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sábado, 23 de julho de 2011

ARAUTOS DE JESUS - 05 – ANUNCIADO NO DESERTO – Ex 16; 17,1-7; Nm 20,1-13; 21,4-9.

O povo de Israel peregrinou 40 anos no deserto. O deserto é um dos lugares mais terríveis que podem existir. Não há lugar onde reina maior escassez. Lá não há água, não há comida, não há alento. Para Israel, o deserto foi o tempo da aprendizagem. Recém-saído do Egito, o povo ainda não estava pronto para entrar em Canaã, a terra prometida. Ainda tinha muitos maus costumes que precisavam ser extirpados. Ainda havia muita rebelião na alma do povo, e o deserto era o melhor lugar para curar essas coisas. Somente no deserto o povo poderia aprender que dependia de Deus. O deserto foi um dos lugares nos quais Cristo mais se manifestou no Antigo Testamento.

  1. O MANÁ DO CÉU – Ex 16.

Quando o povo de Israel saiu do Egito e marchava pelo deserto após a travessia do mar Vermelho, o Senhor enviou uma espécie de pão para sustentá-los. Na verdade, antes de receber o pão, os israelitas murmuraram contra Moisés e contra Deus, sentindo saudades da terra do Egito, onde tinham panelões de carne e pão a fartar, mas, agora no deserto, sentiam-se abandonados por Deus, e por isso murmuravam dizendo: “Quem nos dera que tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! porque nos tendes tirado para este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão.” – Ex 16,3. Apesar  da rebeldia do povo, Deus realizou um dos milagres mais impressionantes da história, enviando alimento todos os dias para Israel, sustentando-o durante os 40 anos que passou no deserto.

Deus disse a Moisés: “O Senhor disse a Moisés: “Vou fazer chover pão do alto do céu. Sairá o povo e colherá diariamente a porção de cada dia. Pô-lo-ei desse modo à prova, para ver se andará ou não segundo minhas ordens”. – Ex 16,4. Aquele alimento era uma espécie de: “...semente de coentro: era branco e tinha o sabor de uma torta de mel.” – Ex 16,31. Paulo disse: “todos comeram do mesmo alimento espiritual”; - 1Cor 10,3, associando-o a Cristo. Jesus mesmo se identificou com o maná ao afirmar: “Jesus respondeu-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu; porque o pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo.!”– Jô 6,32-33. O maná, o pão do céu que o povo de Israel recebeu, era um “tipo” de Cristo – “Jesus replicou: Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede.” – Jô 6,35.

Assim como o pão do céu enviado por Deus alimentou o povo de Israel por 40 anos no deserto, Jesus alimenta seu povo. A Santa Ceia alimenta a nossa fé. Nesse sentido Jesus é muito superior ao maná, que na verdade é apenas um “tipo” dele – Jô 6,48-51.

O maná sustentou os israelitas por 40 anos, mas após todos morreram, Jesus, o verdadeiro maná, dá a vida eterna aos que participam dele – “Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente.” Jô 6,58. O maná apenas simbolizou e anunciou Cristo, o verdadeiro pão do céu, o pão da vida.

  1. A ÁGUA DA ROCHA – Ex 17,1-7; Nm 20,1-13.

Deus não providenciou apenas pão para os israelitas, mas também aquilo que a maior necessidade no deserto e a coisa mais difícil de ser encontrada – água. Pelo menos em duas ocasiões, Deus fez água verter da rocha. Na primeira vez, os israelitas haviam acabado de sair do Egito e chegado a um local chamado Refidim. Eles já haviam sido saciados com o pão, mas só para não perder o costume, murmuraram contra Deus e contra Moisés dizendo: “Entretanto, o povo que ali estava privado de água e devorado pela sede, murmurava contra Moisés: “Por que nos fizeste sair do Egito? Para nos fazer morrer de sede com nossos filhinhos e nossos rebanhos?”– Ex 17,3.

Num ato de paciência., Deus ordenou a Moisés que ferisse a rocha com o cajado que havia aberto o mar Vermelho, e a água da rocha saciando a sede de todos – “Eis que estarei ali diante de ti, sobre o rochedo do monte Horeb ferirás o rochedo e a água jorrará dele: assim o povo poderá beber.” Isso fez Moisés em presença dos anciãos de Israel.” – Ex 17,6. A segunda ocasião foi ao final da jornada dos israelitas no deserto de Cades. Outra vez  o povo estava sedento e outra vez contendeu com o Senhor – “Por que conduziste a assembléia do Senhor a este deserto, para nos deixares morrer aqui com os nossos rebanhos? Por que nos fizeste sair do Egito e nos trouxeste a este péssimo lugar, em que não se pode semear, e onde não há figueira, nem vinha, nem romãzeira, e tampouco há água para beber?”– Nm 20,4-5. Novamente Deus ordenou que Moisés batesse na rocha para que dela saísse água. Essa ocasião foi de tropeço para o próprio Moisés, que bateu duas vezes na rocha desagradando ao Senhor – “Moisés levantou a mão e feriu o rochedo com a sua vara duas vezes; as águas jorraram em abundância, de sorte que beberam, o povo e os animais. Em seguida, disse o Senhor a Moisés e Aarão: “Porque faltastes à confiança em mim para fazer brilhar a minha santidade aos olhos dos israelitas, não introduzireis esta assembléia na terra que lhe destino.” – Nm 20,1-12. Isso lhe custou a entrada na terra prometida. De qualquer forma naquela ocasião a água jorrou abundantemente da rocha e saciou o povo e os animais.

Paulo disse que os israelitas “todos beberam da mesma bebida espiritual (pois todos bebiam da pedra espiritual que os seguia; e essa pedra era Cristo).” 1 Cor 10,4. Aquela rocha no deserto realmente parecia seguir o povo, pois duas vezes havia saciado a sede dele. De fato, os judeus acreditavam que havia uma pedra que seguia os israelitas por todo deserto. Segundo a lenda, essa pedra as vezes andava por sobre a terra e às vezes era carregada por Miriã. Assim, todas as vezes que o povo precisava de água, a fonte estaria com ele.

Paulo não confirmou essa lenda judaica, mas é como se dissesse: “Sim, houve uma pedra que sustentou e seguiu o povo no deserto, e essa pedra era Cristo”. Não uma pedra física, mas espiritual, pois a fonte que realmente sustentou o povo não era física e sim espiritual. Isso se confirma ainda mais porque a palavra de Paulo usa para “pedra” em 1 Cor 10,4 não significa “pedra pequena”, e sim “grande rocha”. Aquela rocha de onde Moisés tirou água para os israelitas era uma figura de Cristo, que foi realmente quem assustou os israelitas durante 40 anos no deserto.

Assim como Deus sustentou miraculosamente o povo com água no deserto, também sustenta seu povo miraculosamente hoje por meio da rocha que é Cristo. Só Jesus é água para o sedento. Ele disse – “Se alguém tiver sede, venha a mim e beba.” – Jô 7.37. Ele é a fonte da água da vida, e quem beber dele “nunca mais terá sede” – Jô 4,14.

  1. A SERPENTE DE BRONZE – Nm 21,4-9.

Houve ainda uma terceira e espetacular manifestação de Cristo no deserto. Alem de Sr pão para matar a fome e a água para matar a sede, Cristo também se manifestou como remédio para curar os israelitas no deserto. Em Nm 21 narra mais uma murmuração do povo. O texto diz que o povo começou a se tornar impaciente – “e a alma do povo impacientou-se [por causa do caminho”. Nm 21,4. Essa era uma forte característica dos israelitas. Eles estavam cansados de transitar no deserto de um lado para outro, especialmente enjoados do maná, ao qual chamavam agora de “pão vil” – Nm 21,5. Em resposta aquela atitude desrespeitosa e mal-agradecida, Deus mandou “Então o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, que morderam e mataram muitos.” – Nm 21,6. Diante de todo aquele mal, os israelitas se arrependeram e imploraram a Moisés que intercedesse junto a Deus. Em resposta à intercessão de Moisés, Deus mandou construir uma serpente de bronze, a qual foi colocada sobre uma haste – “Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida.” Nm 21,9.

Não é de hoje que remédio para picada de serpente é extraído da serpente, mas aquela ocasião especial revelou, segundo a Bíblia, o plano divino para  acura de todos os povos. Jesus disse – “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna.” – Jô 3,14-15.

Assim posso dizer que a serpente de bronze levantada tipificou a Cristo crucificado. Do mesmo modo como o povo, quando picado por alguma serpente precisava olhar para a serpente de bronze que de certa forma representava a punição pelo pecado dele, assim também Jesus crucificado representa a punição divina para os nossos pecados. O mesmo olhar de fé que era necessário ao israelita é necessário ao cristão hoje. O crente olha para Jesus e entende que seu pecado foi perdoado no sacrifício, e então, pode receber instantaneamente a cura de toda a sua iniqüidade, do mesmo modo como israelita olhava para a serpente e devia reconhecer que merecia a morte, mas graças à misericórdia de Deus não estava morrendo.

  1. CONCLUSÃO

Jesus foi anunciado no deserto em pelo menos três ocasiões no pão que matava a fome, na água que saciava a sede, na serpente de bronze que curava. Deus demonstrou que, durante toda a dura travessia que o povo realizou no deserto, jamais deixou de sustentá-los, pois o próprio Cristo estava presente e era simbolizado no pão, na rocha e na serpente de bronze. Esse Jesus que foi anunciado no deserto é o mesmo que hoje mata nossa fome, a nossa sede e cura nossos pecados. Que ao contrario dos israelitas., não haja em nossa vida ocasião para murmuração.

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