer uma delas constitui um mesmo pecado, que é a transgressão da lei. Em ambos os casos à pessoa ainda comete uma usurpação; porque falar mal é algo próprio do maligno, e julgar é especifico de Deus. Se falarmos mal, nos associamos a algo errado que é a maledicência do maligno; se julgarmos, usurpamos algo  que é correto e justo, porém, pertence exclusivamente a Deus. Um só é legislador e juiz – “Não há mais que um legislador e um juiz” Tg 4,12.


b)   Capacidade exclusiva de Deus.

Quando alguém julga o irmão, é porque supostamente está detectando algo de mal na vida dele; e com base no que detectou, se acha no direito de declarar as más qualidades do outro. Mas o grande problema do nosso julgamento é que ele é ineficaz. Não temos a capacidade de salvar ou fazer perecer. Nosso julgamento só tem poder de expor a situação do pecador, mas nada pode fazer para mudá-la. Deus, porém, é o juiz capaz de salvar ou fazer perecer – “aquele que pode salvar e perder.” Tg 4,12; Ele não apenas expõe a situação do pecador, mas também define o final dele. Deus é quem atribui justiça – “É assim que Davi proclama bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente das obras.” Rm 4,6. Nós só podemos ver o pecado, mas não podemos fazer algo eficaz contra ele. Deus pode ver e definir sua sentença. Se houver arrependimento, há salvação, se não houver, há condenação.

c)    Promessa feita por Deus

Deus promete que vai fazer justiça a todos nós; Ele vai julgar o mundo  através de Jesus – “Porquanto fixou o dia em que há de julgar o mundo com justiça, pelo ministério de um homem que para isso destinou. Para todos deu como garantia disso o fato de tê-lo ressuscitado dentre os mortos.” At 17,31 – Quando tomamos a frente disso, estamos ocupando um lugar que só pertence a Deus. Se o ato de falar mal é claramente visto como pecado porque traz embutida a maldade do maligno, o ato de julgar também deve ser visto como pecado porque é a usurpação de algo nobre que traz embutida a autoridade que só pertence a Deus e foi prometido a Deus.

Devemos ter também claro na mente que julgar os irmãos é passar por cima da autoridade de Deus; porque Ele proibiu julgar, só Ele tem direito de julgar e já prometeu que vai julgar.

  1. CONCLUSÃO

Os cristãos são propriedade exclusiva de Deus – “Vós, porém, sois uma raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido para Deus, a fim de que publiqueis as virtudes daquele que das trevas vos chamou à sua luz maravilhosa.” 1Pd 2,9 – são também Seus filhos – “Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus,” Jô 1,12 – Falar mal do irmão é falar mal de um filho de Deus, uma propriedade de Deus – “Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas, se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo.” 1Jo 2,1.

Talvez você já tenha passado a experiência de tentar reabilitar alguém que fracassou. Ao dar-lhe uma nova chance você é aconselhado a pensar direito. Alguém diz: “Tome cuidado com fulano, veja que ele já pisou na bola uma vez; lembre-se que tal dia ele fez isso e aquilo outro”. Esses são os conselhos do maledicente; ele nunca tem uma palavra positiva sobre ninguém, seus comentários sempre visam colocar em dúvida a idoneidade dos outros. Proponha-se o seguinte desafio: pondere antes de falar algo sobre alguém, questionando se não será maledicência.

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